Capítulo 8

Calvin fechou a porta e dirigiu-se à sua mesa, apoiando as duas mãos sobre ela enquanto tentava manter a compostura naquele momento. Seu sangue fervia de raiva ao saber que Frank brincou com ele daquela maneira.

O que mais irritava Calvin era o fato de que Frank agiu como se nada tivesse acontecido, ficando noivo na mesma noite em que se envolveu sexualmente com ele. Se Frank queria apenas uma noite de sexo sem compromisso, ao menos poderia ter sido honesto a respeito. No entanto, Frank flertou com Calvin por um bom tempo, dando indícios de que buscava algo mais do que um simples encontro casual.

Afastando-se da mesa, Calvin passou a mão pelo rosto, ainda com sentimentos confusos. Sentiu-se frustrado ao perceber que fora o único a acreditar que entre eles poderia surgir um romance, um namoro, e talvez até mesmo a possibilidade de morarem juntos; uma visão que ele sempre nutriu, imaginando encontrar alguém para realizar esses desejos.

Enquanto tentava acalmar sua raiva, ouviu alguém bater na porta e entrar. Calvin bufou e sorriu desacreditado ao perceber que era Frank quem havia entrado na sala.

— Quero falar com você, Calvin. — Frank ficou parado, aguardando uma resposta.

— Se for sobre o trabalho, pode falar, mas se for pessoal, vou logo adiantando que não temos nada para conversar. — Calvin avisou, sentando-se na cadeira.

— Calvin, eu…

Assim que Frank começou a falar, a sirene soou, interrompendo o que ele queria dizer. Sempre que saíam em alguma ocorrência, Frank e Calvin iam no mesmo caminhão, até mesmo para passarem mais tempo juntos. No entanto, desta vez foi diferente. Ao saírem apressados da sala, Calvin deu uma ordem.

— Você vai no outro caminhão com o Eddie, e não tenho tempo para discutir isso agora.

Cada segundo era crucial quando uma emergência surgia; precisavam ser rápidos e precisos para deixar o quartel o mais rápido possível. Calvin não dispunha de tempo ou paciência para discutir suas decisões naquele momento. Enquanto se vestiam, ele informou a outro recruta que, desta vez, trocaria de posição com Frank. Todos estranharam, mas ninguém ousou questionar a decisão.

Eddie não disse uma palavra, mas percebeu que Calvin estava agindo de maneira diferente e optou por apenas observar. Frank não sabia se Calvin lhe daria uma oportunidade para explicar a situação. Ele tinha consciência de que Calvin poderia estar imaginando muitas coisas a seu respeito, mas o que ele desejava era apenas a chance de expressar seus sentimentos.

A ocorrência daquela vez não demorou muito, e ao retornarem ao quartel, Frank estava determinado a continuar tentando falar com Calvin, esperando que ele o ouvisse. Enquanto retiravam os equipamentos, Calvin permanecia sério e calado, atraindo a atenção de todos, já que normalmente ele era sorridente e brincalhão.

Assim que Calvin se afastou, dirigindo-se à sua sala, Frank tentou mais uma vez falar com ele.

— Calvin, espera, por favor, precisamos conversar.

Calvin interrompeu seus passos e olhou para trás, respondendo às palavras de Frank.

— O que eu preciso é que me deixe em paz e fique longe de mim. Não precisa me explicar nada; para mim, tudo já está claro o suficiente. — Calvin respondeu e continuou a caminhar.

Insatisfeito com aquela resposta, Frank avançou também, segurando o braço de Calvin na tentativa de detê-lo mais uma vez. A tentativa de Calvin de se conter foi em vão, pois assim que sentiu o toque de Frank em seu braço, lembrando-se das carícias da noite anterior, sua raiva explodiu.

Calvin se virou acertando um soco no rosto de Frank, que acabou caindo no chão. Alguns colegas estavam por perto e correram para segurar Calvin, que estava determinado a continuar. Eddie foi um deles.

— Que porra foi essa, Calvin? Você está maluco? — Eddie perguntou, empurrando-o para trás.

Frank, surpreso com a reação, não imaginava que Calvin fosse reagir daquela forma. Calvin, no entanto, não respondeu a Eddie e apenas apontou o dedo para Frank, lançando outro aviso.

— Fica longe de mim, Frank, ou da próxima vai ser pior.

O aviso dado, Calvin se soltou dos colegas e dirigiu-se novamente à sua sala. Frank foi ajudado a se levantar, limpando o sangue do corte causado pelo soco.

— O que está acontecendo, Frank? Ontem vocês estavam bem, sorrindo um para o outro, e agora estão na base do soco? O que levou ele a fazer isso?

Eddie questionou Frank sobre a atitude de Calvin, buscando entender se poderia utilizar aquela situação agressiva a seu favor. Contudo, Frank não queria causar mais problemas para Calvin, especialmente considerando que conhecia a razão por trás da reação.

— Não se preocupe, segundo-tenente, vou resolver essa situação com Calvin pessoalmente. Foi apenas um mal-entendido, e eu vou lidar com isso.

Frank respondeu e dirigiu-se ao lado oposto ao que Calvin havia seguido. Os espectadores da cena não entendiam nada, pois Calvin nunca havia agido daquela maneira. Como Frank não foi claro em suas explicações, Eddie aproveitou a situação e foi falar com o capitão do batalhão. Dirigiu-se à sala do capitão e abordou o assunto assim que entrou.

— Desculpe incomodar, senhor, mas acredito ser meu dever relatar esta situação para o senhor.

— Sobre qual situação você está falando? — questionou o capitão.

— Calvin está agindo de forma estranha hoje, agressivo. Ele chegou a dar um soco no Frank. Não sei o que está acontecendo, mas acho que seria bom prestar atenção nesse tipo de comportamento. Não temos ideia do que ele pode ter usado.

— Do que está falando, Eddie? Está sugerindo que Calvin poderia ter usado algum tipo de entorpecente? Ele nunca apresentou comportamento que sugerisse o que está insinuando. Inclusive, ele se orgulha de manter uma vida saudável, cuidando dos seus músculos. Não faz sentido o que está sugerindo.

— Não estou acusando ele abertamente, senhor, apenas disse que essa mudança de comportamento e humor é suspeita, ou o senhor não acha?

O capitão gostava de Calvin e até chegou a conhecer o pai dele, quando era bombeiro; por isso, não achava que isso pudesse ser motivo para o comportamento descrito por Eddie.

— Vou falar com ele primeiro antes de presumir qualquer coisa. Não sabemos se ele está passando por algum problema. Obrigado, Eddie, vou tomar conta desse assunto.

Eddie saiu da sala em seguida, e mesmo ciente da estima que o capitão tinha por Calvin, sabia que ele não poderia evitar sentir uma certa desconfiança diante de tudo que havia falado e insinuado. Ele estava decidido a fazer o que fosse necessário para receber o reconhecimento que julgava merecer e ocupar o lugar de Calvin.

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Comments

Selma Ribeiro

Selma Ribeiro

eu acho que ele tinha que escutar o que outro tem a falar,mesmo que não o perdoe e sempre bom ouvir as explicações da outra parte,assim como o Derek está fazendo,e agir por impulso

2024-12-03

1

Clesiane Paulino

Clesiane Paulino

lidar com pessoas invejosas é a pior desgraça... prq a inveja é traiçoeira, a pessoa joga sujo e quando você menos espera recebe a punhalada😡😡😡😡

2024-11-17

1

Giovanna

Giovanna

Calvin você me representa quando está com raiva principalmente que se é você que foi machucado mentalmente

2025-02-11

0

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Atualizado até capítulo 75

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