Após saírem da boate, Calvin parou e olhou sério para Hector, como se estivesse buscando uma explicação.
— O que foi? Apenas não queria que ele pensasse que está com dor de cotovelo por causa dele, apesar de estar. Ele não precisa saber — respondeu Hector, tentando se justificar.
— Futuro namorado? De onde tirou essa bobeira? — Calvin questionou, ainda parecendo irritado.
— Foi a primeira coisa que me veio à cabeça. Você pode até não ter gostado, mas a cara que ele fez foi impagável. Olha aqui, quer mesmo que ele fique pensando que você está na deprê por causa dele? Precisa mostrar que sua fila pode andar rapidinho. Qual é, mano? Esse não é o Calvin que eu conheço. Mesmo que esteja chateado e magoado, não demonstre tristeza para esse cara — aconselhou Hector, tentando animar o amigo.
Calvin pensava que era mais fácil falar do que fazer, especialmente porque não conseguia disfarçar quando olhava para Frank.
— Esse carinha aí é até ajeitado. Vai que ele fica grato por ter ajudado e decide te compensar? Pode te pagar um jantar, e daí as coisas vão acontecendo.
— O cara tem a maior pinta de hétero. Até empurrou um cara que parecia estar dando em cima dele. Aqui não é uma boate gay, então não acho que vou justamente esbarrar com um médico gay que vai querer sair comigo. E, para falar a verdade, nem mesmo estou a fim de sair com ninguém — desabafou Calvin, expressando sua falta de disposição para novos relacionamentos.
— Como você sabe que ele é médico? — Hector perguntou curioso.
— Ele me parece familiar. Quando perguntei se nós nos conhecíamos, ele disse que era médico e que poderia ter me atendido.
— E você acha que pode ser isso? — Hector tentou olhar para o rosto do médico.
— Não acho que seja isso, mas eu bebi, e ele está ainda pior. Não vai adiantar eu tentar descobrir agora. Vamos, vou ver se consigo um táxi para ele.
Calvin se afastou e foi para perto da calçada, pedindo a Hector para dar sinal a um táxi. Enquanto seu amigo tentava encontrar um transporte disponível, Calvin fazia o possível para manter Dereck acordado.
— Ei, acorda. Você precisa dizer seu endereço para o taxista.
Dereck resmungou e se afastou um pouco de Calvin, indicando que poderia ficar em pé sozinho.
— Acha que consegue ir sozinho para casa? — Calvin perguntou, ainda preocupado com ele.
— Eu consigo. Vou ficar bem, e obrigado.
Dereck agradeceu mais uma vez, mesmo que sua fala não estivesse tão nítida, e caminhou em direção ao carro que parou para levá-lo. Assim que entrou, Calvin foi até o motorista, entregou um valor a mais e pediu que o deixasse em frente à porta de sua casa.
O carro começou a se afastar, e um sentimento inquietante tomou conta de Calvin. Ele não conseguia identificar exatamente o que era.
— Ainda preocupado com o cara? — perguntou Hector, ficando ao seu lado.
— Não sei explicar, mas a sensação de que conheço esse cara não passou. E não sei se ele vai ficar bem — explicou Calvin, olhando na direção do carro que se afastava.
— Então, por que não foi com ele? Poderia ter feito como eu disse lá dentro — provocou Hector.
Calvin olhou para o amigo com uma expressão que indicava que estava prestes a apertar seu pescoço.
— Tem noção de que aquele cara poderia chamar a polícia achando que eu estava fazendo alguma coisa errada com ele? Nem sabemos se ele tem alguém esperando por ele em casa, um familiar ou algo assim. Como vou chegar com ele lá?
Hector levantou as mãos em rendição.
— O que vamos fazer agora? Nenhum dos dois está apto a dirigir.
— Podemos deixar as motos em uma garagem na outra rua e fazer o mesmo, pegamos um táxi e vamos embora.
Hector concordou e sugeriu:
— Minha casa está mais longe, então vou dormir na sua casa hoje, assim posso te fazer companhia e você não fica tão triste.
— Como se eu não soubesse que é apenas comodidade essa sua preocupação. — Calvin respondeu, vendo seu amigo fingir ofensa pelo que ele disse.
Os dois sorriram e foram em direção às suas motos, prontos para irem para o estacionamento. Pegaram um táxi em seguida, indo para a casa de Calvin. Durante todo o caminho, ele não conseguia deixar de pensar não em Frank, mas no homem que ficou recostado em seu peito.
Enquanto isso, Dereck chegava em sua casa. Seu estômago ainda estava ruim, e ele foi direto para o banheiro. Assim que entrou, tirou apenas seu celular e sua carteira e entrou na banheira, ligando o chuveiro em seguida.
— Tinha alguma coisa naquela bebida. — Dereck falou, ainda sentindo tudo rodar.
O homem que tentou agarrá-lo lhe ofereceu uma bebida, e ele aceitou. Mas depois de apenas alguns goles, sentiu muito calor e começou a ficar tonto. Quando foi ao banheiro, o homem o puxou para um canto e tentou agarrá-lo.
— Não acredito que caí nesse golpe. — Dereck falava consigo mesmo.
Enquanto molhava seu corpo, Teddy, seu gato, entrou no banheiro e começou a miar. Dereck olhou para ele, que estava parado ali, o olhando.
— Nunca mais escuto um conselho seu. Olha a situação que estou agora. — resmungou, dirigindo-se ao gato como se pudesse entender.
O gato saiu correndo do banheiro, e Dereck acabou sorrindo. Enquanto estava na banheira, tentando se recuperar, também pensou no homem que o ajudou na boate.
— Caramba, nem lembro direito do rosto dele. Poderia ter pegado o número para agradecer depois.
Após ficar alguns minutos debaixo da água, ele saiu, tirou sua roupa molhada, se enxugou e vestiu apenas um short do pijama, jogando-se na cama em seguida. Ele agradecia por não ter que trabalhar no dia seguinte, pois já imaginava que acordaria com uma bela ressaca, não só pela bebida, mas também pela droga que ingeriu.
Dereck dormiu rapidamente, devido ao estado em que se encontrava, mas Calvin não conseguia dormir. Tomou um banho, e enquanto Hector estava esparramado no sofá, ele estava na sacada, pensando em como iria fazer. Bebia uma cerveja e se lembrava da piada no vestiário, dos olhares e sorrisos, perguntando-se se não seria melhor sair daquele quartel.
Calvin escolheu aquele quartel porque seu pai trabalhou lá, então tinha um significado especial e sentimental. Seria difícil abandonar aquele lugar. Os três dias de suspensão que ele enfrentaria seriam usados para ponderar sobre o que fazer a seguir. Ele precisava refletir se conseguiria aguentar as possíveis provocações e desafios no quartel, ou se seria inevitável abrir mão do sonho de trabalhar no mesmo lugar onde seu pai serviu.
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Atualizado até capítulo 75
Comments
João Pedro Costa
desculpa nao gostei o Teddy não tem culpa do que vc fez
2024-12-30
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Yedan Sonaecon
Dou a total razão para o Hector
2025-02-23
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Expedita Oliveira
Torcendo por eles dois...É o Amorrrrrrrrr
2024-11-29
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