Capítulo 15

Acordei pela manhã com o Nando em cima de mim, não mudei as posições das camas, pois assim fica melhor para dormirmos. Acordo ele e já faço a nossa higiene. Enquanto estou penteando os cabelos dele, o pai do Nando bate na porta.

Levanto-me, abro a porta, e ele pergunta se pode tomar café conosco, pois sempre foi muito apegado ao filho. Não nego, afinal, é pai e filho, e eu sou apenas uma babá. Ele entra, já ligando para a recepção para trazer o café.

— Hoje vamos para minha casa, será mais confortável para vocês lá, enquando eu busco quem está tentando pegar o Nando. Ah, e mais uma coisa, não sei se o seu chefe te ligou, mas eu fui lá ontem, e como suspeitei, ele ia te entregar para os caras, eles prometeram não te machucar, só queriam o Nando.

— Ele não me ligou. — ele fala com tanta verdade nas palavras, que eu nem posso discordar. — Nando vai se sentir melhor na casa dele, aqui ele é limitado demais. Crianças têm que correr e brincar, e nesse quarto, ele só tem o meu celular e as minhas coisas para se distrair.

— Verdade, na minha casa, ele terá bastante coisa para fazer, e espero que você também goste de lá. — Ele me olha como se quisesse falar algo comigo, mas fica meio sem jeito. Talvez ele queira se desculpar por ontem, mas não sabe como.

Quando ele vai abrir a boca, alguém bate na porta. Ele se levanta, pega o café, e tomamos em silêncio. Assim que terminamos, ele me manda arrumar as minhas coisas e as do Nando, pois já iríamos sair. Ele sai do quarto dizendo que vai fechar a conta do hotel e que me espera lá embaixo.

Arrumo tudo e pego na mãozinha do Nando, entramos no elevador. Ele para dois andares antes de chegar no térreo, e um homem estranho de boné entra também. Ele não tira os olhos do Nando, e eu o coloco para detrás de mim. Ele sorri com a minha atitude.

— É seu filho?

— Sim. — Respondo apenas isso, sem olhar diretamente para ele, mas o observo pelo canto dos olhos, vendo-o tentar olhar para o Nando.

— Ele é muito bonito, como se chama?

— Noé. — respondo, mantendo a resposta simples.

— Noé?

— Sim, Noé da sua conta — falo a última frase baixinho, sorrindo. Mas acho que ele ouviu, já que pigarreou a garganta e ajeitou sua roupa, ficando em silêncio.

Graças a Deus, chegamos no térreo. Eu já estava pronta para reagir se ele tentasse algo com o Nando. Ao sairmos do elevador, ele pega na mão do Nando e tenta o puxar da minha mão.

Agarro o Nando forte, puxando-o para mim, gritando para todos ali me ajudarem. Quando ele percebe que todos estão vindo, olha nos meus olhos, e é como se eu estivesse vendo o demônio à minha frente, sorrindo.

— Nos vemos depois, Viih. — Ele solta o Nando e sai correndo. Eu o abraço forte, muito forte, pois o Nando começou a chorar com medo de ser levado.

— Calma, Nando, fica calmo. Enquanto você estiver comigo, ninguém irá pegar você. Eu posso não saber lutar, mas sei me defender, e defendo você também, mesmo que para isso eu perca a minha vida.

O pai de Nando vem correndo em nossa direção, e eu conto para ele o que aconteceu. Ele pega na minha mão e nos leva até a sala de câmeras para identificar quem era o cara que estava no elevador comigo.

— Filho da puta, desgraçado, eu vou...

— O Nando está ouvindo. — Ele olha para o filho e se cala.

— Senhor Medina, ele alugou um quarto hoje aqui no hotel, perguntou de você e disse que eram grandes amigos. Como não tínhamos autorização para falar em que quarto o senhor estava, ele alugou dois andares abaixo do seu.

— Agradeço muito, irei bonificar o hotel por isso. Vamos, Virgínia, vamos para casa. — Medina, esse é o sobrenome dele. Agora só preciso saber o nome para ficar tudo certo, já que ele sabe até as cores das minhas calcinhas.

A viagem até a mansão não foi tão longa, e posso dizer, que se eu imaginava uma penitenciária na minha mente, seria igual a essa casa. Os muros são muito altos, e consigo ver dois homens de cada lado em cima do muro, em cabines que parecem ser de segurança. Os portões enormes se abrem, revelando a bela mansão que se esconde atrás disso tudo.

— Sinta-se em casa, Virgínia. Não precisa se preocupar com nada, pense que a casa é sua, está bem?

— Vou tentar. — descemos do carro e chama uma das empregadas para me levar para conhecer a casa. Nando, ao perceber que está em sua casa, corre se soltando da minha mão, e eu o sigo para ver aonde ele vai.

Nos fundos da casa, há um mini parquinho e uma área de lazer bem grande, com uma piscina dupla, para adulto e criança.

— Pode usar essa parte também; sempre que ele quiser ir para a piscina, você pode acompanhá-lo. Não quero que você se sinta como uma empregada da casa, e sim como a mãe do Nando. Não é porque viemos para cá que as coisas vão mudar. Você tem demonstrado muita proteção com ele, então acho justo compensar com isso.

Sorrio para ele, e ele diz que vai para o escritório, que se eu precisar dele é só chamar. Olho para o Nando, que está subindo em uma escadinha do escorregador, e desce todo feliz. Agora sim, ele está sendo criança; apesar dos muros altos, pelo menos não privaram ele de ter as coisas de criança aqui dentro.

Olho para o lado e vejo uma porta ali, há uma placa de impressão digital, o que chama a minha atenção. Mas quando vou caminhando até lá, o Nando me chama e pergunta se pode nadar agora.

— Vamos almoçar primeiro, depois a gente brinca na água, tudo bem?

Ele concorda com a cabecinha, sorrindo lindamente para mim.

— Vamos entrar um pouco? Quero que você me mostre a sua casa, pode ser? — Mais uma vez, ele concorda e pega na minha mão. Ele sobe as escadas e me conduz até os quartos, o primeiro que ele me mostra é o dele. — Seu quarto é muito lindo, Nando, tem sua personalidade nele todinho, digno de um rei.

— Mamãe. — Ele fala e sai correndo para o quarto ao lado, tentando pegar na maçaneta. Abro a porta, e é um quarto de casal. — Mamãe?

Meu coração aperta ao vê-lo ali, procurando por ela. Eu sei que ela não vai estar aqui, mas ele não entende, e isso faz meu coração se quebrar todinho.

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