Capítulo 4

Congelo instantaneamente. Nunca tive uma arma apontada para mim, e esta já é a segunda vez hoje.

— Cadê o menino? — Ele pergunta com ainda mais raiva, quase soletrando as palavras.

Nesse momento, percebo que estou em uma situação complicada. Mas, diante da atitude ameaçadora deles, não posso simplesmente entregar o menino.

— Eu já disse, o pai levou o menino. Ele não está mais aqui.

Ele dispara um tiro para o alto, me fazendo pular de susto. Quando abro os olhos, percebo que a lanchonete está vazia, todos se foram e me deixaram aqui sozinha.

Fechei os olhos e comecei a rezar, enquanto ouço um dos homens ordenar:

— Procurem por ele. Ele deve estar em algum lugar aqui dentro.

Olho para o lado e percebo que a fritadeira está ligada. Não sei de onde tirei a ideia, mas em um ato de desespero, pego e esfrego a cesta quente na cara do homem que estava com a arma.

Corro para a cozinha e tranco a porta por dentro. Ao abrir a porta, encontro o menino dormindo. Pego-o no colo, e quando estou prestes a sair, ouço os homens tentando arrombar a porta. A situação está ficando cada vez mais perigosa.

Sento-me em um canto, abraçando o menino como uma forma de proteção, e volto a pedir a Deus por ajuda. Até que, de repente, o barulho cessa. Eu continuo com o menino encolhido em meus braços. A porta se abre com força. Abraço o Nando com mais força, porque a voz que escuto me faz tremer ainda mais.

— O que você está fazendo aqui com ele? — Pergunta a pessoa que acabou de entrar.

Olho para cima e me deparo com o homem que confiou a mim aquela criança. Ele se aproxima e para diante de mim, e eu solto um elogio de alívio.

— Você é um colírio para os meus olhos Senhor.

— Me diga, o que o faz aqui? — ele pergunta com uma expressão irritada, o que me deixa igualmente incomodada.

— Estou trabalhando, preciso ganhar a vida, não tenho luxos. Nasci com beleza, não com riqueza.

— Levanta daí. — Ele diz com rudeza, e eu detesto lidar com pessoas assim. No entanto, não consigo me levantar, meu corpo ainda está tremendo.

— Deixa minhas pernas pararem de tremer e eu vou me levantar. Nunca passei por algo assim na minha vida, e acredite, sou a pessoa mais azarada que você já conheceu.

Ele suspira profundamente e pega o Nando no colo e eu tento me levantar. Naquele momento me senti como uma super-heroína, mas agora, pareço ter perdido todas as forças.

— Você está demitida!

— Tá maluco, eu preciso trabalhar para pagar as minhas contas, elas não se pagam sozinha não.

— Você está com a pörra do cartão de crédito para quê? Eu quero que você cuide só do menino, e não trabalhe e traga ele junto.

— Seu cartão não fará muita diferença para mim, minha vida é cara, você sabia. — Falo com ousadia, lançando a isca, esperando que ele me permita usar o cartão para ele me sustentar, considerando que ele está me tirando do meu emprego. Parece uma compensação justa.

— Você pode comprar a cidade inteira com esse cartão, desde que cuide do menino. Não quero que você saia de casa com ele sem minha autorização. E onde está o celular que te dei?

Levo a mão ao bolso, mas percebo que o deixei em casa, para ser honesta, ainda nem tirei da caixa. Olho para ele, com um sorriso nervoso estampado no rosto, enquanto ele revira os olhos em resposta.

— Já estou começando a me arrepender de ter confiado o cuidado dele a você.

Que ingrato! Fiz algo que nunca fiz antes na minha vida, e ele me diz isso? Estou furiosa e passo por ele indo embora. Ele assobia e me manda parar.

— Para onde você pensa que está indo?

— Você está arrependido, e eu também. Coloquei minha vida em perigo hoje por causa de uma criança, cujo nome só sei porque perguntei a ele. Estou sem documentos, sem nada. As pessoas me olharam de maneira ainda mais hostil do que antes, e não vale a pena cuidar dele apenas por um cartão de crédito, nem pelo reconhecimento. Estou me demitindo, chefe.

Digo isso, viro as costas e abro a porta. Os homens que estavam atrás do menino estão caídos no chão, ensanguentados.

— Se você não vai mais ficar com ele, não é mais útil para mim. Vai se juntar a eles, está bem?

Me viro, olhando-o com indignação. Ouço um ruído atrás de mim e, ao me virar, vejo uma arma apontada novamente para minha cabeça.

— Eu não posso cuidar dele. — Falo, me virando novamente. Ele sorri e dá um beijo no menino.

Ele se aproxima de mim e entrega um envelope amarelo, dizendo que contém tudo o que eu vou precisar para passar por mãe do menino. Eu, que tive um filho de um evento traumático, não sou fã de crianças e agora vou ter que lidar com este pequeno. A primeira coisa que farei é comprar um novo colchão. O menino estica o braço na minha direção, e eu o pego no colo.

— Parece que ele gosta de você, e ele realmente precisa de alguém. Vai mesmo deixá-lo sem uma mãe?

— E onde está a mãe dele?

— Ela faleceu.

Ele abaixa a cabeça e respira fundo, abraço o pequeno, mantendo-o seguro em meus braços. Ficamos em silêncio por um momento, até que os homens do lado de fora nos ordenam sair, pois há pessoas se aproximando.

— Será que minha vida será sempre assim, cheia de perigos? Minha vida costumava ser monótona, ninguém me seguia, e não tenho certeza se vou gostar dessa atenção constante.

— Não se preocupe, não estará sozinha. Vamos lá.

Ele me puxa pelo braço e me coloca em seu carro. Isso é um exagero, já que minha casa está apenas um quarteirão da lanchonete. Aponto para minha casa, explicando que é onde moro, mas o carro continua direto.

— Eu sei onde você mora, já te investigue toda. Só não paramos porque podem estar nos seguindo. Por enquanto, você é uma pessoa desconhecida com um filho. Se eles descobrirem que o herdeiro está com você, vou precisar realocá-la.

— Herdeiro de quê? De um palácio? Um império? Um reino? — ele me olha em silêncio. — Eu preciso saber, e você deve me dizer. Quem são vocês?

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Comments

Livia Pereira

Livia Pereira

arrasou ao falar nasci com a beleza e não com a riqueza 🤩🤩🤩🤩 sou cara viu

2025-03-15

2

Alessandra Mineiro

Alessandra Mineiro

Virgínia cuida bem do menino, que você será muito bem recompensada kkkk

2025-03-03

1

DENISE VITÓRIA

DENISE VITÓRIA

eu te dou o meu cartão ele é sem limite
sem cor sem era sem beira kkkk
mas ka entre nós nós dia de hoje não é nada mal um cartão sem limite
ela é tapada

2024-11-13

1

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