Capítulo 6

Abro o meu notebook, e começo a ver as imagens daquela rua, vou voltando a imagem até onde me vejo arrastando uma menina, uma adolescente.

Puxo mais a imagem, e vejo a hora que ela passa correndo. Desço do carro e vou correndo atrás dela igual um louco, vou seguindo as câmeras, até ver ela caindo no chão, e eu sair puxando ela, até a levar para o meu carro. Depois a vejo saindo com o corpo inclinado para frente, e eu não posso acreditar que eu estuprei aquela menina.

Minha vida já estava uma merda, com essa agora... Eu já posso morrer, pois já bati a meta de maldades que eu fiz. Vou até o meu carro, e começo a quebrar toda as bebidas que estão no porta malas, se eu tivesse sobre os efeitos dessa maldita bebida, eu jamais me tornaria um monstro, um bicho papão de uma adolescente.

Minha esposa vem e me segura, para que eu não me machuque, e olha para mim pedindo para entrarmos. Volto para o meu escritório praticamente carregado por ela, e minha mente trabalha a cem por cento, tentando lembrar de qualquer coisa de ontem.

— Me fala Ale, o que aconteceu? — Fecho os meus olhos, como vou contar para ela, que eu nunca a toquei, porém, acabei de abusar de uma adolescente?

— Estresse, só isso. Estou cansado, derrotado, essa minha vida está cada vez pior, eu não estou mais suportando tudo isso.

— Calma, Ale. Vai dar tudo certo. Você vai conseguir superar isso, e teremos uma vida normal. Só basta você parar de querer encontrar refúgios onde só vai te afundar mais. Estou aqui o tempo todo com você, pode contar sempre comigo. Mas você prefere buscar refúgio no álcool.

Lamento por tudo que tenho feito com ela, e se não fosse pela lei da máfia que não permite o divórcio, eu já a teria liberado dessa vida.

Os meses se passam, e nada de eu conseguir ter alguma relação com ela. Se antes eu não conseguia por causa da Alícia, depois do que eu fiz, ficou mais difícil ainda. Começo a usar uma luva, pois sinto que tudo que eu toco apodrece, vira lixo.

Nossos familiares começam a cobrar um herdeiro, mas como fazer um herdeiro sem ter nenhuma relação? Minha esposa ainda deu uma ideia de tentarmos fazer uma inseminação artificial, mas nem assim, pois toda vez que toco no meu órgão, a imagem do sangue no banco do carro volta à minha mente.

— Vamos viajar por um tempo, vou ficar dentro de casa. Vamos dizer a todos que estou grávida, e assim voltaremos com um bebê de colo.

— Adotar? Seria uma boa idéia?

— Sim, vamos registrá-lo em nosso nome, e ninguém saberá que não é o nosso filho. O que você acha?

— É uma boa opção. Vou conversar com o conselho e iremos atrás de um bebê. — Saio de casa e confirmo que ela já está grávida, prestes a ganhar. Descobrimos isso durante uma consulta médica.

Claro, tive que inventar um monte de coisas, mas não disse exatamente quantos meses ela estava, não sabemos quando conseguiremos um bebê recém-nascido.

Ao chegar em casa, ela diz que ligou para alguns orfanatos e conseguiu um que tem um bebê recém-nascido, o que será ideal para nós. O bebê está aqui na França mesmo, então nem precisaremos viajar, só manter o bebê em casa e fingir que ela estava parindo em casa.

Seguimos para o orfanato, e ao ver o bebê, uma coisa linda tocou meu coração, é como se ele realmente fosse meu e precisasse da minha proteção. Aceleramos o processo com uma boa quantia em dinheiro e já levamos o bebê conosco. A madre diz que levará a documentação em minha casa ou me ligará quando estiver pronta.

Eu mesmo levei o menino no colo até em casa. Mesmo com a Tânia dando aquele carinho de mãe, eu e ele dividimos uma conexão incrível. Onde eu ia, eu o levava, igual ao meu pai fazia comigo quando eu era pequeno.

Tudo que eu sei foi graças a ele, e tudo que eu aprendi vou ensinar para o meu filho. Só que a vida nunca dá alegria a todo o momento, sempre passamos por coisas que ferram cada vez mais com a nossa vida.

Depois de 3 anos, mais uma vez fomos atacados, mas consegui tirar eles de casa. Porém, estamos sendo seguidos, e eu temo pela vida dos dois, paro em um beco e mando ela descer com ele. Dou um beijo na cabecinha dele e mando ela se esconder, que eu vou voltar para pegar os dois.

Assim que saio do beco, o meu carro volta a ser perseguido. O rugido dos motores inimigos ecoa como trovões enquanto eu acelero pelas ruas estreitas. Faróis piscam incessantemente, atrapalhando um pouco a minha visão.

Realizo manobras arriscadas, desviando dos carros que se aproximam. Os perseguidores estão determinados, mas eu acelero ainda mais. Em um momento de pura adrenalina, faço uma guinada, fazendo os inimigos colidirem em um estrondo ensurdecedor.

Destroços voam pelos ares enquanto os carros inimigos se contorcem em uma dança caótica. Saio entre a fumaça, ileso, mas não há tempo para comemorações. Um olhar determinado cruza meu rosto, então eu me aproximo, e com a arma em punho, pergunto para o único sobrevivente.

— Quem te mandou, que porrä é essa agora?

— Inimigo antigo nunca é esquecido.

Sorrio para ele, já sabendo de quem se trata. Dou um tiro em sua cabeça e volto para o carro, indo atrás da minha esposa e filho.

Passo a noite toda em busca dos dois, mas só de manhã um dos meus homens diz que a encontrou. Sigo para o endereço e me deparo com o corpo estirado no chão, mas, só está ela, meu filho não está junto. E temo por meu pequeno estar nas mãos do inimigo.

Quando me viro para irmos embora, vejo ele no colo de uma mulher, e ao saber de tudo que aconteceu, decido que será melhor ela ficar com ele, pelo menos até eu pegar esse desgraçado e fazer ele pagar por tudo isso.

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