Capítulo 12

Ele grita, como se eu estivesse surda, mas tudo que ele faz, dá a entender que ele seja. Bom, para mim é mais confortável assim, pois não correria risco de ele me atacar.Não falo mais nada, só pego a toalha e peço para ele me entregar a minha bolsa. Visto um pijama, com calça e blusa de manga.

Sei que vou torrar de calor, mas não vou deixar ele ficar excitado, já que disse que não é gay. Saio do quarto e vejo a cara dele bem séria. Seu olhar me acompanha até eu me sentar na cama, ao lado do Nando.

— Ah, você gosta de frango, por isso não queria comer na minha casa, não é? — ele sorri balançando a cabeça.

— Você não gosta de frango?

— Não, o gosto de galinha mal lavada embrulha o meu estômago.

— Eu não sabia, só pedi frango. Vou mandar trazerem outra coisa para você. — Concordo com a cabeça. Eu poderia dizer que não precisava, mas precisa sim, estou cuidando do filho dele, e eu preciso ser mimada também.

Ele pega o telefone e pede para trazerem algum prato com carne. Me pergunta qual a minha escolha, e eu digo filé mignon. Não sei quando vou poder fazer uma escolha dessa, então vou aproveitar mesmo.

Ajudo o Nando a comer, e assim que ele termina, o levo para escovar os dentes e o coloco para dormir. O pai dele se levanta, vai para uma mesa, coloca o notebook em cima e começa a mexer, enquanto eu devoro meu saboroso prato.

Faço a minha higiene também e me deito ao lado de Nando, mas a cama parece ser pequena para ele, já que quer dormir todo espalhado.

— Quer juntar as camas? Você vai cair no chão desse jeito.

— Não, eu vou ficar bem, não se preocupe.

— Podemos colocar o Nando no meio, se estiver com medo, não tem problema. — Ele se levanta e empurra a cama, juntando as duas. Coloco o Nando no meio e fico em uma ponta, e ele se deita na outra.

Antes de fechar os meus olhos, fico olhando para ele. Ele é bonito, mas parece ser um homem tão sério e tão cheio de problemas. Nossos olhos ficam conectados, como se ele quisesse enxergar a minha alma, e com isso, fecho os meus olhos, com medo.

Não os abro novamente com medo de ele ainda estar me olhando, e acabo pegando no sono daquele jeito mesmo. Acordo de manhã com o rosto dele tão próximo do meu que posso sentir a respiração dele no meu rosto. Ele ainda está dormindo, parecendo tão sereno.

Ele abre os olhos de repente, me dando um susto enorme, e só ai percebe que estamos perto. Seus olhos descem dos meus para os meus lábios, e ali, ele fica fixado. Ele se aproxima mais, e eu fecho os meus olhos, esperando ele tocar seus lábios nos meus. Quando os sinto, o Nando se mexe, e eu me afasto dele, abaixando minha cabeça para olhar para o pequeno.

— Ele acordou. — Dou uma risada sem graça, e ele sorri também, levantando-se da cama e passando as mãos em seus cabelos, bagunçando o que já estava bagunçado.

Ele segue para o banheiro, e eu me levanto, sentando-me com o Nando.

— Quero fazer xixi.

— Então corre, seu pai está lá no banheiro, vai.

Ajudo ele a descer da cama, e ele segue correndo para o banheiro. Levanto-me, separando a minha roupa e a do Nando para nós trocar assim que ele sair do banheiro. Eles demoram um pouco, e logo ele manda eu pegar a toalha, pois ele já deu banho no Nando. Pego ele e o troco, esperando sair do banho para entrar.

Ele sai com a toalha enrolada na cintura, mostrando todo o seu corpo. Viro o rosto para o lado, e ele percebe o meu incômodo por estar daquele jeito.

— Oh, desculpa, Virgínia, eu não...

— Tudo bem, fica de olho nele. Eu vou ao banheiro agora. — Pego a minha roupa e sigo para minha higiene matinal.

É tão estranho, desde o dia que saí do orfanato, eu não deixo nenhum homem se aproximar de mim. Como pude deixar ele quase me beijar? Como pude quase cair nessa armadilha?

Eu quero sair dessa situação limpa, apesar de não ser. Meu passado me condena, mas meu presente e futuro, quero ser uma pessoa normal, e não é me envolvendo com um homem cujo nome eu nem conheço.

Termino a minha higiene, me trocando no banheiro mesmo, e saio, me sentando na cama com a toalha enrolada nos meus cabelos.

— Já pedi o café da manhã, nada que venha com frango para você, ok?

Balanço a cabeça, concordando sem graça. O episódio da manhã me deixou sem jeito, e parece que ele também está desconfortável, pois fala comigo com certo receio.

Alguém bate na porta, e quando vou me levantar, ele estende a mão para que eu pare, e ele mesmo vai, pegando o carrinho na porta, não permitindo que o entregador entre.

— Vamos ficar presos aqui dentro até quando?

— Até quando for preciso. Meus homens já estão vasculhando a cidade atrás de quem está te atacando com o Nando, e quando a área estiver limpa, vou levar vocês para a minha mansão. Lá você vai ficar mais à vontade do que aqui, pois tem mais quartos e cômodos.

Concordo com a cabeça, e meu celular começa a tocar. Olho na tela e vejo que é o meu patrão. Com medo de ele brigar comigo pela destruição da sua lanchonete, atendo sem jeito.

— Oi, chefe. Pode falar.

— Viih, o que aconteceu ontem aqui? Falaram que estavam atrás do seu filho, filho? Você tinha me falado que era sobrinho.

— Aí, chefe, é uma longa história que um dia eu posso te contar, mas por enquanto não. Estou em um emaranhado de problemas e...

— Quero que você venha trabalhar hoje, e tem que ser agora, pois precisamos colocar tudo isso aqui no lugar. Você fez a bagunça e foi embora, como vou trabalhar desse jeito?

Olho para o pai do Nando, sem saber o que fazer. Ele me olha como se estivesse esperando eu responder para o meu chefe, mas ele sempre foi bom comigo. Como vou dizer não a esse homem que sempre me disse sim quando eu precisei?

— Chefe, eu vou dar um jeito de ir aí, não se preocupe, logo eu... — O pai do Nando se levanta com tudo e retira o celular da minha mão, desligando a chamada. — Tá doido?

— Doida está você, não vê que isso é uma emboscada?

— Emboscada? Meu chefe nunca se prestaria a isso, você tá louco, me dá o meu celular.

Me levanto tentando pegar da mão dele, e ele estica, deitando-se na cama, e eu acabo me deitando em cima dele. Quando olho para baixo, vejo novamente seus olhos em meus lábios...

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***