Capítulo 10

Dessa vez, eu mando ele pegar uma das caixas. Ele começa a dar risada e diz que não vai se sujar, que não vai pegar essas coisas. Percebo que ele sempre usa luvas. Será que isso é para ele não tocar em nada com sua mãozinha delicada, ou será que a mão dele tem algum problema e, por isso, ele a esconde?

Ele é um homem muito lindo, então espero que seja a segunda opção. Uma perfeição dessas ter uma mão delicada ficaria fora de contexto.

— Então, leva o menino que eu vou levar a caixa. As minhas coisas não podem ficar só porque você está com nojinho de uma caixa de papelão.

— Sabe quantas bactérias pode conter aí? Isso é nojento demais.

Eita Deus, ele é fresco. Ele percebe a minha cara de desapontamento e tenta arrumar a sua fala.

— Você acha que eu sou gay?

— É você que está dizendo e não eu, mas que você parece um fresco, você parece.

Ele faz uma cara de desconforto, mas homem que tem medo de pegar numa caixa e diz que ela tem bactérias é um cara fresco mesmo, eu não vou mentir.

— Eu tenho um filho, e era casado, sabia?

— Isso não quer dizer nada; lá na lanchonete tem gays que andam com mulheres só por causa da família.

— Para com isso.

— Ah, e eu me lembro que eu estudei uma vez sobre isso. Você sabia que uma boca contém cerca de 50 bilhões de bactérias. Arranque ela fora também.

Passo por ele rindo. Bicho besta é homem mimizento. O problema vai ser eu ter que voltar aqui mais duas vezes para pegar as outras duas caixas. Dizem que pobre gosta de juntar coisas, e agora eu percebo que isso é verdade.

Mas quando descemos, ele manda o motorista dele subir e pegar as duas outras caixas. Vou até o apartamento da dona e entrego a chave para ela. E ela tem a ousadia de me cobrar os 20 dias que eu estava morando lá.

— Mas você me fez pagar dois meses de depósito, eu estou saindo antes, você ainda está lucrando um mês a mais.

— Um mês foi pela casa, o outro mês pelos móveis. Você está me devendo 100 dólares, e paga logo.

— Tá bom, segura aqui a chave, eu vou buscar na minha bolsa, que está dentro do carro e já volto.

Ela disse que tá bom, só que eu saio, pego Nando no colo e me sento no banco de trás. Vai roubar o cão, não eu, velha rabugenta. O motorista liga o carro, e saímos de lá. O Nando olha para mim e sorri, um sorriso tão fofo, como se ele soubesse que assim, eu vou gostar dele.

— Ele parece muito com você, não sei por que você não o deixa chamar de pai, sendo que é sua cópia em miniatura.

Ele vira a cara e olha para a janela. Ele é todo misterioso, o que será que ele esconde tanto? Eu preciso descobrir quem é esse homem de verdade. Só sei que o Nando é herdeiro, então ele deve ser dono de um império, ou ele é o rei?

O resto do caminho foi em silêncio, até o pequeno dormir em meus braços. Ajeito o meu corpo para tirar uma soneca. Até o carro começar a dar pulos, ele entra numa rua de terra, e o carro balança parecendo que está sendo carregado por cavalos.

E eu, que estava dormindo tão gostoso, sou obrigada a acordar. Nando acorda também, e agora chora porque está com fome. Junta ele e a minha barriga, a festa está feita.

— Por que ele está chorando tanto?

— Porque estamos com fome, esqueceu que íamos almoçar antes do seu amiguinho chegar?

Ele bufa e manda o motorista levar a gente até um restaurante. E que restaurante, me sinto um animal aqui dentro. Todas as pessoas vestidas elegantemente, e eu, com roupas nada convencionais. Chega uma garçonete que me olha dos pés à cabeça, e quando ela olha para ele, ela muda sua expressão na mesma hora.

— Quero uma mesa, agora!

Ela balança a cabeça e manda a gente acompanhar, sento o Nando em uma cadeira especial para criança, e me sento ao seu lado. Ele faz o pedido depois de eu escolher o que eu e o Nando vamos comer.

— Não está confortável?

— Tá brincando, né? Não podia parar em algum restaurante de beira de estrada não? Estou parecendo que estou aqui por caridade. Da próxima vez me avisa para eu colocar ao menos um sapato e deixar meu cabelo bonito. Chinelo e coque não combinam com esse luxo todo.

— Anotado. — ele fala sorrindo.

A comida chega, e eu vou dando na boca do Nando para que ele não se suje, mas um descuido é fatal. Quando vamos ver, ele tá enfiando a cara dentro do prato. Na minha casa era comida simples, agora ele sim, está comendo a comida como convém a um herdeiro. Limpo a boca dele com um guardanapo e continuo dando em sua boca.

— Temos que ir.

— Mas não terminamos ainda.

Ele aponta para fora, e vejo uns caras descendo de um carro preto. Droga, é a segunda vez que eles atrapalham minha refeição. Ele se levanta me puxando pelo braço, pego o Nando no colo. Ele dá uma nota para a mulher do caixa e nos tira dali pelas portas dos fundos.

Não será mais fácil matar esses também? Apesar de que esse povo parece mais formiga do que gente, brota do nada. Entramos no carro, e voltamos à estrada. Chegamos em um prédio muito luxuoso, e mais uma vez eu tenho até vergonha de entrar, pois nada nesse lugar condiz comigo.

— Você mora aqui?

— Não, apenas estou hospedado. Aqui você ficará segura com o Nando, não se preocupe.

— Você vai ficar aqui também?

— Como eu disse, estou hospedado aqui, quer que eu vou para onde?

Acho que isso não vai dar certo, nunca morei com um homem, espero que ele se comporte, não quero perder meu réu primário com um homem tão rico como ele.

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Comments

Marina Lopes

Marina Lopes

ela bem doidinha destemida ,e parece que enfrenta ele

2023-12-15

85

Mari Buganti

Mari Buganti

adorei o humor dela😊

2024-05-10

1

Priih

Priih

Tão fofos esses dois kkkkkk

2024-04-28

0

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