Capítulo 7

Ele está sonolento no meu colo, então o deito e deixo que durma. Ficamos cerca de uma hora rodando, até que voltamos para o meu apartamento.

— Tudo no tempo certo, ainda não é hora, só cuide dele como seu filho, e será bem recompensada no final.

Ele desce do carro e diz que vai ver onde o herdeiro vai morar. Eu congelo, minha casa está uma bagunça, e ele vai querer levar o menino embora na mesma hora que entrar pela porta. Bom, até que não seria uma má ideia.

Entrego o menino para ele levar, já que ele vai subir também, então que ele carregue o peso. Afinal, sou uma dama e são cinco lances de escada, já subi uma vez, agora é a vez dele. Mas quando ele olha para a escada, antes de subir o primeiro degrau, ele já começa a reclamar.

— Essa porcaria não tem elevador?

— Este é o apartamento mais luxuoso que um pobre como eu pode alugar, então, suba sem reclamar, porque aqui só eu que reclamo.

Subimos, e só escuto o barulho ofegante da sua respiração. Ele olha para o meu apartamento que está uma bagunça só, e como parece que ele é perfeitinho, fica fazendo careta.

— Agora que você vai ficar em casa, poderia organizar essa bagunça, né? Aliás, vou leva-los para outro lugar, arruma suas coisas, o herdeiro não pode morar nesse muquifo.

— Respeita a minha casa, senhor, aqui é cheia de amor. Quer sentar?

— E onde está o sofá?

Aponto para ele, mas quando olho, até coro de vergonha. Vou até o sofá e retiro tudo de cima, colocando dentro do cesto. Ele usa uma luva preta na mão. Para que será isso? Será que ele é um assassino e não deixa digitais por aí?

— Espera um minuto, você é um assassino de aluguel?

Ele me olha e sorri, e eu não vejo graça nenhuma nisso. Se ele é um matador de aluguel, o acordo está desfeito agora mesmo.

— Digamos que não. Não sou assassino de aluguel, mas não vou dizer mais nada. Já disse que sua obrigação...

— É cuidar do menino. — interrompo a vitrola humana, que só sabe falar isso desde que nós conhecemos.

— Olha, eu sei que pode parecer complicado agora, mas a vida dele corre risco. A mãe dele conseguiu salvá-lo, mas não conseguiu se salvar. Se você ficar calada diante de tudo que viu e falar para todo mundo que ele é seu filho, vai ficar mais fácil para você. Prometo que volto para pegá-lo quando conseguir resolver todos os problemas.

Ele fala bem sério agora, passando a mão na cabeça do menino que dorme tranquilamente em seus braços.

— Então terei uma vida de mãe e filho, vou poder sair, passear e ir para qualquer lugar com ele?

— Não, somente quando eu mandar. Caso contrário, você ficará em casa com ele.

Respiro fundo, pois nunca pensei que ficaria presa dentro de casa, ainda mais com uma criança. Apesar que até agora ele pareceu ser bem bonzinho, fora o episódio da mijada na cama, ele não é um menino chorão.

Eu abro o envelope, e está escrito o meu nome com outro sobrenome, Virgínia Marquês, e do pequeno Fernando Marquês. Sem nome paterno. Ele tem 3 anos, a idade que o meu filho tem agora. Mas de acordo com a madre, ele foi morar em outro estado, então não corro o risco dele ser o meu filho. Pelo menos isso.

— Você é o pai dele?

— Sim, sou o pai. Mas nunca ensinei ele me chamar de pai, por razão de segurança. Ele só chamava a minha esposa de mãe.

Por isso o pequeno não o chamou de pai quando o viu, só que isso me deixa mais confusa ainda sobre a sua vida misteriosa. Ele se levanta e coloca ele no sofá deitado.

— Bom, eu tenho que ir. Liga o celular e espera as minhas ligações. Se não me atender, vou fazer picadinho de você, entendeu?

Vou até a geladeira, pego a caixa de cima, retiro o celular e já o coloco para carregar. Faço isso sorrindo para ele. Ele dá um beijo na cabeça do Nando e vai embora, me dando apenas um tchau.

Vejo que o Nando ainda está dormindo, então começo a preparar uma refeição para nós, para quando ele acordar. Assim que termino, ele começa a chorar chamando pela mãe. Aproximo-me dele, me sento no sofá, coloco-o no meu colo e aos poucos ele vai se acalmando.

Deve ser difícil para ele, sempre teve o amor da sua mãe, o carinho. Para mim, foi mais fácil, já que eu só nasci e fui entregue. Não tive esse dengo que uma mãe tem com seu filho. Como não sei cantar nenhuma música infantil, canto músicas aleatórias que eu gosto, mas em um som mais leve. Ele olha para mim e me abraça bem apertado.

Coloco ele no chão e o levo para a mesa para comer. Ele ainda está um pouco choroso, e eu não faço ideia do que mais fazer para acalmá-lo.

— Nando, fala comigo, o que você quer fazer?

— Quero a minha mamãe. — Oh, meu Deus, eu preciso distrair a mente dele disso. Ele só tem 3 anos. O que eu posso fazer para enganá-lo?"

— Vamos brincar de mamãe e filhinho. Sua mamãe está trabalhando com seu papai, até ela vir, você me chama de mamãe, e eu te chamo de filhinho, pode ser?

Ele balança a cabeça negando, fazendo um bico maior do que o de um tucano. Pego a colher e faço aviãozinho para ele, até imito o barulho do avião. Ele ri e abre a boca.

Então é isso, tenho que tratá-lo como uma criança. Ainda bem que só estamos nós dois aqui, seria uma vergonha enorme fazer isso na frente de todo mundo. Depois que ele termina, o levo para escovar os dentes e nos sentamos na sala para assistir algo, com ele pedindo o tempo todo para colocar desenho.

Com apenas uma televisão, fica complicado para mim. Quero assistir à novela, mas não posso porque ele não para de falar. Desisto e coloco no canal de desenho. Ele fica sentado, e eu decido arrumar a bagunça, aproveitando para dar à casa um ar mais acolhedor.

Quando começo a arrumar, o celular que o pai do Nando me deu começa a tocar, e eu atendo antes que ele venha aqui me perturbar.

— Alô?

— Como ele está?

— Acordou chorando, mas depois parou. Agora, roubou a minha TV, e quero que você mande outra para mim. Não posso sair para comprar, então, mande urgente para minha casa.

— Estou perguntando como ele está. O que você quer não me importa. Compra na internet com o cartão.

Ignorante, desligo o celular na cara dele, só para ele aprender a deixar de ser tão abusado. Onde já se viu, o filho dele está igual rei dentro da minha casa, e eu não posso nem reclamar que estou sem TV?

Ele volta a ligar, espero quase parar a chamada e atendo.

— Nunca mais desliga o celular na minha cara, você não é ninguém para fazer isso.

— Eu sou sim, sou a mãe do seu filho, e é melhor me paparicar também, senão eu o deixo no mesmo lugar que o encontrei.

— Te mato na mesma hora.

— Até parece que eu vou deixar ele lá e voltar para casa. Uso seu cartão de crédito e sumo no mundo.

Ele fica mudo na linha. Folgado tem que aprender a me tratar bem, ou as coisas não vão dar certo. Olho para a tela do celular, vejo que ele ainda está na linha, mas está totalmente mudo.

— Estou subindo, sua abusada.

Subindo? Ele está aqui. Agora sim, estou morta!

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Comments

Imaculada Nova Messias

Imaculada Nova Messias

🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣 morta não vai estar porque o alessandro precisa de você Virgínia qui tá SENDO MUITO corajosa em enfrentar o Alê dessa forma 😎 mas vai escutar uns desaforos 1🤭

2025-02-17

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Ana Rosa

Ana Rosa

E se eu falar pra vcs que ela é a verdadeira mãe do menino e ele o pai, ela não foi abusada e voltou pras freiras grávida. Hô gente é o filho dela /Cry//Cry/

2025-03-14

0

Fernanda Braz

Fernanda Braz

Kkkkkkkkk ela tá cuidando do próprio filho e não tem ideia disso kkkk

2025-01-21

0

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