Enrico
Assim que chegamos àquela igrejinha, estacionei o carro numa vaga livre que encontrei. Após descermos, percebi a presença de muitas pessoas.
Minha irmã se virou para mim e disse:
— Bem, Enrico, se você quiser esperar aqui, tudo bem, ok? Sei que você não acredita muito nessas coisas espirituais e tal. Então, não precisa entrar se não quiser.
Enquanto observava dona Amélia mais à frente com Nininha, cumprimentando alguns conhecidos, refleti sobre o fato de nunca ter sido uma pessoa muito religiosa. Contudo, meu olhar se voltou para a igrejinha e depois para todas aquelas pessoas que estavam entrando.
Fixei meu olhar na garota de vestido branco à minha frente, Nininha, e percebi o quão misteriosa e peculiar a vida pode ser. Por que não ter essa experiência? Pode ser interessante afinal. Basta eu perceber se algo irá ressoar comigo. Se isso acontecer, posso me questionar. E estou realmente decidido a me aproximar do anjo à minha frente.
Foi por isso que, olhando para minha irmã, disse:
— Vamos, eu quero entrar.
Adentrei a igreja e imediatamente fui envolvido por uma atmosfera serena. O som suave do órgão preenchia o ambiente, enquanto vozes suaves ecoavam pelas paredes antigas.
Dirigi-me em direção a Nininha, que irradiava uma aura de paz e tranquilidade. Ao me aproximar, uma sensação inexplicável tomou conta de mim, algo inteiramente novo.
Com um sorriso gentil, ela expressou sinceridade:
— Fico feliz que tenha entrado, Enrico. Espero que aproveite o culto. Todos são bem-vindos.
Foi um momento revelador. Percebi que estar ali não se restringia apenas a questões religiosas, mas sim a uma conexão humana profunda e significativa. Decidi abrir minha mente para o que o universo poderia oferecer a partir daquele instante. Era um simples passo, um impulso para explorar além do que já conhecia.
Meu olhar foi novamente capturado pela presença de Nininha. Sua maneira de me fitar transmitia uma profundidade de pensamentos naquele momento. De repente, uma sensação de déjà vu invadiu minha mente.
Imaginei-me subindo ao altar com ela, trocando votos diante de todos. A cena era tão real que me senti cativado por esse devaneio. Era como se, por um breve instante, o destino estivesse se revelando de forma inesperada e surpreendente.
Um homem, possivelmente um pastor ou algo similar, avançou para a frente e deu início ao culto, suas palavras ressoavam profundamente. Em um momento específico, ele abordou a ideia de um relacionamento com propósito, algo além do aspecto físico.
Ao se dirigir ao microfone, ele compartilhou:
— Percebo que temos muitos jovens aqui nesta noite, o que é uma alegria. Que, com o amor e a orientação do nosso mestre, vocês possam compreender a importância de encontrar aquela pessoa que verdadeiramente precisam. Por vezes, pode não ser a pessoa que esperávamos, mas a conexão se estabelece e se torna forte. Conexões verdadeiras são eternas, meus irmãos.
Após um breve momento, enquanto ele tomava um copo de água, prosseguiu:
— Um relacionamento com propósito, com a compreensão de que a vida transcende a matéria que vivemos, é verdadeiramente poderoso e genuíno. Muitas vezes não precisamos entender o motivo de certos eventos, apenas compreender que tudo possui um propósito, e isso não seria diferente em um relacionamento verdadeiro.
Após ele proferir essas palavras, pediu-nos que segurássemos a mão da pessoa ao nosso lado. Estava na ponta do banco com Nininha ao meu lado, e minha irmã e sua mãe do outro lado dela. Olhei para ela enquanto fazíamos o gesto.
Então, delicadamente estendi minha mão para a dela; ela suavemente colocou sua mão sobre a minha. Nesse instante, foi como se um choque percorresse todo o meu corpo, fazendo meu coração bater forte, como se o simples gesto da junção das nossas mãos significasse muito mais.
Parecia que nossa energia se reconhecia há muito tempo, como se estivessem reencontrando-se novamente. Sei que o que estou dizendo pode parecer sem sentido, mas foi exatamente essa sensação que experimentei.
Enquanto fechava minha mão sobre a dela, nossos olhares não se desviaram. A voz do homem ia ficando ao fundo quando ele disse:
— Agora vamos fazer uma oração.
Meus olhos e meu coração, no entanto, estavam direcionados para o anjo que realmente estava ao meu lado. Parecia que Nininha também havia sentido a mesma energia que me percorreu; por um segundo, seus olhos se afastaram dos meus, indo até nossas mãos unidas.
Segui o olhar dela e, enquanto todos fervorosamente oravam de olhos fechados, nós estávamos ali, envoltos por pessoas em prece, como se o momento eternizasse o que acontecia entre nós naquele instante.
A única palavra que fui capaz de sussurrar olhando nos olhos dela foi:
— Eu te amo, Nininha!
Após proferir essas palavras, uma onda de surpresa tomou conta de mim, como se eu mesmo não conseguisse acreditar no que acabara de dizer. Nininha me encarou, totalmente paralisada, seus olhos arregalados e respiração ofegante evidenciaram que sua surpresa foi tão intensa quanto a minha.
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Atualizado até capítulo 83
Comments
Rosilene Santos
Ai que lindo
2024-08-27
1
Viviane Maria Dias
que tuuuddoooo
2024-07-25
2