Enrico
Chegando à casa da fazenda, ainda estou com dor no pé devido à queda do cavalo. Sorte que a garota já tinha ido embora nesse momento, ou teria testemunhado minha queda como se eu fosse uma fruta podre.
A chuva também contribuiu muito para isso, e o cavalo assustado com uma cobra me derrubou com força. Agora estou sendo amparado pelo meu segurança, Félix.
Minha irmã, ao me ver chegando apoiado, corre em minha direção perguntando:
— Enrico, o que aconteceu? Você está bem?
Suspiro profundamente enquanto passo por ela e respondo:
— Eu pareço bem para você?
Ela mostra a língua para mim, como se fosse uma criança de 6 anos, não uma garota de 18 anos, e diz:
— Você é um ogro. Eu perguntei porque me preocupo com você.
Ela então passa correndo por mim, indo se trancar em seu quarto novamente. Nesse momento, digo a Félix enquanto ele me ajuda a entrar em casa:
— Pode ir, Félix. Eu me viro agora.
Ele concorda e sai, me deixando sozinho em um momento reflexivo na sala. Percebo que fui duro demais com minha irmã. Apesar de ela me ver como um ogro, eu a amo muito.
Após o acidente de carro que levou nossos pais quando ela tinha 9 anos, fui obrigado a amadurecer cedo para cuidar dela. Naquela época, com 18 anos, tive que me virar.
Hoje aos meus 27 anos, vejo o quanto expandi os negócios da família. Liderei os negócios com firmeza e agora possuo várias empresas em diferentes países.
Decido tomar um banho, já que estou todo molhado devido à chuva, e depois vou conversar com minha irmã. Enquanto vou para o quarto e me encaminho para o banheiro, a lembrança daquela garota invade minha mente.
Quem é aquele anjo selvagem? Foi assim que a vi naquele momento, como um anjo cavalgando naquele cavalo. Um anjo selvagem. O mistério em torno dela me intriga. Quem poderia ser ela? Foi um encontro tão inesperado e rápido, porém deixou uma impressão marcante em minha mente.
O que me motivou naquele momento? Por que decidi segui-la daquela maneira? Por que alguém tão livre como ela mexeu tanto comigo? Além disso, ela parece ter a mesma idade que minha irmã.
Após o banho, envolvo a toalha na cintura e paro diante do espelho da pia, encarando meu reflexo. Falo comigo mesmo:
— O que deu em você, Enrico Montenegro? Controle, lembre-se disso. Mantenha o controle.
Neste momento, opto por priorizar a conversa com minha irmã antes de me perder em reflexões sobre este encontro intrigante. Após sair do banheiro, visto uma calça de moletom e uma camiseta preta, e calço os chinelos. Enquanto seco meu cabelo com a toalha, decido deixá-lo solto, sem prendê-lo.
Dirijo-me ao quarto da minha irmã e, batendo na porta, digo:
— Carol? Ei, irmã, posso entrar? Precisamos conversar.
Carol exclama de dentro do quarto:
— Sai, Enrico! Não quero conversar com você. Você nunca me entende. Você é um ranzinza, isso sim.
Suspiro profundamente, sentando-me perto da porta, e respondo:
— Eu sei, Carol, sou assim mesmo. Me perdoa, não deveria ter sido rude contigo. Estava um pouco irritado. Desculpa, irmã.
Um breve silêncio antecedeu o som da porta destrancando. Ergui-me rapidamente, apesar da dor persistente no pé por não ter tomado a aspirina, algo que poderia esperar.
Minha irmã, ou melhor, minha irmãzinha, abriu a porta. Seus cabelos vermelhos, assim como os meus, caíam suavemente sobre suas costas. Seus olhos cor de caramelo lembravam os da nossa mãe.
Puxei-a para um abraço e ela correspondeu prontamente. Carol sempre pareceu ainda menor diante do meu tamanho. Enquanto herdei muitas características do nosso pai, o cabelo ruivo é algo que ambos compartilhamos.
Após o abraço apertado, depositei um beijo no topo de sua cabeça e disse:
— Eu te amo, maninha. Mesmo que às vezes não pareça, tá legal?
Um sorriso iluminou o rosto dela enquanto concordava com a cabeça, parecendo mais aliviada com nossa conversa. Ela me conduziu até seu quarto e sentou-se na cama, enquanto eu ocupava uma poltrona próxima.
Curiosa, ela perguntou:
— Agora me conta, o que realmente aconteceu? Como você machucou o pé?
Expliquei o incidente com o cavalo e a chuva, tentando suavizar os detalhes para não preocupá-la demais. Narrei de forma mais serena, assegurando que estava tudo sob controle e que logo estaria bem.
Ela ouviu atentamente, preocupada, mas aliviada por saber que não era algo muito grave. Conseguimos ter um momento de conversa mais tranquila, dissipando qualquer tensão anterior.
Enquanto conversava com ela, a imagem daquela garota cavalgando livremente com o cavalo voltou à minha mente com intensidade, fazendo um leve sorriso se formar em meu rosto ao relembrar aquele momento que a segui.
Minha irmã, sempre rápida, percebeu imediatamente.
— E esse sorriso aí? Você não está me contando tudo, não é?
Olhei diretamente para ela, meu sorriso se ampliando ainda mais, e disse:
— Vi algo especial, Carol. Foi como encontrar um anjo.
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Atualizado até capítulo 83
Comments
Marilene Lena
Começando e gostando 30/01/25
2025-01-30
1
Elisa Araújo
comecei hoje dia 12/09/2024 já começou muito bom tomara que continue.
2024-09-12
1
Ana Geraldina
Sinto que essa história vai ser linda
2024-08-04
2