Nininha
Desde aquele jantar, tenho refletido muito sobre minha vida e minhas convicções. Hoje, Carol disse que viria para irmos à igrejinha da cidade, um programa que fazemos praticamente todas as sextas-feiras, graças a minha mãe.
Inicialmente, fiquei mexida com o que Carol disse sobre o interesse do Enrico em mim. Porém, ao avaliar nossa diferença, percebi que somos claramente muito distintos. Embora muitos me considerem jovem, sinto que algo dentro de mim sempre me guia. Será a minha essência? Às vezes, digo coisas que parecem naturais, como se fosse uma sabedoria intrínseca.
Já pronta, com um vestido branco, decido adicionar uma presilha em forma de flor vermelha em meus cabelos. Opto por uma sandália simples. Ao me olhar no espelho, gosto do que vejo, mesmo que meus gostos para se arrumar possam parecer peculiares para alguns. Eu me sinto bem assim.
Enquanto reflito, minha mãe entra no quarto. Observo-a por um momento: seus cabelos ondulados perfeitamente arrumados em um rabo de cavalo, um vestido preto elegante de forma simples e uma sandália discreta completam seu visual.
Ela me olha com um sorriso e pergunta:
— O que foi, filha?
Sorrindo, respondo:
— A senhora está maravilhosa, mãe.
Ela se aproxima, me abraça e diz:
— Então, somos duas, filha. Você também está.
Agradecendo, saímos de casa, pois Carol acabara de chegar. Ela está vestida com um modelo salmão que realça sua beleza, vindo rapidamente me abraçar. Retribuo o abraço e, nesse momento, percebo o irmão dela nos encarando ao lado do carro.
Faço o possível para evitar o olhar dele. Sinceramente, quero que ele fique bem longe de mim. Nesse momento, minha mãe iria falar para meu pai nos levar, porém Enrico prontamente se ofereceu, dizendo:
— Permita-me levá-las, senhora Amélia, eu insisto.
Minha mãe deu um pequeno sorriso e confirmou com a cabeça. Enquanto eu e ela nos aproximamos do nosso pai para nos despedirmos, vi Enrico sussurrar algo para sua irmã. Ela assentiu, sem perceber que eu os espiava, então desviei rapidamente o olhar.
Quando Enrico passou por mim e disse:
— Oi, Nininha!
Respondi em um tom um pouco ríspido:
— Oi.
Ele me olhou de forma estranha, mas não disse mais nada, indo conversar brevemente com meu pai. Nesse momento, Carol se aproximou de mim e disse:
— Nininha, você pode ir na frente? Prefiro ir atrás com sua mãe.
Olhei para ela sem entender, mas logo seu irmão se aproximou e Carol e minha mãe entraram rapidamente atrás. Fui então para o banco de trás, pois cabíamos confortavelmente ali nós três.
No entanto, havia uma caixa ali, como se estivesse propositalmente ocupando todo o espaço no assento onde eu poderia sentar. Enrico então pigarreou e virou-se para mim:
— Nininha, pode sentar na frente mesmo. Acabei esquecendo essa caixa de ferramentas aí, e ela está muito pesada. No porta-malas, não cabe.
Olhei para Carol, que me deu um sorrisinho como se soubesse o que estava acontecendo. Voltei meu olhar para Enrico, que ficou um pouco sem jeito diante do meu olhar.
Suspirei profundamente, me encaminhei para a frente e disse:
— Claro, sem problema.
Enquanto entrava no carro, ele me observou fixamente, mas virei o rosto. Assim ele deu partida, nos tirando dali. Enquanto o carro avançava em direção ao centro da pequena cidade de Raio de Luz, onde ficava a igrejinha que íamos, Enrico constantemente buscava meu olhar, mas eu sempre desviava.
Percebi o momento em que ele soltou uma respiração profunda, como se estivesse um pouco frustrado com minha rejeição. Se ele acha que, por ser muito bonito e atraente, terá o que quiser de mim, está enganado. A Carol me disse que ele teve algumas namoradas, então deve ser do tipo que se envolve apenas por diversão com as mulheres.
Suspirei, encostando minha cabeça no vidro, enquanto a tarde se transformava em noite diante dos meus olhos. Decidi sutilmente espiar ao virar minha cabeça lentamente na direção dele.
Mas ele foi mais rápido e me pegou no flagra enquanto espiava; meu rosto corou de vergonha como um tomate maduro. Vi um vislumbre de um sorriso passar pelo rosto dele neste instante.
Porém se ele acha que vai me seduzir para me envolver em seu jogo, está enganado. Posso nunca ter tido experiência com homens, mas sou observadora desde os tempos de colégio. Sei muito bem no que a maioria dos homens pensa, e definitivamente não quero ser uma boneca nas mãos de nenhum deles.
O carro estava silencioso. Virei-me para trás para falar com a Carol, mas para minha surpresa, tanto ela quanto minha mãe estavam dormindo, encostadas uma na outra.
Virei-me novamente para frente, balançando a cabeça negativamente, incapaz de acreditar. Disse para mim mesma:
— Isso só pode ser uma brincadeira.
Enrico olhou para mim confuso, e ao olhar pelo retrovisor, entendeu do que eu falava. Ele riu e, olhando para a estrada, disse:
— Viu? Pode ser um sinal.
Virei-me para ele, franzindo a testa:
— Um sinal de quê?
Ele me encarou antes de voltar a olhar para a estrada e disse:
— Um sinal de que você deveria conversar comigo.
Fiquei sem reação, incapaz de emitir um som sequer. Enquanto Enrico dirigia concentrado, ele sorriu novamente. Mas naquele momento, minha cabeça só pensava: o que Enrico quer comigo afinal? Apenas diversão? Se ele acha que vai vencer minha indiferença, está muito enganado.
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Atualizado até capítulo 83
Comments
Rosilene Santos
Ele quer uma namorada nininha
2024-08-27
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