Nininha
Estava na cozinha ajudando minha mãe nos preparativos para o jantar quando ela, mexendo na panela, percebeu algo e me questionou:
— Está tudo bem, filha?
Distraída cortando os legumes, respondi:
— Sim, está tudo bem, mãe.
Ela enxugou as mãos em um pano de prato, sentou-se e me chamou para fazer o mesmo. Sentei em frente a ela, e minha mãe segurou gentilmente minha mão, olhando nos meus olhos, disse:
— Eu te conheço desde que você estava no meu ventre, então sei quando algo te incomoda. Desabafe comigo, sou sua mãe e sua amiga. Não quero que sofra sozinha, lembra dos momentos felizes que compartilhamos?
Com um sorriso, me ajoelhei entre as pernas dela, apoiando minha cabeça em seu colo. Ela acariciou meus cabelos e me deu um beijo, e entre lágrimas, confessei:
— Mãe, estou com medo.
Preocupada, ela questionou:
— Medo de quê? Do Vinícius?
Interrompi:
— Não, não é ele. É o desconhecido, as emoções conflitantes dentro de mim. Às vezes, sinto-me deslocada, como se não pertencesse a esse mundo, mãe. É difícil me adaptar, entende?
Minha mãe, visivelmente preocupada, ergueu meu rosto gentilmente e disse:
— Por que não me contou antes, filha? Não precisa se adaptar a nada, só precisa ser você mesma. Alguém está sugerindo que você mude?
Enxugando minhas lágrimas, respirei fundo, dizendo:
— Não, mãe, ninguém sugeriu isso. A Carol, minha amiga, disse que gosta de mim do jeito que sou.
Ela sorriu sinceramente:
— Isso é ótimo, filha. Significa que ela valoriza quem você é. Conexões verdadeiras superam barreiras, não importa cor, gênero ou aparência, mas sim quem você é por dentro, sua verdade.
Assinto com um sorriso diante das palavras carinhosas da minha mãe e expresso:
— Obrigada, mãe, por ser exatamente quem você é comigo. Gostaria que todos tivessem uma mãe como a senhora.
Ela sorri em resposta e diz:
— Obrigada, filha. Sou eu quem deve agradecer aos céus por ter uma filha maravilhosa como você, com seu jeitinho único. Eu te amo muito mesmo, não se esqueça disso.
Levantamo-nos e nos abraçamos firmemente, compartilhando um momento carinhoso. Em seguida, ela, sorrindo, comenta:
— Agora vamos terminar esse jantar, ou sua amiga e o irmão dela vão chegar antes de tudo estar pronto.
Concordo com um sorriso, mas a ideia de Enrico estar na minha casa me deixa um pouco desconcertada. Tenho evitado ele, pois se intrometeu na minha vida de uma maneira que me incomodou.
Depois de terminarmos o jantar, minha mãe e eu fomos tomar banho. Percebi que não conseguia encontrar meu broche favorito - o branco com uma flor, meu xodó.
Suspirei ao pegar um broche lilás e delicadamente prendê-lo no meu vestido verde musgo. Enquanto penteava meu cabelo, ouvi batidas na porta. Reconheci a voz da Carol do outro lado:
— Amiga, sou eu, Carol. Posso entrar?
Com um sorriso, respondi:
— Claro, Carol. A porta está aberta.
Quando ela entrou no quarto, seus olhos curiosos percorreram o ambiente. No entanto, ao me olhar, um sorriso se abriu em seus lábios:
— Seu quarto é tão acolhedor quanto você, amiga.
Terminando de pentear meu cabelo, agradeci:
— Obrigada, Carol.
Ela me puxou pela mão, sentamo-nos na cama e, de repente, ela se levantou e olhou pelo corredor antes de fechar a porta e se jogar ao meu lado na cama. Rimos juntas e, virando-se para mim, Carol disse:
— Eu tenho uma grande novidade para te contar.
Curiosa, respondi rapidamente:
— Conta logo, Carol, não me deixe ansiosa!
Ela, sorrindo, disse:
— Calma! Meu irmão está interessado em você.
O sorriso sumiu gradualmente do meu rosto, substituído pela ansiedade. Levantei-me rápido e afobada, digo:
— Você deve ter entendido errado, Carol. Seu irmão é muito mais velho que eu.
Carol gargalhou, deitando-se na minha cama, e disse:
— Você realmente é única, Nininha. Parece que meu irmão tem uns 80 anos do jeito que você falou. Ele pode ser mais velho, mas não tanto.
Nervosa, porém curiosa, me aproximei e sentei na cama, olhando para Carol, digo:
— Ele falou mesmo isso?
Ela se sentou também, olhando para mim, respondeu:
— Sim, disse que você é única e mexe com ele. E você, gosta dele?
Engoli em seco, sem saber o que dizer. Com voz quase sussurrada, disse:
— Acho que sim. Na verdade, não sei muito sobre isso, nunca me interessei por ninguém antes.
Carol arregalou os olhos, interessada me questiona:
— Nunca beijou ninguém?
Um pouco envergonhada, mexi no cabelo e admiti:
— Não, nunca fiquei com ninguém.
Quando Carol estava prestes a argumentar, minha mãe bateu na porta, nos chamando:
— Meninas, venham jantar.
Respondi prontamente:
— Já estamos descendo, mãe.
À medida que ouvíamos os passos dela se afastando, Carol me disse em voz baixa:
— Amiga, eu espero que você e meu irmão fiquem juntos. Imagine só, além de sermos amigas, seríamos cunhadas. Isso seria incrível. E não se preocupe, meu irmão já teve algumas namoradas, então relaxa, ele sabe beijar e pode te ajudar com isso.
Uma crise de tosse foi o que eu tive enquanto olhava surpresa para Carol. Como ela fala essas coisas tão facilmente? Para mim, não é tão simples.
Enquanto saíamos do quarto em direção ao jantar, cochichei para Carol:
— Como você pode falar daquilo como se seu irmão fosse simplesmente desentupir uma pia, Carol?
Carol arregalou os olhos e, em seguida, desatou em uma gargalhada que encheu todo o ambiente. Os olhares dos meus pais, especialmente o de Enrico, fixaram-se em nós enquanto nos aproximávamos.
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Atualizado até capítulo 83
Comments
Valdete Gonçalves
História maravilhosa estou amando ler Autora vc está de Parabéns ❤️❤️❤️❤️❤️❤️🥰🥰🥰🥰🥰🌹
2025-01-16
1
Rosilene Santos
Essa carol é demais viu
2024-08-27
1
Ana Geraldina
Que linda história tem romance comédia, espiritualidade do jeito que eu gosto. Autora vc é maravilhosa.
2024-08-04
3