Enrico
Com algum esforço, consegui convencer seu Raimundo a irmos à delegacia. Nininha, inicialmente relutante, acabou obedecendo aos pais, concordando que precisava relatar o ocorrido.
Assim, aqui estávamos nós, numa tranquila segunda-feira na delegacia. Assim que chegamos, Carol correu para abraçar a amiga e cumprimentar os pais dela.
Eu, discretamente, buscava o olhar do anjo, que parecia estar me evitando. Queria que ela entendesse que isso era para o seu bem. Entramos todos na delegacia.
O delegado, pai do tal Vinícius, veio rapidamente nos cumprimentar. O pai de Nininha explicou a situação, e ele olhou para ela com um certo desinteresse, perguntando:
— Tem certeza de que era meu filho?
Nininha, com o braço entrelaçado ao da minha irmã, respondeu:
— Tenho, senhor. Era ele.
O delegado pareceu um pouco desconcertado diante da situação e disse:
— Certo, obrigado por me informar. Vou tomar as providências necessárias.
Assim, ele dispensou todos nós. A minha irmã e Nininha saíram a conversar baixinho, acompanhadas por senhor Raimundo e dona Amélia. Porém, discretamente, decidi ficar para trás e me dirigi à sala do delegado.
A indignação fervilhava em mim diante da reação aparentemente desinteressada do delegado sobre o que seu filho havia feito a Nininha. Movido pela revolta, bati na porta da sala do delegado. Ele abriu, olhou para mim e disse:
— Bem, acredito que já me disseram tudo, não é mesmo?
Eu sorri de leve e respondi:
— Eles podem ter dito, mas eu não. Acredito que você não fará nada, certo? Sua expressão já disse isso.
Olhei para sua mesa e vi o nome "Augusto". Ele me encarou e disse:
— Quem você pensa que é para falar assim comigo? Posso prendê-lo por desacato agora mesmo.
Avaliei-o por um momento, mas mantive um tom calmo e firme:
— Você precisa manter seu filho longe dela, entendeu? Caso contrário, posso ter que tomar medidas mais drásticas. Se acha que sua posição te dá poder, não faz ideia do que a minha pode fazer. Ah, antes que eu me esqueça, me chamo Enrico Montenegro.
O delegado me olhou perplexo. Num último aceno, saí da delegacia tranquilamente. Já do lado de fora, os pais de Nininha, minha irmã e a própria Nininha me observavam com curiosidade.
Minha irmã franziu a sobrancelha, olhando para mim de maneira avaliativa, e perguntou:
— O que você ficou fazendo lá dentro?
Um pouco sem jeito diante dos olhares, respondi:
— Nada demais, só fui pegar um copo de água.
Ela não parecia convencida, assim como Nininha e seus pais. Nesse momento, o senhor Raimundo se aproximou e disse:
— Obrigado por nos informar sobre o que aconteceu com nossa filha. Conhecendo a teimosia dela, tenho certeza de que tentaria esconder isso de nós.
Dei um pequeno sorriso, olhando discretamente para Nininha, mas ela desviou o olhar novamente, evitando-me. Então, só para provocá-la, comentei:
— Imagina, senhor Raimundo, minha irmã tem a mesma idade dela, e nessa fase são bem teimosas mesmo.
Nesse momento, Nininha finalmente me lançou um olhar cortante e ainda mais furioso. Minha irmã também me olhou da mesma forma e até mostrou a língua, brincando:
— Você é um chato, Enrico.
Dei um discreto sorriso vitorioso, mas logo fui surpreendido pelo convite dos pais de Nininha. A mãe dela propôs:
— Em agradecimento, e como as meninas são amigas, que tal jantarem conosco hoje à noite?
O senhor Raimundo concordou:
— Somos vizinhos e mal nos conhecemos. Seria uma ótima oportunidade para nos aproximarmos.
Minha irmã ficou animada com o convite, mas Nininha parecia distante, não pela minha irmã, já que elas se abraçaram rindo, mas talvez por mim, já que tem evitado contato.
Acredito que será uma excelente oportunidade para conhecer mais sobre ela, seus gostos e compreender verdadeiramente o que a torna tão única para mim.
Então, sorrindo, agradeci aos pais dela:
— Obrigado pelo convite. Com certeza, eu e minha irmã estaremos lá.
E assim nos despedimos, porém o convite para o jantar ecoava em minha mente enquanto eu dirigia de volta para casa. Pensava na oportunidade de conhecer melhor Nininha, sua família e compreender mais sobre o que a tornava tão especial aos meus olhos.
Cada passo parecia impulsionar minha curiosidade e ansiedade pelo encontro desta noite. Minha irmã ao meu lado no banco me olha de forma especulativa e pergunta diretamente:
— Enrico, você está interessado na minha amiga?
A pergunta direta me surpreendeu, deixando-me momentaneamente sem saber como responder. Após um breve instante de reflexão, optei pela sinceridade:
— Possivelmente. Acredito que ela seja única, interessante, mas ainda estou tentando compreender isso.
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Atualizado até capítulo 83
Comments
Rosilene Santos
Isso mesmo Enrico de uma lição nesse delegado no filho dele
2024-08-27
1
Marli Sinhorini
linda história parabéns autora
2024-01-18
3