"Lua Cheia de Emoções"

Enrico

Estava no escritório, revisando alguns e-mails, quando tirei meus óculos por alguns segundos e esfreguei os olhos, o que causou um leve ardor. Ao conferir o horário no laptop, percebi que já era uma da manhã. Decidi fechar tudo e apagar as luzes, preparando-me para sair dali.

No entanto, ao passar pela sala, fui atingido por uma rajada de vento. Sem compreender, olhei ao redor e foi então que a avistei. Mesmo com a sala totalmente escura, a luz da lua era tão intensa que parecia uma lâmpada acesa ali.

Ela estava enrolada na coberta, inclinada sobre a janela, admirando o vasto céu estrelado diante dela. Me aproximei lentamente, sentindo-me um tanto nervoso, quase como um adolescente, o que era um tanto patético considerando minha idade. Mas tudo isso se devia a essa garota peculiar à minha frente.

Aproximei-me completamente dela, ficando ao seu lado e inclinando-me sobre a janela. Ela olhou para mim, mas permaneceu em silêncio, desviando seu olhar para as estrelas.

Enquanto observava o céu, num tom suave e baixo, perguntei:

— Não consegue dormir?

Ela manteve os olhos fixos no céu e respondeu:

— Sim, nunca dormi em outro lugar que não fosse minha casa antes. Esta é minha primeira vez.

"Esta é minha primeira vez" ecoou profundamente em mim. Enquanto absorvia suas palavras, percebi que minha presença, sua amizade com minha irmã, tudo isso era novo para ela. Éramos o desconhecido em sua vida, assim como ela era para nós.

Ficou claro para mim que essa garota diante de mim nunca esteve com nenhum homem. Talvez, assim como a atraio, também a assuste. Isso me afetou profundamente. Recuei um pouco, criando uma distância entre nós. Nesse momento, ela me olhou intensamente, como se tivesse entendido minha reação.

Querendo expressar meus sentimentos, disse:

— Desculpa, anjo, se te assustei. Na verdade, desde aquele primeiro dia em que nos conhecemos. Normalmente, não sou assim, não saio correndo atrás das pessoas por aí. Jamais faria algo para te machucar, Nininha.

Ela virou-se para mim, afastando-se da janela. Nossos olhares permaneceram fixos um no outro. Com um passo hesitante, ela parou, suspirou profundamente e rapidamente se aproximou de mim.

Estava tão perto que podia sentir o calor emanando de nossa proximidade. Em comparação comigo, ela parecia tão pequena e indefesa. Nesse momento, lutei contra meus próprios impulsos, pois minhas mãos ansiavam por um simples toque em sua pele sob a luz do luar, que a fazia parecer verdadeiramente um anjo diante de mim.

Com lágrimas nos olhos, sua voz saiu trêmula enquanto ela me fitava:

— Também devo desculpas por todas as vezes em que te tratei com indiferença. Tenho medo, medo do que sinto por você. Você e sua irmã estão se tornando pessoas muito importantes para mim, e nunca tive pessoas tão próximas de mim além dos meus pais.

A sinceridade em suas palavras ecoava no silêncio que se instalou entre nós. Ela parecia vulnerável, mas ao mesmo tempo determinada a expressar seus sentimentos. Respirou fundo antes de prosseguir:

— A ideia de me abrir para vocês é assustadora, mas ao mesmo tempo reconfortante. Nunca imaginei encontrar tanta conexão em alguém fora da minha família.

Sua confissão tocante me deixou emocionado, mas também grato por compartilhar um momento tão íntimo. Compreendi a coragem por trás de suas palavras e a importância daquele instante para ambos. Respirei fundo antes de responder, tentando transmitir a mesma sinceridade:

— A jornada que estamos trilhando juntos é especial. Suas palavras significam muito para mim também. Saber que temos essa ligação é algo que valorizo profundamente. E saiba que estamos aqui, eu e minha irmã, para caminhar ao seu lado, não importa o que aconteça.

Ela concorda, e percebo sua respiração ficando um pouco irregular. Com a voz ainda trêmula, ela me questiona:

— É agora que você vai me beijar?

Um sorriso singelo se forma em meu rosto diante da sua pergunta inocente. Ainda sorrindo, respondo:

— Somente se você quiser.

Ao dizer isso, minha atenção está totalmente voltada para ela. Observo enquanto ela fecha suas mãos em punho e, rapidamente, fecha os olhos e os abre, dizendo:

— Sim, eu quero.

Eu me aproximo ainda mais dela, testemunhando o momento em que ela solta a coberta que envolvia seu corpo, revelando um pijama estampado com vaquinhas. Isso me arranca um doce sorriso.

À medida que nos aproximamos, nossas respirações se entrelaçam, e de repente, ao respirarmos com certa dificuldade, levo minha mão gentilmente ao seu rosto, acariciando-o enquanto nossos olhares se mantêm fixos. Com suavidade, deslizo meu polegar pelos seus lábios.

Enquanto contorno sua boca com meu dedo, engulo em seco ao sentir a maciez dos seus lábios perfeitos. Com calma, encosto minha testa na dela, e ela sussurra:

— Eu nunca fiz isso antes.

Beijo sua testa e, com a voz baixa e rouca, respondo:

— Eu sei, apenas siga meu ritmo, está bem?

Ela assente e então gentilmente uno meus lábios aos seus. Há uma delicadeza cautelosa no gesto, sinto a hesitação nos movimentos iniciais, como se ela estivesse descobrindo cada nuance desse novo território.

Com suavidade, guio o beijo, transmitindo tranquilidade e paciência a cada contato. Minhas mãos permanecem gentis, uma delas no seu rosto, enquanto a outra desliza suavemente pela sua nuca, encorajando-a a se entregar ao momento.

Aos poucos, percebo sua resposta, uma sincronia gradual. Seus lábios começam a se mover com mais confiança, como se estivessem se adaptando ao ritmo. É um beijo tranquilo, exploratório, carregado de emoções que se desenrolam lentamente.

Entre respirações intercaladas, o beijo se torna um elo entre nossos sentimentos, uma troca de afeto e descoberta. Cada movimento é delicado, cada toque é carinhoso, uma dança sutil de entrega mútua que parece durar uma eternidade.

E, no meio dessa dança, surge uma sensação de compreensão mútua, como se, naquele momento, o mundo tivesse desacelerado apenas para nós dois.

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