Nininha
Clara me ajudava me recompor enquanto minha mente estava uma confusão total, com tantos pensamentos passando por mim naquele momento. Ela gentilmente ofereceu uma camiseta e um short emprestados, já que eu estava toda suada e empoeirada. Mesmo não sendo fã de shorts, aceitei.
Enquanto observava seu enorme quarto, duas vezes maior que o meu, com decoração cheia de bichinhos de pelúcia, parei para refletir. Apesar de termos a mesma idade e gostos e vidas diferentes, algo genuíno nos conectou.
Clara sorriu e tranquilizou:
— Não se preocupe, Nininha, não sou uma patricinha. O banheiro está por aqui.
Essa afirmação dela arrancou um pequeno sorriso meu antes de me encaminhar para o banheiro. Após adentrar o mesmo, agradeci com um aceno de cabeça antes de fechar a porta atrás de mim.
Ao olhar-me no espelho por um momento, senti-me um pouco deslocada nesta situação toda. Enquanto lavava o rosto, tentava clarear minha mente, mas a confusão de tudo o que havia acontecido continuava a me rondar. Era uma mistura de sentimentos.
Ao sair do banheiro, Clara estava esperando do lado de fora, com um sorriso gentil no rosto. Ela me guiou de volta para o quarto e disse:
— Sinta-se à vontade. Se precisar de mais alguma coisa, é só chamar.
Agradeci mais uma vez, um tanto desconcertada com a situação, mas grata por sua gentileza. Sentindo-me um pouco mais confortável, decidi aproveitar o espaço que ela me ofereceu para me recompor e organizar meus pensamentos.
Já vestida com a camiseta e o short que se ajustavam perfeitamente ao meu corpo, me vi diante do enorme espelho no quarto de Clara. Esse conjunto destacava curvas que eu mesma não havia percebido antes, já que normalmente usava vestidos que as escondiam.
Agora, elas pareciam tão evidentes que me senti um pouco desconfortável. Nesse momento, Clara retornou ao quarto, dizendo:
— Vamos almoçar? Sei que está um pouco tarde, mas você deve estar com fome, assim como...
Ela parou de falar ao me observar e, sorrindo, comentou:
— Você tem mais corpo do que eu. A camiseta e o short ficaram perfeitos em você. Você é tão bonita, Nininha, por que parece que você vive querendo se esconder?
Com um sorriso um tanto sem jeito, respondi:
— Obrigada, Clara, você também é muito bonita. Eu não vivo querendo me esconder, apenas não gosto de muita atenção voltada para mim. Na verdade, eu me sinto bem assim.
Ela sorriu e disse:
— Está bem, eu te entendo. O importante é que você se sinta confortável assim. Agora vamos descer para almoçar antes que meu irmão suba aqui e nos dê uma bronca.
Quando ela mencionou o nome do irmão, meu coração acelerou novamente, especialmente ao lembrar que estive tão próxima dele. Lembrar também do idiota do Vinícius me perturba; aquele babaca acha que pode me intimidar, e sempre se safa das confusões, só por ser filho do delegado.
Clara, me olhando curiosa, disse:
— Nininha? Está tudo bem? Vamos, descer?
Assenti para ela e me desculpei enquanto saímos do quarto.
— Desculpa, estava distraída. — Comentei enquanto descíamos as escadas.
Quando chegamos até a mesa para almoçar, Enrico já estava lá. Assim que seus olhos me avistaram, ele os fixou tão intensamente sobre mim que, por um momento, senti-me completamente exposta diante de sua presença.
Enquanto nos servíamos, o delicioso aroma da refeição me deixou com água na boca. Enquanto todos estavam concentrados na comida, peguei um pedaço de carne com as mãos e comecei a comê-lo rapidamente. Foi só então que percebi os olhares direcionados a mim.
Engoli com dificuldade o último pedaço que estava na minha boca, sentindo-me um pouco envergonhada. Foi quando, Carol, com um sorriso, também pegou um pedaço de carne com as mãos e disse:
— Comer assim parece ainda melhor.
Com um certo alívio por Carol ter aderido à mesma maneira de comer, dei um pequeno sorriso. Nesse momento, notei Enrico lançando-me um olhar curioso. Ele estendeu a mão em direção ao pedaço de carne no prato, hesitando antes de pegá-lo.
Enquanto o fazia, seu olhar permanecia intenso, focado em mim. Sua ação me deixou confusa, sem entender suas intenções. No entanto, quando ele tentou dar a primeira mordida na carne muito molhada, ela escorregou de sua mão.
Ele acabou mordendo o ar, e a carne foi parar diretamente em seu copo de suco à frente. A cena me deixou paralisada, um intenso silêncio dominando a mesa. Entretanto, Carol quebrou o silêncio com uma gargalhada, e incapaz de conter o riso, acabei me juntando a ela.
Visivelmente constrangido e envergonhado, Enrico engoliu em seco. Mesmo assim, não resistiu e acabou rindo também, balançando a cabeça como se não pudesse acreditar na situação.
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Atualizado até capítulo 83
Comments
Rosilene Santos
Muito muito boa mesmo parabéns autora
2024-08-27
1
William
Muito boa a história.
2024-04-01
4