Enrico
Enquanto observava minha irmã e Nininha conversando animadamente na sala, as lembranças do almoço voltaram à mente. Sinto-me um verdadeiro palhaço agora. O que diabos deu em mim? Achei mesmo que fazer aquele "quase striptease" com aquele pedaço de carne fosse atrair alguém? Isso foi uma completa bobagem.
Enquanto observo, meu olhar involuntariamente se volta para Nininha. A roupa que minha irmã arrumou para ela evidenciou suas curvas generosas. Rapidamente desvio o olhar, me repreendendo mentalmente. Ela é apenas uma garota, Enrico, qual é o seu problema?
O que realmente está se tornando um problema é a insistência dela em permanecer em minha mente. Ela me intriga, me fascina, me atrai. Mas é mais que isso. De repente, minha irmã me chama para perto delas. Ao me aproximar, percebo a tensão momentânea em Nininha, como se estivesse insegura sobre como reagir.
Carol rapidamente me interpela:
— Enrico, você pode levá-la para casa? Ela disse que não pode chegar muito tarde.
Engolindo em seco, olhando de minha irmã para Nininha, concordo:
— Claro, só vou pegar as chaves do carro, e nós já vamos.
No entanto, não estava preparado para o que minha irmã disse em seguida:
— Não, eu não vou. Tenho um trabalho da faculdade para entregar. Precisarei ficar com a cara no notebook por um bom tempo.
Fico sem reação, mas então minha irmã me desperta:
— Enrico? O que foi? Você anda estranho, irmão.
Pigarreando, respondo rapidamente:
— Não é nada, podem se despedir, eu já volto.
Vou buscar as chaves sob a mesinha e, ao retornar, minha irmã se despede de Nininha:
— Então, qualquer dia irei até sua casa para irmos naquela cocheira que você mencionou.
Nininha, ao se afastar do abraço, responde:
— Certamente, vou esperar por você. Até mais!
Elas terminam de se despedir, e enquanto eu caminho até o carro na frente, ela vem atrás, aparentemente relutante, como se estivesse nervosa por ficar sozinha comigo.
Isso também se aplica a mim. Ao chegar ao carro e abri-lo, ela se direciona rapidamente ao banco de trás, mas eu digo:
— Não precisa ter medo, eu não mordo.
Ela me olha como se minhas palavras fossem um desaforo, e responde rispidamente enquanto se move para o banco da frente:
— E quem disse que estou com medo de você?
Sorrio enquanto entro e me sento, fechando a porta. Ao ligar o carro, comento:
— Ora, ora, parece que começamos bem, não é mesmo?
Quando já estamos a certa distância, o silêncio dentro do carro se torna quase ensurdecedor. Então, uma pergunta importante ressurge na minha mente.
Pigarreando, questiono:
— A caminhonete preta que estava te seguindo, quem estava dirigindo? Você o conhece?
Olho de relance para ela; suspirando profundamente, ela desvia o olhar para fora da janela e responde:
— Sim, eu o conheço. É o filho do delegado aqui de Raio de Luz. Essa cidadezinha, embora pareça pacata, tem seus arruaceiros, como o Vinícius, que me inferniza desde o colegial.
Apertando discretamente o volante, esboço um sorriso frio e digo:
— Temos um nome: Vinícius.
Ela me olha intrigada e pergunta:
— Por que você está dizendo isso?
Assumindo uma expressão séria, respondo:
— Você precisa denunciá-lo, garota. O que ele fez com você foi algo muito sério.
Ela sorri desacreditada e diz:
— E você acha que eu já não fiz isso? Aliás, foram inúmeras vezes, mas ele sempre se safou, já que o delegado é o pai dele. Não há mais nada que eu possa fazer.
Paro abruptamente o carro no acostamento do caminho. Ela me olha perplexa e pergunta:
— Ei!? O que você está fazendo!?
Olhando fixamente para ela, digo:
— Vou com você até a delegacia. E pode ter certeza, desta vez será diferente.
Ela me olha e, em um tom mais suave, diz:
— Você não precisa fazer isso. Aliás, você também me seguiu quando nos vimos pela primeira vez, ou já se esqueceu?
Sorrio balançando a cabeça, incrédulo, e respondo:
— Você não pode estar falando sério. Eu estava na minha parte da propriedade, e você na sua. Além disso, eu não estava jogando um carro em cima de você, como aquele Vinícius estava fazendo.
Ela fica em silêncio por um momento e, então, pede:
— Eu só quero ir para casa agora, por favor.
Suspiro profundamente, um pouco frustrado, ligo o carro e começo a dirigir:
— Claro, te levarei em segurança.
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Atualizado até capítulo 83
Comments
Rosilene Santos
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2024-08-27
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