Ele entra no carro completamente assustado. Pensa que é homem, mas não passa de um bebê chorão...
Amadeo dá a partida e eu olho bem pra Tarcio.
- Você vai prestar bastante atenção em mim e vai obedecer.
Tarcio confirma com a cabeça enquanto não consegue nem piscar direito.
- Quero que suma da vida de Ambra. Você não vai sequer pensar nela, me entendeu?
Começa a gaguejar uma fala baixa.
- Nunca a desrespeitei.
- Mas me desrespeitou, e dentro da minha casa ainda. Não mexa onde não vai conseguir arcar com as consequências.
Quando o carro para em frente ao cursinho eu o mando sair depois de dar um último aviso:
- Essa conversa não sai de dentro desse carro.
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Ponto de vista de Ambra
Desligo o telefone depois de marcar uma saída com Pietra.
As coisas dentro dessa casa estão péssimas. Ítalo está com um mal humor absurdo desde a segunda feira e eu não estou disposta a passar meu final de semana inteiro convivendo com ele desse jeito.
- Vai finalmente me dizer o que aconteceu naquele bendito jantar?
Olho pra Antonieta enquanto me sirvo de um copo com água.
- Ítalo foi noivo de uma tal Stela Fiodoravante?
Pego a governanta de surpresa com meu questionamento. Acho que nem em um milhão de anos ela pensou que sairia isso da minha boca.
- Bom, ele chegou a colocar um anel no dedo dela sim. Por que a pergunta?
Bebo minha água e passo uma água no copo enquanto respondo.
- Ela me abordou na segunda, me contou que ele terminou com ela sem mais nem menos e apareceu depois de poucos dias casado comigo. Queria saber se eramos amantes.
Fausta faz uma careta.
- Nunca entendi porque Ítalo se envolveu a esse ponto com essa moça. Ela não sabia de nada da vida dele, só o que ele queria que ela soubesse, o casamento dos dois jamais daria certo.
Não consigo evitar a risada.
- Bom, ele trocou seis por meia dúzia. Pelo menos na parte da mentira, se tivesse ficado com ela não viveria um casamento de mentirinha e eu tenho a certeza de que estaria feliz casado com uma mulher absolutamente apaixonada por ele. É, porque pra se prestar ao papel de me abordar do jeito que abordou, ela era obcecada por ele.
Ela dá de ombros.
- Acho que era obcecada pelo status que teria se casando com ele. Apenas isso. Ítalo precisa de alguém que o ame de verdade, ela não era a mulher certa.
Mais uma vez não seguro a risada.
- Pra isso acontecer, primeiro precisa ser uma pessoa amável, amorzinho. Coisa que seu Lio não é!
Antonieta coça o queixo e me analisa.
- Está irritada com isso?
- Não estou.
A respondo rápido e isso a faz cruzar os braços e estreitar os olhos pra mim.
- Pois não é o que parece.
Somos interrompidas por ele chegando.
- Precisamos conversar.
Faço uma cara ruim pra ele, mas o acompanho até o escritório. Ítalo tem um cômodo masculino que está decorado de maneira sóbria no marrom e verde escuro.
- Pode dizer.
Ele se livra da parte de cima do terno e enfia as mãos nos bolsos.
- Quero me desculpar por segunda feira.
O encaro cruzando os braços.
- Não vejo necessidade disso. Só te peço pra não deixar isso acontecer novamente.
Faço questão de reforçar isso pra ele.
- Eu não tinha como prever isso, Ambra.
Seguro a conta de de revirar meus olhos, ele adora destacar que sou uma mimada e infantil, isso não é atitude nessa conversa.
- Tudo bem, Ítalo, tudo bem. Agora posso ir?
Ítalo me encara e não diz nada. Resolvo sair mas ele me para segurando no meu braço.
- Te pedi desculpas, não vai me desculpar?
Olho pra ele que me olha no fundo dos meus olhos e depois observo sua mão em mim.
- Já te disse que está tudo bem, me solta por favor.
Ele me solta e eu aproveito pra dizer:
- Vai procurar Stela, é com ela que você tem que conversar, a boca atrevida dela pode causar problemas. Imagina se ela resolve falar que tinhamos um caso enquanto vocês estavam juntos e mostrar aquele anel?
Ele franze a testa pra mim.
- Por que está tão irritada com essa história?
Não seguro a minha indignação.
- Não sei, Rizzo, talvez seja porque fui acusada de ser sua amante e colocada como uma vagabunda nessa história, porque você terminou um relacionamento de um ano de maneira abrupta e resolveu me prender nessa relação descabida.
Ele fecha os olhos e fala depois de respirar fundo.
- Ela realmente te falou isso?
Gesticulo com as mãos enquanto respondo.
- *Sim. Depois me contou que vocês viviam de maneira discreta um relacionamento, até que você apareceu na casa dela em uma noite, e nas palavras dela, a c*meu e pela manhã terminou tudo. Então eu acho que tenho sim motivos pra ficar irritada com essa história*.
Ítalo passa as mãos no cabelo em um ato de nervosismo.
- Que inferno!
Balanço a cabeça em negação e tento mais uma vez sair do escritório, e mais uma vez sou impedida por ele.
- O quê que você quer Ítalo?
O par de olhos verde folha seca me encara. Acho que ele é capaz de enxergar até a minha alma com isso.
- Quero entender as coisas, principalmente porque estou assim do jeito que eu estou.
Engulo em seco com a proximidade dele comigo.
- Bom, se você não está entendendo, quem sou pra entender? Eu sou apenas uma marionete aqui. Continuo quieta, aguentando seu mal humor, que aliás essa semana está no grau máximo, e sigo seguindo a música.
Ele mexe em um mecha de cabelo minha.
- Nós vamos viver desse jeito estranho pra sempre?
Quê?
- Acho que sim.
A resposta dele me assusta.
- E se eu não quiser?
Essa situação está tão estranha, mais estranho ainda sou eu não conseguindo sair disso. Parece que estou numa droga de transe.
- Ítalo, por favor...
Ele me solta a contra gosto depois de ficar uns instantes ainda me encarando e eu me apresso em sair de perto.
Esse homem é louco, e vai me deixar também. Certeza disso!
**********
- Ei, estou falando com você, Ambra!
Pietra chama a minha atenção e eu pisco focando os olhos nela.
- Me desculpa, amiga. Repete o assunto, por favor.
Estamos em um spa. Viemos passar um final de semana fofocando e cuidando um pouco do corpo. Eu queria muito fugir do estresse de duas pernas e mais de um e oitenta de altura com quem eu divido teto, mas pra meu desespero ele não sai da minha mente. Hoje já é domingo e eu não consigo parar de pensar na conversa estranha que tivemos na sexta.
- Aconteceu alguma coisa?
Olho pra Pietra que me encara com um vinco na testa. Está usando um roupão branco igual ao meu e tem uma máscara de pepino no rosto.
- Conheci Stela.
A expressão de surpresa da minha amiga me diz que ela sabe quem Stela é.
- Conheceu como?
Solto um suspiro por falar nisso.
- Ela me abordou e contou tudo. Achou que eu era amante do seu irmão e me deu um estresse gritante. Depois Ítalo e eu discutimos sobre isso e fiquei mais estressada ainda.
Não sei ao certo como me sinto ainda depois do que aconteceu, então decido deixar as falas de fora da nossa conversa. Pietra sabe que vivemos batendo de frente, então acha isso normal.
- Deixa que ele resolve, arrumou esse problema e ele que se vire.
Tento não pensar mais nisso e aproveitar meu fim de semana.
********
Chego em casa por volta das 16:00 e não encontro ninguém. Antonieta me deixou um bilhete dizendo que volta amanhã e que tem comida na geladeira.
Tomo um banho e aproveito pra ler durante essas horas de paz. A leitura é uma distração bem vinda e eu consigo deixar de pensar no que vem corroendo minha mente.
Quando me dou conta já são mais de sete da noite e eu decido comer alguma coisa. Desço até a cozinha e arrumo algumas coisas pra um lanche, assim que sento e dou uma mordida eu vejo Ítalo chegando. Ele passa por mim com a mão esquerda na altura do quadril por frente da blusa social preta de botões que veste por baixo do terno.
Está com uma cara ruim e não diz palavra alguma, o habitual dele nessa última semana.
Pega uma faca fina e de ponta em uma gaveta e anda até pegar um pano de prato branco e limpo em outra.
Acho isso estranho e quando penso em perguntar alguma coisa, escuto o gemido de dor.
É só aí que vejo que a mão na camisa está em cima de uma mancha que está aumentando. Ele anda pra fora da cozinha e eu vou atrás o seguindo até o escritório. Ítalo mexe em uma gaveta da sua mesa e tira um kit de primeiros socorros, logo depois se livra da camisa e eu vejo que ele tem uma bala alojada no quadril.
Estou atônita vendo isso.
Ele continua agindo como se eu não estivesse no cômodo, pega uma garrafa de conhaque e toma um gole do bico mesmo, depois joga na faca e no ferimento. Ele pretende tirar a bala com a faca e sozinho.
- Me deixa te ajudar.
Tomo a faca da mão dele e o faço se deitar no sofá de dois lugares feito em couro marrom que ele tem aqui. Dou uma limpada no ferimento com o pano de prato e consigo ver a bala que está cravada na pele de um jeito até que superficial. Ignoro a gastura e com o maximo de cuidado uso a ponta da faca pra tirar a bala, enquanto ele geme de dor. É um calibre pequeno e eu deixo ela de lado pra jogar mais alcool na ferida.
Depois pego o frasco de soro fisiológico do kit e limpo do melhor jeito que consigo. Tem um fio de nylon e uma agulha pra pontos e eu resolvo costurar o lugar mesmo sem nunca te feito isso. Deve ser como costurar uma roupa. Limpo a agulha com o conhaque e dou cinco pontos bem fechadinhos enquanto Ítalo toma mais da garrafa.
- Obrigado, meu médico está viajando e não dava pra ir atrás de outro. Ia chamar muita atenção.
Nego com a cabeça.
- Não precisa agradecer, eu vou te ajudar a subir as escadas agora.
Ajudo ele a ir pro quarto e enquanto Ítalo entra no banheiro pra tomar um banho eu arrumo a cama e dois comprimidos pra dor. Depois de um tempo ele sai e passa enrolado em uma toalha pra entrar no closet, de onde sai vestindo uma calça de pijama pra depois se deitar.
- E os seus homens?
Ele deve ter levado esse tiro no meio de algum confronto.
- *Estão cuidando de sumir com o corpo do desgr*çado que eu fui caçar. Não deixei que ninguém percebesse o que aconteceu comigo, se consegui andar significava que eu não ia morrer*.
Cabeça dura até nisso.
- Então tá, qualquer coisa você me chama.
Dou um passo pra me afastar da cama e ele segura minha mão direita.
- Mais uma vez obrigado.
Ítalo volta a me encarar como na sexta e eu não quero isso de novo. Me afasto mais e digo:
- Não esquece de tomar os remédios.
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Atualizado até capítulo 79
Comments
Érica Cristina
GENTE ELA É MARAVILHOSA,MUITO DEBOCHADA CATIVANTE PARABÉNS AUTORA!!!! FEZ JUS AO RECADO COLOCADO ANTES DA ESTÓRIA COMEÇAR!!!
2025-04-06
0
Érica Cristina
RINDO ALTO NO REFEITÓRIO DA EMPRESA O POVO ME OLHANDO KKKKK TE MATO THAMIRES
2025-04-06
0
Fatima Gonçalves
ela tá começando agora
2024-10-03
0