Ponto de vista de Ambra
Estou andando pela casa e decido fazer uma coisa que não havia feito antes: entrar na biblioteca.
Ítalo tem um cômodo repleto de títulos. São prateleiras que pegam até o teto, e eu fico impressionada.
Imediatamente sou atraída pra um em específico na parede da esquerda.
"A Amiga Genial"
E minha alegria é quase completa quando vejo que ele está acompanhado da maioria dos livros que fazem parte da Tetralogia de Elena Ferrante.
💭Só falta a História da Menina Perdida💭
Penso um pouco, e como eu sou bem imediatista pra algumas coisas, decido sair pra tentar achar o que falta. Assim quando eu começar essa leitura não vou ter que me dar ao trabalho depois de correr atrás desse livro.
Eu tenho um motorista e ele se chama Daciolo. É um homem sério, mas bem educado e sempre solícito comigo. Acho que ele pinta o cabelo de preto, porque nunca vi um cara de meia idade com um tão brilhante.
- Daciolo...
Ele está terminando de secar o carro que acabou de lavar. O coldre colete está exposto graças a falta de blazer na roupa. Ele anda com uma semi automática preta.
- Pois não, senhora.
Me aproximo um pouco mais.
- Será que você se incomoda de me levar até o centro?
Ele deixa o pano de microfriba roxo que usa e abre um sorriso contido pra mim.
- Claro que não.
Ótimo!
Digo a ele que vamos sair em cinco minutos. Só preciso pegar a minha bolsa.
*********
As ruas de Roma são interessantes de se olhar. É uma cidade bem procurada por turistas, todos atrás de presenciaram as maravilhas do Império, mas nós temos também os moradores locais vivendo suas vidas de um jeito tranquilo e normal.
Daciolo me acompanha de uma certa distância e eu ando pelas ruas até chegar onde eu quero. Das livrarias da cidade a minha preferida é uma que parece uma verdadeira bagunça. Se chama Open Door e é um caos perfeito e organizado a sua maneira. Em algumas noites tem jazz e em outras tem leitura de poesia.
Comprei todos os meus livros aqui e é um lugar mais do que perfeito pra mim.
Entro e ando até o balcão com uma senhora de cabelos grisalhos.
- Buongiorno, eu estou procurando o último livro da Elena Ferrance para a série Primeiro Romance. Por favor, me diz que tem aqui.
Ela ri pra mim de uma forma amável.
- Tem sim, minha querida.
Ah, vou soltar fogos de artifício.
A senhora sai de trás do balcão e anda na minha frente. Ela usa um vestido mostarda de mangas longas e eu observo os tênis brancos nos pés. Me imagino assim daqui alguns anos.
Escondo o sorriso pra ela não me achar uma doida.
Nós andamos pela livraria e ela para comigo em frente à uma estante de onde pega o exemplar que eu procuro. Pago pelo livro e ando de volta, mas pelo caminho contrário. Quero um sorvete e estou pouco ligando se faz frio.
No caminho eu me deparo com uma barraquinha montada em uma esquina e duas garotas panfletando. Elas estão anunciando a abertura de uma doceria e nos panfletos elas dizem que uma parte da renda dessa doceria será revertida para doação. A instituição beneficiada é uma ong que cuida de crianças órfãs e carentes.
Me aproximo e pego um panfleto.
- Vocês que vão abrir esse negócio?
Elas são jovens. Provavelmente a minha idade por aí. As roupas joviais denunciam isso.
- Sim, senhora.
Quem fala comigo é uma garota baixinha com alguns piercings e um estilo mais roqueiro. Tem um corte chanel e o cabelo colorido de azul em baixo. A outra que a acompanha é mais tradicional. Usa uma jardineira jeans e tem um cabelo loiro escuro coberto por uma bamdana vermelha.
A roqueira fala comigo mais uma vez.
- Nós crescemos nesse lugar e como não fomos adotadas resolvemos fazer a nossa própria vida. Daqui a pouco a gente tem que deixar o orfanato, então vamos fazer isso de um jeito decente.
Nossa...
Fico interessada nisso e olho bem para o endereço no panfleto.
- E como vão fazer para arcar com os custos de um lugar assim até terem o retorno financeiro?
A garota da jardineira me responde:
- *Quando acontece de algum de nós não ser adotado antes da maioridade, ganha uma quantia de cinco mil euros pra se virar por um tempo. Teve gente que usou o dinheiro pra tirar a patente di guida* e trabalhar dirigindo por aí ou fazendo entregas, outros fizeram algum curso e foram trabalhar na área. Nós juntamos o nosso e vamos abrir um negócio*.
Abro um sorriso pra elas.
São meninas incríveis.
Converso com elas e a medida que o assunto flui eu descubro mais coisas.
A roqueira se chama Georgiana e a da jardineira se chama Maristela.
As duas me contam que cresceram em um lugar chamado "Orfanotrofio d'amore". E elas me falam tão bem do lugar que eu acho bem apropriado se chamar orfanato do amor. O dinheiro que ganharam vem do mantenedor principal da ONG.
- Vocês já possuem uma máquina de cartão?
A minha pergunta pega as duas de surpresa.
- Quero ajudar vocês, mas não tenho dinheiro em conta, só cartão de crédito.
Georgiana abre um sorriso.
- Nós buscamos hoje as nossas.
Ela pega uma mochila surrada e preta e tira de dentro uma máquina.
- Quanto você quer passar?
Saco o pedaço der plástico preto que uso pra fazer compras.
- Vinte mil.
Maristela fica branca comigo. Ela não consegue acreditar.
Faço a doação pra elas e enquanto digito a senha na máquina eu digo:
- Eu também cresci sem pai e mãe e teria adorado se alguém tivesse investido em mim e nos meus sonhos.
Elas me fazem prometer que vou a inauguração e é lógico que eu digo sim.
**********
É hora do jantar e eu estou sentada a mesa junto com Ítalo. O silêncio de sempre, até que ele me pergunta em um tom casual:
- Pode me dizer que doce custa vinte mil? Ainda mais em uma tal de Sogni D'oro que nem loja física possui.
Inspiro fundo e deixo os talheres.
Ele nunca pergunta sobre meus gastos. Mas também tenho que assinalar aqui que nunca passei mais de cem euros em uma compra por vez.
Provavelmente ele deve ter pesquisado o número de registro da empresa das meninas e viu que se trata de uma loja de doces. É meio estranho mesmo né? Se fosse uma bolsa de grife até que ia... mas um doce?
Quando olho pra Ítalo ele está com os cotovelos apoiados na mesa e as mãos cruzadas na frente da boca. Me encara fixamente e eu decido por contar a verdade de uma vez.
- Conheci duas meninas órfãs que estão no tempo limite pra sair do orfanato onde moram. Um lugar que se chama Orfanotrofio D'amore. Elas ganharam um benefício de cinco mil cada uma e investiram no próprio negócio pra lidarem com o mundo adulto. Eu fiquei tocada com a história delas. Duas meninas da minha idade, que não tem ninguém no mundo, panfletando em uma barraquinha e anunciando o próprio negócio delas. Eu quis ajudar. Hãn... você nunca falou sobre valores altos e alguma espécie de permissão. Sei que o dinheiro é seu, mas...
Ele levanta a mão direita.
- Está tudo bem, já explicou o suficiente.
Ítalo volta a comer e eu sinto um peso saindo dos meus ombros. Acho que as vezes eu sofro demais por antecipação com ele.
*********
Já estamos em uma terça feira e faltam dois dias pra inauguração da doceria das meninas. Nós trocamos telefones e eu tenho conversado bastante com elas.
Desço as escadas e não encontro a mesa posta como de costume para o café da manhã.
Ando até a cozinha e econtro Antonieta arrumando um espaço pra mim na ilha.
Ao que parece meu marido não está em casa.
- Onde ele foi?
Pergunto enquanto me sento no banco.
- Disse que tinha uma reunião no café e foi.
Graças!
Tá... eu sei que tem alguns dias, desde que a gente voltou da viagem na verdade, que ele não me irrita tanto. Mas a tensão já é algo instalado entre nós dois. É horrível viver assim.
- E então? Como está a expectativa para a inauguração da doceria das meninas?
Ela me pergunta enquanto se senta no banco de frente pra mim.
- Elas estão tão animadas, amorzinho. Eu estou mais do que feliz por fazer parte disso. Acho que todo mundo merece ter uma oportunidade assim.
Antonieta vai comigo na inauguração. Nós queremos encher a cara nos doces todos que elas tiverem lá.
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Atualizado até capítulo 79
Comments
Lua
aiiiiii chega deu uma fominha 🙈🙈🙈😅😅
2024-11-30
1
Conceição Freire
e pra que uma história besta dessa com tantos capítulos, autora fria ,na história não tem nada que se aproveite um casal de cuzaõ infantil
2024-11-27
0
Fatima Gonçalves
parecem crianças
2024-10-03
0