Ítalo estaciona o carro em frente à uma pequena loja de conveniência.
- Vê se fica aqui dentro sem arrumar confusão.
Ele sai e fica por aproximadamente quinze minutos lá dentro. Quando volta está carregando uma pequena caixa de isopor.
Abre a porta do meu lado e solta a caixa no meu colo sem cerimônia.
- Segura.
Meu marido é sempre tão educado.
Continuo em silêncio o caminho inteiro enquanto ele sai da cidade e continua rodando por mais meia hora.
Ítalo para o carro na base de um pequeno monte.
- Vamos lá pra cima.
Ele sai do carro e eu vou atrás.
O descampado é lindo. Tem um silêncio absoluto e o ar puro enche os pulmões.
Tiro meus sapatos e jogo dentro do carro depois que Ítalo pega a caixa de isopor da minha mão. Ele não diz nada e nem eu, apenas sigo ele até o topo e graças a Deus não é uma subida muito demorada.
Quando chegamos eu posso ver algumas propriedades do alto, e algumas criações.
- Senta aqui.
Ele tirou a jaqueta que estava usando e estendeu no chão pra que eu não estragasse o vestido. Eu sento e ele senta do meu lado mas fora da jaqueta, estamos sem encostar um no outro.
Ítalo abre a caixa de isopor e me entrega uma garrafa de suco de laranja. Olho pra dentro dela e vejo que ele comprou gelo e colocou água, suco e alguns sanduíches desses naturais que a gente compra por aí.
É um lugar bonito pra caramba e a sensação de paz aqui é maior ainda do que lá em baixo.
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Ponto de vista de Ítalo
Ambra é completamente fora de controle. Não importa o que aconteça, quando eu acho que as coisas vão se acalmar, ela vai e faz algo pra me estressar.
O pior não é nem isso, o pior é eu deixar tudo pra lá e vir atrás. Simplesmente saí no meio da reunião de contabilidade do Sul pra ir atrás dela em um acesso de loucura.
- Obrigada.
A fala dela me tira do meu devaneio.
- Está agradecendo pelo quê exatamente?
Ela dá de ombros e suspira.
- Pelas fotos. Sei que foi você.
Nego com a cabeça.
- Não precisa agradecer. Na verdade, se eu soubesse que isso ia acontecer eu não tinha te dado.
Ambra me fuzila com os olhos verdes gritantes dela.
- Você é tão irritante assim que não consegue passar mais de dez minutos sem falar ou fazer algo pra me cutucar?
Faço uma careta pra ela.
- Digo isso porque não é legal ver ninguém no estado que você ficou. Ou vai me dizer que tomar consciência da maldade que fizeram com você te deixou confortável e feliz?
Ela parece refletir sobre e olha pro chão.
- É verdade. Me desculpe.
Não sei porque, mas gosto de vê-la sem jeito quando tem que falar manso comigo. Como hoje mais cedo, por exemplo, que teve que engolir o orgulho e ir me agradecer por ajudar as amigas dela.
Tenho que admitir aqui que Ambra, apesar de ser uma impulsiva nata, e uma adolescente ainda, tem me ensinado algumas coisas. Uma delas é que não é porque a pessoa é nova é imatura que não tenha senso de justiça e altruísmo. Uma outra também é paciência. Eu não fui um adolescente comum, não passei por grandes turbulências como todo mundo, cresci focado em um só objetivo e ele me manteve longe dos grandes arroubos de loucura movidos pelos hormônios, então lidar com minha esposinha está sendo algo totalmente novo. Ambra está exercitando meu lado humano, muito embora alguns por aí digam que esse meu lado não exista.
Mais um instante de silêncio, até que ela diz:
- Por que me trouxe aqui?
Termino de beber meu suco e falo olhando pra frente mesmo.
- Sempre vinha aqui pensar quando as coisas estavam confusas demais. Nunca fui de grandes dramas, na verdade, não me lembro de nenhum na sua idade, mas todo mundo tem um momento de solitude em que precisa conversar consigo mesmo. Desde que voltei não tinha vindo aqui, hoje é a primeira vez. Te vi daquele jeito e pensei que seria uma boa trazer você aqui, quando vier sozinha pode até gritar pra extravasar.
Ela não me diz nada e eu arrisco a olhar. Ambra está chorando enquanto admira as casas que parecem pequenas por causa da altura em que estamos.
- Por que está chorando agora?
Não consigo entender, achei que ela já estava melhor daquela loucura toda.
- Nada, só estou pensando no motivo que levou Fausta a esconder de mim as fotos. Muita maldade.
Ambra não é boba, afinal de contas ela consegue m*tar alguém sem pestanejar, mas ao mesmo tempo ainda é uma criança perdida que não entende até onde as pessoas podem ir quando são egoístas.
Está desacreditada disso porque sabe separar bem o lado ruim que tem pra quem merece. Jamais faria algo pra uma criança como fizeram pra ela.
Já eu não duvido da maldade de ninguém. E pra ser bem sincero, como homem vivido que sou, posso apostar uns bons trocados que sei o porquê da mulher de Bruno tomar essa atitude.
Homens são movidos pelo lado que procura por ambição e poder. Mulheres, em sua grande maioria, são movidas pelo seu lado passional. Não é atoa que de vez em quando você fica sabendo que alguma arranhou o carro, botou fogo nas roupas ou na casa de algum cara.
Acredito que Fausta ter escondido as fotos de Ambra não foi por pura maldade com uma criança, foi pra punir Bruno também. Dou um braço meu se aquele miserável não tinha uma paixão secreta pela mulher do próprio irmão.
Mas eu não vou falar isso com Ambra, é mais uma merda que ela não precisa e nem tem que lidar agora.
- Tem gente que é ruim de natureza.
É o que me limito a dizer.
Ela enxuga o rosto e continua olhando pra frente, mas parece que bate um estalo na mente dela.
- Você tem alguma espécie de rastreador no carro?
Engulo em seco com a mudança repentina dela.
- Por que pergunta?
Ambra dá de ombros.
- Você me achou rápido. Eu não falei com ninguém o que estava indo fazer, você chegou lá de repente, só estou ligando os pontos agora.
Digo a ela que todos as minhas propriedades são rastreadas.
Eu não devia, mas acabo soltando:
- Seu relógio.
Ela franze a testa e olha pro pulso.
- Colocou um rastreador em mim?
Admito sem vergonha nenhuma.
- Seu celular pode ficar sem bateria, aí eu não consigo te localizar.
Ela deixa a garrafa de suco de laranja e fecha os olhos.
- Você me comprou me mesmo, não é?
Quem franze a testa agora sou eu.
- Como?
Ambra volta a focar no meu rosto.
- Você acabou de dizer que todas as suas propriedades são rastreadas. Quando você me deu esse relógio eu já sabia que não era uma cortesia sua, só não pensei que fosse uma espécie de cabresto.
Ah, ela está levando a coisa pra outro lado.
- Não Ambra, isso é uma medida de segurança. Só isso. Olha, você quase foi sequestrada no dia que se casou comigo, isso não foi atoa, esse relógio foi uma maneira a mais de te proteger. Caso você esteja longe do carro, ou sem seu celular por algum motivo.
Essa informação parece pega-la de surpresa.
- Ah, vai me dizer que você achou que porque nos casamos do jeito torto que casamos eu quero te ver morta? A não ser que você queira me ver assim
Ela ri.
- Não, apesar da raiva eu não quero te ver em um caixão.
Ela me pergunta se existem mais rastreadores.
- Na maioria das coisas do seu closet. Nos acessórios e joias.
Ambra confirma com a cabeça enquanto eu pego uma garrafa de água e tomo um gole.
- Sabe que eu pensei que você me bateria todos os dias?
Quase cuspo a minha água longe.
- Que tipo de imaginação fértil é essa?
- Não se faz de desentendido, Ítalo. Você sabe que isso acontece muito no nosso meio.
Pior que ela tem razão. Velhos babões se casando com menininhas e fazendo da vida delas um inferno.
Aproveito a sinceridade dela e solto também:
- Sabe que eu pensei que você fosse uma garota mimada e fútil ao extremo?
A risada dela é alta.
- O grande senhor Rizzo, Don do Sul e agora se tornando do Norte, não fez a pesquisa primeiro? Eu bem que devia ser uma dessas bem insuportáveis mesmo, pra ver se você me dá logo o divórcio.
Ambra não conseguiria nunca fingir ser o que não é. Não é do feitio dela.
- Quem sabe eu não te poup o trabalho e você não ganha a alforria antes do que pensa, grande senhora Rizzo?
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Atualizado até capítulo 79
Comments
Érica Cristina
O VELHO SAFADO QUERIA A MENINA QUE NOJO
2025-04-06
0
Ana clara Lima
Acho ela um pouco infantil
2024-12-21
0
Fatima Gonçalves
era um homem isso eu lembro no começo
2024-10-03
0