Nós dois viemos o caminho inteiro calados. Eu não sei como vai ser a partir de agora.
Eu só queria voltar pra minha vida normal. Fazendo as coisas que eu gosto, indo para os lugares que eu gosto e tudo mais, e principalmente com os meus infinitos esqueminhas, todos da minha idade.
Agora estou aqui prestes a ir pra cama com um fulano que nunca vi na minha vida só porque ele enfiou um anel no meu dedo.
Assim que o carro para na frente da casa ele desce e sai andando sem nem olhar pra trás.
💭Ok... Isso foi estranho💭
Respiro fundo e vou atrás.
Não avisto ele no hall de entrada e não sei o que fazer.
- Suas coisas estão no quarto do lado do de Pietra.
Levo um pequeno susto ouvindo Ítalo falar comigo.
Não tenho reação, ele apareceu de uma porta lateral. Está sem o blazer e dobra as mangas da camisa branca. Consigo ver que tem os braços inteiramente fechados por tatuagens realistas.
Não é algo comum na organização daqui. Sabe como é... tatuagens são coisas de russos e japoneses.
- Como é... Você já conhece a casa toda, não conhece?
Ítalo me tira do meu devaneio.
- Conheço sim.
- Ótimo! Então pode se virar, eu tenho mais coisas a fazer.
Subo as escadas sem olhar pra trás e ando até a porta que ele disse que era lugar do nosso quarto. Giro a maçaneta e tenho uma pequena surpresa por perceber que é um cômodo exclusivamente feminino.
Tiro a infinidade de grampos da minha cabeça soltando meus cabelos e sentindo alívio por me livrar do coque apertado.
Ando até o closet e procuro por rastros dele, e não encontro. Não há nada que indique que um homem dorme nesse quarto. Aliás, não reconheço nenhuma das peças que estão aqui.
Dois dias atrás meu tio despachou todas as minhas roupas dizendo que iriam levar pra minha nova casa, mas tudo o que tem aqui não me pertence.
Desço as escadas novamente e encontro Ítalo falando ao celular dentro do escritório.
📲 - O container tem que partir essa noite. A escolta só vai ser feita hoje, e eu preciso de garantia que minha carga vai passar.
Ele escuta alguma coisa e quando percebe minha presença me olha atentamente.
📲- Tudo bem, contanto que você faça o que tem que ser feito. Agora eu preciso desligar.
Ítalo deixa o telefone em cima da mesa de escritório e se levanta.
- O que você deseja?
Ele tem o peitoral inteiramente tatuado, mas o abdômen não. É interessante. Consigo ver graças a camisa aberta.
Ítalo é debochado ao extremo.
- Ah, deseja olhar meu físico? Sinta-se a vontade...
Reviro meus olhos pra ele. Não é possível que seja irmão de Pietra. Não bate.
- Não, eu vim aqui saber onde estão minhas verdadeiras coisas. Aquelas que estão naquele quarto não são minhas.
Ele coloca as mãos dentro dos bolsos.
- Aqueles trapos adolescentes que você usava não te condizem mais. Você não é mais a senhorita Romano, é a senhora Rizzo, então vai se portar como tal. Quero que saiba que tênis e camiseta é só pra atividade física. Eu não vou andar por aí de braços dados com uma pirralha fedendo a leite e mal arrumada.
Cruzo meus braços.
- Bom, foi você quem quis se casar com uma garota de dezoito anos que acabou de se formar no ensino médio. Se queria uma mulher madura deveria ter procurado uma.
Ítalo ri de canto pra mim.
- Infelizmente a única que estava a venda era você.
Levanto a minha mão direita assim que ouço ele dizendo isso, mas o infeliz para meu movimento no meio do caminho.
- Quem você pensa que é pra falar comigo desse jeito?!
Ele me olha impassível.
- *Vou te dar um conselho. Coisa que eu não costumo fazer com ninguém, mas vou levar em consideração esse anel caro pra c*ralho que coloquei no seu dedo e vou abrir uma exceção. Jamais sequer levante a mão para um homem a menos que você tenha força o suficiente pra entrar em luta corporal com ele. Isso é questão de respeito, e é isso que eu quero entre nós dois. Eu sei que você é acostumada a fazer o que quer e agir como senhora de si, sei também que os seus amiguinhos de escola te acham a maioral, mas você não passa de uma criança que mal saiu das fraldas. Deveria agradecer por estar aqui. Então vai sim se portar e se vestir do jeito que eu quiser. Não vai me matar de vergonha*.
Ítalo me solta de uma vez.
- Não parece que você quer respeito entre nós dois. Acabou de se referir a mim como uma mercadoria.
Ele passa as mãos no cabelo.
- Tá, admito que minha escolha de palavras não foi a melhor. Mas é o segundo desaforo que escuto seu em poucos horas, não sou um homem que tolera esse tipo de coisa, Ambra. Não mesmo. E se falei que você foi vendida, é porque foi vendida mesmo. Seu tio estava desesperado, gastou mais do que ganhava, e quando veio até mim pedindo ajuda eu perguntei o que ele tinha pra me oferecer além das empresas que estão caindo aos pedaços. A resposta dele foi simplesmente: "a coisa que mais me dá despesa: a minha sobrinha!".
Dou dois passos pra trás me sentindo zonza com a informação que recebi.
Eu sou consciente do jeito do meu tio, mas nunca pensei que ele fosse me tratar como uma coisa.
- Então é isso. Me casei com você porque era vantajoso pra mim, mas é só isso. Só mesmo. Mas isso não significa que você vai ter passe livre pra sair e agir de qualquer jeito... E já que estamos falando sobre os por menores, vamos ao nosso modelo de casamento...
Ítalo dá a volta na mesa e se serve de uma dose argmanac.
-... Eu não tenho interesse nenhum em você. Você tem a mesma idade da minha irmã, além de ser a melhor amiga dela, e mesmo que não fosse isso, é sem chance...
Como se eu fosse querer algo com esse babaca.
-... Eu sei que você tem vários rolos por aí. Meninos da sua idade. A questão é a seguinte: eu não vou admitir levar fama de corno. Então eu quero que você termine seus rolos com eles e se quiser arrumar alguém por fora, arrume alguém discreto pra satisfazer suas vontades. De preferência alguém que tenha mais do que dois neurônios e que não esteja em uma fase dominada pelos hormônios. Não deixe seu caso vazar, Ambra, você sabe qual a punição pra isso. E eu preciso te dizer que vou adorar fazer o papel do homem traído que lava a sua honra com sangue.
Como é que é? Esse homem está me propondo um casamento aberto?
- Não se preocupe, eu também não estou afim de morrer agora. Se eu fizer alguma coisa vai ser bem escondido. Sugiro que faça sempre em viagens internacionais, não tem tanto risco assim.
Balanço a cabeça rápido pra me livrar da minha confusão.
- Você é louco?
- Não, sou apenas prático. Só isso. Isso aqui é um contrato, cada um de nós dois temos uma obrigação a ser cumprida, e vamos cumprir só quando for necessário.
- Você está me dizendo que vamos posar de casal feliz na frente dos outros, mas em casa é cada um no seu canto?
- Isso mesmo, mia cara.
Que loucura. Pelo menos não tenho que me deitar com esse cara estranho.
- Tenho uma coisa pra você.
Ele me entrega um envelope de papel pardo e quando eu abro tem informações sobre uma conta e um cartão de crédito.
Nunca tive um pra mim. Sempre usei o do meu tio.
Vem com meu nome de casada já.
"Ambra R. Rizzo"
Dou uma olhada nos papéis enquanto ele continua falando.
- Espero que tenha cabeça no lugar pra isso.
Olho o pedaço de plástico preto e balanço a cabeça.
- Mais alguma coisa?
Levanto meus olhos e presto bastante atenção nele que fez silêncio logo após a minha pergunta.
- Continue com esse cabelo longo e preto. Combina muito com o verde vivo dos seus olhos.
Involuntariamente eu passo a mão em uma mecha.
- Pois agora é bem capaz de eu cortar ele Joãozinho.
Ítalo dá uma risada grave me ouvindo.
- Eu sei que não. Você corou feito um tomate maduro ouvindo meu elogio, aposto que bem aí no seu intimo adorou.
Convencido do c*ralho!
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Atualizado até capítulo 79
Comments
lary
mais ítalo fazendo marra a gente sabe que vai ficar caidinho por ela
2025-02-26
0
Érica Cristina
AMEIII ELA KKKKK
2025-04-06
0
lary
kkkkk
2025-02-26
0