Capítulo 5

De volta em casa eu me sinto exausta mentalmente. Não que as pessoas tenham sido chatas, as mulheres apesar de mais velhas me trataram muito bem e eu até que desenvolvi uma certa curiosidade sobre jardinagem. Andrea me deixou extremamente a vontade e fez um esforço pra me entrosar na família.

Mas acho que é mais pela pressão mesmo da situação com Rizzo.

Me livro da minha roupa e me enfio em um roupão depois do banho pra começar a cuidar da pele do meu corpo e rosto. Quando estou passando creme pelas minhas pernas posso escutar Antonieta.

- Onde você está mia cara?

- Estou aqui dentro amorzinho.

Não demora e a senhora de cabelos grisalhos presos em um coque bem feito e baixo, aparece. Ela tem os olhos escuros e afetuosos e quando sorri pra mim eu tenho a impressão de que esse é o jeito que minha mãe me sorriria se estivesse viva.

- Tudo bem?

Confirmo com a cabeça e começo a dar uma atenção pra meu rosto.

- Tem certeza?

Acho estranho esse questionamento vindo dela.

- Tenho sim, por que a pergunta?

Antonieta se apoia no balcão da minha penteadeira e me olha de lado.

- Bom, eu só achei Ítalo meio estranho quando chegou e te vendo agora sei que você também está.

Deixo o disco de algodão que estava usando no lixo e encaro a mulher mais velha.

- Ele foi te encher pra vir falar comigo?

Ela nega com a cabeça e abre um sorriso amável.

- Não, bambina, não. Ítalo é muito contido na maioria das vezes, então achei estranho o comportamento dele quando passou por mim. Parece que ele voltou a ser criança e que foi repreendido por algo de errado que fez.

Hum...

Pego outro disco de algodão embebido em cleasing oil pra tirar o batom da minha boca.

- Pois eu o repreendi mesmo, Antonieta. O seu bambino fica me espionando e ouvindo minhas conversas. Já não basta ter se casado comigo a força?

Antonieta dá uma risada.

- Ele não te obrigou a se casar com ele, mia cara. Você tinha a opção de não assinar aquele papel. O que acontece que é que por baixo dessa casca de rebelde existe uma garota com o coração lindo e que jamais deixaria alguém na miséria.

Eu faço um beicinho acompahado de um gemido de desgosto.

- Eu diria que eu sou uma bela de uma burra, isso sim!

Ela me pergunta o que me aflige.

- Eu quero viver, Antonieta. É isso. Me diz que vida eu vou ter presa nesse casamento? Ítalo é louco e nada do que ele faz tem sentido algum pra mim. Sempre que pode ele se afirma superior e independente, inclusive salientou que não precisava de mim pra nada, nem pra virar um Don, então pra quê ele quis se casar comigo? Só pra ter alguém pra perturbar quando chegar em casa? Ele é bonito, é rico pra caramba, tem poder, ou seja, tem tudo que um homem sonha, conseguir uma mulher completamente apaixonada por ele não seria difícil. Nós dois nos odiamos, e isso aqui...

Levanto minha mão esquerda ostentando a jóia de casamento.

-... é uma verdadeira loucura!

Solto o ar de uma vez depois do meu desabafo.

- Nossa... uma semana e já está assim? Um pouquinho de paciência, minha querida, quem sabe Lio não se toca e desiste de tudo?

De tudo o quê?!

Eu não sei e ela não me esponde quando pergunto.

Antonieta me deixa sozinha e eu termino de cuidar do meu rosto. Quando volto pro quarto eu escuto uma batida na porta. Ajeito o roupão e abro com cara de poucos amigos.

Ítalo ainda está com a roupa do jantar.

- Eu vim pra dizer que vamos viajar na semana que vem pra casa de campo dos meus padrinhos.

Reviro os olhos. Claro que ele não podia me dar essa notícia em outra hora. Tinha que bater tarde da noite na minha porta pra me incomodar.

- Só isso?

Me preparo pra fechar a porta, mas ele não deixa. Acho que vai me repreender como sempre faz, mas não, me pega de surpresa:

- Quero te pedir desculpas. Não vou mais fazer o que fiz, foi de uma falta de educação extrema.

Mas gente... o homem sabe o que significa essas palavras. Nossa... Enfim...

- Tudo certo. Agora se me dá licença, quero dormir. Boa noite.

***********

Província de Parma.

É onde fica a casa de campo dos padrinhos de Ítalo e Pietra.

Parma é uma mistura pitoresca e elegante. Estamos no outono e o lugar é ideal pra um bom vinho e lareira. Viemos de carro e o casal mais velho quis parar na cidade pra tomar um café antes de chegarmos na casa campestre.

Estamos em cinco casais. Todos que estavam no jantar daquele dia sem os filhos. É uma viagem romântica.

Dá pra imaginar o inferno?!

Eu quero sair por aí louca gritando e pedindo socorro, mas tenho que fingir que estou profundamente apaixonada por esse infeliz do meu lado.

- Ai Ambra, você está elegantissima e linda.

Sinto um pouco de vergonha ouvindo o elogio vindo de uma das amigas de Andrea.

Me enfiei em um tubinho preto e curto, uma meia calça preta, scarpins, casaco bege tipo sobretudo, cachecol vinho e uma boina combinando com ele. Rabo de cavalo baixo e batom vermelho estão acompanhados de brincos de bolinha de ouro.

- Ah, muito obrigada.

- Não precisa agradecer. Quem dera a minha filha se vestisse assim, tem a sua idade e parece uma skatista largada. Ítalo tem mesmo sorte e bom gosto por ter você.

O infeliz abre um sorriso de todo tamanho.

- Tenho mesmo, não tenho Valquiria? Minha esposa é singular.

Filho da mãe, fingido!

Entro na onda.

- São seus olhos, meu amor.

Consigo perceber Lupo levando a xícara de café até a boca pra esconder o riso. Deve estar se divertindo às minhas custas, exatamente como o afilhado faz.

Depois de tomar um bom café nós andamos pela cidade e eu fico encantada com a arquitetura. Nem me lembro que tenho ítalo de mãos dadas comigo.

- Nunca tinha vindo aqui?

Ele me pega de surpresa com a pergunta.

- Não, não era um passeio que pensei que fosse gostar. É algo mais adulto, eu ainda sou meio que uma adolescente, né? Mas estou gostando. É tudo muito bonito.

Nós andamos por mais algumas ruas até que passamos por uma porta com uma vitrine decorada por um canteiro de flores do lado de fora. Tem um homem grisalho regando as flores e o vidro da vitrine deixa ver um ambiente aconchegante.

O homem com o regador abre um sorriso vendo Ítalo.

- Quanto tempo não te vejo, Rizzo.

Ítalo retribui o sorriso.

- Muito tempo mesmo, Tchesco. Como anda a vida?

Eles trocam amenidades até que Tchesco olha pra mim e pergunta :

- E quem é a bela?

- Minha esposa.

A resposta imediata de Ítalo parece surpreender o homem.

- Sério? Madonna mia, que coisa! Bom, só posso fazer é convidar vocês dois pra hoje a noite por minha conta.

Aaaaaaaaaaah...

- Claro! Conte com a nossa presença.

INFERNO!

**********

A casa de campo dos Guarnieri é maravilhosa. A paisagem está meio amarelada pela estação e as montanhas são um contraste lindo com o céu um pouco nublado.

Os empregados aparecem pra ajudar com as bagagens enquanto entramos na casa com decoração clássica e escura.

- Os quartos estão nominados, meus queridos. Nos vemos no jantar...

Ela aponta pra mim e Ítalo.

-... menos vocês dois que vão sair porque precisam curtir um pouquinho a vida de recém casados. Não sei porque não foram pra uma lua de mel ainda.

Coitada de Andrea. Mas é como dizem por aí: A IGNORÂNCIA É UMA BENÇÃO!

- Ah madrinha, tenho alguns assuntos importantes pra resolver por aqui, mas assim que der vou levar Ambra pra algum lugar.

Eu nem fico brava com essa fala. Sei que é pura encenação.

Todo mundo sobe as escadas e nós nos deparamos com plaquinhas nas portas dos quartos. É só aí que percebo com grande desgosto que vou ter que dividir um quarto com Ítalo.

Essa perspectiva me apavora.

Ouço a risada baixa dele atrás de mim.

- Não tinha parado ainda pra pensar nisso, não é?

Ele se adianta e abre a porta.

O cômodo é grande e tem um chão brilhante e escuro de madeira. Tem uma lareira antiga que está acesa e uma cama de docel.

Corro meus olhos pela cama grande com forros claros e depois procuro por algum móvel que sirva pra eu dormir.

Não acho. Só tem uma poltrona que nem reclina, os móveis são antigos. Estilo vintage.

- Vou dormir no chão.

Ítalo fecha a porta atrás de si.

- Como você quiser. Acho que esse tapete deve ser confortável.

Infeliz!

Pior que vamos passar dez dias aqui.

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Comments

Érica Cristina

Érica Cristina

MEU DEUS AUTORA QUE DELÍCIA,CAI DE PARAQUEDAS PORQUE AMO ESTÓRIAS DE MÁFIA,MAS A SUA É BOA DEMAIS ,DIVERTIDA

2025-04-06

0

Fernanda Gabryelle

Fernanda Gabryelle

Ela é chata demais pelo ao menos ele tá tratando ela com decência poderia ser pior

2025-01-19

0

Érica Cristina

Érica Cristina

BOA ESSA

2025-04-06

0

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Capítulos
1 Prólogo
2 Capítulo 1
3 Capítulo 2
4 Capítulo 3
5 Capítulo 4
6 Capítulo 5
7 Capítulo 6
8 Capítulo 7
9 Capítulo 8
10 Capítulo 9
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77 Capítulo 76
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79 Capítulo 78
Capítulos

Atualizado até capítulo 79

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6
Capítulo 5
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