Ele levantou ligeiramente a cabeça e viu os olhos negros, como duas jaboticabas com um brilho intenso o encarando, Guilhermo franziu a testa, e antes que respondesse, ela olhou em volta se dando conta que estava no escritório e ainda sentiu o perfume dele em sua pele, era o sobretudo, então arregalou os olhos ainda mais surpresa e perguntou outra vez:
— Está mesmo aqui ou estou sonhando?
Então ele esboçou um sorriso e respondeu:
— Eu estou aqui Sophie. Você não está sonhando.
Ela sorriu fraco, estava tão surpresa que não foi capaz de evitar. Então perguntou:
— Por quê?
— Eu precisava me certificar, que estava bem, já que a Greta saiu!
Ela deu um leve sorriso e assentiu tímida, então respondeu sem jeito.
— Eu estou bem. Muito obrigada...é... muito obrigada por se importar e por estar aqui.
Ele inclinou levemente a cabeça para o lado e perguntou:
— Não está com medo de mim Sophie?
Ela fez que não e depois falou:
— Não. Porque o senhor disse que não ia me machucar.
Guilhermo deu um meio sorriso, daqueles de canto e então afirmou:
— E eu não vou. Nunca a machucaria.
Ela fez um bico, para esconder o sorriso, enquanto pensava em algo, depois perguntou, apreensiva:
— A minha mãe, ela...
— Está bem.
Ele respondeu prontamente, então ela o questionou:
— Então eu ainda estou de castigo? É isso?
— Castigo...
Ele inclinou a cabeça para o lado e estreitou os olhos, parecendo não saber do que se tratava, então ela respondeu:
— Sim. O senhor me disse que eu ia ficar sem ver a minha mãe, por ofender a sua.
Guilhermo ergueu as sobrancelhas, com uma expressão de quem foi pego de surpresa, ele até se sentiu mal, por te-la deixado pensando isso por tanto tempo. Ele havia esquecido do que falou, agora precisava desfazer o engano, pois estava se sentindo culpado pelo jeito que a tratou da primeira vez que a viu; então limpou a garganta e falou:
— Sophie, eu sinto muito por fazê-la acreditar nisso, eu não queria ter sido rude com você. Olha você não está sendo punida e nem estava de castigo. É verdade que eu não gosto, que falem da minha mãe e você foi infeliz no seu comentário...
— Eu realmente sinto muito, foi mesmo muito errado, eu também não ia gostar, é que eu estava atordoada, e sozinha; não sabia o que estava acontecendo e...
— Eu sei. Nós dois estávamos num momento ruim e eu te entendo. Por isso estou me desculpando. As coisas aconteceram ao mesmo tempo Sophie. Eu estava muito ocupado naqueles dias, sem dormir direito, o meu pai hospitalizado e só soube que estava aqui, 30 minutos antes de chegar...E ainda tinha que viajar, coisas importantes para resolver... enfim eu não estava pensando direito.
— Resolveu?
— Sim.
Ela fez um gesto com a cabeça, e olhou para o lado; era difícil o encarar por muito tempo sem se sentir afetada, ele era muito intenso, cheiroso e estava muito perto.
O estranho para ela, era que a presença dele tão próximo a ela, não lhe causava repulsa, pelo contrário, ela se setia segura.
A verdade, é que ela havia ficado tão ansiosa para voltar a vê-lo, e agora não sabia com agir diante dele, não sabia como o chamar, estava sem jeito e ao mesmo tempo, surpresa consigo mesma por se permitir estar no mesmo espaço que ele e tão bem, ele a fazia se sentir bem.
Guilhermo notou o embaraço dela e então perguntou:
— O que foi Sophie?
— Não é nada.
— Mesmo?
Ela suspirou antes de o olhar nos olhos outra vez e responder:
— Eu não sei explicar... é só uma sensação boa...
— De paz, se sente leve. Não é?
— Sim. Como sabe?
— É que eu me sinto assim também…
Ela olhou na direção da janela, e enxergou as estrelas, estavam lá lhe proporcionando o brilho que ela amava ver, e lhe dizendo que estava tudo bem, sorriu e olhou de volta para ele e completou:
— Parece perfeito!
Guilhermo fez que sim, ia dizer algo mais, mas o celular tocou; ele pediu licença e atendeu:
— Oi Sanderson. Novidades?
Perguntou ao se levantar e se afastar de Sophie, foi até a mesa e perguntou em voz baixa:
— Voltou a ver o Armany? Harold veio comigo mas, ficou pelas imediações, não me ligou ainda.
— Então, na verdade eu investiguei melhor, a placa do carro pertence a um cidadão comum. Sinto muito pelo meu engano.
— Não era o Armany, tem certeza?
— Não Guilhermo, não era...
Enquanto Guilhermo conversava, Sophie se olhou e ficou constrangida por estar de pijama, não era indecente nem nada, mas ainda parecia muito íntimo pra ela; já ia se levantar quando Guilhermo se virou novamente para ela, então ela se cobriu apressada, o fazendo rir. Ela corou, mesmo assim o provocou:
— Pensei que a sua carranca não era capaz de rir.
— Que isso Sophie, até os ogros riem ocasionalmente.
Ela sorriu e olhou para o lado, para a estante de livros, desviando-se do olhar dele. Porém ele respirou fundo, depois perguntou:
— Por que está aqui Sophie?
Ela o olhou pensativa então respondeu com um leve sorriso:
— Depois que eu descobri que aqui tinha livros, esse se tornou um dos melhores lugares desse apartamento pra mim.
— É, eu soube que gosta de ler.
— Sim muito. Se importa se eu entrar aqui?
— Não. É seu agora, pode ler o que quiser e pode entrar aqui sempre que quiser.
— Obrigada senhor...
— Ah não! Por favor, não precisa me tratar assim.
— É que eu não sei o meu lugar aqui, não sei como deve chama-lo.
"O seu lugar é o de uma verdadeira princesa..."
Ele pensou enquanto a analisava, e olha-la por tanto tempo, o fez perceber que estava muito tempo no mesmo espaço que ela, e embora estivessem a pouco mais de um metro de distância um do outro, ele sentiu que estava muito longe dela, então deu mais um passo até ela e respondeu:
— Bom, o seu lugar aqui, é muito mais importante do que você imagina. Eu não a trouxe aqui para se sentir menos do que você é, não foi para a explorar, nem maltrata-la, nada disso. Essa é a sua casa agora . Você deve ficar a vontade e não permitir que ninguém venha a intimidar, ou faça pensar o contrário. Eu sei que a Dulce e a Greta a tratam bem e com respeito, me refiro aos empregados. Deixe isso claro para eles. Você pode me chamar de Guilhermo!
Ela humedeceu os lábios surpresa e sem saber o que dizer. Se no início aquilo parecia um pesadelo, apesar de ainda haver muitas coisas que ela não entendia, as coisas pareciam mais fáceis agora. Ela respirou alivada e sorrindo, mas era de si mesma; afinal, Guilhermo não era o monstro que antes ela pensava ser.
...----------------...
Agora falando em monstro...
Armany, Miguel Armany estava jogado em sua cama.
Após a discussão com o pai, ele entrou no quarto e não saiu mais, não desceu nem para jantar, mas pegou uma garrafa de conhaque, sentou se no chão ao lado da cama e ficou a beber, enquanto choramingava a sua sorte. Ele amaldiçoava a existência de Guilhermo.
— Aquele bastardo! Filho de uma cadela! Ele, ele vai me pagaar. Ele me roubou kkkkk... Eu sou, sou um infeliz e miserável, que não consegue ganhar daquele babaca...
Virou a garrafa e começou a chorar, dando tapas na cabeça, ele já estava, bêbado e desorientado, então começou a gritar:
— Guilhermo seu canalha, eu vou te mataaar, vou acabar. com a sua raça kkkkk. Você vai ter uma morte tão horrível quanto a morte...
— Mas o que é que está acontecendo aqui?
Ao ouvir a voz feminina, ele levantou a cabeça com os olhos vermelhos e perdidos, estendeu os braços e começou a chorar:
— Mãe... Eu sou um infeliz e inútil mesmo! O Guilhermo estragou os meus planos outra vez. Ele sempre me atrapalha.Sempre! Eu quero matar ele!
A mulher, que por sinal era muito bonita e fina, entrou no quarto com um olhar materno, cheio de compreensão, se agachou na frente dele, e o abraçou pelo pescoço encostando a cabeça dele em seu peito. Depois o afastou, pegou a garrafa das mãos dele e a pôs de lado, secou-lhe as lágrimas e falou:
— Se acalma meu filho. Você é forte, inteligente e vai vencê-lo. Só tenha paciência viu.
Ele concordou com a cabeça, e a abraçou chorando feito uma criança, a mulher revirou os olhos e lutou para o colocar na cama. Tirou os sapatos e o cobriu, o deixando dormir.
Em seguida, saiu do quarto e foi até o marido, que estava no escritório...
— Você devia apoiar mais o seu filho Marco!
— Vivian, eu já disse que não quero você, se metendo nos nossos assuntos.
— Acontece Marco que se os seus "assuntos" é na verdade o seu filho, que por acaso, é meu filho também; os assuntos me dizem respeito sim. Eu quero justiça! Seja lá o que for que aquele Castellini fez ao nosso filho, quero que ele sofra as consequências.
— Você está se ouvindo mulher?
— Estou. E se você tem o mínimo de amor é consideração por esta família, vai fazer algo para puni-lo.
Marco ficou encarando a esposa que parecia determinada e irredutível... Ela também odeia os Castellini...
Enquanto eles discutiam...
Guilhermo e Sophie estavam se entendendo melhor, eles conversaram por horas, até que Sophie ficou sonolenta...
— Você está cansada, vou deixar você voltar para o seu quarto.
Falou ao ver os olhos dela cansados, então ela os abriu de repente e falou:
— Oh não, eu estou bem! Deixa eu ficar aqui mais um pouco.
Ela só queria continuar a ouvir a voz dele, podia ser qualquer coisa, só queria o ouvir, só que, por mais que ela se esforçasse para ficar acordada, o sono a venceu; ela adormeceu ali mesmo, no sofá.
Guilhermo ligou o aquecedor e pediu que trouxessem um cobertor para ela, Sophie dormiu profundamente, então ele a acomodou e a cobriu, mas não conseguiu sair de perto dela. Ele ficou ali, sentado no chão, com o braço apoiado no sofá, bem próximo ao rosto dela; olhando e a admirando, tomando conta do sono dela... até que adormeceu também.
Pela manhã, Sophie acordou no sofá, ela tirou os cabelos que cobriam o rosto e olhou em volta, estava sozinha e desconcertada, se perguntando se havia sonhando ou se foi real, e Guilhermo estava lá.
Porém, ao olhar para a mesa de centro, mal pode acreditar em seus olhos, uma bandeja de café da manhã, com uma rosa, o que fez sorrir encantada. Havia também um bilhete, ela desceu do sofá e o pegou ansiosa, e sorriu mais ao ler:
"Bom dia Sophie... Você não estava sonhando!"
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Atualizado até capítulo 216
Comments
Maria Joelma
Amei 💖😍😍
2025-02-09
0
Estrella Guia 💖
aiiii que lindo 😍
2025-02-04
1
Neuza Lucia
é a ganância pelo poder traidores só se ferrar é só não deixa essas cobras se cria
2024-10-09
1