Ava repetiu o sobrenome, mas a voz saiu baixa, quase um sussurro, mas o suficiente para ser ouvida; ela estava perplexa.
Será que ela já o conhecia, ou seria mesmo só de ouvir falar?
Guilhermo franziu a testa e deu um passo à frente, antes de perguntar:
— A sua reação me surpreende. Já me conhece? Me desculpa, mas não me recordo de já ter tido algum contato com a senhora.
— O senhor não pode se lembrar mesmo. Era muito pequeno quando eu o vi. Bom, a menos que tenha outro Castellini aqui em Londres.
Guilhermo inclinou a cabeça para o lado, confuso, olhou para Harold que ergueu os outros indicando não saber, então ele olhou de volta para Ava e falou:
— Por favor, seja mais clara. De onde a senhora me conhece?
Ava, arrumou os cabelos atrás das orelhas, umedeceu os lábios e então respondeu:
— Bom, o... O meu falecido esposo Matt Bergman, ele fazia parte da organização, trabalha inclusive pra sua família.
Guilhermo franziu a testa totalmente sem reação, por essa ele não esperava. Ele sentou-se na borda da cama e então perguntou atordoado:
— Como? Eu não entendo.
— Eu vou contar tudo rapaz, mas antes: por favor, a minha filha, eu preciso saber se ela está bem.
Guilhermo suavizou a tensão no olhar e afirmou com a cabeça, então se virou para Greta e a convidou para se aproximar. Ela assentiu e caminhou até a cama de Ava, então, Harold pegou a cadeira para ela, que agradeceu com um aceno de cabeça, enquanto Guilhermo falava:
— Senhora Williams, a sua filha está bem, em segurança, assim como a senhora; foi por isso que as trouxemos para cá, para protege-las. E eu preciso que continuem por aqui.
— Isso tem a ver com o meu filho. Não é? Ele se envolveu com pessoas erradas.
Guilhermo ergueu uma sobrancelha e afirmou com a cabeça, depois falou:
— Thomas Williams, seu filho, mas ele não a "enxergava" como mãe e nem a Sophie como irmã…
Ava sentiu uma pontada no peito, acompanhada de uma dor aguda..Era como um fio que ia se expandindo, à medida em que Guilhermo ia falando sobre aquele filho, que se comportava a muito tempo como um estranho; e quando ela ouviu sobre o filho no "passado", o coração pesou, afinal, ela sabia quem ele, Guilhermo era.
Greta parou ao lado da cabeceira de Ava, com um leve sorriso, então Guilhermo a apresentou...
— Senhora Williams, essa é Greta. Ela está cuidando da sua filha.
Ava a olhou e esboçou um sorriso, grata por saber que a preciosa filha estava bem e na companhia de outra jovem. Então a cumprimentou:
— Olá Greta.
Greta apertou a mão dela ela primeira vez, mas era como se a conhecesse, esses dias com Sophie, a tornaram mais leve, mais sensível. Foi fácil sentir empatia pela dor visível no olhar dela, e mais do que isso; carinho por alguém que foi capaz de criar uma pessoa tão nobre e doce como a Sophie.
Ela pôs a outra mão sobre a mão de Ava e falou com um leve sorriso:
— É um prazer conhecê-la. A Sophie está bem, ela fala muito da senhora e...
— É mesmo? Ah meu Deus! Ela está mesmo bem? E até fala sobre mim?
Se emocionou, então Greta sorriu mais e continuou:
— Sim. Ela fala da senhora. Disse que é amável, carinhosa; uma pessoa maravilhosa... Ah! Ela ainda disse que vai dividir a senhora comigo.
— Que linda! Ela é assim, um doce e muito generosa. Eu fico muito feliz e grata. De verdade, obrigada Greta. A Sophie é muito tímida e delicada, principalmente delicada; nunca ficou sozinha, ainda mais por tantos dias, se ela falou tanto assim, é porque está bem mesmo. E isso é o que importa, eu agradeço de coração...
Enquanto ela falava, Guilhermo ficou olhando as mãos delas...Ava olhava nos olhos de Greta e esta, realmente estava comovida, o que era raro, ela sempre controlou muito bem as emoções; e embora esta fosse uma situação diferente, mesmo assim chamou-lhe atenção.
Ele pensou que aquela pequena da foto, que pessoalmente, não era tão pequena assim, pelo contrário, apesar do jeito de menina, era uma bela mulher; ela com sua meiguice comoveu até uma mafiosa durona com a Greta.
No entanto... Ele tinha que contar algo e saber também, então limpou a garganta e Ava o olhou, ela secou as lágrimas e fez a pergunta da qual ela já tinha a resposta, antes mesmo da pergunta surgir; como disse, quando Guilhermo se referiu ao Thomas no passado, o coração de mãe doeu, então ela soube do que se tratava, quando ele disse:"preciso conversar..."
Ava secou os olhos com as pontas dos dedos das duas mãos, e se esforçou para perguntar:
— O Thomas... O senhor dizia que ele não "considera" (enfatizou a palavra) a mim e nem a minha filha...
— Senhora... Não, não considerava. O Thomas está morto.
O rosto de Ava foi se contraindo na dor aparente, enquanto as lágrimas voltaram com toda a força. A dor na qual pressentiu antes, desta vez foi intensa e insuportável.
Ela balançou levemente a cabeça em negação, apesar de qualquer coisa que ele tinha feito, ainda era o seu filho é ela o amava muito.
Ava começou a esfregar o peito, sentindo o ar lhe faltar; então Greta se sentou ao lado dela e a amparou, enquanto Guilhermo falava:
— Eu sinto muito pela senhora, lamento e respeito a sua dor.
— Aahh!!! Meu Deus, o meu filho!!!
Chorou, mas não foi um choro extravasado, foi contido e muito sentido...Guilhermo entendeu que era o momento dela, e devia deixar que ela chorasse sem tentar explicar, afinal nenhuma mãe quer ver o filho morto...
No entanto, Ava pegou na mão dele em meio as lágrimas e os soluços, e perguntou:
— Quando foi isso?
— Hoje, pela manhã em Boston senhora.
Ava chorou se sentindo desespera, Thomas estava tão longe, e não havia nada que ela pudesse fazer...
— Ele estava tão distante, eu sabia que cedo ou tarde isso ia acontecer…
Lamentou, então Guilhermo mais:
— Ele fez tudo errado e estava fora de controle. Além dos desvios de dinheiro de contas alheias, subornos, tentativa de homicídio a uma mulher, além ter tentado sequestrar uma família, ele entregou a senhora e a sua filha em troca de uma dívida. Ele estava completamente fora de si, já tinha sido denunciado, mesmo assim, isso não o abalou. Ele tinha que ser parado.
Ava abaixou a cabeça afirmando, por fim criou coragem e perguntou:
— Quem o matou? A polícia?
Guilhermo a encarou por um tempo negando com a cabeça, depois de alguns segundos falou, sem desviar olhar do dela:
— Eu o matei.
Ava não conseguiu dizer nada, ela abriu a boca, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, acabou desmaiando nos braços de Greta. Harold correu para a ajudar, enquanto Guilhermo correu para a porta:
— MÉDICO, UM MÉDICO POR FAVOR!
Logo um médico e mais dois enfermeiros, correram até o quarto de Ava para a examinar, eles pediram que os três saíssem do quarto...
Enquanto os médicos a socorriam, do lado de fora, na sala de espera, Guilhermo ficou aflito..
— Droga!! Mais essa agora?! Ela não pode morrer!
— Calma Guilhermo, ela é cardíaca, passar mal era previsível, mas o médico disse que ela já estava bem.
Falou Harold tentando o acalmar, mas nem precisava, pois logo o médico chegou.
— Olá senhor Guilhermo a...
— Como ela está doutor?
Guilhermo o interrompeu, porém o médico pôs a mão no ombro dele e falou:
— Calma, ela está bem. Foi só uma queda de pressão, mas já a medicamos. Ela está sedada agora, para descansar e se recuperar melhor, daqui a pouco irá acordar. Está tudo bem.
Guilhermo respirou aliviado e agradeceu. O médico assentiu e saiu, então ele se virou para a dupla ao atrás dele e falou:
— Vamos a cantina, enquanto ela dorme. Você nem jantou né Greta.
— É, mas tenho certeza que o lanche daqui, não chega nem aos pés da macarronada que fizemos!
— Huumm...
Harold ergueu as sobrancelhas e murmurou com um leve sorriso, fazendo Greta revirar os olhos, então ele disse mais:
— Ora ora...Greta Brown em pessoa cozinhando? Essa é nova!
Guilhermo abaxou a cabeça disfarçando o sorriso, e sorriu mas com a resposta de Greta a Harold:
— Ah não enche Harold! E depois eu nem fiz muita coisa. Foi mais a Dulce e a Sophie.
Guilhermo levantou a cabeça pasmo ao ouvir o nome de Sophie...
— Oi, o que disse Greta?
— Greta respondeu casualmente olhando para a tela do celular...
— A Sophie ajudou com o jantar, ela é bastante ligada em cozinha; gosta muito dessas coisas.
Mostrou uma foto da mesa arrumada, com a macarronada e as brusquetas...
Os olhos de Guilhermo brilharam, ele lamentou não ter subido para desfrutar de um jantar feito por Sophie, especialmente sendo algo que ele adora...Greta sorriu vendo o olhar de arrependimento de Guilhermo e disse:
— E aí lindinho, ainda quer um simples lanche?
Guilhermo suspirou amargando o que perdeu e respondeu desanimado
— Vamos tomar um café. Né?!
— kkkkkkkkkkkkkkkk.
Greta e Harold não perderam a chance de rirem dele. Depois ele enfiou as mãos nos bolsos e quase chutou o ar; seguiu na frente feito um menino zangado, enquanto Greta e Harold riam da cena rara e impagável!
Após uma hora na cantina, em que Guilhermo e Harold contaram a Greta, o que rolou em Boston e também, ela falou sobre Sophie, o que deixou Guilhermo ainda mais curioso...
Porém, era hora de voltar a sala de espera, mas Guilhermo não aguentou esperar do lado de fora, então ficou no quarto, sentado ao lado da cama.
Ele estava olhando a foto de Sophie, que ele passou para o celular, até que ouviu Ava resmungar, levantou a cabeça e se aproximou tenso...
— Como se sente senhora Ava?
— A minha cabeça dói.
— Entendo. Entendo também que deve me odiar. Mas quero que saiba...
— Eu não o odeio senhor Castellini, só estou triste, meu coração de mãe dói, mas...
Chorou novamente antes de dizer:
— A culpa de tudo isso é minha.
Falou, fazendo Guilhermo inclinar a cabeça para o lado, sem entender e sem saber o que pensar...
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Atualizado até capítulo 216
Comments
Neuza Lucia
será que ela vai ficar com o pai dele? tudo em família Greta já arrumou o seu par
2024-10-09
1
Elisabete Correia
tadinha da Ava ela não tem culpa o filho era adulto e responsável pelas suas escolhas.... e ainda cafajeste de vender a mãe e a irmã para satisfazer seu egoísmo
2024-09-09
2
marciamattos mattos
coitada a Ava a mãe sempre se senti culpada
2024-05-13
3