Ele não sabia o que fazer e nem o que dizer, o que era novo pra ele. Ela era diferente das mulheres que estava acostumado a lidar, era frágil e parecia tão vulnerável, ali acoada no chão. E Guilhermo estava fora se sua zona de conforto, fazia muito tempo que não ficava diante de tanta delicadeza e sensibilidade; a última que conheceu assim, era a própria mãe.
No entanto, ele se esforçou e fez o seu melhor; se agachou na frente dela e falou:
— Olha não, não precisa ficar assim, por favor não, não chora.
Levou a mão ao braço dela para a levantar do chão, mas ela se encolheu mais ainda e falou:
— Fica longe de mim se mostro, seu ogro perverso, mal caráter e pervertido! Eu sei o que você quer...
Guilhermo franziu a testa e até se afastou espantado, e ao ser chamada de ogro, até sentiu vontade de rir, mas o tom de voz dela, lhe chamou a atenção, havia algo tenso e antigo, uma dor na voz trêmula e também o pavor, quase um trauma; e ela se recusava a o encarar, ele esboçou um sorriso enquanto pensava:
"Que fedelha atrevida, apesar de assustada! Mesmo assim ela me faz rir!"
Porém, levantou as mãos ao ar e falou:
— Gostei desta descrição, é a primeira vez que escuto. E bom, eu não sei o que você pensou, e por favor, va com calma garotinha, não seja tão pretensiosa!
— Pretensiosa eu? Que tipo de homem decente tira duas mulheres indefesas da própria casa, contra a vontade delas, e as leva para outro país? Depois, não satisfeito as afasta...boa intenção não pode ter!
— Está enganada!
— Ah é mesmo?
Questionou olhando para o lado. Então ele exigiu:
— Olha pra mim.
— Não quero. Me recuso a olhar sua cara feia, seu mostro ridículo, covarde, filho da p*t..
— BASTA!
Gritou a assustando, ela arregalou os olhos e finalmente o viu, um par de olhos azul piscina, mas que traziam um olhar intenso e profundo; que a paralisou. Ele no entanto ficou irado e a pegou pelo braço, levantou com ela e falou:
— Escuta bem, nunca mais se atreva a abrir a boca para insultar a minha mãe, caso contrário será a última coisa que irá falar!
Falou bem próximo ao rosto dela e ela pode sentir, o hálito quente de menta dele, que ergueu uma sobrancelha enquanto a encarava fixamente, depois perguntou:
— Fui claro?
Ela engoliu em seco e apenas balançou a cabeça afirmando, estava chocada e com os olhos cheios de lágrimas, então falou:
— Vo você disse que na não ia me machucar...
Ele a saltou imediatamente e se afastou, e a observou esfregando o braço, no lugar onde ele segurou, se arrependeu por isso, então disse quando ela se sentou na cama.
— É, (coçou a testa)eu sinto muito.
— Pelo que?
— Por...
Revirou os olhos e então continuou:
— Olha eu não costumo pedir desculpas...
— Deu pra notar...
— Fica mais difícil ainda se você não cala a boca.
— Você é um grosso!
— Você não sabe o quanto!
Falou com um leve sorriso, que a deixou com as bochechas coradas, e se sentindo exposta, mesmo assim empinou o nariz e retrucou:
— Sem contar que é convencido!
— Porque eu posso!
Falou com um leve sorriso e piscou para ela, porém, ele se recompôs na postura séria e continuou:
— Você falou que não pode existir nenhuma intenção boa no que fiz. É bom que você saiba mesmo que fui eu quem mandei te trazer. Não tenho tempo para te explicar agora, mas acredite não é como você pensa.
— Isso é coisa daquele infeliz que tenho como irmão. Não é? Ele..
Soluçou tentando não chorar e então completou:
— Ele me..me vendeu?
Guilhermo sentiu uma pontada de compaixão, por sentir a mágoa e pavor na voz dela; aquela verdade parecia tão cruel, tão injusta. Ele não deveria se sentir tão mal por isso; então respirou fundo e apenas balançou levemente a cabeça, o que a fez olhar para o lado e chorar. Guilhermo limpou a garganta e falou:
— O seu irmão é um covarde Sophie e...
Ela soluçou e o olhou surpresa, depois perguntou:
— Você... sabe o meu nome?
— Sim eu sei. Sei o bastante para você estar aqui.
— Vai usar-me e depois me mandar para um cassino ou...
Ele a encarou a por alguns segundos, analisando a beleza delicada que se contrastava com o olhar triste, suspirou demorando-se em admira-la, depois respondeu sinceramente:
— Não.
— Então me deixa ir embora.
— Você não pode voltar pra sua linda fazenda. E não pode ir embora.
Sophie abriu a boca para argumentar, mas ele olhou o relógio e seguiu em direção a porta, dizendo:
— Tenho que ir agora.
— Por favor, eu quero ver a minha mãe, eu preciso dela.
— Você não vai ver sua mãe tão cedo. É o seu castigo por ofender a minha.
— Ah não, por favor...ela está fraca e doente, só tem a mim. Só temos uma a outra. Por favor, eu sinto muito!
Ele estreitou os olhos e não disse nada, pegou a bandeja com a comida intacta e saiu trancando a porta, a deixando sem resposta e aflita.
Sophie ficou chorando e batendo na porta, implorando para ver a mãe, porém Guilhermo saiu o mais rápido possível, sentiu que estava perto de perder o controle se continuasse ali.
Foi até a cozinha e jogou a bandeja na pia, assustado a jovem cozinheira, que deu um pulo.
— Senhor Castellini..O que houve?
— Que tipo de comida é essa que você serviu para a moça? Por acaso você comeria isso? Se não é capaz de preparar o simples, mas que seja apresentável, não serve para estar aqui.
— Desculpa senhor, eu pensei que ela era uma garota de programa...
— E se fosse? Escuta bem, o nome dela é Sophie, senhorita Sophie pra você! E o que ela é ou deixa de ser, não lhe diz respeito. Você está aqui para cozinhar, não lhe cabe julgar ninguém. Apenas faça o seu trabalho. E só pra constar, ela não é nenhuma garota de programa! Se eu voltar a ouvir alguma ofensa sua contra ela, corto a sua língua!
A mulher ficou pálida e sem fala, apenas assentiu sob o olhar ameaçador dele. Guilhermo bufou e saiu em seguida. Pegou o telefone no bolso e foi ligando para Harold, enquanto esperava o elevador chegar; ao ser atendido falou:
— Harold certifique-se que a mãe da Sophie receba um tratamento hospitalar adequado, parece que ela esta doente...
— Sim senhor. Já cuidei disso.
— Certo, estou indo pra casa, me encontra lá...
Ao chegar em casa, sentiu um cheiro tentador da típica macarronada italiana, então foi direto para a cozinha e abraçou a cozinheira pelas costas e deu um beijo na bochecha fofa dela, que sorriu encantada e pôs a mão na nuca dele e fez-lhe um carinho...
Depois ele disse:
— Sabe que eu não resisto a esse cheiro né?
— Sei, por isso estou cozinhando seu prato favorito, meu amor!
Falou Dulce com um leve sorriso. Ela é alguém que o conhece melhor do que qualquer outra pessoa, por quem ele tem muito carinho e se sente bem, se sente livre e ele mesmo!
Ela virou-se e o abraçou apertado, depois se afastou e perguntou:
— Como está seu pai meu filho?
— Fora de perigo Dulce, está em observação.
— Oh graças à Deus, meu filho.
— Mas confesso que foi assustador, vê-lo ferido desfalecendo...Achei que ia perde-lo.
— Isso não vai acontecer tão cedo, aquele velho teimoso ainda vai te dar muito trabalho!
Ele sorriu, então ela fez um afago na cabeça dele e notou um ralado na testa, perguntou preocupada:
— E o que foi isso? Está ferido?
Ele pôs a mão no local, olhou em volta se certificando de estarem a sós e respondeu:
— Ah isso? Foi só eu tentando me livrar dos chifres que me colocaram!
— rsrs... Que bom que vê humor em tudo isso filho!
— Não, só estava sendo irônico mesmo!
— Veja pelo lado bom filho, ela não era pra você...
Ele abaixou a cabeça concordando com ela, ficou pensativo por um tempo, depois falou:
— Deixa pra lá, não quero mais falar disso, até porque vou por um ponto final nessa história. Viajo daqui a pouco.
— Oh não! Outra missão já?
— Sim e tenho uma pra você também.
— Pra mim? Qual é?
— Preciso que você cuide de uma moça pra mim.
— Hum!.. uma moça é! E como ela é?
— Ué... uma garota normal. Que pergunta!
— kkkkk Sei...Garota normal? Aham..
— Para Dulce. Não cria caraminholas nessa cabeça. É só uma garota...
Não soube definir a Sophie, queria dizer: frágil, delicada e inocente, linda, sensível...mas essas palavras pareciam tão difíceis de se pronunciar, embora ele penssasse assim dela, apenas justificou:
— Bom, só tem homens com ela, isso não está certo.
— Tem razão...
Ele fez que sim com a cabeça e completou:
— Além disso, a empregada que está lá, eu não confio e ela, ainda está fazendo pouco da garota. E ela nem sabe cozinhar.
Dulce o ouvia bastante curiosa e encantada com a preocupação dele, já simpatizando com Sophie, só pelo olhar dele, podia imaginar que se tratava de uma moça muito especial. Ela sorriu e perguntou:
— Ela é bonita?
— Ah..não reparei muito...é aceitável...
Deu de ombros. Mas Dulce o conhecia muito bem, estreitou os olhos o questionando, ele abriu a boca, mas antes que pudesse dizer algo, Harold entrou na cozinha o fazendo mudar a postura, então o homem falou:
— Já está tudo pronto para a viagem senhor. e quanto a mãe da garota, está sendo medicada.
Guilhermo assentiu, deu um beijo em Dulce e saiu da cozinha, porém voltou, colocando só o rosto na porta e disse:
— Ela é linda!
Respondeu com um sorriso torto que a fez sorrir também, imaginando ser essa a garota que fará o coração dele se desmanchar e acreditar no amor outra vez...
Bom, Guilhermo não estava pensando nisso, seu foco agora era outro. Seguiu para o quarto e enquanto fazia as malas apressado, alguém bateu na porta. Ele apenas respondeu sem parar o que fazia:
— Entra Greta!
Apareceu uma moça de altura mediana e um leve sorriso, por ele saber que era ela.
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Atualizado até capítulo 216
Comments
Maria Joelma
Ambos são bonitos 🤩
2025-02-08
1
Neuza Lucia
realmente parece uma boneca
2024-10-09
2
Elisabete Correia
o amor vai chegar
2024-09-07
4