Cap. 15 - Se não tiver emoção, não tem graça!

Ele estreitou o olhar e soltou o ar, nada satisfeito com tal pedido, mas Ava insistiu:

— Por favor, se ela souber, vai surtar.

— Olha, vamos fazer assim. Eu não tenho o direito de me meter nos seus segredos, mas acho, que não tem mais como esconder essa verdade dela. Sophie tem direitos por ser quem é. Se ela não estivesse escondida e conhecesse sobre a identidade dela, o Thomas jamais se atreveria a machucá-la.

— Você tem razão, mas...

— Ava eu não gosto de mentir, sou transparente e por isso, não vou conseguir fingir que não sei de nada.

— Você não vai mentir, apenas ocultar.

— Eu prometi a Sophie que quando voltasse, levaria a senhora para ficar com ela. Já que vou tee que quebrar a minha promessa, encontre uma forma de contar a ela o quanto antes. Se possível, assim que se encontrarem.

Ava assentiu, no momento em que Greta e Harold entraram no quarto dela.

— Que bom que a senhora está melhor.

Falou Harold, ao se aproximar e Greta completou:

— A senhora nos deu um susto, mas graças a Deus está bem.

— Obrigada meu bem. Dá um beijo na Sophie por mim. Se ela perguntar por mim, diga por favor que precisei cuidar dos documentos para regularizar a nossa estadia aqui.

Falou, então Guilhermo inclinou a cabeça para o lado e perguntou incrédulo:

— Não vai contar a ela sobre a morte do Thomas? Não leva-lá ao funeral eu até compreendo, mas não vai contar?

— Eu vou contar com calma, quando estiver com ela. Tá bom? Só tenha paciência.

— Minha senhora, paciência é uma coisa que eu não tenho, mas vou respeitar a sua decisão. Agora eu preciso ir. Fica bem. Nos vemos amanhã.

Ava o agradeceu, enquanto Greta e Harold se olharam, sem entender. Por fim todos se despediram dela, Greta ainda tirou uma foto; depois foram embora a deixando com sua tristeza e pensamentos.

Ela estava preocupada sobre qual será o futuro da doce filha, agora que revelou um segredo que pode mudar completamente as suas vidas.

Ava se acomodou no travesseiro e suspirou, mas depois de alguns segundos, se lembrou do brilho no olhar do homem que quem passou quase uma hora conversando, era algo que ela não via a muito tempo, e era claramente dirigido a sua linda filha, Ava sorriu com o pensamento, depois disse:

" Ah filha, tomara que esse seja o início de um grande amor, e vocês saibam reconhecer isso um no outro. Afinal, nada é por acaso. E você merece muito ser feliz meu bem..."

Enquanto isso...

Guilhermo seguiu com Greta. Harold estava na pista ao lado deles, ele conectou a ligação e os três seguiram conversando como se estivessem no mesmo carro...

— Guilhermo, o que perdemos?

Perguntou Harold, e Greta o olhou reforçando a curiosidade de Harold, então Guilhermo coçou a sobrancelha e respondeu:

— Uma história fantástica sobre o Thomas e principalmente envolvendo a Sophie. Mas meus caros, vocês terão que me perdoar, preciso conversar primeiro com o meu pai antes de passar a diante...

Greta —Tudo bem Gui. Não se preocupe com isso.

Harold — Claro, é o correto o senhor Genaro ser informado primeiro.

Guilhermo — É verdade. O meu pai tem a serenidade, que os anos e a experiência de vida lhe proporcionaram, para ver tudo com mais clareza, além disso; ele, só ele pode me confirmar se tudo o que ouvi é verdade ou não.

Greta ergueu as sobrancelhas, olhou para o relógio no pulso, então Guilhermo limpou a garganta e falou:

— Greta, eu fiquei impressionado com você hoje, foi legal o jeito como falou com a Ava.

Greta sorriu, mas logo o sorriso se foi, com o comentário de Harold:

— Pois é Guilhermo, esses dias de maré deixaram a greta mais sensível! Ela agora sabe sorrir e até cozinhar cara!

Greta — Gui, encosta um instante!

Gui — Pra que?

Greta — Pra eu dar um soco na cara desse palhaço!

— kkkkkkkkkkkk....

Risos coletivos, dos que estavam com Harold e também de Guilhermo, então Harold respondeu:

— Não faz isso não irmão, segue no ritmo!

Gui — Qual é Harold, tá com medo da Greta agora?

Harold — Cara, se tem uma coisa da qual eu não tenho medo, é de mulher, mas essa daí bate pesado; afinal, fui eu quem a ensinou!

Greta — Que ridículo! Você ensinou, mas a força e a agilidade, ainda são minhas.

Gui — Irmão, essa doeu!

Harold — Cala a boca Guilhermo!

Falou enquanto os caras no carro com ele davam risadas, ele deu um tapa no pescoço de um e falou:

— Cuidado Greta! Você ficou muitos dias sem um treinamento de verdade, sem um treinamento com um mestre.

Gui — Boa Harold, você me representa!

Greta — Cala a boca seu perturbado!

Bateu no braço dele, que fez o carro serpentear na pista, a assustando. Greta ficou nervosa e...

— Para Guilhermo, não faz isso seu tralha! Olha só, estamos à 150km/h. Ai meu Deus!

Guilhermo deu uma risada e acelerou mais, fazendo Greta gritar, ela olhou pro outro lado e viu Harold na mesma velocidade, surtou falou:

— Parem já com isso, seus doentes!

— Você já foi mais corajosa Greta!

Falou Harold e piscou pra ela, Greta revirou os olhos e falou indignada:

— Aff, um monte de marmanjos com idade mental de 10 anos! Ninguém merece!

— Tá com medo de morrer Greta? Você não tem medo nada!

— Não tenho medo das balas, mas morrer de batida sim. PARA GUILHERMO!

Acelerou até pararem bruscamente no sinal. Um segundo depois, uma carreta passou acelerada, todos se espantaram se encostando nos bancos, eles se olharam em silêncio; um dos homens no carro de Harold falou:

— Cara não dá nem pra se divertir nessa cidade!

Harold — Cara se não tiver emoção, não tem graça!

todos riram, até Greta que deu outro tapa em Guilhermo, ele se virou para ele e falou:

— Fala sério, você sentiu falta de viver perigosamente, não?!

Ela sorriu balançando a cabeça em negativo depois falou:

— Olha só, eu tinha esquecido como os seu dentes são perfeitos!

— Muito engraçada. Mas você tem que saber que eu tirei o que parecia 100kg dos meus ombros, tá mais fácil respirar agora.

— Entendo Gui, aquela bruxa loira, te sugou, que bom que você deu o fim que ela tanto buscou!

Falou e ele apenas esboçou um sorriso, pois na verdade, não estava se referindo a Deyse. No entanto, o sinal abriu e ele não falou mais sobre o assunto; eles aceleraram outra vez, mas não como antes, Guilhermo tirou o pé do acelerador.

Desta vez Greta sorriu e relaxou então falou:

— Tenho que admitir, é divertido! Será que a Sophie curtiria isso?

— Ou será que ela ficaria esterica igual a você?!

Falou Harold, fazendo Greta olhar para ele, ele piscou para ela, fazendo-a revirar os olhos e dizer:

— Tirou a noite para me irritar. Isso tudo era saudade?

— Pode apostar Greta!

Guilhermo apenas olhou o amigo e esboçou um sorriso balançando a cabeça.

Por fim, chegaram ao prédio e entraram na garagem. Guilhermo foi apenas deixar Greta, mas ela não evitou perguntar:

— Não vai subir? Não estava tão preocupado com a Sophie...

— É tarde. Você não acha? Além disso, não fica bem, sem contar que ela deve estar dormindo já!

Greta revirou os olhos e fez um bico torto, então falou:

— Ok querido. Então, até...

Falou e saiu do carro, ele manobrou e foi embora, antes que cedesse a vontade de ficar.

Harold acenou para ela, que debochou jogando um beijo para ele, depois se recriminou por isso; não foi capaz de se entender, nem mesmo porque o acompanhou com o olhar até que saísse, quando na verdade, ela estava instigando Guilhermo a subir, porque queria passar mais tempo com ele, sem o Harold.

Então, assim que o portão da garagem se fechou, ela entrou no elevador e subiu; para a surpresa dela, Sophie estava na sala esperando por eles.

Quando a porta se abriu ela se levantou e ficou com aquele sorriso de expectativa, mas murchou ao ver apenas a Greta, ela ainda ficou procurando com o olhar na esperança de que viria mais alguém, mas não veio ninguém.

Greta por sua vez, se sentiu mal por ser ela a desapontar a Sophie, ela foi até a moça e falou sem jeito:

— É...Bom, eu imagino o que você está pensando...

— A minha mãe? O senhor Guilhermo não falou com você que a traria hoje? Por que ela não veio? Aconteceu alguma coisa com ela? Aí meu Deus, a minha mãezinha morreu e vocês não querem me falar? Greta…

Foi ficando nervosa, então Greta foi até ela e a abraçou, depois falou:

— Calma. Tá? A sua mãe está bem, eu a conheci.

— Mesmo? Ela está bem, você não está mentindo pra mim?

— Não, eu não estou. Ela está bem. Sabe eu falei com ela; Sophie ela se emocionou ao saber de você, ficou feliz em saber que você está bem e segura...

Os olhos de Sophie se encheram de lágrimas e o coração até doeu, de tanta saudade que ela sente da mãe, e ouvir sobre ela a deixou ainda mais ansiosa. Então Greta sorriu e falou mais.

— Olha só. Quem é essa?

Mostrou uma foto, Sophie sorriu ao responder:

— Mamãe…

Respondeu e não se conteve, desabando em lágrimas, então Greta a abraçou por alguns segundos e disse:

— Ela te mandou um abraço apertado, sei que estou longe de poder o transmitir como deve ser, mas acredite é sincero.

— Obrigada Greta. Que bom ter te conhecido e que bom que foi, e esteve com ela. Mas por favor me diga, por que ela não veio?

— Olha...ela ficou muito emocionada ao saber de você, então se sentiu mal. os médicos acharam por bem que ela ficasse em observação.

— Só isso?

— Sim. A sua mãe pediu que fique tranquila. Vai ficar tudo bem.

— Será que o senhor Guilhermo, não se irritou com ela e decidiu punir a nós duas?

— kkkkk... Não. De onde você tirou isso?

— Porque quando você saiu, comentou que ele estava bravo.

Greta deu risadas e acalmou Sophie, e depois de um tempo a convenceu a ir dormir.

Depois disso pegou a bolsa, e foi até a porta e antes de sair pensou:

"Desculpa Gui, a Sophie é amor, mas hoje eu não vou ficar de babá..."

— Meninas não volto hoje, então por favor, cuidem da Sophie.

Ordenou as meninas da segurança, e saiu seguindo direto para casa.

Já que Guilhermo não subiu, ela decidiu ir até ele, e aproveitar que ele estava especialmente animado...

Enquanto isso...

Guilhermo acabara de chegar em casa, foi direto para o quarto do pai. Estava ansioso para saber de Genaro, se realmente a história que Ava lhe contara era verdadeira...

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