Lorenzo Moretti, 23 anos
Nos últimos 5 anos, minha convivência com Emanuelle foram quase extintas, ela foi ao Brasil e eu basicamente mudei para Nova York, até me sinto um americano da gema. No entanto, quando ela partiu para Roma, casada com um brasileiro, me senti mais distante do que nunca, como se estivesse perdendo mais um vínculo com ela. Quando a gente é irmão gêmeo, a ligação é tão profunda, sempre foi eu e ela sozinhos nesta propriedade gigante, brincando, correndo, fazendo travessuras... Na adolescência foi melhor, éramos amigos inseparáveis, acho que a vida que vivemos nos deixou próximos, por só poder confiar um no outro. Tínhamos o Pietro também, meu primo, mas que considero um irmão mais velho, porém não era a mesma ligação que tinha com Manu.
Depois que Manu viajou, me senti vazio e reflexivo. Este casamento da Manu, só me fez relembrar que um dia será o meu, e isto me causou um certo pânico. Nem consigo imaginar como a minha querida irmã está se sentindo. A noite chegou, e com ela meu desejo de afogar as minhas futuras obrigações. Chamei Pietro e no meu Lamborghini Aventador, último lançamento, fomos até o centro de Menfi, fui até o bar de costume. Só queria beber e me distrair por uma noite. Sempre convenço Pietro de vir comigo, ele me ajuda quando saio dos limites, às vezes acabo bebendo demais e saio da razão fazendo coisas estúpidas, como brigar no bar, ou dar cantadas em mulheres comprometidas só para ver a reação dos homens. Infantil, eu sei, mas me divirto.
Pietro sentou em uma das mesas com um dos seguranças, e eu fui direto para o balcão.
— Um Negroni, meu amigo! — Pedi logo o mais forte, quero o efeito rápido nas minhas veias.
A bebida foi preparada rapidamente, o mesmo tempo que levei para tomar o drink clássico da Itália, combinando ingredientes fortes como: Campari, gim e vermute tinto. Pedi o segundo e enquanto esperava, percorri os olhos pelo bar, estava razoavelmente cheio. Uma garota no balcão me chamou a atenção, ela me observava discretamente e bebericava seu drink. Pisquei e sorri, ela sorriu tímida e desviou o olhar. Estava perto, não custa nada me aproximar, ela é bem gatinha. Usava uma maquiagem bem forte, mas tinha cara de novinha, estava bebendo, então é porque tem idade maior.
Sorrateiramente me aproximei, ela sorriu e tentou colocar uma postura segura, mas podia ver a insegurança nos seus olhos.
— O que te fez vir beber sozinha uma hora dessas? — abordei naturalmente.
— Cansada da rotina... Queria um tempo reflexivo.
— Uau! Senti um sotaque, aí! É latina?
— Brasileira. — Ela sorriu tímida.
Observei do outro lado, um garoto olhando para ela constantemente. Não era o único no páreo, mas o outro parecia ser mais novo, ainda assim, precisava me garantir.
— Está fazendo sucesso com sua beleza exótica! — ela deu risada e deu com os ombros. — É sério! Atrás de você.
Ela se virou, olhou rapidamente e encolheu os ombros.
— Ele não para de te olhar, não vai dar uma chance?
— Convivo com este garoto todos os dias. Aqui, quero coisas novas.
Arregalei os olhos surpreso, fiquei um tanto confuso, acho que transpareci, porque ela riu da minha cara.
— É meu irmão! Combinamos de vir aqui, mas cada um no seu canto.
— Por isso ele te olha com raiva... Irmão caçula?
— Não, somos gêmeos.
— Está brincando, não é!? — exclamei surpreso.
— Se olhar bem, vai ver que temos os mesmos olhos. Somos parecidos. — Ela argumentou.
— Não é isso, eu também sou gêmeo, tenho uma irmã.
— Não! Que coincidência! — Ela deu risada.
— Ainda estou incrédulo. Qual o seu nome? Sou Lorenzo. — Estendi a mão.
— Michele. — Ela aceitou o cumprimento.
— É um prazer, Michele. Desculpa perguntar, mas tem quantos anos?
— Não deve perguntar a idade para uma garota, Lorenzo. — Ela estreitou os olhos, estava brincando.
— Não é por falta de educação, só estou te achando bem novinha.
— Ah, é? Quantos anos me dá? Se acertar mostro a minha identidade. Mas se errar, vai me pagar um drink.
Sorri da sugestão, gostei da ousadia dela.
— Fácil. Dezoito anos. Daria menos, mas se está bebendo, tem dezoito.
Ela sorriu e meneou a cabeça em negação.
— Me deve uma bebida. Tenho dezenove. — Ela mostrou a identidade.
Eu nem olhei direito, na verdade estava gostando de ter motivos para continuar a conversa, e quem sabe o que podia rolar depois? Vou investir nessa garota, já podia imaginar minhas mãos nela.
— Com prazer. Barman? Traga outro drink para a moça. — desviei os olhos do garçom e encarei Michele. — Pode ser o mesmo?
— Estou fora do meu país, quero provar todos os drinks especiais da Itália. Experimentei o "Rossini", foi bem leve, refrescante e espumante, com sabor de morango. Agora, me surpreenda, Lorenzo. — Ela sorriu.
— Prepare o "Hugo Spritz". — pedi ao garçom.
Esse cara é rápido, mal olhei para a garota e ele já entregou o drink. Ela não perdeu tempo, experimentou um gole generoso.
— Hum...
— O que achou?
— Só identifico o sabor da hortelã. É gostoso, refrescante e leve. Do que é feito?
— Uma mistura de licor de flores de sabugueiro, folhas de hortelã, Prosecco e água gaseificada.
— Prosecco?
— É um vinho de origem controlada e garantida, sendo assim, um produto exclusivo da região Veneto, na Itália. Muito famoso entre os italianos.
— Conhece vinhos? — Ela perguntou bebericando o drink.
— Sim, trabalho com a produção. Minha família tem uma vinícola. — se não fosse essa produção de vinhos da família, não sei como explicaria o "trabalho" da família.
— Interessante. Tem uma marca?
— Don Moretti.
Ela ficou surpresa, mas não disse uma palavra.
— E você, o que faz no Brasil?
— Estudo. Me preparo para a universidade.
— Pensei que já estivesse na universidade.
— Quero estudar numa federal, ainda não passei.
— Qual curso?
— Direito.
— Concluí no ano passado. Muita leitura entediante e conhecimento da Constituição do país. Está na Sicília a passeio?
— Mais ou menos. Vim visitar um tio.
— Você e seu irmão?
— Minha mãe e meu padrasto também.
— Primeira vez? Está gostando?
— Primeira vez. Estou adorando, meu sonho é morar em outro país, tenho que confessar que as colinas ondulantes, as montanhas da Sicília e a cor do mar me encantaram. O frio é mais intenso, mas sempre gostei do inverno. Se tivesse um jeito, viria morar aqui. Sempre quis morar em uma ilha.— Ela sorriu divagando o olhar.
— O que te impede?
— É complicado... Quem sabe um dia? — Ela suspirou, notei que os seus olhos marejaram.
Não saberia dizer o que estava acontecendo, mas conversando por um longo tempo, senti compaixão da tristeza que ela carregava no olhar, percebi que conversar sobre os sonhos que ela aspirava, causava uma certa dor, então mudei de assunto e a incentivei experimentar todos os drinks. No fim ela estava bem soltinha, do jeito que eu queria.
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Atualizado até capítulo 79
Comments
Jacque gil
uau que foto linda do Brant,ele como Rafa seria melhor ele e um Deus Grego 😜
2024-05-06
3
Rose Gandarillas
É a sobrinha do Rafael !! Vixi isso pode dá pano pras mangas!!
2024-05-03
0
Zenilda Marques
tô achando que e a Ariele e deu nome errado mais ela não viu ele no casamento do tio 🤭😧🤫
2024-04-15
1