Rafael Salazar, 35 anos
★Dias atuais★
Mãos firmes, pernas afastadas, olhos atentos no alvo, abafador, óculos de proteção e fogo!
O som de cinco disparos consecutivos soam no stand de tiros. Um sorriso desenha meu rosto, pela terceira vez seguida acertei os alvos no mesmo ponto. Satisfeito com o feito, retiro o abafador e os óculos, e deixo as armas no balcão. Coloco meus óculos escuro e saio do lugar diretamente para minha moto esportiva. Coloco o capacete, puxo o zíper da jaqueta de couro preta, verifico a Glock na parte de trás da cintura e subo na minha companheira de todos os momentos.
Os períodos: vespertino e noturno, se tornaram os melhores momentos do meu dia. Desde que iniciei a parceria com a Máfia Moretti, minha dedicação ao submundo tem sido louvável e observada pelo capô. Não que eu faça isso buscando prestígio ou para me destacar, é apenas o meu interior que foi despertado para fazer justiça com as próprias mãos. Me despojei da vida pessoal e paixões, apenas para focar no que sou movido, um desejo de vingança e justiça para quem não tem poder.
Entrei na auto pista e acelerei a moto, um dos poucos prazeres que ainda sinto, vivenciar a adrenalina da velocidade e ir contra o vento. Assim que adentrei em um dos bairros da periferia de São Paulo, parei por uns instantes, e veriquei o último endereço no celular que Wilson havia enviado. Devagar e bem atento, fui passando pelos números até encontrar a casa que eu queria. Discretamente rodei o quarteirão, estudando o bairro, rotas de fuga, vizinhos e um lugar estratégico para vigiar. Estava tão movimentado que quase não fui notado, exceto pelos vigias do morro. Mas já conhecia o esquema, e não me preocupava com essa máfia que comanda as favelas.
Passei em frente a casa outra vez, mas não vi sinal de movimento. Voltei a olhar o celular e fitei a imagem do homem que procurava. Sete acusações de estupro de vulnerável, e todas elas arquivadas ou sem provas suficientes. Se tratando de um ex-funcionário da escola infantil, acendeu um alerta em mim.
Passei mais de uma hora rodando o bairro discretamente, observando cada detalhe, sabia que seria um serviço de muitos meses, dificilmente consigo as provas que necessito rapidamente, porém vigiar e estudar o suspeito, para mim é a melhor parte, embora exige muita paciência e estratégias.
Já encerrando meu primeiro dia de observação, saí do bairro acelerando a moto, passando por uma praça, que estava lotada de famílias com crianças aproveitando a noite de verão, algo me fez parar por perto. De longe, com ajuda de um binóculo, percorri os olhos pelo local.
— Bingo!— exclamei a mim mesmo.— Perdido na praça, Roberto?
O suspeito estava sentado em um dos bancos, um poodle na coleira, aparência inocente e amigável. Todos que passavam por ele sorriam e o cumprimentavam.
— Esse sorriso falso não me engana, Roberto! Acabamos de nos conhecer, o que esconde nesse rosto fraternal?
O celular vibrou no bolso, me deixando inquieto, não queria perder o cara de vista, estava numa posição perfeita. Sem tirar os olhos de Roberto, tateei o bolso até pegar o celular, olhei rapidamente para a tela e o número restrito indicava que a ligação se tratava do chefe, não podia recusar. Voltando a encarar meu suspeito, atendi a ligação.
— Alô?
— Olá, Rafael! Como está, meu amigo?— o sotaque italiano soou do outro lado.
— Tudo bem, chefe. O que manda?
— Tenho uma proposta e uma missão para você.
— Considere feito. Do que se trata?
— Calma, meu amigo. Preciso que venha à Sicília, minha proposta precisa ser feita pessoalmente. Vou enviar uma equipe para te buscar, nos falamos em breve. Até logo!
— Até logo!
Voltei o celular para o bolso sem refletir sobre o que acabara de ouvir, estava atento em Roberto que com jeitinho falava com uma garotinha que acariciava os pelos do poodle toy.
— Esperto, Roberto! Quem desconfia de alguém com um cãozinho tão fofo? E as crianças são atraídas por natureza.
Me mantive ali até meu suspeito decidir ir embora, o que demorou, porque somente quando a praça ficou vazia, com umas três crianças que brincavam sozinhas, Roberto se levantou e foi embora. Sem perder tempo, deixei minha moto no lugar e saí sorrateiramente atrás do homem. No seu histórico, ele estava sempre mudando de bairro, provavelmente por sua fama não podia ficar muito tempo no mesmo local, sem ser pego. Além do mais, nada como chegar num lugar novo e ser o vizinho perfeito para conquistar as famílias e crianças.
Como imaginei, ele entrou na casa que Wilson (procurador da justiça) havia dado o endereço. Estava meio caminho andado, só precisava estudar a rotina desse homem. Num canto escondido, esperei a madrugada chegar, ou pelo menos o bairro ficar em silêncio, e enquanto esperava, lembrei da ligação de Vincenzo. Muitas coisas passavam na minha mente, uma vez visitei a Sicília e também a rede em Nova York, mas foi apenas uma apresentação do chefe, uma demonstração de confiança. Agora, estava sendo chamado para uma missão, uma proposta, e na minha mente inúmeras possibilidades surgiam.
Há um ano, Emanuelle acabou sendo deportada do Brasil, uma situação constrangedora e de alta traição para os Moretti. A verdade é que ela nunca foi respeitada como deveria pelos seus subordinados brasileiros, não soube lidar com a máfia brasileira e acabou sendo extraditada, sem previsão de retorno. Desde então, assumi temporariamente o cargo de braço direito do capô, tendo ordens diretas de Vincenzo e Kath. Eu já tinha alguns homens sob meu comando, mas com a ausência da Emanuelle, todos ficaram em meu controle. Os conspiradores estão presos, esperando julgamento.
Nesses momentos de espera, eu sempre acabo me confrontando com as minhas decisões e o que me trouxe a esta nova vida. Sempre que minha consciência tenta me acusar das minhas atitudes, abro um zíper secreto da minha carteira e retiro a foto do meu irmão, que estava junto de Bianca e das crianças numa viagem que fizeram para as praias de Pernambuco.
Suspirei profundamente, ainda sentia como se fosse ontem, quando cheguei em frente ao fórum e avistei um lençol branco cobrindo alguém. Na minha memória, a cena ainda se passa nitidamente, eu me ajoelhando diante do corpo do meu irmão, sentindo um ódio tão grande, e um desejo de vingança misturado com uma vontade absurda de buscar justiça com as próprias mãos.
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Atualizado até capítulo 79
Comments
Eliana Fazano
oiiiii os homens que humilharam a filha do capô e cortaram o cabelo dela estão aguardando julgamento 🤔🤔🤔🤔na máfia ?????? 😱😱
2025-02-15
0
Joana Sena
tenso 😳
2025-04-07
0
jaque ✨
esse procurador Wilson, é o mesmo de me ame outra vez?
2024-03-30
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