Rafael
De madrugada fui para o quarto, mas não consegui dormir, mesmo deitado na cama, num silêncio gostoso, o clima perfeito para dormir, minha mente não parava de trabalhar, eu simplesmente não me desligava. No fundo eu sabia que estava ansioso, toda minha vida é cronometrada, sempre tenho tudo previamente planejado, controlo tudo o que acontece comigo, odeio imprevistos. Tenho que confessar; não saber o motivo de ter vindo a Sicília me deixa inquieto, não nasci para surpresas.
Cinco horas da manhã, estava na varanda olhando o jardim da casa, sentia um frio congelante, esfregava minhas mãos tentando aquecê-las, mas não aguentei muito tempo, meu nariz estava dormente, então entrei e aceitei um café da cozinheira.
— Já acordado, Rafael? — uma voz feminina, que eu bem conheço.
— Nem dormi, srta. Moretti. Bom dia! — falei a encarando.
— Fuso horário? — ela perguntou, enchendo uma caneca de café.
Se apoiou no balcão, e bebendo o café, me observou. Estava vestida de moletom e meias, cruzou os tornozelos e continuou me escaneando com aqueles olhos azuis.
— Um pouco de fuso horário, também dormi durante todo o vôo. Como está? — perguntei educadamente.
— Bem. Já conversou com papai? — ela perguntou com uma naturalidade falsa.
Podia mostrar desinteresse na maneira relaxada do corpo, ou no tom de voz forçando naturalidade. Essas pequenas nuances no comportamento dela, me fizeram entender que provavelmente ela sabia sobre a minha missão aqui, o que me deixou intrigado e mais ansioso.
— Depende do conceito "conversa". Nos falamos ontem, mas se está querendo saber se já me foi dada a missão ou proposta para o que fui requisitado à Sicília; ainda não. — respondi analisando a linguagem corporal dela.
Não sabia identificar se ela estava aliviada, ou simplesmente mais apreensiva ao descobrir que não sabia de nada. Ela tomou o restante do café num único gole, desviou o olhar, colocou a caneca na pia e deu as costas. Ela estava visivelmente cansada, não era o único que havia passado a noite em claro, os olhos fundos e a sutil olheira a denunciou. Observei-a saindo da cozinha, mesmo de meias e pijama, Emanuelle consegue ser elegante, acho que está na maneira que ela anda, a sua postura e forma de olhar. Pensar que esta garota fez parte dos meus sonhos, me fez pensar no absurdo e acabei soltando um riso debochado.
Não demorou para Vincenzo vir me encontrar, tomamos café e logo ele me levou para um dos "depósitos" de vinho, que na verdade era apenas um belo disfarce dos seus pontos estratégicos. Para quem entra, parece uma adega, onde vinhos estão sendo fermentados, e outros envelhecidos. Nos fundos, uma porta secreta é aberta, descemos escadas escuras, até me deparar com o mais alto nível de tecnologia, seja em monitores, câmeras, arsenal, e por fim, uma prisão de segurança máxima.
O caminho todo Vincenzo ficou em silêncio, eu também não sou de conversar à toa, então permaneci calado, e Vincenzo parece apreciar isso. Quando uma das portas metálicas foi aberta, revelando um homem na casa dos 50 anos, cabelos compridos, barba e muitas tatuagens, Vincenzo pediu que acendesse a luz, o que fez o homem cobrir os olhos, provavelmente ele estava no escuro por muito tempo. O cheiro era insuportável, o cara estava no seu próprio excremento, uma cena repugnante.
O silêncio de Vincenzo me intrigava, todos os homens pareciam olhar para mim e observar cada reação que eu tinha. Sem dizer uma palavra, Vincenzo me entregou uma Glock G19X, diferente da minha Glock 9mm G17. Verifiquei o pente, e deixei destravada.
— Execute este homem. — ele ordenou.
Sem pensar duas vezes, apertei o gatilho e num único disparo na cabeça, derrubei o cara. Todos me olhavam admirados.
— Porque não me questionou, Rafael? Não gostaria de saber o que este homem fez para merecer esta condenação? — Vincenzo perguntou-me olhando profundamente.
Travei a arma e devolvi, apenas refletindo sobre a pergunta.
— Confio no senhor, sei que teve motivos para a execução. É um homem justo, Sr. Moretti, não preciso questionar suas ordens. — respondi.
Ele assentiu, o rosto é bem inexpressivo, mas será que ele parece satisfeito?
Outra porta foi aberta, nessa havia uma mulher, também nas mesmas condições do homem anterior, sensível a luz, roupas como trapos, cabelos despenteados e olhos de um animal selvagem. Ela grunhia como uma fera, parecia não admitir sua derrota.
Vincenzo voltou a me entregar a Glock.
— Execute-a! — Vincenzo ordenou.
Assim fiz, e até finalmente sair dali, tive que executar 7 pessoas, sem nem ter ideia do motivo. Mas eu não me importava com isso, se existe um filtro que admiro é o de Vincenzo, ele jamais mataria por ser mesquinho ou ter medo de perder o poder. Então, ser um executor dele, é muito fácil para mim.
Vincenzo me apresentou o lugar e falava pacientemente sobre as novas tecnologias de espionagem.
— Sabe, Rafael. Tenho admirado seu comando no Brasil. Restaurou a confiança dos seus homens, conseguiu estabilizar os negócios e o que mais me impressiona, é manter seus trabalhos extras com tanta precisão. — Ele entrou numa sala, uma espécie de escritório que tinha muitos monitores.
Olhando as imagens, imediatamente reconheci os lugares. A casa Sede no Brasil, onde deveria morar, porém mal passava por lá, meu apartamento, minha empresa de advocacia, meu escritório, minha vizinha... eu sabia que minha vida não era secreta para eles, mas não imaginava o quanto era exposto.
— Rafael, não pude te agradecer pessoalmente por ter salvado a minha filha. Quero fazê-lo agora. Eu já rodei esse mundo, tenho conhecidos nos quatro cantos da terra, mas não faz ideia de como é difícil encontrar um homem que adentra no meu mundo, e seja tão sincero, hábil, inteligente, sábio e acima de tudo, tão fiel. Obrigado por trazer Manu de volta à família, sã e salva.
— Foi só minha obrigação, senhor. É uma honra trabalhar com o senhor. — respondi.
— Não para por aí, meu caro. Quero fazer uma aliança de sangue contigo.
Assenti, pensando que teria que cortar a mão e refazer tudo o que já havia feito no passado.
— Mas não é o tipo de aliança que está pensando. Quero torná-lo o meu subchefe oficial no Brasil, e para oficializar essa aliança, quero que se case com minha filha Emanuelle e adquira meu sobrenome.
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Atualizado até capítulo 79
Comments
Wilma Lima dos Santos
Caramba 😳
2025-01-01
0
Fátima Elizabeth
Eitaaa!!!!🥰
2024-10-21
2
amor por leitura 📚
kkkkk....Vixeeee...
2024-09-24
0