O Justiceiro Em Mim
Um ano antes...
Emanuelle
Cresci num lar onde covardia, inconstância e infidelidade não existiam. Minha mãe me criou para ser forte, destemida e líder. Ela sempre alertou que no meio em que vivemos, eu não podia me mostrar fraca, vulnerável ou exposta. Como filha de chefes mafiosos, vivi sendo cobiçada por muitos políticos, empresários e membros importantes da máfia, seja em Nova York ou na Sicília. Todavia, meu pai sempre me preservou e prometeu que só me entregaria a um homem que fosse de sua completa confiança, e, claro que ele afirmou que jamais me forçaria a casar, se eu não quisesse.
Sempre estive cercada de pessoas e seguranças, mas confesso que mesmo assim, por muitas vezes me sentia solitária. Meus melhores momentos foram trancados no meu quarto, onde de uma forma contraditória me sentia eu mesma e livre. A companhia do meu irmão gêmeo, Lorenzo, também foi o que salvou a minha infância e adolescência. Assim que completei 18 anos, meu pai estendeu os negócios para o Brasil, fui privilegiada de vir junto, onde cursei direito pela USP e fiquei responsável pelos negócios. Durante 4 anos, houve um crescimento extraordinário, expandimos e nos infiltramos de forma acelerada na capital de São Paulo e em muitas outras capitais estratégicas, o que causou inveja e muita cobiça na máfia brasileira.
Eu não sei em que momento me mostrei fraca ou vulnerável, talvez não tenha dado a atenção necessária. Sem que eu notasse ou meus homens de confiança da Itália e de Nova York, caí numa emboscada elaborada.
Era apenas uma reunião de rotina, porém, mais da metade dos homens do Brasil se viraram contra mim.
— Estamos cansados de ser mandados por uma mulher estrangeira que mal saiu das fraldas!
— Não precisamos da Sicília ou dos Estados Unidos mandando em nós!
Fiquei paralisada na cadeira; apenas meus homens me protegiam, mas, eu não era tola, sabia que se todos os brasileiros presentes se rebelassem, seria a minha ruína.
— Você vai sair daqui, Italianinha de merdä! Quem manda aqui sou eu! — o mais ousado que se acha o líder se levantou e me intimidou.
Meus homens tomaram a frente, mas a resposta dos conspiradores foi imediata. Ia ser um banho de sangue, com grande chance de eu sair ferida ou morta. Fiz sinal para os meus homens, que hesitantes baixaram a guarda. Eles desarmaram meus seguranças, tomaram minhas jóias, meu celular, tablet... arrancaram meus sapatos, e me humilharam de forma vil e injusta. Duas mulheres pegaram uma tesoura e uma lâmina, e mesmo sem elas fazerem nada, eu sabia que não sairia dali, até eles me humilharem de todas as formas.
Nesse momento, eu tive que fechar os olhos e buscar a força em meu interior. As vozes dos meus pais encheram minha mente, me encorajando. Respirei fundo e não deixei transparecer o meu medo ou terror.
Com a promessa de retaliação, olhei fixamente nos olhos de quem me atormentava, sem perder a postura e dignidade.
O som de um disparo, fez outros decorrerem, e num piscar de olhos notei que era Rafael com seus homens. Me levantei e com alguns golpes me livrei das mulheres, meus homens entraram na luta e conseguiram dominar alguns. Em minutos, haviam vários no chão, e o que restou, estava sobre o domínio dos homens de Rafael.
Rafael se aproximou de mim, passou as mãos no que restava dos meus cabelos, e seu olhar era tão piedoso e cheio de compaixão, que só então me dei conta do estrago que tinham feito na minha aparência. Nesta hora, eu senti na pele o que é humilhação, baixei a cabeça e não resisti às lágrimas.
— Não faça assim, estes homens estão esperando o seu comando; eu estou a seu comando. — Rafael tocou no meu queixo e levantou meu rosto.
Engoli em seco, suspirei pesadamente e busquei encontrar nos olhos dele, a força que me tirasse daquela situação constrangedora. Chamou dois homens que ficaram do meu lado, se posicionou no lugar mais elevado olhando para todos os traíras, meneou a cabeça em negação.
— Decepção! Essa palavra define o que sinto. Então, a máfia Siciliana e Nova-iorquina investe em nós, nos enriquecendo e fortalecendo, e num pequeno descontentamento, acham que podem agir como os chefes e fazer o que querem! Desrespeitaram a filha do capô, quando só poderiam ter se despedido, mas preferiram fazer uma "festinha" particular, me enviando para uma missão inexistente. Emanuelle Moretti, é a nossa superior aqui, estamos sob às ordens dela. O mínimo exigido é ser honrado e respeitar a hierarquia.
— Não seja um capacho dela! A garota mal completou 20 anos, não sabe nada sobre nosso país e quer mandar em tudo? Abra os olhos Rafael!— o líder do motim esbravejou.
Sem medir esforços, Rafael sacou seu revólver, num único disparo, executou o cara.
— Mais alguém está descontente com a liderança? — Rafael perguntou irônico.
O silêncio foi ensurdecedor; isto foi a nossa resposta. Saímos do lugar, e quando estávamos fora, alguns homens nos abordaram, era a polícia com uma ordem de extradição do país para mim.
Rafael tentou contestar, mas de maneira brusca eles me pegaram.
— Assim não, meu caro. Sou advogado e conheço a lei, ela tem o direito de ir com quem quiser, desde que esteja no prazo. — Rafael protestou.
Mais uma vez, conseguiu me poupar de outra humilhação, me levou até a sua moto e de longe vimos que se tratava de um golpe da máfia brasileira numa tentativa de quebrar os negócios do meu pai.
— Agora não é hora de vingança, precisa voltar para Sicília, um jato está te esperando no aeroporto.— Me forçou a montar na moto e entregou-me um capacete.
Pilotou tão veloz, que rapidamente estava no local indicado, nem havia arrumado minhas coisas, simplesmente subi as escadas do jato sem olhar para trás. Quando sentei na poltrona e fecharam a porta, me dei conta que nem agradeci ao Rafael pelo o que fez por mim. Fui na janela, mas ele já havia montado na moto e saído em disparada. A lembrança dele me invadiu, lembrei-me do homem gentil e cheio de regras que era na primeira vez que o conheci. Entretanto, a perda do seu irmão o transformou num homem frio e sem arrependimentos.
Decolei com a maioria dos que vieram comigo, reclinei a cabeça no encosto e suspirei sem saber o que seria da empresa no Brasil. Mais do que nunca, íamos ter que confiar que Rafael, Wilson e Bianca, cuidariam de tudo.
O primeiro fracasso a gente nunca esquece, embora fosse uma conspiração, sentia como se eu fosse a culpada, por não ter visto, por não ter notado nas entrelinhas... meu pai jamais teria deixado passar despercebido. Sou uma vergonha! Uma decepção!
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Atualizado até capítulo 79
Comments
Fátima Elizabeth
começando 20/10/24 😍
2024-10-21
0
Adriana Santos
Começando a ler dia 12/10/24
2024-10-12
0
Naizete Bezerra
começando 15 082024 ainda triste com a morte do gabe /Rose//Rose/
2024-08-16
1