Rafael
Passar o dia refletindo sobre o meu futuro, foi tão desgastante. As pessoas normais namoram anos, depois ficam noivos por mais alguns anos, para só depois resolverem se casar. Mas eu tinha apenas 24 horas para definir o restante da minha vida, e sinceramente, as 24 horas passaram voando. Não consegui dormir, não teve exercícios, chá, uísque, charuto, que me fizessem relaxar, meu corpo estava tenso e minha mente trabalhando como uma máquina veloz, sem parar. Não vi Emanuelle. Vincenzo passou o dia todo fora com sua esposa e eu me perdi pelas adegas da propriedade, nas comunidades da fazenda, nas plantações de uva e olivais.
Quando fui chamado para o escritório de Moretti, a realidade do que foi proposto me chocou ainda mais. Como definiria meu futuro em 24 horas, sendo que pessoas normais demoram anos para decidir sobre um casamento?(Isso porque se amam).
Sentei na cadeira, Vincenzo me analisava, e até aquele momento não sabia o que deveria responder. Diante do chefe, uma retrospectiva da minha vida passou por diante dos meus olhos, que acabou refletindo para o futuro. Se eu não casar, perco uma porcentagem grande da confiança dele, mesmo que a aliança continue, Vincenzo pode simplesmente desistir do Brasil e retirar todos os seus recursos, o que seria um desastre financeiro da minha empresa, além de não ter os principais meios de fazer a justiça acontecer. Na balança dos prós e contras, os prós com certeza pesavam mais.
Na minha concepção, o perigo estava em me envolver emocionalmente com Emanuelle e acabar prejudicando minha concentração no trabalho, e em tudo que faço. Mas acho que ela entende que vamos ser apenas parceiros de negócios, e se nos mantermos assim, poderá dar certo.
— Então, Rafael, aguardo sua resposta. — Vincenzo finalmente anunciou.
Respirei profundamente e o encarei.
— Me caso com a sua filha, mas antes de oficializar, quero conversar com ela.— declarei.
— Vou chamá-la agora mesmo. Espere aqui.
Vincenzo levantou-se e saiu. Precisava conversar com Emanuelle e esclarecer alguns pontos, quero saber o que ela pensa, como está processando a ideia e tudo mais. Esperei por longos minutos, até que ela entrou no escritório, com seu ar empoderado, andar elegante e olhos frios.
— Me chamou Sr. Salazar? — Sentou-se na poltrona do pai.
Por algum motivo, olhar para ela me causou um frio na barriga e senti que meu coração acelerou, como se fosse a primeira vez que a estivesse olhando.
— Sim, quero conversar sobre a proposta do seu pai. — Tive que juntar todas as minhas forças para mostrar naturalidade.
— Rafael, se aceitou a proposta, não vejo problemas a serem discutidos.
— Mas você aceitou isso sem pressão? Um casamento é tão sério, vai definir o nosso futuro...
— Sei separar as coisas, Rafael. Este casamento é puro negócio, vamos apenas trabalhar juntos e comandar um império no Brasil. Acredito que se soubermos nos respeitar e ter cumplicidade, vamos conquistar muitas coisas. Vamos fazer uma dinâmica, como parceiro de trabalho. Vou deixar claro que não vai ter envolvimento emocional. Não me vejo me apaixonando por você ou por qualquer outro, então já quero deixar claro.
— Perfeito! Estamos entendidos. Seremos parceiros de trabalho e também não estou propenso a me apaixonar, apenas negócios. — levantei e estendi a mão.
— Apenas negócios. — ela confirmou aceitando o cumprimento.
Saí do escritório um tanto satisfeito, pelo menos ela pensa como eu, uma parceria de negócios, não ia precisar deixar meus hábitos ou mudar minha rotina, exceto a minha vida sexual, estou bem ciente das regras da máfia e traição conjugal é intolerável, e mesmo que não fosse, sei respeitar o matrimônio. Depois que saí, Vincenzo me levou para trabalhar com ele, e revelou segredos que me deixou com uma grande responsabilidade. Passamos o dia fora de casa, resolvendo inúmeros problemas que somente o chefe pode resolver. Voltamos tarde da noite, e no caminho Vincenzo resolveu tocar no assunto do casamento outra vez.
— Dei ordens para providenciar o casamento de vocês em uma semana, os advogados já iniciaram o processo.
Apenas assenti, nesse processo Emanuelle vai adquirir cidadania brasileira, mas eu vou adquirir duas cidadanias, americana e italiana, além do sobrenome Moretti, que me incluía no direito de herança como um filho.
— Sabe que de agora em diante, nada de mulheres, já está noivo, não toleramos traições.
— Claro.
— É exigido que tenha pelo menos um filho, para dar continuidade no sobrenome e na família. Também tem o direito de exigir a virgindade da minha filha, isso é uma das regras na máfia e sempre tem aqueles antigos que exigem provas.
— Senhor Moretti, eu realmente não faria isso. Tenho 35 anos, exigir virgindade de uma mulher seria muito machismo da minha parte, sua filha já tem 23 anos. Eu não me importo com isso.
— Eu sei, mas não falo por você, digo para todos os membros da máfia. É uma questão de respeito e honra saber que a mulher que nasceu na máfia não se corrompeu com outros. Vai precisar da prova do lençol, embora seja clichê nos dias de hoje.
Era muito estranho falar sobre isso com o próprio pai da moça em questão. Apenas assenti um tanto constrangido, eu não havia parado para pensar que esta parceria envolveria essa parte do casamento. Eu sou capaz de fazer sexö sem me apaixonar, porém uma mulher é diferente, especialmente se for a primeira vez. Isso me assustou, não posso negar.
— Rafael, não quero parecer rude ou intrometido, mas só peço que não machuque o coração da minha filha, e não tenha atitudes grosseiras com ela. Acho que não preciso entrar em detalhes. Com sua experiência com mulheres, acho que sabe tratar uma virgem, sem causar danos ou constrangimentos. Minha tolerância com estupros e maus tratos com a mulher, é zero.
— Jamais faria isso, senhor. Não sou esse tipo de homem. Mesmo não estando apaixonado ou amando sua filha, vou respeitá-la como se deve respeitar uma esposa.
— Sim, confio em você. Mas de qualquer forma, tinha que avisá-lo sobre isso.
Assenti e comecei a pensar além do "negócio" que seria o casamento, não seríamos como um colega de trabalho, porque conviveríamos todos os dias na mesma casa, além de trabalharmos juntos. Como seria essa convivência? Como seria nossa relação? Eu tenho que comprar um anel de noivado? As formalidades seriam as mesmas?
Definitivamente essa era a mais difícil e dura missão que Vincenzo me pediu, torturar, matar, se tornou tão fácil, agora. Perseguir criminosos, vigiar suspeitos, velocidade alta na auto estrada com minha moto, os treinos ... tudo parecia muito mais fácil do que casar com Emanuelle. Além de casar sem amor, teria que cuidar da filha do meu chefe poderoso e providenciar um filho. Como colocar uma criança nesse mundo? Já estou sentindo falta da vida solitária e sem preocupação. Adeus tranquilidade!
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Atualizado até capítulo 79
Comments
Wilma Lima dos Santos
Oh iludidos
2025-01-01
0
Fátima Elizabeth
Estou adorando 😻
2024-10-21
2
Jucileide Gonçalves
Calma Rafa, vai acabar sendo bom.
2024-07-14
3