Capítulo 11

Freya...

Apollo dormia tranquilamente em meu colo enquanto eu lia um livro na falha tentativa de distrair minha mente de tudo que eu fiquei sabendo por Loki e sua família. Eu não havia conseguido dormir. Depois de fazer amor comigo por duas vezes, Apollo despencou exausto na cama e embora eu também estivesse cansada e meu corpo protestasse por descanso, a minha mente era um turbilhão de informações que eu não conseguia evitar. Eu tinha muito no que pensar, decisões a tomar e assuntos para resolver comigo mesma, mas eu não queria começar a fazer isso agora. Eu havia aceitado o pedido de casamento de Apollo, mesmo tendo entrado em pânico quando ele se ajoelhou na minha frente e fez o pedido, ali, no silêncio do meu quarto eu aceitei seu pedido e estava feliz por isso. Eu o amava e queria passar a eternidade com ele, e essa era a única certeza que eu tinha em minha nova vida imortal. Ainda assim, existia uma pequena parte de mim que dizia que esse não era o momento, não agora, não enquanto existe um perigo eminente ao sul, não enquanto existem coisas sobre mim mesma das quais eu ainda desconheço, não quando ainda existem tantos segredos entre nós dois.

Não falar sobre o que descobri no Reino de Inverno não foi uma decisão difícil. Apollo já estava obcecado o bastante e isso só o deixaria ainda mais. Aaron acha que tem uma solução e mesmo eu sabendo que ele não é de confiança, eu acreditava que ele a encontraria. Eu vi sua família, vi a forma como se tratam, vi um lado dele e daquele lugar que eu não imaginei ser verdade e sei que ele vai fazer o possível para salvar aquelas pessoas, era nisso que eu confiava. E ainda tinha meus poderes, ou meus possíveis poderores. Andreas disse que Apollo acredita que eu possa ter algo, Aaron também acredita que seu acordo foi manipulado e que o espelho me deu algum tipo de poder, mas eu não sentia nada de diferente além daquilo que eu já havia me acostumado em relação ao meu novo corpo imortal. Se eu era de fato o motivo ou a única chance de acabar com essa nova ameaça, eu teria que aprender mais sobre tudo, mas principalmente sobre mim. Eu teria que de alguma forma, acessar esse poder e aprender a lidar com ele para usá-lo ao meu favor e eu queria aprender isso com Apollo. Quero que ele me ensine, me guie e me mostre.

Eu estava disposta a confrontar ele sobre meus poderes, pedir que ele me contasse sobre eles, que ele me ensinasse a acessá-lo e usá-lo ao meu favor. Estava disposta a fazer ele me contar tudo sobre esse lado da muralha, tudo aquilo que não podia encontrar em livros, tudo aquilo que eu precisava saber sobre meu novo povo, sobre minha nova terra. Também estava disposta a pedir que ele cuidasse das minhas irmãs, se existia uma ameaça do lado humano da muralha, eu não quero minhas irmãs perto disso. Mas também não posso trazê-las para cá, não posso arriscar com todas as criaturas que existem nesses bosques e florestas, com todos os Salandrianos que ainda odeiam os humanos e estão dispostos a fazer coisas terríveis com eles, não podia arrasta-las a força para cá, não quando elas deixaram claro que a vida delas é do lado humano e que eu não posso impor a ela uma vida aqui assim como foi feito a mim.

Não fui o único a fazer acordos dos quais não concorda. As palavras de Aaron ainda pairavam sobre mim fazendo um peso invisível sobre meus ombros. Eu não sabia do que ele estava falando, e talvez fosse apenas para causar discórdia entre eu e Apollo, mas uma parte de mim queria confrontar Apollo sobre isso também, mesmo sabendo que se for verdade, ele não me contaria, assim como não me conta sobre muitas coisas que vem acontecendo nos últimos cinco meses.

Duas batidas fracas na porta me fizeram dar um leve salto. Apollo se remexeu e balbuciou algo quando afastei seu braço pesade de cima de mim e com cuidado coloquei sua cabeça sobre o travesseiro. Ele me contou na noite anterior que mal dormiu nesses últimos sete dias e eu não queria acorda-lo. Vesti um robe longo de cetim verde-água e o amarrei afastando o cabelo do rosto e indo até a porta. Andreas que já parecia acordado a bastante tempo estava parado com os braços para trás e uma expressão nada divertida. Analisei as roupas formais demais que ele usava e as duas sentinelas atrás dele e sai quarto fechando a porta. Ele me analisou de cima a baixo e dispensou as sentinelas que partiram sem olhar para trás.

— Desculpe acorda-la...

— Não me acordou. Porque está vestido assim? — Falei apontando para as roupas de festa que ele usava e ele seguiu meu olhar e sorriu.

— Tenho assuntos de emissário para resolver no Reino de Outono. Só vim avisar a Apollo sobre minha partida e resolver os últimos detalhes.

— Ele ainda está dormindo. Mas posso deixar o recado se preferir — Ele negou rápido demais para ser casual e pigarreou ao notar meus olhos se estreitando para sua reação.

— Não é necessário, falo com ele quando voltar. Desculpe mais uma vez — Ele começou a sair, mas antes que pudesse dar outro passo eu o chamei. Ele se virou para mim e voltou alguns passos parando na minha frente outra vez.

— Eu estive pensando sobre os poderes que vocês acreditam que eu tenho. É possível que eu consiga acessá-los de alguma maneira? — Ele se mexeu desconfortável e olhou para a porta além de mim, como se pudesse ver seu irmão lá dentro. Dei um passo cobrindo seu campo de visão e ele me olhou negando.

— Eu acho melhor você conversar com Apollo sobre isso — Suspirei sabendo que Apollo me daria ainda menos respostas que ele — De qualquer forma, se esses poderes existirem, você os sentirá uma hora ou outra. Mas não posso te ajudar com mais nada — Suspirei e concordei. Ele se despediu outra vez e seguiu pelo corredor descendo as escadas e sumindo do meu campo de visão.

Entrei no quarto fechando a porta atrás de mim e tirei o robe parando na frente do espelho quando meu reflexo chamou minha atenção. Meu corpo havia mudado muito desde que vim para cá. Naqueles primeiros meses aqui, eu havia recuperado todo o peso que os anos de fome me tomaram e meu corpo havia ganhado curvas, formas e volume. Mas todo esse peso se foi quando fiquei presa naquela cela por meses, e ainda não havia recuperado nada do que havia perdido, mesmo já tendo se passado cinco meses. No começo, eu achei que a falta de apetite fosse algo relacionado ao meu novo corpo, mas então eu percebi que não era por isso. Todas as vezes que tentava comer, as imagens da comida podre daquele lugar invadia minha mente e meus sentidos fazendo meu estômago revirar e a fome me fugia. Eu estava magra, muito magra. Com uma aparência cansada, olheiras e os sucos do rosto marcados, parecia mais velho do que realmente sou, os ossos começavam a despontar nos meus olhos e no meu quadril. Suspirei me analisando e então meus olhos se fixaram na tatuagem preta e delicada que subia por toda a extensão do meu braço esquerdo, das mãos até os olhos onde se desfazia. Encarei as espirais e os desenhos de neve e estrelas que se entrelaçavam formando um desenho única, a marca do meu acordo com Aaron, o que me mantinha presa a ele fisicamente e mentalmente. Vi Apollo se mexer pelo reflexo do espelho e desviei minha atenção para ele, caminhei até a cama e analisei seu corpo nu em busca de alguma marca que demonstrasse algum acordo, mas não havia nada além das cicatrizes em suas costas e braços. Balancei a cabeça afastando esses pensamentos e deitei ao seu lado puxando o lençol. Ele me agarrou pela cintura e beijou meu ombro se aninhando a mim. Relaxei o corpo e me permitir fecha os olhos e tentar dormir um pouco.

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