Freya...
O sol ainda não havia nascido, mas já era quase hora de voltar para casa. Eu ainda estava no sofá da sala, lugar que eu estive sentada nas últimas cinco horas absorvendo tudo que Aaron me contou. O acordo que fez com o espelho para me proteger, o acordo que ele teve que me convencer a fazer para ligar a mim e a ele para que eu ficasse viva, o sacrifício que ele se recusa a contar qual foi, o motivo para tudo isso que ele também se recusa a me contar. Eu ainda estava ligando os pontos, entendendo a história, principalmente a parte que Athena disse ser impossível Apollo não saber sobre isso. Eu não queria acreditar que ele possa ter escondido de mim que estávamos em perigo, que minhas irmãs estavam em perigo. Mas isso explicaria muitas coisas nos últimos cinco meses. Sua super proteção, sua obsessão pelos apoiadores de Cassandra, as saídas misteriosas dele e de Andreas, os cochichos, as discussões no escritório e todos os segredos que ele vinha escondendo de mim, isso explicaria tudo.
Eu ainda usava a roupa que Edda deixou para mim e não me importei em trocar para o vestido que usava quando fui arrastada para esse lugar. Aaron partiu com os irmãos, mas disse que voltaria para me atravessar de volta para casa, e embora ele ainda não tenha aparecido, eu sei que irá cumprir com sua parte do acordo, pelo visto, é a única coisa na qual posso e consigo acreditar no momento. Estava olhando a tatuagem em meu braço quando ele surgiu em meio as névoas e caminhou na minha direção.
— Pronta para ir para casa? — Me levantei antes que ele chegasse ao sofá onde eu estava. Ele me olhou por um tempo — Tem certeza que é uma boa ideia aparecer com isso? — Ele apontou para as roupas que eu usava e dei de ombros.
— Não me importo, só quero ir para casa — Ele travou a mandíbula e sua expressão se tornou séria e sombria.
— Acredite, eu não sou o único que fiz acordos dos quais você não gosta — Ele falou em um tom ríspido e cheio de mágoas, olhei para ele confusa.
— Do que está falando?
— Não importa, você saberá de uma forma ou de outra.
Ele não me deu espaço para questionar e logo se colocou ao meu lado segurando minha cintura com firmeza. Respirei fundo me preparando, a névoa e a escuridão nos envolveu, o ar gelado e vazio fez meu corpo se arrepiar e então o calor me atingiu. A claridade cegou meus olhos e o sopro quente da brisa de primavera trouxe consigo o cheiro das flores do jardim. Os sons dos pássaros, cavalos e das árvores balançando com a brisa suave chegaram até mim, como uma música e sorri levantando o rosto para o céu e apreciando o sol em minha pele. A voz de Apollo ecoou longe e antes que eu pudesse nem sequer olhar de onde vinha, ele e Andreas já estavam ao meu lado. Apollo me emburrou para trás e se colocou entre mim e o Rei de Inverno que nos observou calmamente com as mãos no bolso. Ele sorriu olhando diretamente para Apollo e falou sem desviar os olhos do macho loiro na minha frente.
— Nos veremos novamente mês que vem — Ele então olhou na minha direção — Eu mal vejo a hora — Apollo e Andreas grunhiram em uníssono, mas Aaron ignorou isso e sumiu no meio da sua névoa. Apollo se virou para mim e segurou meus braços analisando cada parte de mim.
— Ele fez alguma coisa com você? Ele te tocou? Se ele tocou em você eu vou...
— Fica calmo, ele não fez nada comigo — Segurei seu rosto com as mãos em concha e ele fechou os olhos apreciando o toque, sua barba fez cócegas em minhas mãos — Ele foi... gentil — Foi tudo o que eu consegui dizer, mas foi o bastante para Andreas bufar ao nosso lado.
— Nada sobre Loki ou aquele Reino é gentil — As palavras tinham tanto ódio e desprezo que preferi não responder. Apenas me aproximei mais de Apollo e juntei nossas testas.
— Senti sua falta — Ele segurou minha cintura e me puxou para perto juntando nossos lábios.
Retribui seu beijo sem exitar ou me importar com Andreas a poucos metros nos observando. Uma semana longe, uma semana pensando nele, eu precisava sentir um pouco dele para acreditar que realmente estou em casa. Ele deu um selinho em meus lábios e beijo minha testa antes de segurar minha mão e caminharmos para dentro da casa. Seguimos para a sala de jantar e fomos seguidos por Andreas que tomou seu lugar de sempre. Apollo fez um gesto com as mãos e um mapa surgiu no meio da grande mesa de jantar, um mapa de Salandria eu reconheci. Olhei para eles confusa e então Apollo apontou para o Reino de Inverno.
— Preciso que nos conte exatamente o que viu e ouviu lá — Olhei para os machos a minha frente buscando alguma pontada de humor, mas ambos estavam sérios, me encarando.
— Isso é uma piada não é? Acabei de voltar e vocês querem que eu seja espiã? — Questionei afastando o mapa para longe de mim, Apollo respirou fundo se jogando na cadeira, mas foi Andreas quem respondeu.
— Não sabemos se vamos conseguir desfazer o acordo até o mês que vem e se não conseguirmos, se algo acontecer a você lá, precisamos saber como encontrá-la — Ele apontou para o mapa novamente — Esse Reino é o único do qual não sabemos quase nada, não sabemos como entram ou saem de lá, não conseguimos atravessar lá para dentro e a não ser que eles voem, não sabemos como entrar se algo lhe acontecer.
Engoli seco ao notar o quão pouco eles sabiam sobre o Reino de Inverno. Eu não sabia porque todos conheciam Aaron como Loki, não havia questionado isso e duvidava que ele me contaria um dia. Eles não sabiam das asas de Aaron e de seus irmãos — que eu vi pela primeira vez algumas horas antes, quando a reunião acabou e todos eles, com exceção de Edda e Athena voaram varanda afora. Me questionei se deveria contar isso a eles, mas as palavras de Aaron ecoaram na minha mente como um aviso. Não fui o único a fazer acordos dos quais não gosta. Eles estavam se referindo a Apollo, eu sabia disso, mas não sabia do quê estavam falando. Se eu contasse a eles sobre as asas, sobre o perigo que eles provavelmente já sabem ou sobre minha possível ligação com tudo isso, o que eles fariam com essa informação? Eu não queria ser trancada ainda mais nesta casa e não daria a Apollo mais motivos para isso. Respirei fundo e apontei no mapa para um conjunto de montanhas.
— Ele me atravessou direto para uma dessas montanhas onde fica sua residência. Fiquei lá a semana inteira com duas empregadas, mal o vi pela casa. Fiquei a maior parte do tempo sozinha na biblioteca — Não era exatamente uma mentira, mas também não era a verdade.
— Não viu ou ouviu mais ninguém na casa? Nada que possa nos ajudar? — Apollo questionou e neguei desviando o olhar do mapa.
— Eu estou cansada, posso tomar um banho e descansar? — Apollo apenas concordou e se levantou para me acompanhar.
— Vou mandar queimarem isso que está vestindo...
Não respondi ao que ele disse. Não queria iniciar outra discussão, estava cansada demais e feliz por estar em casa para brigar por roupas. Chegamos ao meu quarto e a diferença de tamanho me assustou, ele parecia tão pequeno e escuro em comparação com o meu quarto lá que meu corpo se encolheu. Apollo não pareceu notar quando foi até o banheiro e ligou a água para encher a banheira enquanto eu ia até à cama e me sentava ali. Ele por fim voltou e parou diante de mim se ajoelhando na minha frente, ele envolveu minha cintura com os braços e colocou a cabeça na minha barriga.
— Quase enlouqueci nesses últimos dias sem você aqui — Sua voz era um sussurro abafado pelas minhas roupas. Levei as mãos até seus cabelos e deslizei meus dedos pelos fios dourados, seu corpo estremeceu.
— Eu estou aqui — Foi tudo o que consegui dizer. Ele me apertou mais contra ele e sorri lembrando do pedido que me fez, que eu não tive a chance de responder. Levantei seu rosto e observei aqueles belos olhos verdes — A propósito, eu aceito seu pedido — Seus olhos brilharam ainda mais e ele sorriu, um lindo sorriso largo que arrancou de dentro de mim, por agora, todas as preocupações.
— Eu te amo — Foi tudo o que ele disse antes de avançar na minha direção me fazendo cair deitada na cama, ele se colocou sobre mim e beijou meus lábios com carinho.
— Eu também amo você.
Ele me beijou novamente, mas desta vez com uma urgência avassaladora, suas mãos começaram a explorar minha cintura e quadril. Deslizei as mãos pelos seus braços até seu peitoral desabotoando a camisa verde-musgo que usava e prendi minhas pernas em sua cintura. Ele grunhiu meu nome em meus lábios quando rocei minhas unhas em seu peito e apertou meu quadril investindo seu corpo contra o meu, me fazendo senti o quanto ele me queria. Um gemido escapou dos meus lábios quando ele desceu os beijos pelo meu pescoço até entre meus seios. Deixei que ele explorasse meu corpo com suas mãos, sua boca e sua língua. Deixei seus beijos me dominarem, o calor do seu corpo me cercar, deixei que o desejo tomasse todo o meu corpo e me entreguei as sensações dele em mim. Deixei que ele me fizesse esquecer do mundo ao nosso redor.
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Atualizado até capítulo 45
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