Capítulo 8

Freya...

Não sai muito do quarto nos últimos três dias — ou pelo menos —, no que pareceu ser os últimos três dias. Era difícil saber com a noite constante e a falta de relógios pela casa. A família de Aaron não apareceu mais por aqui, nem mesmo ele que sumiu depois do jantar do primeiro dia e não surgiu mais. Minhas únicas companhias eram às duas empregadas que ele mandou para cuidar das coisas, elas não falavam comigo e quase nunca permaneciam mais de um minuto no mesmo local em que eu estivesse. Não era ruim, eu gostava de não ter que lidar com Aaron, ou seja, lá, quais são os seus joguinhos. Tive tempo para explorar a casa e descobri que ela é maior que eu imaginei. Com exceção dos quartos, eu explorei cada parte da casa.

Descobri uma biblioteca enorme com uma variedade de livros gigantesca, títulos que eu nunca vi, nem mesmo na biblioteca de Apollo, peguei um para lê enquanto estiver aqui. Também descobri um ringue de treinamento do lado de fora, a céu aberto, embora a neve e os ventos não alcancem o lugar, a vista e a sensação que aquele lugar em trouxe vai ficar marcado em mim para sempre. Também descobri uma espiral de escada que pareciam não ter fim, não me arrisquei para ver o que havia no fim dela, mas algo dizia para eu tentar. Também descobri uma porta trancada que me chamou a atenção, era a única porta da casa selada com magia e isso aguçou minha curiosidade, embora eu imagine que ninguém me contara o que há do outro lado.

Fiquei uma longa hora deitada, olhando para o teto e imaginando como estariam as coisas em casa. Eu nunca havia visto Apollo tão furioso, tão preocupado desde Cassandra e toda aquela confusão. Eu quero que ele arrume uma forma de acabar com esse acordo que eu estupidamente concordei, mas também tenho medo que isso comece um problema muito maior. Andreas já me falou sobre as consequências de tentar desfazer um acordo antes de cumpri-lo, de como isso acabou mal para os que fizeram o acordo e para os que tentaram impedi-lo. Eu não queria que ele sofresse as consequências das minhas decisões estúpidas. Fui idiota ao acreditar que Aaron faria algo além do próprio interesse, fui idiota ao pensar que ele seria honesto sobre o acordo, agora estou nunca situação da qual não posso sair. Se pelo menos, for sempre assim — eu sozinha neste lugar — talvez eu consiga suportar uma semana todos os meses aqui.

Levantei depois de um tempo e olhei para o livro que peguei na biblioteca, peguei o mesmo e caminhei até a varanda sentando em um dos sofás que havia ali, abri o livro e mergulhei na história sem me importar com os minutos e as horas que se seguiram depois disso. Estava tão distraída com o conteúdo que não notei a sua aproximação até que ele falou me fazendo pular do sofá com a mão no peito.

— Está lendo pornografia? — Olhei para ele controlando minha respiração e fechei o livro enquanto ele ria da minha cara — Não precisa ficar com vergonha, embora eu ache que praticar é melhor que ler — Senti minhas bochechas esquentarem com seu comentário e fechei a cara para ele enquanto caminhava até o outro sofá.

— O que está fazendo aqui?

— É a minha casa se me lembro bem — Ele estalou os dedos e um copo de uísque surgiu na sua mão, ele bebeu de uma vez e o copo se encheu novamente.

— Sim, mas essa é a varanda do quarto que diz ser meu, porque está nela? — Ele ponderou e então desviou o olhar para a montanha ao lado respirando fundo.

— Queria ver se não havia se jogado daqui lá embaixo — Ele bebeu mais um pouco. Estreitei os olhos e soltei uma risada de escárnio.

— Não sou suicida e mesmo se fosse, essa barreira me impediria.

— A barreira não te impedi de sair, só impedi que o vento e a neve nos façam congelar — Ele se levantou e arrumou a roupa.

— Ficará para o jantar ou já vai embora novamente?

— Está sentindo minha falta senhorita Freya? — Ele me olhou com aquele sorriso sarcástico e bufei desviando os olhos.

— Não seja ridículo, só estou curiosa para saber se terei um bom jantar ou terei de aturar sua presença — Ele esticou o copo e as enormes asas surgiram atrás dele, como se estivessem escondidas sob as roupas pretas e elegantes.

— Tenho que resolver algo, mas volto para o jantar — Ele não me olhou quando saltou para o seu como uma flecha.

Pulei do sofá acompanhando seus movimentos no céu, ele girou uma vez e se colocou de pé enquanto plantava acima de mim. Olhei boquiaberta para a cena e então ele voou para longe, para baixo, como um raio negro indo em direção ao chão. Era como se o vento e a neve não o tocasse, como se o céu não fosse o seu limite. Perdi ele de vista entre a neblina densa e só então percebi estar prendendo a respiração. Eu nunca havia visto algo tão incrível, mesmo Apollo em sua forma bestial não era capaz de alcançar tamanho poder.

Fiquei mais um tempo lendo, ou melhor, tentando me concentrar no livro, embora minha mente estivesse repleta com as imagens daquelas asas batendo livremente no céu. Uma das fêmeas empregadas que eu ainda não sabia o nome entrou no quarto com umas peças de roupa e as deixou sobre a cama, disse que a senhorita Essa havia mandado, embora eu não a tivesse visto ou ouvido pela casa. Ela saiu antes que eu pudesse fazer qualquer pergunta, caminhei e peguei as roupas a analisando, era bem semelhante as que ela usava no dia que a conheci, embora a blusa fosse menos decotada e em um tom de azul-marinho. Deixei o livro sobre a cama e preparei um banho para mim, depois vesti a roupa que Edda havia mandado e desci as escadas com cuidado, embora meu equilíbrio estivesse muito melhor do que era a algumas semanas atrás. A mesa estava posta e apenas às duas fêmeas estavam lá, elas fizeram uma pequena reverência quando me viram se aproximar, retribuí com um sorriso gentil e caminhei as janelas de vidro apreciando a paisagem de tirar o fôlego. Três dias aqui e eu não estava acostumada com ela, acho que nem mesmo se eu ficasse aqui para o resto da vida, me acostumaria.

— Se quiser uma casa de inverno aqui, fique a vontade, embora eu ache que Apollo não vá aprovar — Saltei ao ouvi-lo, eu não o vi ou senti cheiro, não sabia como ele conseguia ser tão silencioso a esse ponto. Ele enfiou as mãos no bolso e pigarreou apontando para a cadeira diante da dele.

— Não quero ficar aqui mais do que o acordo exige — Respondi caminhando até a cadeira e me sentando nela. Ele fez o mesmo e começamos a nos servir em silêncio.

— Ouvi você ontem a noite, gritando...

— Não quero falar sobre isso — O interrompi antes que falasse sobre aquilo.

Eu não queria conversar com ele sobre meus pesadelos, não queria conversar sobre como acordei ontem aos berros sentindo minha garganta se fechando após sonhar com as garras daquela criatura alada em meu pescoço. Não quero conversar sobre como cai da cama e me arrastei até o banheiro onde vomitei todo o jantar. Não queria falar com ninguém sobre essas imagens que tiram o meu sono todas as noites desde que voltei daquela maldita floresta dos pesadelos. Ele respirou fundo.

— Desculpe — Olhei para ele quando o ouvi e então desviei o olhar para o meu prato.

— Não sabia que tinha voltado ontem — Foi tudo o que eu consegui dizer, foi tudo no que consegui pensar para evitar aquele assunto. Ele pareceu notar minha tentativa de fuga.

— Eu não voltei — Arqueei uma sobrancelha para ele.

— E como soube do...

— Eu ouvi você...

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Comments

corrinha

corrinha

então deve saber que são todas as noites e qual o sentido desses pessade- Los será se Cassandra de algum jeito está viva e atormentando a coitada?

2023-11-19

2

corrinha

corrinha

coisa sem sentido reinvidica a prece nas dela no jantar de noivado e depois abandona a coitada por três dias com empregadas

2023-11-19

2

corrinha

corrinha

gosto do luki ele é engraçado introvertido leve

2023-11-18

3

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