Capítulo 20. Aquecendo a Alma

Depois do porre com os amigos, Marconi passou o sábado de ressaca. Dormiu a manhã inteira e de tarde tentou se livrar de todo o whisky que bebeu, correndo na esteira, pedalando e andando, como gostava de fazer. Enquanto nadava, pensava no que faria para livrar sua mente da obsessão em que estava vivendo.

Resolveu aceitar o conselho de Clayton e se afastar um pouco, para ver se acalmava sua ansiedade em estar com aquela mulher. A noite saiu para jantar fora e deu uma volta pelo shopping, talvez, estando no meio de muita gente, não pensasse nela.

*

Depois da conversa do dia anterior, Klarice e Norma tomaram umas cervejas e depois que Norma pegou um táxi para casa, Klarice foi dormir. Assim como Marconi, levantou tarde, tomou um café caprichado, comento os canoles e croissants que sobraram do dia anterior.

Aproveitou para ver como estavam as fofocas na internet e achou a foto do beijo deles, linda. Salvou e deixou como fundo de tela de seu computador. Foi se arrumar, para se encontrar com Antonia e Norma, para irem ao cinema, já que o dia estava fechado e poderia chover.

Ela pegou Norma e as duas se encontraram com Antonia no shopping. Foram ao cinema e depois à praça de alimentação. Quando escolheram o restaurante onde queriam comer e iam entrar, apareceu uma mulher enlouquecida e do nada, deu um tapa no rosto de Klarice.

Era Melissa.

Klarice não conseguiu desviar ou se defender, pois não viu de onde veio. Mas Antônia e Norma viram e seguraram a maluca que gritava:

— Sua vadia, destruidora de vidas! Foi por causa de você que eu perdi tudo, sua causadora de caos.

Elas estavam entrando no restaurante e Melissa estava saindo acompanhada por Clive. Então os seguranças do shopping, seguraram Melissa pelos braços e Clive na mesma hora, impôs seus conhecimentos de advogado.

— Cuidado com o excesso de violência, não houve denúncia e ela já se acalmou. Soltem-na.

— Não, essa louca me agrediu e tenho direitos também, afastem ela de mim e você Clive, não dê uma de advogado cheio de autoridade, porque você é um fraudador ladrão.

Rapidamente juntou uma multidão, filmando e fotografando, percebendo quem eram. Clive olhou para ela com olhos arregalados e ameaçou:

— Você está me caluniando, posso te processar!

— Processe, vou ganhar um bom dinheiro de indenização. Tenho provas, não  sou como você. Não sei como pude confiar em você.

Klarice parecia ter deixado vir à tona, todo o estresse e irritação que passou desde a morte do pai e não suportava mais engolir sapo.

— Vamos sair daqui, Klarice. — disse Norma.

Melissa começou a xingar novamente e outro tumulto iniciou, Marconi havia chegado ao shopping e andando pelas lojas, passou em sua joalheria preferida e comprou um anel de noivado. Gostava de ser prevenido e mesmo não tendo uma posição favorável de Klarice, sonhava em casar com ela.

Prosseguiu andando para a praça de alimentação, quando viu o tumulto e logo o avistaram e mesmo sem ele saber o que era, as pessoas que o reconheceram das redes sociais, abriram caminho para ele passar e só quando se aproximou da causa do tumulto, que viu que Klarice estava ali, assim como Melissa, que gritava e Clive, que batia boca com Klarice.

Isso deixou ele furioso e se adiantou, calmamente, colocando-se ao lado de Klarice, encarou o casal afrontoso e ordenou:

— Chega! Esse shopping tem câmeras e toda essa ceninha de vocês está gravada e me dá respaldo para os processar. Seguranças, levem-os para fora do shopping e serão pessoas "non" gratas aqui. — ordenou.

Os seguranças obedeceram e logo o tumulto acabou, pois, Marconi levou Klarice, Norma e Antônia, para dentro do restaurante e pediu que fechassem a entrada para outras pessoas. Reservou todo o restaurante só para eles e assim puderam comer em paz.

— Esse restaurante também é seu, Marconi? — perguntou Klarice.

— O shopping é.

— Você é dono da cidade, afinal?

— Não, só de comércios que ajudem aos hóspedes dos hotéis. — disse ele, friamente, mantendo-se distante como decidiu fazer.

Klarice estranhou a distância e frieza dele, mas se manteve em seu comportamento normal. Terminaram de comer e ele perguntou se queriam que ele as levasse, elas negaram e ele se despediu e foi embora.

— O que deu nele? — perguntou Norma.

— Acho que ele só fica romântico na frente das câmeras. — disse Klarice.

— Não se engane, nenhum homem presta. Esse aí, então, é um dissimulado. A fama dele sempre foi de ser frio e cruel, sem pena de ninguém. Depois que te encontrou, ele mudou, uma noite não foi suficiente, então ele continuou te perseguindo, mas percebeu que você é durona e parece ter desistido.

Klarice não queria mais falar no assunto. Havia começado a descobrir que tinha sentimentos por ele, até o beijou pela primeira vez e ele só estava fingindo para o paparazzi. Não valia a pena se entregar. Esperaria por um homem que a amasse de verdade e a quem ela pudesse amar sem restrições.

As três foram embora, cada uma com seus pensamentos. Saíram para se distrair, mas pessoas más e invejosas, sem emoções boas no coração, quase estragaram tudo. Ficou um resquício de alegria, pelo filme que assistiram, mas o restante foi irritante e até o marido de Norma percebeu que ela não estava bem e lhe fez uma massagem.

Marconi chegou em casa com um aperto no peito, tudo que queria era estar com sua Klari, mas precisava que ela gostasse dele, tanto quanto ele gostava dela. 

— Não posso ficar aqui, tão perto dela, está na hora de fazer um tour pelos hotéis, para ver se está tudo bem e ver se os quadros chegaram e foram colocados no lugar certo. É isso, está decidido, vou amanhã mesmo.

Enquanto isso, Klarice desabafava a sua decepção, em uma tela, com cores fortes, que gritavam sua revolta pelo roubo de algo que nem ela sabia o que era exatamente, só sabia que lhe foi roubado e fazia falta.

Eram as batidas de seu coração apaixonado, que sentia falta de seu amado.

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