Capítulo 13. Novela

Marconi observou Klari correr para casa, depois de se assustar por corresponder ao beijo e o empurrar. Foi para sua cobertura satisfeito e resolveu dar um tempo a ela para absorver a emoção causada pelo beijo. Dormiu como não fazia desde a primeira noite que passou com Klari.

Amanheceu um dia chuvoso e escuro, como se avisasse sobre a tormenta que estava chegando. As plantas no terraço, agradeciam e Klari suspirou agradecida por ter protegido tudo no terraço, incluindo suas telas novas. Decidiu ficar em casa, descansando de todo o estresse dos últimos dias.

Preparou seu desjejum e estava comendo, quando o desassossego começou. A campainha começou a tocar, ao mesmo tempo que o celular e logo após, ouviu uma batida de Norma, avisando que queria entrar.

Klarice abriu a tranca, sem atender ninguém, tinha o direito de terminar seu café.

— Bom dia, Norma! Viu quem insiste em manter o dedo na minha campainha?

— Bom dia, querida. Desliga logo, pois é a imprensa. Foi isso que vim te dizer, achei que ainda não sabia.

Klarice foi até o painel da campainha e desligou, também desligou o celular, enviando um aviso para o advogado, com seu endereço para comunicação visual online.

— Mas o que foi que aconteceu?

— Um site de notícias iniciou uma novela, hoje e prometeu postar um capítulo por dia do romance do momento: o grande CEO Gregorius e a artista plástica. Aqui, beja o primeiro capítulo.

Klarice pegou o celular de Norma e viu a capa do folhetim. Era uma revista digital. Contava um pouco da vida dos dois e sua aparição como casal, no baile em que foi acompanhá-lo. Continha fotos muito boas, inclusive deles saindo juntos e indo para o apartamento dele.

Os olhos dela ficaram vermelhos e se encheram d'água. Não conseguiu conter as lágrimas e ela rolaram por seu rosto. Caiu sentada no sofá, apática.

— Tudo que fiz para preservar minha reputação, foi para o ralo em alguns instantes, estou arruinada.

Norma ficou penalizada pela amiga e o cheiro da casa não ajudava. Etam as rosas secas, com a água velha que as mantinha.

— Desculpe, querida, mas não vou deixar você se abater por causa de pessoas inescrupulosas, que invadem a privacidade dos outros, só para chamar a atenção. Primeiro, vou fazer uma limpeza nesse ambiente e você, termine seu café, ainda não é o fim do mundo.

Com a firmeza de Norma, klarice se aprumou e obedeceu. Fingiu que nada aconteceu e o silêncio, após desligar a campainha e o celular, conseguiu deixar o mundo do lado de fora. Terminou de tomar o café e se animou, com Norma, para fazer uma limpeza na casa.

O serviço prático e físico, um ajudou a manter a mente focada e não pensar nas consequências das matérias. Quando terminaram, já havia passado a hora do almoço e Norma desceu para a loja e pediu comida para elas. Assim, driblou os repórteres e curiosos doidos para fotografar e postar na internet algum furo.

Subiu com a comida e achou por bem, pedir ajuda a polícia, ligando para a mesma delegacia do dia anterior. O dia não dar um resultado muito bom, já que a polícia não era obrigada a agir como segurança delas, mas com certeza, o tumulto estava atrapalhando o trânsito na rua e o comércio local.

— Aqui está, vamos almoçar. Pedi massa, já que gastamos bastante caloria. Também avisei a polícia do tumulto atrapalhando o tráfego e o comércio. — contou Norma.

— Excelente, tomara que desistam até sexta-feira.

— Meio difícil, já que é uma novela diária, vai se saber o que vão publicar. Fale com seu advogado.

— Não é culpa minha que isso está acontecendo, me empresta seu celular.

— Vai ligar pra ele? O número está nos contatos.

Klarice encontrou o número e ligou, antes que falasse alguma coisa, ele falou, apressado:

— " Oi, Norma, como ela está? "

— Estou bem, depois de desligar campainha e celular.

— " Ah, é você? Desculpe, tentei te ligar assim que vi a tal novela. Já tomei medidas para tirar do ar e processar o autor. Infelizmente, isso só fez com que eles publicassem o restante da novela, todo de uma vez,com medo de serem apagados, sem aproveitar as propagandas. "

— Era só isso que eu queria saber. 

Mais uma vez, Marconi ficou olhando para o celular. Romão já tinha acessado a equipe de TI da empresa e todos estavam focados em minimizar ao máximo, os efeitos daquelas notícias.

— Ela desligou, de novo?

— Sim, estava calma,mas com certeza está furiosa. Não sei se chegou a ver o restante da publicação. Eles fizeram um trabalho de investigação minucioso. Não é pejorativo, é romântico, mas não é verdade e só atrapalhou minhas tentativas com Klari.

Marconi sentia-se culpado, pois era a ele que perseguiam o tempo todo e esqueceu-se desse detalhe, permitindo que Klari fosse envolvida nessa exploração de suas imagens e privacidade.

— Não é o fim do mundo, pode até ser bom para vocês se unirem mais. — sugeriu Romão.

Marconi não contou para Romão O que aconteceu na noite do baile, quando teve sua primeira noite com Klari e depois descobriu que ela era virgem.

— Você não compreende porque não sabe tudo, descobriu pelo tablóide. Mas na nossa primeira noite, ela perdeu a virgindade. Isto significa que ela é uma pessoa que preza por sua conduta moral e com certeza, não queria ver sua intimidade aberta para todos.

— Uau, uma mulher de 25 anos, que se guardou para seu marido. Então, você devia ter pedido ela em casamento.

— Foi o que eu pensei, mas preferi conquistá-la primeiro Com certeza, ela não aceitaria se casar, sem estar amando a pessoa.

— Então, o que não tem remédio, remediado está. Só nos resta esperar.

*

Melissa estava desempregada e com muita raiva de Marconi. Leu a matéria sobre ele e a pintora e quando chegou ao final, quando eles estão na porta da delegacia, terminam esclarecendo o porquê estavam ali e mencionaram o nome de Clive Norton.

— Que tal uma visitinha, querido? Prometo lhe dar muito prazer.

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