Acordar e ver o Miguel deitado ao meu lado, amenizou um pouco o aperto no peito.
Deveria ter resistido e dito não, mas não o fiz.
Permiti que me tomasse, que despertasse meu corpo com seus toques, beijos e carícias.
Com ele tudo são intenções, surreal. Não consigo descrever o que sinto ao seu lado.
Mas também me sinto usada ao vê-lo com aquelas mulheres lindas e elegantes.
Me fez ver que não significo nada para ele, apenas um passa tempo e nada mais.
Cheguei no colégio, falei com a diretora sobre minha decisão e pedi permissão para levar Luiza para o shopping.
Ver a alegria dela ao sair do colégio, o olhar curioso na paisagem, me deixou triste, pois nunca quis que Luiza se sentisse assim perdida no meio de algo que para nós deveria ser normal.
Por dez anos privei minha irmã de sair, de conhecer pessoas e até mesmo de andar pelas ruas, mesmo sendo para seu bem, sinto-me péssima.
Luiza sorria a cada loja que passávamos, ao sentarmos na praça de alimentação e ver as várias opções de comida, sorrindo satisfeita a cada mordida que dava no seu hambúrguer, tomando o refrigerante. Nossa, como uma adolescente comia daquele jeito. Sorrio vendo sua afobação e entusiasmo por tudo.
Vê-la chorar ao entrar no cinema me deixou no chão.
Vê-la sorrindo feliz despertou em mim o desejo de justiça. Faria meu tio pagar por cada ano que sofri naquele inferno e por Luiza, jurei que nunca mais deixaria que se sentisse assim outra vez, desse dia em diante lutaria para que tivesse uma vida feliz e normal como qualquer adolescente da sua idade.
Deixei Luiza no internato depois de prometer que sairíamos de novo, que o lugar que ela queria conhecer era a praia.
E assim será.
Fui para o restaurante encontrar a Mara e o advogado.
Reinan Porto, é um homem bonito, moreno, olhos verdes, sorriso galante, muito simpático e sincero e acima de tudo profissional. Gostei de conversar com ele.
Mara ficou só ouvindo nossa conversa, apesar de saber de tudo que aconteceu, deixou que falasse apenas a parte que meu tio roubou a minha herança.
Saí do restaurante empolgada, pois se tudo desse certo, em breve poderia ter meu cantinho e assim seguir minha vida junto da minha irmã.
Mara me chamou para dormir com ela no hotel. Matar a saudade desde que saímos do clube, mal nos vimos, ela trabalhando para o Dominic e eu no apartamento do Miguel. Lembrar dele me causa um vazio, a imagem dele sorrindo para a mulher, a mão dele na cintura dela me causa sensações ruins. Mas não posso cobrar nada, afinal, não temos nada.
Fiquei encantada com a beleza e o luxo do hotel.
Mara me mostrou o quarto lindo, aconchegante, sofisticado, uma cama grande no meio. Meu deus, e o banheiro, nunca vi tão grande, e a banheira enorme. Tomei banho, troquei de roupa, vesti uma roupa de Mara, íamos jantar no quarto, mas deu a louca em Mara e aqui estamos, andando pelo salão do hotel indo para o restaurante. Sentamos numa mesa afastada, jantamos, conversamos, bebemos vinhos, depois da quarta taça estávamos rindo e cantando. Subimos para o quarto, pedimos mais uma garrafa, tomamos, na varanda cantamos nossas músicas preferidas. Como Mara falou, estamos comemorando nossa liberdade.
Na manhã seguinte, Mara foi trabalhar e eu voltei para casa. Ao entrar no apartamento, senti uma euforia tão grande ao ver Miguel deitado no sofá sem camisa, os braços cruzados no peito.
Tenho vontade de tocar seu rosto, mas me contenho, ando sem fazer barulho até o quarto, jogo minha bolsa, tiro a sandália, me jogo na cama, deito, abraço o travesseiro e fecho meus olhos. Sinto a cama afundar, mas não me mexo, Miguel me puxa para seu peito, me vira de frente para ele, beija meus cabelos, apertando-me mais ao seu corpo.
Relaxo, descansando a cabeça em seu peito, me sentindo segura, protegida por ele. Nos seus braços, me sinto em paz.
"Bom dia!" ouço Miguel falar.
"Bom dia!" respondo.
"Pensei que não voltaria pra casa, senti sua falta," ouço ele falar no pé do meu ouvido.
Sinto sua respiração no meu pescoço, causando uma corrente de arrepios que percorre todo meu corpo, deixando-me à mercê de sua presença marcante, seu cheiro de homem viril.
"Para onde estamos indo?" pergunto nervosa, quando Miguel mandou entregar um vestido lindo azul claro, longo, com direito a sandália e uma bolsa de mão. No cartão, ele me convidou para acompanhá-lo num jantar. Pensei que fosse engano, mas quando ele chegou todo arrumado às oito horas, horário que marcou para sairmos.
Eu estava pronta e ansiosa, feliz também, não só por sair de dentro do apartamento, mas também pelo convite do Miguel.
Estamos num condomínio cheio de mansões, uma mais linda que a outra. Miguel para o carro em frente a uma mansão linda daquelas de filmes, com direito a grandes janelas de vidro, um jardim bem cuidado na frente e uma linda fonte de água toda iluminada, dando um charme a mais.
Miguel bota a mão na minha cintura, me guiando para dentro da mansão. Entramos pela grande porta, dentro da casa é mais deslumbrante do que por fora, a beleza do lugar deixa qualquer um de boca aberta. Andamos pela grande sala de cores claras, com um grande lustre no meio dela.
"Miguel filho, que bom que veio."
Travo no lugar ao ouvir uma linda mulher, uma senhora de cabelos pretos Chanel, com um vestido lindo na cor azul royal, cheio de pedrarias. Sorrio sem graça ao me dar conta de que estou diante da mãe de Miguel.
"Mãe, essa é Bianca!" Miguel fala, me apresentando à senhora diante de nós, depois de abraçá-la.
Sorrio nervosa. "É um prazer conhecê-la," falo estendendo a mão para cumprimentá-la. Sou surpreendida com o abraço que recebo da mulher diante de mim.
"O prazer é meu, querida. Seja bem-vinda, aproveitem a festa," fala educada.
"Por que não me disse que era o jantar de aniversário da sua mãe que me convidou para te acompanhar?" pergunto, encarando o homem do meu lado.
"Você não aceitaria. Relaxa, dona Fernanda gostou de você," Miguel sorri para mim.
O jantar correu tudo bem, Miguel me apresentou à sua irmã e ao cunhado. Pensei que me sentiria deslocada, mas me senti acolhida por seus familiares, menos por um: o pai de Miguel. Diante da pessoa, o olhar frio e indiferente dele, soube que não era bem-vinda ali.
Miguel não me deixou sozinha nenhum minuto, ficou o tempo todo do meu lado. Menos quando avisei que iria ao banheiro, ele me mostrou o caminho e disse que me esperaria no corredor.
Entrei no banheiro, fui à cabine, ao sair me deparei com o homem que conheço bem, que para minha surpresa estava ali, me encarando com raiva, punhos cerrados, mandíbula travada. "O que faz aqui?" perguntou, prendendo-me contra a parede do banheiro.
Sem voz, mal consigo responder, travada pelo medo que ele provoca em mim.
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Atualizado até capítulo 57
Comments
Gilda Marcia Cunha Silva
COM CERTEZA, É O MÉDICO AÇOUGUEIRO!😡😡😡😡
2024-12-27
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