Promessas - Matteo

MATTEO

Acordar e sentir um peso no peito, geralmente não é uma coisa boa, mas nesse caso foi surpreendentemente maravilhosa. Giorgia deitada em meu peito enquanto dorme é bonito de se ver. Me ajeito no travesseiro e fico acariciando seus cabelos, aguardando que acorde, não que esteja incomodado com ela assim tão relaxada. Essa é a primeira vez que fico assim com alguém. Próximo demais, mas não estou desconfortável. Ela está de calcinha (por mais que pareça um shortinho curto e sim, eu sou homem mas sei o que é) e blusa na minha cama, e não fizemos nada além de assistirmos um filme enquanto comíamos. Nada de sexo, beijo e nem nada do tipo, nos divertimos inocentemente, mesmo que eu tenha ficado duro por causa no nosso falso beijo algumas horas antes. Me aproximo e cheiro seu cabelo, tão cheirosa. Ela se moveu e eu me endireitei no travesseiro, tirei a mão rapidamente de seus cabelos e fechei os olhos. Parece infantil, mas não quero que ela se sinta desconfortável por estar sendo observada enquanto dorme, pelo menos não na primeira vez que dorme aqui.

Ela se mexeu devagar para não me acordar e saiu da cama, engraçado mas continuo imóvel. Assim que escuto a porta do banheiro se fechar, me levanto e desço as escadas para buscar a bolsa dela que sei que ela vai precisar e para dar mais privacidade à ela. Assim que saio do elevador da garagem vejo ela descendo as escadas.

- Oi, bom dia, imaginei que fosse precisar da sua mochila, então desci para buscá-la. - Digo e a vejo sorrir.

- Bom dia. Eu preciso mesmo, queria tomar um banho antes de irmos para minha casa, tudo bem? - Ela perguntar se pode tomar banho na minha casa me magoa de certa forma.

- A não ser que isso seja um convite para eu esfregar suas costas, você não precisa pedir para tomar banho ou para fazer qualquer coisa aqui. Combinado?

- Tomar banho juntos depois de ter acordado da forma que acordei seria demais para você, futuro noivo. - Se não fosse a virgindade dela, chegaríamos atrasados, mas não quero correr o risco do meu equipamento não funcionar por não estar exatamente no clima certo que faça esquecer a condição puritana dela.

- Depois de ter dormido abraçado a minha futura noiva? Não me desafie, senhorita Ginevra ou não chegará a tempo do café da tarde, já que já é quase horário do almoço. - Brinco, ela não precisa saber que fico intimidado porque seria a primeira vez dela.

- Você é um bobo mesmo. Ontem, depois do primeiro filme, eu mandei mensagem avisando que ia dormir tarde e poderia me atrasar para o café da manhã. - Sorri de canto e pensei em dizer algo realmente sacana, mas ela sorriu e correu escada acima.

Subo logo depois dela, pego uma cueca e uma calça de moletom e coloquei no quarto que uso para transar. Volto para o closet, pego um tênis e um par de meias branca, fora elas todo o resto é preto, porém ao invés de ir para o outro quarto, decido descer e preparar um café. Depois de colocar a máquina para fazer o seu trabalho, vou tomar um banho rápido.

Visto a cueca e a calça e percebo que deixei a camisa no meu quarto, jogo a toalha na cabeça e me sento na minha cama. Giorgia sai do banheiro mas não diz nada.

- Eu sei que você já saiu do banheiro, está gostando do que vê? - Descobri recentemente que gosto de provocar ela e vê-la corar.

- Claro que sabe, eu destranquei e saí, qualquer um escutaria. E não sei se você sabe, mas eu já te vi sem camisa ontem, então sem novidade pra mim. Só não quis atrapalhar. - Ela está ficando saidinha, não? Jogo a toalha nela.

- Eu poderia ser mal-educado agora e tirar a calça para você ver outra novidade, mas vou me conter apenas com a toalha por que já estamos atrasados. - Não deixa de ser verdade, não arriscaria tentar alguma coisa com ela.

- Engraçadinho. - Dou uma piscadela e teatralmente mando um beijo para ela antes de me levantar e vestir a camisa.

- Amorzinho, vou só calçar os tênis e já podemos sair, tudo bem? - Isso saiu horrível, mas preciso tentar com ela.

- Amorzinho? Você não está levando a sério demais esse papo de namorados? - Ela ficou zangada, será que já teve namorado antes? Duvido muito, do jeito que é focada nos estudos.

- Não, precisamos nos acostumar antes de sairmos em público, minha mãe é um falcão de caça quando se trata de mentiras que a desagradem. E essa vai desagradar não só à ela como ao meu pai também. Então precisamos ter cuidado, finja como se fossemos namorados de verdade, não sou tão feio assim para você ter vergonha de aparecer ao meu lado e vou me portar muito bem enquanto estivermos nesse compromisso. Combinado? - Ergo o dedo mindinho para selarmos nossa promessa e caminho até ela, que também caminha de encontro a mim e une seu dedo mínimo ao meu.

- Combinado, mas amorzinho é muito brega, acharemos outro. - Preciso admitir que também achei ridículo? Não, agora não. Só puxo ela de encontro ao meu corpo, preciso sentir mais um pouquinho do cheiro dela. Seguro em sua cintura e olho em seus olhos.

- Não fique desconfortável com nossa aproximação, assim, tudo bem? Prometo que não vou forçar a barra, e nem que você faça nada que não queira ou que não esteja de acordo. Juro por tudo de mais importante na minha vida. - A abraço e apoio meu queixo em sua cabeça. Eu não fico desconfortável perto dela, fico com receio de espantá-la de alguma forma e acabo ficando sem saber como me portar sem ser de forma sexual ou autoritária. Perdido em meus pensamentos, quase não a escutei dizendo;

- Ok, só não vá se apaixonar por mim, tudo bem? Só pretendo me envolver com coisas do coração depois da faculdade. - Minha única reação imediata foi rir. Não posso prometer algo que suspeito que já esteja acontecendo. Mas não posso dizer isso a ela, não ainda, não quero assustá-la e fazer com que saia correndo do nosso acordo, farei com que esse trato seja um teste para mim mesmo. Isso, vou testar se posso ser um bom namorado para ela. Concordo com a cabeça mais para mim do que para ela.

- Vamos? Meu tênis está na sala. - Dou o braço para ela como de costume e ela aceita. Não se preocupe Giorgia, serei o melhor namorado para você, no seu tempo. É uma promessa minha!

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