GIORGIA
O modo como Matteo está me olhando me deixa estranhamente confiante, feliz e, ao mesmo tempo, com vergonha. Desço os últimos degraus da escada hipnotizada pelo olhar dele, gostaria de saber o que está pensando.
- Você está linda, Gigi. Quanto tempo que não te vejo sair assim, toda arrumada. - Diz nonna.
- Cuide bem dela, garoto, ela está linda demais para ficar sozinha, hein. - Nonno se aproxima de mim e acaricia minha bochecha. - Você está tão parecida com sua mãe com esse cabelo assim. Linda igual ela. - Coloco minha mão na sua.
- Obrigada. Eu amo vocês, mas é só uma festa, não estou indo embora. - Sorrimos e Matteo me dá o braço, como se fossemos a um baile de gala, todo formal.
- Vamos, senhorita Ginevra. - Entro na brincadeira.
- Oh sim, senhor Caccini. - Ele sorri, se não for impressão minha, seus olhos brilharam. - Para que não fiquem preocupados, volto amanhã para o café da manhã, podem dormir tranquilos. Deixei o número do celular do Matteo anotado na agenda e o endereço dele também, se alguma coisa acontecer comigo, podem ir na casa dele. - Rimos descontraídos da minha brincadeira de retaliação.
- Podem deixar comigo, senhor e senhora Marino. Ela estará em boas mãos e se alguém se aproximar dela, meus seguranças estarão por perto. Nesse horário, meus pais só ficam tranquilos, se eles estiverem comigo.
Nos despedimos e me acompanharam até o estacionamento. Matteo, abriu a porta para mim, como sempre faz, mas dessa vez me ajudou a me sentar e fechou a porta. Se despediu de meus avós mais uma vez e entrou no carro. Saímos da propriedade em silêncio e no caminho a curiosidade sobre seu silêncio falou mais alto em mim e tive que perguntar o que ele tinha.
- Não é nada, não, só fiquei admirado em te ver assim toda arrumada. Aliás, você está uma baita de uma gostosa nessa roupa. Sorte que somos melhores amigos, então estou me comportando.
- Se isso foi um elogio, obrigada. Você só me vê de uniforme, por isso ficou Admirado.
- Talvez, admirado, nem seja a palavra certa para descrever isso. Chocado deve ser a melhor definição. - Soltei uma gargalhada e ele ficou quieto por um tempo, mas logo se juntou a mim.
Passamos em frente a boate e já tinha fila. Matteo, deu a volta e entrou pelo seu estacionamento subterrâneo.
- Isso tem muito a cara de filme de ação, estilo 007. - Ele sorriu mas não disse nada. - Retiro oque disse, isso tem cara de batcaverna, me diz que naquela porta é onde está o batmóvel.
- Não, é o elevador pro meu QG.
- Um QG precisa ser escondido - Ele estacionou do lado de um mustang. - Uau, você tem um Fastback Eleanor 1968. - Desci do carro e fui até a raridade estacionada. - Como conseguiu comprar um? São raros de serem vendidos. - Ele deu de ombros.
- Era do meu avô paterno. - Ele continuou em direção ao elevador e o segui, ainda olhando para o 68.
A casa de Matteo é dominada pela cor preta e luzes neon em vermelho. O elevador parou na sala, embaixo de uma escada, ainda não consigo imaginar para onde possa levar, pois um estacionamento no subsolo e um porão com dois andares ainda são uma novidade para mim. Sofá em couro preto, ambiente escuro, uma tv enorme, aparelhos de última geração.
- Giorgia, eu vou tomar um banho, pode ficar a vontade para conhecer. Mi casa, és su casa. Você bebe vinho? - Afirmei com um aceno - Ali na adega tem alguns, pode abrir qual quiser, os que já estão abertos, costumam ter um selo preto na rolha. Saca rolha e taças tem no bar e na cozinha, sinta-se em casa. - Ele falava enquanto subia as escadas, então imagino ser os quartos.
Comecei a perambular pelos cômodos, todos escuros iluminados apenas pelo neon vermelho, mas muito fascinantes. A cozinha equipada com equipamentos de ponta também, uma ilha com um tampo de granito, assim como as bancadas dos armários baixos. Quatro cadeiras em volta da ilha. Procurei por uma taça e pelo saca-rolha. Encontrei depois de abrir mais da metade dos armários. Fui até a pequena adega climatizada e procurei por um vinho branco, peguei um já aberto. Enchi minha taça até a metade e voltei para a sala.
Minha curiosidade me diz para subir as escadas e meu bom senso me diz para me sentar e ligar a tv. A primeira opção é muito tentadora, mas a segunda é a melhor. Ligo a tv e começo a rolar pelos canais até encontrar algo do meu interesse. Por acaso está passando uma versão de Batman que gosto.
Mais ou menos meia hora depois, Matteo retorna, vestido numa camisa preta de seda aberta até seu peito, formando um V bem longo, exibindo uma corrente com um crucifixo prateados e seu peito bem definido, calça e sapato ambos sociais e pretos. Seu cabelo todo bagunçado estrategicamente. Lindo de tirar o fôlego.
- Você está um gato, assim todo de preto.
- Obrigado, só estou combinando com você, como prometido. Vamos? - balancei a taça para ele - Pode trazer a taça. - Ele me ofereceu o braço todo elegante novamente e eu aceitei. Entramos no mesmo elevador e subimos. - Aqui é meu escritório - Ele disse quando paramos em frente a um espelho num corredor espaçoso e muito mais claro, quando comparado aos cômodos que estávamos. - Quer conhecer primeiro?
- Adoraria.
Seguimos de braços dados até uma sala ampla, elegantemente cinza com um toque industrial. Paredes cinzas com alguns quadros com figuras musicais em preto e vermelho, um sofá preto e almofadas brancas com partituras em preto, mesa de madeira escura com alguns papéis em cima do notebook fechado e cadeira estilo gamer preta. Na parede atrás da mesa várias prateleiras de vidro com garrafas de bebida iluminadas por uma faixa de luz em neon vermelho, assim como seu apartamento.
- O que você achou? - Em seus olhos era como se um brilho os iluminassem, mas não tenho tanta certeza.
- Me lembre de nunca me sentar naquele sofá. - Brinquei.
- C-Como assim? - Ele quase engasgou e senti seu olhar em mim, mas continuei olhando para frente
- Aquele sofá tem cara de matadouro, Matteo. Nunca que eu vou me sentar ali. - Me virei de frente para ele, encarando a expressão de confusão em seu rosto, seus olhos se arregalaram quando a ficha caiu.
- Tá vendo só,? Você quem começa com esses assuntos e depois fica com vergonha.
- Está me dizendo que nunca usou esse sofá com suas safadezas? Tenha dó, Matteo. - O motivo de eu estar fazendo essas perguntas? Não faço ideia, mas desde que vi o modo com que ele me olhou na escada, despertou alguns desses pensamentos sórdidos na minha mente.
- Você tomou quantas taças de vinho? - Ele me fitou com os olhos semicerrados.
- Eu mal tomei uma taça - Apontei a taça para ele - Foi você que disse que depois do nosso ritual do salão, poderíamos falar de qualquer coisa, um com o outro, não foi?
- Eu me lembro, mas não pensei que você falaria. Enfim, vamos conhecer o pessoal. E não, nunca transei com ninguém no meu escritório, no apart lá embaixo, tem dois andares, e em um, o elevador pára de frente para um quarto equipado especialmente para isso. - Chegamos a um salão.
- Não me admira que você tenha um quarto especialmente para sexo. - Virei todo vinho de uma vez, espantando meu constrangimento sobre o assunto, que eu comecei.
- Vamos falar disso depois, está bem? Aqui no bar, você pode pegar o que quiser, por minha conta. Esses são, Otávio, Christian, Marco, Loui e Dan, eles são os barmans. Rapazes, essa é Giorgia, ela é minha amiga e está conhecendo a boate hoje, o que ela pedir, lancem como VIP, ok?
Todos vestidos com camisa social branca, gravata borboleta, calça e avental ambos pretos. Porte físico atlético, nada muito musculoso, mas o suficiente para ficar à mostra em suas camisas. Dan é negro, o mais musculoso dentre os cinco, cabelo bem curto e um sorriso estonteante, foi o primeiro a me cumprimentar. Otávio me cumprimentou em seguida, ele e Christian são gêmeos, ambos loiros, cabelo raspado embaixo e mais longo em cima, dando-lhes um charme quando os jogam de lado. Olhos verdes e maxilar mais quadrado, sexy. Marco tem o cabelo raspado, porte latino, pele dourada e olhos escuros. Em seu pescoço, com a gravata presa diretamente nele, e com alguns botões da camisa aberta, dá para ver algumas tatuagens tribais. E por último, Loui, esse exibe toda sua beleza asiática, cabelos pretos longos e amarrados em um coque solto, olhos preto, sorriso branquinho e uma pintinha no queixo. O mais alto deles, e o mais bonito também na minha opinião, corpo esguio mas musculoso, um típico galã de dorama.
- Você contrata seus barmans de uma passarela, Matteo? - Brinquei com eles. - Muito prazer em conhecê-los, mas fiquem tranquilos porque eu não bebo tanto assim. - Eles riram descontraídos, mas logo voltaram para seus afazeres. - Todos uns gatos, Matteo, é um pré–requisito? - Cochichei pra ele, que sorriu.
- Você precisa ver as garçonetes então. - Isso me deu uma pontinha de irritação - Vamos. - Ele pegou minha taça vazia e colocou no balcão.
Ele não estava brincando quando disse que elas eram bonitas. Natasha, Sofia, Giulia, Aurora, Elisa, Sofia, Ângela e Angélica que são gêmeas também, Lúcia, Verônica, Isabela e Camila. Três brasileiras esculturais, uma russa, uma canadense, duas asiáticas e as demais italianas. Morenas, loiras, duas ruivas, branca, negra, magra e corpão violão, altas e baixas. Diferentes e ainda assim uma mais linda que a outra. Assim como os barmans, seus uniformes era uma camisa branca, saia, um pouco acima dos joelhos, e avental ambos preto, mas a gravata é padrão mas um pouco mais curta que as que se usa em ternos, presa a uma presilha prateada, onde continha seus nomes. Me cumprimentaram e voltaram para seus lugares.
Fomos para a cozinha, conhecer o pessoal.
- Matteo, pensei que não viria hoje. - Disse um homem, aparentemente da nossa idade.
- Ah Jean Carlo, eu estava te procurando, tive alguns compromissos hoje. Essa é Giorgia. Giorgia, ele é meu amigo e braço direito aqui dentro da Altare, responsável pelos barmans e garçonetes.
- Aaah, então a senhorita é a famosa Giorgia Ginevra, estava ansioso em conhecê-la. - Ele me segurou pelos ombros e me deu dois beijos, um em cada bochecha.
- Muito prazer Jean Carlo, gostaria de conversar a respeito de minha fama mais tarde, hein.
- Pode deixar, farei um relatório completo depois que lhe pagar um drink. - Ele piscou um olho charmosamente para mim e eu respondi com um sorriso. Me senti muito à vontade com ele, como se já fossemos amigos, mesmo nos conhecendo agora.
Subimos em um elevador diferente para a área vip no último andar, privativa, reservada apenas para membros exclusivos. Antes passamos pelo segurança, um homem alto e musculoso, que Matteo chamou de John quando ele levantou uma espécie de corda preta para passarmos. Não fomos apresentados mas eu sorri e acenei para ele que apenas me cumprimentou com um maneio. Mais moças lindas, uma em frente de cada sala exclusiva, sete no total. Cada sala tinha um banco em L com um palco mais a frente e um mastro de pole dance com uma dançarina com um figurino diferente, basicamente uma máscara, peruca colorida e um macacão de látex fechado em locais estratégicos e vazados em outros, de cores extravagantes. Atrás de cada palco, um segurança, trajando ternos e camisas pretas, quase inconfundíveis com as sombras de cada sala, pois a luz era apenas um holofote em cima da dançarina exótica. Descemos para o andar da pista de dança, um palco, uma mesa de DJ, e várias caixas de som espalhadas em cada uma das pilastras. E mais seguranças, contei doze. Descemos pela escada que liga o térreo com o mezanino, Matteo apoiou uma mão em meu braço e a outra espalmada no baixo das minhas costas, me auxiliando nos degraus. Reparei em várias poltronas de dois lugares e alguns sofás maiores. Um telão rolava alguns clipes de músicas, sem som. E mais três seguranças. Depois seguimos para o salão que estávamos antes. Várias mesas altas com banquinhos cromados e almofadas vermelhas, algumas mesas com sofás em L, e alguns bancos mais afastados.
- Aprovou minha boate?
- Não posso dizer que não há segurança por aqui. Nonno Walter aprovaria, com certeza.
- Excursão aprovada, então já vou pedir para liberarem as entradas. Caralho, não peguei meu rádio no escritório. Quer me esperar no bar enquanto eu dou um pulo no escritório?
- Claro, com todo prazer que eu te espero naquele harém inverso. - Matteo fez uma careta e saiu e eu segui em direção àquele Shoujo maravilhoso que ele chama de bar. Me sentei em um banquinho e o galã de dorama, vulgo Loui, me atendeu e pedi um drink doce e colorido praticamente sem álcool.
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SHOUJO, é conhecido no mundo do anime como um hárem inverso, ou harém invertido, onde o foco é uma mulher e vários garotos ficam interessados nela.
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Atualizado até capítulo 33
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