GIORGIA
É estranho ver tantas pessoas aglomeradas dançando desajeitadamente no meio do salão. Desde que saímos do elevador, apareceram três brutamontes e ficaram à nossa volta, um de cada lado e o outro atrás. Tanto eles, quanto as pessoas, mantinham uma certa distância de nós. A cada passo que dávamos abria-se um caminho automaticamente em meio a muvuca. Caminhamos até o bar, onde os barmans estavam ocupadíssimos no meio de várias mulheres pedindo seus números de telefone e beijos, e avistamos uma moça de cabelos loiros amarrados num rabo de cavalo, do alto da cabeça e descia numa linha até abaixo da cintura, um vestido vermelho colado no corpo alto e esguio e sandálias prateadas lace up de bico fino e salto agulha amarradas até os joelhos, que parecia exaltada com Jean Carlo, que aparentemente estava ignorando-a. Matteo tirou seu braço dos meus e me puxou mais pra perto dele pela cintura. Abaixou um pouco a cabeça para cochichar no meu ouvido:
- Vermelho acabou de deixar de ser a minha cor favorita, voltemos para preto mesmo. - Sem aguentar com a piada, levei a mão à boca escondendo meu riso enquanto nos aproximamos da suposta senhorita Ludwig. - Fique tranquila - Matteo voltou a sussurrar no meu ouvido, ficou com a cabeça assim abaixada e respirando perto do meu pescoço até que a moça se virou para nós.
- MATTEO! - Gritou ela, e ele fingindo não ter escutado, me beijou no canto da boca e eu o encarei, então ele colocou a mão no meu rosto e me puxou para um beijo, porém, não beijou, apenas deu a entender que teria beijado. Senti meu coração a milhão, mais um toque desses nessa noite e ele com toda certeza do mundo, pulará para fora do meu peito. - MATTEO! - A moça estava na nossa frente, furiosa.
- Caroline, quanto tempo. Como você está?
- Por que você adiou o jantar de hoje e não me buscou no aeroporto?
- Você não veio com a sua família?
- Vim, mas não foge da minha pergunta.
- Não estou fugindo. Eu não sabia que vocês viriam e também não sou seu motorista. Adiei o jantar pois já tinha compromisso marcado. - Ela pousou os olhos em mim e me mediu de cima a baixo, depois fingindo que eu não estava presente, continuou.
- Não me diga que seu compromisso era trepar com essazinha aí? Me poupe, Matteo, seu gosto já foi melhor.
– Primeiro, só vou repetir uma única vez. - Matteo disse entredentes enquanto seu maxilar estava cerrado. - Tenha o máximo de respeito com ela. Ela tem nome.
- Prazer, Giorgia Ginevra. - Sorri amigavelmente e estendi a mão para um cumprimento e ela me encarou por um instante e desceu os olhos em sinal de desdém.
- Caroline Ludwig. - Então segurou minha mão por meio segundo, com apenas três dedos como se eu fosse um lenço sujo. - É a primeira vez que vejo você andar agarrado à uma das suas trepadas casuais, Matteo. Geralmente, você nem lembra o nome delas.
- Lembro que disse para você manter o respeito com Giorgia, ela não é um casinho de uma noite e tem mais classe no dedo mindinho dela, do que você inteira, então espero que a respeite, não repetirei outra vez. Se me der licença, tenho assuntos a resolver.
- Não dou licença, não, você não pode me tratar assim, Matteo. Não vai, ao menos, me oferecer uma bebida, perguntar como foi minha viagem? - Ele soltou minha cintura, segurou minha mão me guiando até o sofá mais próximo, quando me sentei, teatral e elegantemente, ele ergueu o braço e uma garçonete apareceu. Um dos brutamontes se posicionou atrás do sofá, o outro estava a mais ou menos um metro de Matteo e o outro próximo ao sofá.
- Verônica, por gentileza, peça para Loui preparar o drink da senhoria Ginevra, me traz um whisky duplo sem gelo e anote o que Caroline pedir e lance por conta da casa, sim? - Disse e se sentou ao meu lado com um braço apoiado no encosto do sofá e o outro em volta do meu pescoço.
- Sim, senhor Caccini. - Respondeu ela e se virou para anotar o pedido da moça com cara de ameixa seca que pediu uma dose dupla de vodka e dispensou a garçonete abanando a mão freneticamente.
- Como você está Natasha? - Disse despreocupadamente enquanto tirava o celular do bolso. - Como foi a viagem? - Vi quando abriu uma mensagem para Leonard.
- Você sabe que não gosto que me chamem de Natasha. - Ela fez menção de se sentar ao lado de Matteo, mas o segurança entrou na frente discretamente e indicou a poltrona à frente. Ela bufou mas se sentou.
- Me desculpe, é mesmo, me esqueci que você prefere o nome do meio. - Matteo continuava a digitar habilidosamente com uma mão, enquanto a outra fazia pequenos círculos no meu ombro.
- Eu sei que você está com seu brinquedinho novo, mas não me trate assim. - Ele parou de digitar e olhou para ela com uma expressão que me daria calafrio se fosse direcionada a mim. - Me desculpe, me desculpe. - Ela ergueu as mãos se defendendo e ele voltou sua atenção ao celular por mais alguns instantes mas logo que enviou a mensagem, colocou ele em cima da mesinha que separava no sofá da poltrona de Caroline. Se debruçou sobre mim e me pediu para emprestar o meu, peguei minha bolsa que estava amassada entre nós, desbloqueei a tela e lhe entreguei o celular. Ele havia enviado uma mensagem de imagem para mim, mas quando ia abrir, nossa amiga querida puxou assunto comigo, me surpreendi e olhei para Matteo, que me encarou com um sorriso casto no canto da boca e deu de ombros. - Então, Giorgia não é? - Concordei com um pequeno balanço de cabeça - Onde vocês se conheceram? - Olhei mais uma vez para Matteo, mas com o canto dos olhos e ele ainda estava com aquele projeto de sorriso no rosto.
- No colégio, estudamos juntos no Irmãs Carmelitas.
- Interessante. Estudam na mesma turma?
- Não, não. Na verdade não temos aulas em comum.
- Giorgia é muito inteligente, a maioria das matérias dela são avançadas. - Disse Matteo, como se estivesse desinteresse em falar com ela, enquanto continuava a mexer no meu celular.
- Então como se conheceram?
- É muito interessante sua pergunta. Eu sempre admirei ela, de longe, na biblioteca. Geralmente eu sentava umas duas mesas atrás dela e ficava olhando enquanto ela lia e conversava com o livro que estava lendo, ou quando sorria para um deles. - Chegou uma mensagem para Matteo, o celular vibrou na mesa chamando minha atenção e a de Caroline, a tela do celular dele acendeu revelando uma foto minha em zoom, na biblioteca sorrindo com um livro. Fiquei boquiaberta e consegui disfarçar a tempo para não acabar com o plano de Matteo. Mas Caroline além de também ter ficado surpresa, estava visivelmente chocada e irritada. Seu rosto não estava vermelho devido a maquiagem, mas parte de seu pescoço e de seu colo estavam quase tão vermelhos quanto seu vestido.
Verônica voltou com as bebidas, entregou a minha primeiro, depois a de Caroline e por último, a de Matteo, quando se endireitou, Caroline bateu, com certa força, seu copo vazio na mesa de centro e pediu outra dose. A pobre moça, olhou para Matteo que meneou a cabeça posicionando seu braço novamente em meu pescoço e o outro segurando o copo com o cotovelo apoiado no joelho, arqueou uma sobrancelha para ela que deu um sobressalto e só então pegou o copo e se retirou apressada.
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Atualizado até capítulo 33
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