Sexta-feira à Noite - Parte III

GIORGIA

Eu não sei aonde isso vai dar, mas aceitei e mesmo que já esteja começando a me arrepender, não voltarei com minha palavra. (Porque esse é meu jeito ninja! rsrs)

- Meus avós vão me matar. - Pensei em voz alta e os dois me olharam abismados. - O quê? - Matteo senta no sofá ao meu lado e segura minha mão.

- Não precisa ficar nervosa. JC desce e avisa a Caroline que já estamos descendo, ok?

- Quero só ver a cara que a sirigaita vai fazer. - Riu maquiavelicamente - Vou até chamá-la para um canto que a câmera foque bem no rostinho da baranga para poder assistir várias e várias vezes depois. Com licença, futura senhora Caccini. - Jean Carlo fez uma pose teatral de retirada, riu e piscou para mim.

- Ele é um fofo, Matteo. - ele junta as duas mãos na minha, ergue e a beija de leve. - O que você está fazendo?

- Estou treinando a sua reação na frente dos outros, não podemos cometer deslizes na presença da minha mãe e muito menos onde poderá ter inúmeros paparazzis. Se com um beijo casto na mão você já se assustou assim, imagina se por acaso somos obrigados a dar um beijo na frente de alguém para provar nosso envolvimento?

- Peraí, peraí. A dois minutos atrás disse que não me tocaria, agora está falando de beijarmos na frente de alguém?

- Eu só fiz uma suposição, e um beijo meu não é tão ruim assim, vai - Ele sorri e beija minha mão de novo e dessa vez não me assusto. - Viu, é só relaxar. Serei o homem mais apaixonado e carinhoso da face da Terra - Matteo abre as duas mãos no ar como se estivesse visualizando uma manchete - Você, uma moça de família, prestigiada e tímida, não gosta de demonstrações muito afetuosas em público. Eu, o playboy rebelde, que finalmente foi fisgado e está se comportando como um verdadeiro lorde shakespeariano devido ao meu amor arrebatador. Que tal essa publicação?

Me levanto e entro na brincadeira com meu humor ácido.

- A mocinha órfão aos cinco anos de idade, fisga o último Caccini solteiro. Amor ou interesse? Quem será essa moça? É isso o que vão dizer, Matteo. A mídia da fofoca não é um mar de rosas, eles são veneno puro.

- Poderia até ser assim, mas Jean já ficou com o editor chefe do Lover's Co que é um dos maiores sites de fofoca da nossa geração, sem falar que minha irmã vive lendo tudo que aparece lá, vou avisar para um dos meninos ligar para ele anonimamente e dizer que tem uma notícia de primeira mão, depois Jean Carlo entra em ação. O poder de sedução do JC somado à queda que Laurence tem por ele e por fofoca, igual ascensão de nosso amor na mídia. E se ele postar algo positivo, os outros vão fazer a mesma coisa, talvez até apareça umas duas críticas negativas, mas nada que nos atrapalhe. Depois teremos o jantar na casa dos meus pais, vou passar por volta das seis lá para sondar como as coisas estarão e te mando uma mensagem avisando o que será, jantar formal, temático ou casual. Como é outono, deve ser alguma coisa mais simples, ou seja, chamativo mas moderado para minha mãe.

- Uau. - Minha reação mais plausível para toda essa informação. - Ok, deixa eu pesquisar algumas perguntas mais comuns para nossa estreia de casal. - Pego meu celular na bolsa e entro em alguns sites de romance adolescente. - Vamos lá, nossa primeira pergunta: Como nos conhecemos?

- Eu sempre admirei ela à distância na biblioteca do colégio, era legal vê-la falando com os livros, ou sorrindo enquanto lia uma história, mas nunca quis atrapalhá-la. Porém, na noite do aniversário da morte do meu irmão, eu estava voltando do cemitério e ela ia ser assaltada, então meus seguranças impediram os assaltantes e eu fiquei abraçado com ela desmaiada em meus braços na calçada,,

- Você vai dizer isso?

- Ora, é a verdade. - Tenho certeza que fiquei vermelha por baixo da maquiagem.

- Ok, próxima pergunta: Qual a data de aniversário dela? Dois de março e o seu?

- Dez de novembro, você é dois do três e eu sou dez do onze, que legal, não? Assim eu não esqueço.

- Entendo. Ok, próxima: Se sabe a data do aniversário, qual o presente ideal para seu parceiro? Quanta baboseira nisso aqui. Eu não faço ideia de qual é o meu presente ideal, e o seu?

- Huuuum, eu já tenho tudo que eu quero. E se eu quiser alguma coisa material, seria difícil eu não conseguir ter - ele coloca a mão no queixo, pensativo - Mas a sua amizade foi o meu melhor presente desse ano. Eu tenho Jean, claro, mas é diferente.

- Pra mim está sendo uma surpresa a cada dia. Ok, comida favorita?

- Arancini da nonna Ivone.

- A minha é risoto - Digo rindo e logo Matteo também cai na gargalhada comigo.

- Vamos, terminamos no elevador. - Bebo o restante do meu drinque e Matteo enche seu copo novamente. - Você bebendo é uma novidade para mim, nunca imaginaria.

- É quase sem álcool, bobo, pedi pro Loui pegar leve comigo. Vamos? - Ele me dá o braço e envolvo os meus no dele. - Cor favorita?

- Eu nunca parei para pensar sobre, mas uso bastante preto e cores escuras. - Entramos no elevador e Matteo ajeitou os botões aberto de sua camisa com a mão livre.

- Eu diria que a sua é vermelha, por causa das luzes neon que tem no seu apartamento e na parede de bebidas do seu escritório.

- Verdade, talvez seja.

- A minha pode ser amarela - penso melhor - Huum já sei, laranja, por causa do meu anime favorito. Laranja, amarela ou azul.

- Naruto? - balanço a cabeça animadamente e ele sorri. - Isso faz de mim um nukenin então. - Rimos novamente - Pronta?

- Pronta. - As portas do elevador abrem e respiro fundo me preparando para meu papel de futura noiva.

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