O almoço foi servido para o patrão e a comida estava bonita e cheirosa e ele provou e gostou. Mollie não contou a ele que foi Emily que cozinhou e ao vê-lo saboreando, deixou fluir um sorriso em seu rosto.
— A cozinheira se esmerou hoje, este pernil está excelente. — olhou para Emily — Já almoçou?
— Não senhor.
Ele continuou comendo e as pontas da carne com mais gordura, que não queria, colocou em um prato de sobremesa. Cobriu com um pouco de molho e farinha e se abaixando, colocou o prato no chão.
— Pronto, cachorra, coma.
Emily olhou para ele com os olhos e boca arregalados, sem acreditar que ele estava mandando ela comer como um cão. Mas ele insistiu:
— Ajoelhe-se e coma, com a boca direto no prato e coma tudo.
— O que está fazendo, senhor, ela não é um cão. — intercedeu Mollie.
— Você está com inveja, também quer comer da mão de seu dono?
Mollie deu um passo atrás, olhando para Emily com tristeza, mas para sua surpresa, a jovem se ajoelhou e com a boca direto no prato, pegou o primeiro bocado. Foi ela quem fez a comida, então estava gostosa. Apesar de ter mais gordura do que carne, estava macia e ela comeu e engoliu tudo, deixando o prato limpo. Levantou-se e agradeceu:
— Obrigada, senhor.
— Então, não reclame mais da cozinheira.
— Foi Emily quem fez a comida, senhor. — informou Mollie, sentindo uma profunda vergonha do comportamento do homem que ela educou.
— Por que não disse antes?
— Teria lhe impedido de fazer o que fez?
— Não. — respondeu ele, rindo — foi muito divertido.
Levantou-se e se retirou, sem dizer mais nada. Uma lágrima solitária escorreu pelo rosto de Emily, que se abaixou para pegar o prato do chão e começou a tirar a mesa sem olhar para a governanta, tal a vergonha que sentia. Mollie tentou falar com ela, mas ela acenou negativamente, com a cabeça e continuou trabalhando.
Entrou na cozinha e os funcionários esperavam para almoçar. Ela serviu a mesa para eles e foi arrumar tudo, para depois, só ter que lavar a louça que eles usavam.
— Deixe isso aí e venha almoçar, menina. — chamou Igor.
— Já almocei, obrigada.
As outras empregadas deram risadinhas, pois ficaram espiando pela brecha da porta. Millie fez cara feia para elas e se aquietaram. Terminaram de almoçar em silêncio e se retiraram, deixando Emily sozinha, terminando de limpar tudo.
Logo que terminou, sem aguentar ficar ali mais um minuto sequer, ela saiu e seguiu para o quintal da casa. Chegou a um alpendre e sentou-se na calçadinha e ali, oculta pelas plantas, chorou. Deixou sair todo o sofrimento que estava guardando por todos aqueles dias, principalmente por ter sido subtraída de tudo que era seu.
Chorou pela entrega indevida para aquele homem desrespeitoso, pelos dias de clausura naquele quarto, sem nada e ninguém, por ser posta para trabalhar em um lugar desconhecido, como pregada e passar humilhação na mão de pessoas que não a conhecem e a quem não deve nada.
Depois que chorou até não ter mais lágrimas, pensou. Levantou-se e olhou todo o terreno e as plantas à sua volta. Conhecia um pouco sobre ervas medicinais e encontrou algumas. Já havia subido ao terceiro andar da casa e olhando a distância e percebeu o que pareciam telhados, bem distante, mas que dava para ir andando, mas para isso, precisava despistar os guardas ou fazê-los dormir.
— O que faz aqui, princesa? — perguntou um dos guardas, se aproximando.
Jordan
— Por quê, não posso nem dar uma espairecida?
Ele se espantou com a agressividade dela e levantando as duas mãos abertas, em sinal de paz, falou:
— Está tudo bem, foi só pra puxar assunto. Ok?
— Desculpe, é que não estou acostumada com este lugar. Não sei onde estamos e nem sequer para que lado fica minha casa.
— Bem, aqui é um lugar bem ermo, longe de tudo, mas o patrão disponibiliza um carro nos finais de semana para quem quiser ir até a vila.
— Entendo, mas ele não me deixará ir, também não tenho dinheiro para gastar.
— Mas quando sair o pagamento, terá, aí poderá sair. Mas se quiser, pode ser minha convidada para um chá. Que tal?
Emily olhou para o rapaz e percebeu que ele não devia saber nada sobre a situação dela naquele lugar, ou não estaria se arriscando dessa maneira. Não queria criar problemas para ele e nem para si, então resolveu se afastar.
— Obrigada, mas é melhor eu entrar para preparar o chá da tarde.
Se virou e voltou rápido para a casa, deixando o segurança, envergonhado, achando que ousou demais. Mas ela era tão linda e parecia tão sozinha e perdida naquele lugar, que não resistiu.
De uma das janelas do segundo andar, Orlando observou tudo e não gostou da interação daqueles dois e chamou Mollie.
— Pois não, senhor.
— Não quero Emily andando lá fora e interagindo com os seguranças, ela é uma prisioneira nesta casa, não se esqueça disso.
— Sim, senhor.
— Arrume aquele quarto pequeno, próximo ao meu, para ela ficar. É muito arriscado ela ficar lá fora, no anexo.
— Sim, senhor. Mais alguma coisa?
— Não, só cuide para que não lhe falte nada, dentro das restrições que lhe dei. Pode ir.
Mollie achou que ele estava indo longe demais naquela vingança descabida, a menina não tinha culpa dos erros do pai, era uma vítima como ele.
— Uma hora ela vai se encher e só Deus sabe o que será capaz de fazer. — falou consigo mesma.
Chegou a cozinha e falou com ela:
— O patrão mandou transferir você para dentro da casa. Venha pegar suas coisas e me ajudar a arrumar o seu novo quarto.
— Mas porquê isso, agora?
— Ele viu você lá fora, conversando com o segurança.
Emily se irritou com aquele maldito momento, por quê ele tinha que ir até ela? Agora ficaria mais restrita.
— Tudo por conta daquele assanhado. Fiquei mais restrita ainda.
Mollie nunca tinha ouvido ou visto, Emily reclamar. Achava até, que ela estava passiva demais com a situação que estava vivendo, mas pelo que ouviu, a garota estava só procurando conhecer o local e as possibilidades. Orlando talvez tivesse uma grande surpresa.
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Atualizado até capítulo 70
Comments
Lucelia Arruda
nossa fiquei com tanta dó dela, chorei junto
2025-02-28
1
Maria Ines Santos Ferreira
nossa essas alturas eu tenho uma imaginação hein para judiação para judiar das pessoas nossa
2024-09-07
2
Fatima Vieira
ele vai cair do cavalo
2024-09-07
0