Capítulo 4. Por Quê?

Enquanto isso, Mollie se explicava:

— A culpa é  minha, senhor. Fui eu que comprei o vestido, não achei que o senhor tinha fetiches por uniforme.

— Não seja insolente, Mollie. Considero você como uma mãe, mas também posso exilá-la a qualquer instante.

Mollie não tinha medo da carranca dele, pois foi ela quem o criou depois da morte dos pais. O pai havia deixado um testamento, caso lhe acontecesse alguma coisa e nomeou um tutor para o filho. Assim, ela foi contratada para cuidar do pequeno Orlando, até que atingisse a maioridade e acabou ficando com ele até os dias de hoje.

— Ela é uma jovem humilde, em momento algum reclamou e sempre cumpriu com suas tarefas, inclusive foi ela quem fez este café da manhã.

Ele contemplou a mesa farta, tirou a tampa dos lixões e viu os ovos mexidos com bacon e até algumas linguiças, havia torradas e bolo de milho fresco, que ele amava. Ficou impressionado de que ela soubesse cozinhar, mas também ficou intrigado sobre o porque ela havia preparado tudo aquilo.

— Por quê ela preparou tudo isso? Não mandei que ela cozinhasse, só que limpasse a casa.

— Este é outro assunto, a cozinheira com a arrumadeira estavam de conluio para aumentar o serviço dela, ela percebeu e ao invés de reclamar, levantou mais cedo e fez todo o café da manhã como um presente para cozinheira, ainda disse que era para ela não queimar mais a comida, por estar cansada.

— O que elas estavam fazendo?

— Depois que tiravam a comida das panelas, colocavam as panelas de volta no fogão e deixavam queimar, para dar mais trabalho para Emily limpar.

Orlando achou interessante e imaginou a jovem delicada, areando as panelas pretas e ficando igual uma gata borralheira, com isso, caiu na risada.

— O senhor acha isso engraçado?

— Muito, afinal, mole, ela está aqui para me divertir. Imagino o que seus pais falariam, se vissem ela fazendo tudo isso.

— O senhor ainda vai morder a língua.

— Para de resmungar, velha chata e vai lá buscar ela, quero ela aqui de pé, como a serviçal que é.

Mollie fez uma cara feia para ele e saiu. Chegou a cozinha e viu todas reunidas, cacarejando como galinhas, dispensou do serviço a cozinheira e a copeira e mandou que as outras fossem cuidar de suas tarefas diárias.

Chegou no quarto, encontrando Emily composta, trajando seu uniforme e pediu:

— Por favor, querida, tenha paciência, não reclame e aguente firme, depois vou lhe contar o por quê de tudo isso.

— Ele era meu namorado, senhora, nós nos amamos, como pode ter mudado tanto?

Mole olhou para ela penalizada, mas não podia fazer mais nada. Orlando tinha um ódio muito grande pela família dela e planejou esta vingança por muitos anos. Só um milagre para fazer com que ele mudasse.

Elas voltaram para a sala de jantar e Emily se colocou de pé como uma serviçal próxima a ele.

— Este café está frio, faça outro.

Ela pegou o bule e foi para a cozinha, preparou outro café, rapidamente, pois sempre deixava uma garrafa com água quente, pronta para usar. Logo chegou com o café fresco e ele se espantou com a rapidez dela. Levou a boca e cuspiu fora:

— Está muito quente, imprestável!

Arremessou o café nela e ela sentiu o líquido quente penetrar em sua roupa e queimar sua pele. Procurou se controlar o máximo possível e pegou um guardanapo de pano, deu a ele, para que se limpasse e recolheu a xícara e o bule.

— Perdão, senhor, vou buscar um melhor.

— Não precisa, perdi o apetite.

Ele levantou-se e saiu, só fez tudo aquilo para humilhá-la, já havia comido e bebido o suficiente para se alimentar e estava tudo muito bom.

Emily correu para a cozinha para limpar o café quente de si, viu que a queimadura foi grave e se direcionou ao seu quarto, com Mollie atrás, levando uma pomada para queimadura.

Depois de tirar a roupa e lavar-se, vestiu outro uniforme, tendo cuidado de passar a pomada no local atingido pelo café quente.

— Você foi muito bem querida, ele já havia comido o suficiente, fez aquilo para implicar com você.

— Vai ser sempre assim, agora? Porque ele está fazendo isso?

— É uma vingança, querida. Não a você, mas ao seu pai.

— Mas meu pai é um homem bom, vivemos no interior e nunca vi meu pai ou minha mãe levantar a voz ou brigar com ninguém. Como ele pode querer se vingar de uma pessoa assim?

— É uma longa história, querida, mas só ele tem o direito de contar. Agora, vamos voltar para a cozinha, pois dispensei a cozinheira e quem vai cozinhar é você. Espero que você saiba cozinhar outras coisas, além do café da manhã.

— Sei sim, mas só o trivial, nada rebuscado.

— Está ótimo, vou contratar outras,  cozinheira e arrumadeira.

Seguram para a cozinha e no caminho, encontraram com as duas demitidas, com suas malas.

— Sua intrometida, olha o que nos causou? — falou a arrumadeira.

— Vocês causaram isso a si mesmas, quando resolveram me prejudicar. 

— Saiam logo daqui ou querem que eu solte os cachorros. — ordenou a governanta.

As duas abaixaram a cabeça e saíram andando com passos curtos e apressados, sem nem sequer olhar para os lados.

Emily entrou na cozinha e foi olhar o que tinha que podia ser feito, aí se lembrou do quadro, onde mole colocava os afazeres diários. Com certeza a cozinheira também devia ter um e dito e feito, achou o cardápio da semana naquele dia específico, o cardápio era pernil com batatas, assados e acompanhados de salada e arroz.

Iniciou o preparo da comida, agradecendo pela cozinheira já ter posto o pernil para assar e era só preparar os acompanhamentos. Depois de adiantar tudo olhou o pernil e viu que faltava pouco provou o molho e não ficou satisfeita tirou a travessa com o pernil do forno colocou sobre o fogão e acrescentou algumas ervas mostarda e mel, retornou com ele para o forno e agora era só esperar.

Qual surpresa Orlando teria para ela?

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***