Capítulo 8. Rastreio

Com a saída da secretária, ele começou a organizar a bagunça.

— Vou cuidar da segurança dos entregadores e quero que você lance todos os podres de Navarro no ventilador, envie um pendrive para a receita federal e outro para a polícia, Quero tudo à mostra, para ver se ele vai conseguir se livrar dessa vez.

A raiva de Orlando por Navarro piorou, com o que estava sentindo por Emily, tornando-o uma bomba relógio. Porém, Mollie o criou muito bem, incutindo-lhe valores sobre respeito à vida humana e obediência às leis. Só por isso ele não era um mafioso como Carlos Navarro.

— Você sabe que ele tem costa quente…

— Dessa vez não, vou cuidar disso agora mesmo. Carson, tranquilize os compradores, informando sobre a nova segurança e sobre o seguro. Também dê um desconto, não vamos perder  por causa disso. É necessário manter os clientes.

— Certo, até mais. — Carson saiu.

Orlando abriu seu notebook, entrando nas profundezas da dark Web. Precisava bloquear os recursos de Navarro, para que ele não conseguisse molhar as mãos dos juízes e oficiais, responsáveis pelas acusações existentes contra ele, para que finalmente seja preso.

Quis ser menos duro, só atacando sua família, como ele atacou a dele, misturando negócios com vida pessoal. Mas Navarro não era justo, era um desgraçado, que não sabia amar ou respeitar as pessoas. Não seria um criminoso como ele, mas pegaria pesado para afetar seu coração.

— Vamos descobrir quem você ama, sua família ou o dinheiro? — murmurou enquanto digitava.

— O que pretende fazer? — perguntou Jack.

— Vou livrar ele de boa parte de seus bitcoins e a receita vai bloquear seus bens, assim, sem dinheiro, ele não terá como subornar aqueles que poderão livrar a sua cara.

— É uma, mas você sabe que esse cara é como um polvo, cheio de tentáculos.

— Eu sei, mas vamos ver até onde ele se estendeu.

Terminando seus planos de ataque, cumpriu a agenda e antes de sair, ligou para a senhora Navarro:

— " Alô." — atendeu a mulher, parecendo totalmente depressiva.

— Senhora Navarro, estou com sua filha, ela é uma ótima serva, mas se seu marido continuar a se comportar como um gangster, não será só as finanças e reputação dele que serão atacadas, sua filha será a principal prejudicada e depois, um por um dos filhos dele, pagará pelos erros do pai.

— " Emily é uma menina doce, não sabe nada sobre nós e meu marido nem se importou em ir atrás dela, não faça mal a minha menina, por favor."

Orlando não se condoeu com a emotividade da mulher, que sequer cuidou da própria filha. Antes  ficou satisfeito com seu sofrimento.

— Então, fale com seu marido, vou enviar algo para ele, que reforçará o que digo.

Ele desligou e ligou para um dos seguranças de sua mansão, ordenando:

— Quero que peguem a serva e deem uma surra nela, só o suficiente para marcá-la, amarrem seus pulsos e tornozelos, com cordas grossas, levem ela para o quartinho de ferramentas, joguem ela em um canto e tirem fotos. Não deixem Mollie perceber. Estarei esperando.

— " Deixo ela lá? "

— Não, voltem ela para a casa grande, é só para dar uma prensa nos pais dela, não para fazê-la sofrer.

— " Considere feito, patrão."

Orlando desligou e recostou na cadeira, seu dia foi agitado e estressante, pensou em sair para um bar, mas preferiu ir a um stand de tiros e descarregou sua ansiedade nos alvos.

Quando seu celular vibrou, abriu e viu as fotos, enviando imediatamente para a mãe da jovem.

— Perfeito! 

Ficou apreciando a jovem amarrada, suja e machucada, jogada no chão de um lugar qualquer e sorriu, feliz ao pensar na cara do Navarro, ao ver a filhinha naquele estado.

A foto chegou ao seu destino e o casal Navarro ficou chocado ao ver a filha naquele estado. A mãe caiu no chão, gritando e chorando e o pai, xingava Orlando e fazia mil promessas de vingança.

*

Ainda naquela manhã:

Emily acordou cheia de dor e viu sobre a mesinha, um copo d'água e alguns analgésicos. Agradeceu silenciosamente a quem os deixou ali e tomou logo dois, seguindo para o banheiro para fazer sua higiene e tomar um banho. 

Enquanto lavar o seu corpo dolorido, das impurezas daquela noite: " por que ele está fazendo isso comigo? Eu nunca lhe fiz mal algum e estou pagando pelo pecado de outro. Como ele quer que os outros sofram com isso, só ela está sofrendo, não que não sentisse algum prazer no início da relação, mas depois, foi só dor e mais dor.

— Aquele Ogro, não sabe o que eu farei com ele, quando eu sair daqui.

Mas depois que terminou de tomar banho, mas calma, chegou à conclusão que não poderia fazer nada nas condições que ela estava agora era uma jovem fraca, que não sabia se defender, não entendia nada de negócios e nem tinha dinheiro. Para poder fazer alguma coisa, como se vingar, levaria um tempo para se preparar.

Depois de arruada, desceu e o café já estava na mesa, se desculpou por perder a hora e as empregadas deram risinho sarcásticos, mas pararam ao ver a expressão dura, no rosto da governanta.

— Está tudo bem, Emy, o patrão foi embora hoje pela manhã.

— Acho que ele não se agradou muito da carne natureba dessa daí.

— E por quê será que ele não quis a sua? — perguntou Emily, dando o troco.

A jovem que a atacou ficou surpresa com a resposta, pois considerava Emily, uma mosca morta. Mas para isso Mollie estava ali, impedindo qualquer atrito que atrapalhasse o serviço da casa:

— Chega disso, podem ir para seus trabalhos. Coma Emy, sua lista está no mural.

— Obrigada, senhora.

Emily tomou seu desjejum e foi cumprir suas tarefas, mesmo com o corpo dolorido. Mollie havia contratado outra cozinheira, ela não iria mais cozinhar e sua primeira tarefa, foi pendurar os tapetes da sala em varais, no quintal da casa, batê-los e deixar ao sol. Quando terminou de batê-lo, sentou um pouco para descansar.

— Como você está, querida?

— Dolorida…

Emily foi sincera, pois a única com quem podia falar, era Mollie.

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