DESEO EXTREMO

DESEO EXTREMO

CAPÍTULO 1

    DESEO EXTREMO

( Desejo Extremo)

    E.R.CRUZ

          •°    ARMSTRONG °•

   Recebi uma ligação na madrugada...

   A seguir daquela ligação, eu soube que enfim, ELLA seria minha.

   Aquele anjo da pele bronzeada e cabelos cacheados que tanto me fizeram desejar dominá-la. Rebelde, corajosa, belíssima e uma extrema mulher. Ela agora, me pertencia!

   Tive que me confortar por um ano, à espera do vencimento daquelas promissórias — promissórias essas que um senhor viciado em jogos devia — Tal senhor de sobrenome D' Angelo, ofereceu o seu bem mais valioso em troca das dívidas que se acumularam em meu cassino na Espanha. Ele sabia que um dia teria que pagar, mesmo depois de implorar diversas vezes por mais tempo — tempo esse que acabou se esgotando. Enfim chegara o dia pelo qual eu tanto esperei, a veria em pessoa, não me contentaria mais em ver as suas fotos, tais fotos tiradas pelo meu detetive particular que estava na cola da senhorita D' Angelo, desde que o seu progenitor me entregou fotos dela e a ofereceu como moeda de troca, além de assinar um documento em que a tornava a minha esposa.

— Enfim te conhecerei, bela, como és rica! — disse e a minha voz soou fria e como um consolo para o silêncio naquele quarto escuro, iluminado apenas pela claridade da lareira.

   Aquela madrugada de domingo estava fria, fria como eu.

— Farei você se apaixonar por mim! — balancei o uísque no copo e bebi todo o líquido em um só gole.

   A porta do quarto escuro se abriu e aborrecida fiquei, porque a insaciável da minha namorada e a partir daquele momento, a minha ex, estava vindo ao meu encontro, como quase sempre fazia em todas as madrugadas, somente pelo fato de eu não ter tempo por causa do meu trabalho em minha empresa.

   Ela era Paula, recentemente tivemos uma discussão e o nosso relacionamento se esfriou, no entanto, ela tentou de todas as formas ganhar o meu perdão e eu o dei. Paula era ambiciosa e eu gostava daquilo, porém, eu não a amava e nem era apaixonada, era mais um namoro de aparência e ela sabia disso. Sempre a alertei sobre o dia em que nós seguiremos nossas vidas e aquele dia já batia na porta porque eu teria dali pra frente, uma nova companhia, mesmo que esta companhia me desse um grande trabalho e dor de cabeça.

— Com quem estava conversando, meu amor? — perguntou e deu a volta na poltrona onde eu estava sentada observando o fogo na lareira.

— Não importa — disse e vi a oleosidade de sua pele clara através da claridade da lareira.

   Paula amarrou seus cabelos ruivos e tirou o copo da minha mão, deixando na mesinha de centro ali próxima. Ela e eu trocamos um olhar intenso enquanto ela me olhava de cima, eu pensava na maneira mais gentil de terminar tudo com ela, ela já tinha a noção do futuro.

   Paula se sentou com as pernas abertas em meu colo e segurou o meu maxilar. Sua boca veio na direção da minha e o único toque que ela pôde sentir, fora da minha mão aberta, que a impediu ligeiramente.

   Se movimentou no meu colo, já ciente que eu não estava afim, na verdade, eu não queria mais ter relações com ela tão próximo da chegada da senhorita D' Angelo.

— Paula... está acabado!

   E os seus olhos mostraram tristeza.

— Eu sei que não me deseja mais, sei que o nosso tempo juntas acabou, mas mesmo assim... preciso senti-la uma última vez. Você sabe que eu te amo, mesmo você sendo uma pessoa... — ela se interrompeu e eu a encarei.

— Continuei! — disse friamente.

— Não. — e seu rosto se virou para olhar para um ponto sem importância ali naquele ambiente.

— Diga que eu sou uma sádica! Diga que eu sou um monstro — esbravejei e a tirei do meu colo, onde me levantei e a empurrei contra a parede de pedras próximas de um quadro xadrez. — me insulte!

— Não, Armstrong. — ela abaixou o olhar.

   Ela costumava me chamar pelo meu sobrenome quando estava com medo. Na verdade, o meu nome era Megan Armstrong, filha única de pais mortos e dona de um império exuberante. Dona de um cassino e de uma enorme linha de carros importados e esportivos, para a graça e prazer dos mais ricos.

   A minha empresa, cujo nome era “ Armstrong More ” era localizada no centro de Londres e era lá que todas as vendas de carros e todos os consórcios eram tratados e negociados.

   Meus pais, como também eu, éramos londrinos e muito reconhecidos pelas classes altas e mais ricas de toda Londres. Mas aquilo não era tudo, com a fama acumulada por anos, por elevações no mercado do exterior e por mais negociações, surgiu também os inimigos — inimigos esses que eram eliminados a cada passo que davam.

   Eu pertencia a uma família que possuía segredos, erros irreparáveis e inimigos com sede de poder. Eu era sempre um alvo e a minha cabeça a cada segundo que passava no maldito relógio, era leiloada.

   Em um passado não muito distante, o meu jatinho foi alvo de um míssil, onde tive o desprazer de perder empregados confidentes e leais. Suas famílias tiveram o meu apoio e foram remuneradas por seus chefes de família terem sofrido e perdido a vida, enquanto estavam a trabalho e seguindo as minhas ordens.

   Um tempo depois, na saída de um hotel de luxo, um tiro de sniper me acertou no peito esquerdo próximo ao coração e naquele dia, eu realmente pensei que seria o meu fim, mas a realidade foi diferente. Eu me recuperei pouco a pouco e aquele tiro me deixou uma cicatriz, tal qual faria parte de mim até o fim dos meus dias. O atirador, bem, eu não tive outra escolha a não ser mandá-lo para uma prisão, onde haviam muitos homens ruins e da pior espécie, psicopatas, assassinos e estupradores. Mas, nesse meu julgamento, não me vi cruel, pensei bastante em matá-lo, porém, a minha outra escolha foi a certa, ele sofreria horrores.

   A londrina de cabelos negros como a noite — assim como o meu guarda costas Mercier me chamava — agora acariciava levemente o queixo de Paula e ela olhava amedrontada nos meus olhos azuis escuros, totalmente hipnotizada.

— O nosso fim chegou, Paula. — sussurrei em sua boca e ela tentou tocar os meus lábios com os dela, mas empurrei sua cabeça para trás, assim que apertei ligeiramente o seu pescoço, onde senti o pulsar de sua veia e a sua respiração descompassada. — eu disse — soprei em sua boca — o nosso fim chegou! Não existe mais nós... eu brevemente terei o que há muito tempo desejei em minhas mãos.

— Eu te amo. — ela disse e eu pude ver seus olhos cheios de lágrimas, mesmo estando um tanto turvo — e espero de coração que seja feliz.

— Eu deixei as coisas bem claras pra você, Paula, você sempre soube que eu estava atrás de outra pessoa.

— Sim... — ela lamentou e tirou a minha mão do seu pescoço, onde se afastou, me deixando ali de costas para ela — e eu sempre te amei loucamente.

   Continuei naquela mesma posição, sentindo e ouvindo a tristeza e mágoa em sua voz mansa.

— Eu vou embora, vou seguir a minha vida, mas antes... — veio de gatuna e me abraçou por trás, onde senti o seu cheiro e o seu calor — antes quero que saiba de algo.

— Então diga.

— Eu e você fomos feitas uma para a outra e somente eu posso ter você!

— O que?

   Sem esperar por tais palavras, de atitude de Paula e do aborrecimento em sua voz, contendo também raiva e domínio, senti meu abdômen sendo perfurado de uma forma rápida e precisa, com uma mão ágil e pesada e sendo girada, enquanto eu gemia com a dor e o ardor em meus órgãos que aquele objeto cortante causava em mim.

   Gritei...

   Paula se afastou e a única força que tive foi para olhar pela última vez nos olhos da mulher que dizia que me amava. Vi sua mão suja de sangue e um canivete com o meu sangue, seu olhar estava tenso e seu corpo tremia. Vi o arrependimento estampado em seus olhos e uma expressão de medo.

   Caí antes da escuridão tomar conta dos meus olhos e da minha vida se esvair, eu a vi fugir, me deixando ali a ponto de morrer.

***

— Armstrong está acordando... ela precisa de...

   Ouvi uma voz longe falando algo sobre mim, uma voz que ficava cada vez mais alta, de acordo com o meu despertar lento. Meus olhos ainda estavam fechados e pude ouvir a minha respiração um pouco pesada. Respirei profundamente por sentir a falta de ar em meus pulmões e gemi, sentindo um aperto de dor no abdômen. Acabei me lembrando da idiotice que Paula acabou cometendo.

   Naquele momento, eu não me preocupei por ela, eu me preocupei somente com o meu estado enfermo e dolorido. Algo que me surpreendeu, algo que certamente deixaria uma cicatriz em mim. Paula já planejava uma vingança contra mim há muito tempo e eu não estava esperando por tamanha loucura da parte dela. Agora restava saber se ela foi pega, se os meus homens a jogaram na prisão da mansão ou se simplesmente a mataram por ela ter tentado contra a minha vida, como faziam com os meus inimigos.

— Armstrong?

   Ouvi aquela voz rouca próxima da minha orelha me chamando, tal voz pertencia a Mercier. Ele já estava de volta da viagem a Nova York, onde fora cumprir a missão seguindo as minhas ordens.

— Armstrong? — me chamou mais uma vez e senti o calor de sua mão envolvendo a minha, de um jeito carinhoso, o que eu deixei de lado. Ele sempre se preocupou comigo como se fosse algum parente meu, agia como um pai super protetor, na verdade, sendo já um homem de 50 anos e dotado de força e músculos impressionantes.

— Diga, Mercier! — ordenei entre um bocejo e ele certamente sorriu.

— Como se sente?

— Quase morta, mas... estou bem.

   Ele fungou entre um sorriso e apertou a minha mão, onde retribui o aperto.

— Voltei o mais rápido possível depois de cumprir a missão que me fora mandado, quando soube do que aconteceu com você.

— Obrigado por se preocupar. — falei e senti novamente uma dor embriagante envolvendo todo o meu tronco.

— De nada.

   Houve um silêncio...

   Mercier como também meus outros homens, já tinham regressado da missão em que os coloquei, e enfim, depois de um longo ano, ela estava lá, a metros de mim.

— Mercier?

— Sim, Armstrong?

— Onde ela está?

— No lugar em que você ordenou.

— E como foi a viagem de Nova York até aqui?

— Um tanto turbulenta por ela ser uma jovem é... uma jovem desobediente.

   Aquilo me fez rir. Obviamente, a senhorita D' Angelo jamais aceitaria viajar para Londres com homens desconhecidos, mas ela não podia evitar, o seu futuro era estar ao meu lado.

— Qual método usou, Mercier?

— Tive que dopá-la depois que a sequestramos enquanto ela voltava para casa...

— E o que essa irresponsável fazia em plena madrugada nas ruas? — perguntei intrigada, onde interrompi Mercier e abri os olhos. Vi o rosto claro e os cabelos pretos, como também, os olhos castanhos de Mercier.

— Certamente voltava de alguma festa. A seguimos desde que ela saiu de uma casa onde tocava uma música alta e ela não estava bem... estava chorando, parecia arrependida.

   A senhorita D' Angelo não estava bem... estava chorando... Chorando?

— Quero vê-la agora! — disse e tentei me levantar, mas acabei me dando conta de que havia uma agulha enfiada nas costas da minha mão, era soro. Acabei sentindo também dor no abdômen.

— Não pode se levantar, Armstrong...

— Eu preciso... eu necessito vê-la... necessito ouvir a voz dela, Mercier.

— Não é possível. Já faz um dia que você está nessa maca.

— Um dia?

— Sim... o canivete perfurou fundo a sua carne, mas não era tão grande, então não chegou a ferir o seu órgão.

— E quando poderei caminhar?

— O médico disse que em 4 dias você já estará melhor, assim poderá caminhar.

— E quem cuidará de mim nesses 4 dias?

— Contratamos uma enfermeira, ela já está aqui e vai fazer a limpeza da perfuração e te ajudar com o que você precisar.

— Ok.

   Houve um silêncio, Mercier se levantou e caminhou no quarto. As cortinas da janela estavam abertas e pude ver que era noite.

   A D'Angelo não saia da minha cabeça, eu a queria para mim, mas agora, eu teria que esperar mais 4 dias para vê-la. Estava tão próxima de mim, mas ao mesmo tempo, tão longe.

— Mercier?

— Sim, Armstrong? — disse ele se virando, mostrando-se muito preocupado e se aproximou.

— Traga ela até mim!

   Mercier estava hesitante.

— Armstrong... sei que não devo opinar em suas decisões, mas somente desta vez, peço que espere mais um pouco. Você não está no seu máximo e não conseguiria passar por uma possível discussão ou alguma troca de força.

— É isso que você pensa, Mercier?

— Sim, mas... aqui quem dá as ordens é você.

— Certo, Mercier... vou seguir o seu conselho. Sei que não será um mar de rosas quando ela conhecer a pessoa com quem vai passar o resto da vida.

— Por falar nisso... o contrato de casamento assinado pelo senhor D' Angelo estará no escritório... quando for a hora... conte a verdade para ela.

— Sim, Mercier... a conversa com Stella D' Angelo será longa. Cuide dela enquanto eu estiver nesse estado, não a maltrate, não levante a voz e se ela quiser sair do nosso quarto... permita, mas não deixe que ela me veja assim.

— Assim será, Armstrong.

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Comments

lua🌚

lua🌚

caramba se o primeiro capítulo tá assim já imagino os outros /Good//Good//Good/

2024-04-04

2

Clesiane Paulino

Clesiane Paulino

começando agora e já tô gostando
23/03/2024

2024-03-23

1

Luana Melo

Luana Melo

👀🤔

2023-11-22

3

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