CAPÍTULO 7

  Sonhei durante várias noites o mesmo sonho.

   A sensação e tudo foi real.

   O beijo que Megan Armstrong me deu, totalmente forçado não saia da minha cabeça, eu estava começando a enlouquecer.

   Me deitava para dormir, me levantava pela manhã e ela não estava lá ao meu lado.

   Nos dias que se passaram, a vi uma vez conversando com Mercier no jardim. Ela não apareceu para o café da manhã, para o almoço e nem para as outras refeições do dia.

   Pela minha contagem, eu já estava em Londres há duas semanas.

   Comecei a sair do quarto e sempre me deparava com Jones ou James posto de segurança na porta. Eles não me seguiram e eu pude andar e conhecer todos os cômodos e corredores daquela mansão. Haviam quadros belíssimos e obviamente caríssimos, uma sala com uma televisão gigantesca, sofás de fazer qualquer um cair no sono, empregados educados à disposição, comida e tudo o que se poderia imaginar ter num lugar tão rico.

   Me sentei no sofá da sala e um empregado que já tinha se comunicado comigo anteriormente veio, ligou a televisão e se foi, mantendo um lindo sorriso no rosto.

   Eles realmente eram felizes por trabalharem para Armstrong?

   Atenta ao noticiário na televisão, me assustei com gritos desesperados, causados em algum lugar próximo a mim. Me levantei imediatamente e fiquei de prontidão, então vi Megan e Mercier lado a lado, e Mercier parou quando me viu.

— Por favor... — implorou uma voz masculina que para mim era desconhecida — não me mata, eu pagarei a dívida em breve, só preciso de um pouco mais de tempo...

   Megan me viu e veio na minha direção. Ela simplesmente me jogou contra o sofá, mesmo eu me debatendo contra a sua força e assim não pude ver aquele que estava desesperado. Ela não queria que eu visse o tal homem encrencado.

— Leve esse inútil de merda para aquele lugar... logo logo ele terá o que merece. — ela ordenou e eu tremia, tentando empurrar ela de todo jeito, mas o seu peso sobre mim era uma arma contra mim.

   O homem que eu não pude ver se foi e fazia um barulho enquanto implorava por sua vida.

   Megan permaneceu em cima de mim, agora me encarando profundamente... até que...

— Já decidiu se vai ser a minha esposa? — ela soprou contra os meus lábios e eu me lembrei do seu beijo.

— É... Megan... — senti o seu perfume e respirei com o seu peso sobre mim.

— Sim ou não? — esbravejou apertando os meus punhos.

— Só te darei essa resposta se você... se você não fizer nada a aquele homem.

   Seu sorriso maléfico se fez presente e ela se levantou, puxando meu pulso fortemente e me ergueu. Já de pé, ela agarrou a minha cintura e rapidamente foi me guiando para trás, enquanto eu me perdia no profundo dos seus olhos.

   Senti a parede e segundos depois, os seus lábios percorreram o meu pescoço em beijos, beijos esses que pela primeira vez, gostei de sentir. Sua boca parou no canto da minha e seu nariz fez um carinho em minha bochecha.

   Fechei os olhos e estranhamente esperei que ela me beijasse. A lembrança do seu beijo ainda me perturbava e eu perdi as forças para resistir.

— Posso te beijar, Stella?

   Ela pediu a minha permissão e eu abri os olhos sem saber o que responder.

— Preciso sentir o sabor do seu beijo novamente!

— É... — suas palavras fizeram o meu coração palpitar.

— Só um beijo... só um?

   Me lembrei do homem desesperado e o que ela faria com ele e a empurrei, quebrando toda aquela tensão.

   Megan bufou e se virou para ir punir ou sei lá o que o homem devidamente, mas assim que tomei fôlego, eu a chamei com a voz alta..

— Pare, Megan!

   Megan parou e se virou, cruzando as mãos atrás das costas. Seu olhar inexpressivo se fez presente.

— Que quieres?

— Quero que não faça nada com aquele homem.

— Não se meta nas minhas decisões, Stella... Eu mesma puxarei o gatilho. Você não é ninguém para me impedir.

   Eu não era ninguém, mas ao mesmo tempo, eu era a suposta esposa dela e ela tinha que me ouvir.

— Quer mais alguma coisa, além de suas idiotices?

— Sim, Megan. — disse e me aproximei, porém hesitante e com as mãos suando.

— Diga. — ela disse assim que parei a centímetros dela.

   O que eu queria mesmo?...

— Posso fazer algo para te fazer mudar de ideia? Sei que não conheço aquele homem, não sei das suas negociações e nem das dívidas que algumas pessoas possam ter com você, mas sei que tirar a vida de outra pessoa não é o certo a se fazer, além de ser algo perturbador.

— Umm... — ela pensou enquanto me olhava sem interesse, bem, até que... — tem uma coisa que você pode fazer.

   Do jeito que aquelas palavras foram pronunciadas, eu já tinha ideia do que ela se referia.

— E o que eu posso fazer para que não mate aquele homem?

   Ela tocou os meus cabelos delicadamente e sorriu de canto.

— Passe uma noite comigo e ele estará livre.

— Está bem. — aceitei e ela sorriu.

— Mas além de deixá-lo livre... eu perdoarei a tal dívida.

   Por aquilo eu não esperava. Ela perdoaria a dívida e o deixaria livre, somente porque teria uma noite de amor comigo? Difícil de acreditar.

— Mas antes... — tirei sua mão de meus cabelos — antes de passarmos a noite juntas... eu gostaria de ver o homem.

— Por que quer vê-lo? Por acaso é para ter certeza de que o seu sacrifício valerá a pena?

— Não! Eu apenas quero vê-lo.

   Ela abaixou a cabeça parecendo pensativa e quando ergueu os olhos, eu me hipnotizei. Seus azuis estavam mais escuros e me atraíram.

— Só deixarei você vê-lo... se me disser se já me aceitou como a sua esposa, se decidiu ser a senhora Armstrong.

— Está bem... — respirei fundo, eu já tinha aquela resposta na ponta da língua — não... eu não serei a senhora Armstrong.

   Megan desviou o olhar e sem dar tanta importância, saiu andando na mesma direção de antes. Eu a segui, evitando estar ao seu lado.

   Nós seguimos caladas e passamos pela piscina, pelo jardim, por seguranças de prontidão e revólveres na cintura e bem no final daquela grande extensão, onde pisamos sobre pedras, entramos em um lugar escuro, o que acabou me dando calafrios.

   As luzes foram ligadas de repente e me mostraram um homem amarrado em uma cadeira e a sua roupa estava repleta de sangue. Ele estava com a cabeça caída e desacordado.

   Um desespero tomou conta de mim e eu me virei para Megan, que me encarou sem sentir remorso algum, estava fria, distante, maligna. Ela mandou os seus homens baterem no homem indefeso, e ele estava ali, quase morto.

   Tentei me aproximar para ver se ele ainda estava com vida, mas Megan me segurou.

— Me solta!

— Não permitirei que você se aproxime!

— Por que ordenou que os seus homens fizessem tamanha crueldade a um indefeso?

— Porque ele merecia, assim como o seu querido papá.

— Não! Nenhum dos dois. Ninguém merece ser afligido assim.

— Umm... temos pensamentos diferentes e agora que viu o que queria... cumpra com o nosso acordo.

— Não têm mais acordo nenhum, Megan... você é cruel.

   Ela sorriu e respirou fundo. Me soltou e foi se aproximando do homem na cadeira.

   Me lembrei brevemente do que ela disse sobre puxar o gatilho e corri para impedi-la, no entanto ela arrancou um revólver da cintura, a tal arma de fogo destruidora que antes não vi. Ela apontou na minha direção e eu parei.

— Melhor. — soou maléfica.

— Não faça isso, Megan! — implorei, sentindo o medo me envolver.

   Megan ignorou as minhas palavras e dessa vez, apontou o revólver para a cabeça do homem, encostando e batendo.

— Por favor, Megan... não mate-o, eu imploro.

   Ela olhou para o pulso esquerdo, como se estivesse vendo a hora no relógio e disse:

— Quer tentar negociar... ainda tenho dois minutos.

— Você é uma cretina maldita.

— Insultos que saem da sua boca são como elogios.

— Não tem o direito de matar as pessoas... você não é dona da vida delas.

— Mas sou dona do meu dinheiro e comigo ninguém brinca. — gritou furiosa, com ódio nos olhos.

— Você não me amedronta!

— Mas sou capaz de te fazer implorar pela vida de um mero farrapo e agora... esse farrapo terá o que merece.

   Megan engatilhou rapidamente o revólver e apontou para ele, pronta para atirar.

   Eu chamei o seu nome em um grito e ela me olhou espantada. Ela deixou o revólver cair de sua mão e quando vi, ela já tinha me agarrado e agora me beijava loucamente, descontando nos meus lábios todo o seu ódio e fúria.

   Cedi a aquele beijo, tanto que comecei a retribuir. O beijo que ela comandou desde o início, começou a ser comandado por nós duas.

   A sua forma de beijar era impressionante, era quente e ao mesmo tempo feroz. Ela me mordeu e não parou. Ela arfou contra a minha boca e eu suspirei.

   No calor do momento, eu abracei seus ombros e não evitei que as suas mãos fossem nervosas para a minha bunda. Suas mãos me apertaram e eu gemi contra a sua língua, que ocupou o espaço solitário da minha boca.

   Mas a fiz parar com um empurrão.

   Com seus olhos cheios de desejo, mas também de fúria, ela pegou o revólver e voltou a apontar para a cabeça do homem e sem mais me olhar, ela apertou o gatilho...

   Eu fechei os olhos...

   No revólver não havia bala, ela engatilhou, disparou e nada aconteceu ao homem. Eu realmente pensei que quando eu abrisse os olhos eu veria o pobre indefeso com um buraco no meio da testa.

   Megan me puxou para fora daquele lugar que só juntava poeira, medo e morte.

   Do lado de fora, ela segurou o meu maxilar e disse furiosa:

— O prazo da morte dele foi estendido. Hoje a noite você cederá a mim e se não o fizer... ele morrerá.

   Se afastou ainda furiosa e me deixou ali...

   Aguardaria o que a noite preparou para mim...

   E a noite mais que esperada por Megan havia chegado e eu lutava contra mim mesma para aceitar o fato de que se eu não passasse a noite com ela, a mesma iria matar aquele homem. Eu não o conhecia, mas temia por sua vida, como temeria pela vida de qualquer pessoa.

   Dívida ou erros não deveriam ser considerados motivos para matar alguém. Pessoas que pensavam de tal forma eram doentes, cruéis, pessoas sem coração, frias e prepotentes. Infelizmente, Megan Armstrong já tinha se mostrado ser assim e eu jamais iria me envolver ou me apaixonar, apesar de não me esquecer em nenhum momento dos beijos que ela me deu.

   Sai do banheiro vestida em um hobby branco e me deparei com Megan sentada na poltrona.

   O quarto estava turvo, obviamente ela desligou um dos abajures.

   Megan se levantou e eu vi que ela estava vestida em um hobby preto, aberto um pouco na altura dos seus seios.

   Quis voltar para o banheiro e me trancar lá dentro, mas eu era o livramento de morte do homem endividado.

   Então segui na sua direção, tomando toda a coragem que talvez poderia existir no meu ser e fui desamarrando hesitante o hobby, sem desviar os olhos dos seus azuis escuros. Ela estava desejando e eu estava tremendo, a vergonha não poderia estragar aquele momento, até porque, Megan já tinha me visto sem roupa.

   Ela meneou a cabeça e eu não entendi, até que...

— Pare agora o que está fazendo!

   Parei e ela se aproximou de mim, então chegou tocando de mansinho os meus lábios, os acariciou e apertou,e dando a mesma sensação de quando me beijou ferozmente.

   Megan me sentou na cama e beijou a minha testa carinhosamente. Eu senti conforto, estranhamente um conforto.

   Ela começou a me beijar lentamente fazendo com que suas mãos percorressem desde o meu pescoço até um dos meus seios ainda cobertos pelo hobby. Ela apertou o meu seio e eu suspirei contra a boca dela.

   Ela já tinha me excitado, feito eu desejar ter aquela noite com ela somente com aquele beijo, mas então ela parou e ergueu a postura.

   Megan permaneceu de pé com os olhos fazendo conexão com os meus a todo o momento.

— Você é linda, Stella.

   E meu coração palpitou.

— Stella?

— Sim, Megan? — respondi entre um afago.

— Você é perfeita.

   Eu apenas assenti e comecei a sentir uma tensão sexual se infiltrando no meio de nós duas, aquela tensão que não me ajudou nenhum pouco.

   Megan começou a desamarrar o hobby, mas nossos olhos permaneceram conectados, enquanto ela me olhava de cima.

   Com o hobby já desamarrado, Megan abriu e eu pude ver a beleza da parte da frente do seu corpo.

   Sua mão desceu do seu pescoço passando por seus seios e chegando ao seu abdômen, ignorando a cicatriz.

   Sua mão deslizou para a sua nudez e eu escutei claramente quando ela gemeu baixo como em um sussurro excitante por ter se tocado e eu assisti o que ela fez em segundos. Aquilo me fez salivar por causa de um desejo repentino, desejo de poder repetir aquilo nela e ela sentir o meu toque. Foi como um choque de realidade que me fez querer.

   Quando ergui a mão para tocá-la, ela me impediu e eu pude ver ali, um olhar cabisbaixo e triste, não havia mais desejo nela, seus olhos estavam caídos.

— Você está bem? — perguntei por preocupação.

— Sim.

   Megan pensou...

— Megan, eu...

— Não diga mais nada! — me interrompeu e eu me calei — Por qual motivo você se preocupa tanto com alguém que nem conhece?

— É... — tentei responder.

— O meu corpo Stella é o meu bem mais precioso e ele precisa ser desejado para ser tocado.

— Megan...

— Você está disposta a transar comigo para salvar a vida de um incompetente, mas você não me deseja e isso é o que mais me machuca. Eu te tirei de uma vida e te dei tudo, eu te salvei de quem você mais amava e confiava, pessoas essas que não merecem ter o seu amor.

— Eu... — comecei a me entristecer, vendo o seu desabafo e tristeza.

— Eu só desejava ter você para mim, desejava ter momentos com você, eu necessitava ser desejada por você, mas não... você me machucou por pensar que eu te obrigaria a ter relações comigo, mas eu jamais seria capaz disso.

— Megan, por favor... me escute... eu...

— Não! Eu vou atrás de quem me deseja... e não se preocupe, aquele incompetente que você implorou para que não morresse, já está livre.

— Megan... me desculpe? — pedi e tentei segurar a sua mão que amarraram o hobby ligeiramente.

— Boa noite, Stella. — ela disse com tristeza e se foi do quarto.

   A segui minutos depois, eu desejava ela, eu queria poder tocá-la, sentir ela.

   Vi a silhueta virando a esquerda no final do corredor escuro e corri para alcançá-la. Segui, segui e enfim, eu parei de rompante.

   Me arrependi de tê-la seguido.

   Assisti por um breve momento, o seu corpo sendo tocado com desejo pelas mãos da bela Lola, que a beijava com ganância. Tudo aquilo aconteceu próximo ao balcão da cozinha.

   Lola estava tocando o corpo dela e fazendo a mesma suspirar.

   Quem deveria estar fazendo aquilo era eu, quem deveria estar amando aquele lindo corpo era eu, só eu…

   Voltei para o quarto com aquela imagem na cabeça e chorei assim que me cobri por inteira com o cobertor. Chorei e me arrependi por tê-la rejeitado por tantos dias.

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Comments

Clesiane Paulino

Clesiane Paulino

e agora Stella... isso era o que vc queria😔😔😔

2024-03-24

1

Marcia Da Silva

Marcia Da Silva

se não que tem quem queira

2023-11-19

1

A.Maysa

A.Maysa

caramba Stella você também não ajuda...

2023-08-30

4

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