CAPÍTULO 10

   Era alta madrugada...

   Já fazia horas que eu tentava me entregar ao sono. As lembranças do ocorrido na piscina não me deixavam em paz e principalmente os toques e abraços que troquei com Megan.

   Não pude esquecer as borboletas no estômago. Não pude esquecer aquele abraço forte. E não pude esquecer nenhum segundo do que passamos e agora eu estava deitada, com os olhos abertos vendo o turvo do quarto e a claridade das luzes do jardim lá fora através da janela.

   Aquela cama estava fria e vazia, àquela que dormiu ao meu lado poucas noites não estava ali. Com certeza estava desfrutando do calor de outro corpo, um corpo que a desejava, esquentando outra cama e outros lençóis.

   Fechei os olhos...

.........

.........

   Cansei de esperar pelo sono, cansei daquela lembrança e me levantei, mas me assustei com um grito de dor que vinha de baixo. Pulei na cama e liguei o abajur, assim vi Megan sentada ao lado no chão da cama massageando sua coxa por cima do moletom que usava.

   Que diabos ela estava fazendo ali?

   Em qual momento entrou no quarto?

   Possivelmente nas primeiras horas em que fechei os olhos e tentei dormir? Seria aquilo um sonho, mas um sonho quase real?

— Boa madrugada, mi cielo. — ela disse baixo, com tom de carinho, chamando-me de “ meu céu ” uma expressão da língua espanhola, aquele idioma que era enraizado nas minhas veias do saber.

   Abracei meus joelhos em cima da cama e não falei nada, apenas continuei ali olhando para ela.

— Stella... — chamou e olhou para mim — eu também não conseguia dormir, senti falta da minha cama e decidi vir para cá, mas então, não me deitei porquê você estava nela... eu não queria ser inoportuna.

— É... — eu continuei olhando para ela e a lembrança girou na minha mente.

— As vezes eu costumo fazer uma coisa quando não consigo dormir. — disse ela e se levantou, apoiando as mãos na cama, onde foi subindo lentamente, sem desviar os olhos de mim.

   Eu me perdi no seu olhar profundo...

— E essa coisa é sempre melhor quando é feita por duas pessoas.

— Megan... — ela se ajoelhou na minha frente e pegou uma de minhas mãos, onde depositou um beijo e aquele beijo foi capaz de me arrepiar por inteira — Megan — suspirei.

— Você quer fazer essa coisa comigo, Stella? — perguntou e colocou a mão que beijou nos seus lábios e eu os toquei.

— E, e... e o que exatamente vamos fazer? — perguntei e acompanhei seu rosto que se aproximava do meu de pouco a pouco.

— Vamos jogar um jogo. — e parou o rosto a centímetros curtos do meu.

— Que jogo?

— É um jogo simples.

— E você já fez esse jogo com mais quantas pessoas? — perguntei, já saindo do encanto dos seus olhos e me afastei, mas fui segurada e deitada na cama ligeiramente.

   Megan se sentou por cima de mim enquanto eu tentava sair de sua força em meus punhos.

— Me solta! — reclamei, sentindo dores nos pulsos.

— Relaxa, Stella! — disse e sorriu, porém sem expressão.

— Não!

— Eu só quero fazer um jogo com você... nada mais.

— Eu não acredito em você!

— E pelo jeito nunca vai acreditar — desabafou saindo de cima de mim e também da cama — espero que consiga dormir, Stella. Daqui dois dias te apresentarei para todos aqueles que eu conheço como a minha esposa.

   Me levantei, dizendo...

— Não sou sua esposa — e ela parou — então, não é necessário que me apresente!

   Megan se virou e colocou as mãos nos bolsos, me olhou e fixou o olhar.

   Por mais que eu estivesse sempre a chutando, eu não podia evitar sentir algo diferente com os seus olhares.

— Podemos conversar, Stella? — perguntou de repente.

— A essa hora?

— A essa hora!

— Não... eu prefiro dormir.

— Dormir como, se você nem sono tem?!

— Tentarei dormir... se você deixar, é claro!

— Ok. Mas só deixarei depois que... — ela se aproximou e tentou me agarrar com e com sucesso, assim me prendeu contra a parede do quarto bem próxima da cama.

   A empurrei e ela continuou ali, com os seus braços me cercando.

— Depois que o que?

— Depois que eu te der isso — e colocou a mão num dos bolsos para pegar algo.

— Não quero nada de você! — cuspi aquelas palavras e tive a mão esquerda pega por ela — me solta, Megan!

   Em um momento rápido, eu tive o meu anelar envolvido por um anel de ouro e em seguida, a mão beijada.

   Aquele anel era uma jóia belíssima e caríssima, mas ele não deveria estar no meu dedo e sim no da mulher que ela deixou por minha causa.

— Eu não quero isso — tentei tirar o anel e ela me segurou — isso não me pertence.

— Tudo aqui pertence a você, incluindo eu, então este anel continuará no seu dedo!

— Não sou obrigada a usá-lo.

— Se não usar... eu cortarei todos os seus dedos — disse ela em um tom de ameaça e eu tomei um susto — agora, seja a minha esposa.

   Megan sentou na cama e me puxou. Sentei ao lado dela e a mesma tocou os meus cachos, ali, eu apenas observei aquele anel na minha mão.

   Megan juntou sua mão à minha e usou sua outra mão para tocar o meu queixo.

— Eu tive medo de te perder quando você caiu na piscina, Stella.

— Isso já é passado, Megan, não se preocupe mais por isso.

— Eu devo me preocupar, eu devo me preocupar.

— Não. Não deve.

— Stella... diga pelo menos que reconhece o que fiz por você.

— Eu reconheço o que fez por mim, Megan.

— Não assim, demonstre! Eu quero que demonstre, eu preciso que demonstre. Essa frieza que está tentando usar não combina com você.

— Não posso demonstrar e nem quero.

— Você pode e você quer! — disse bruscamente e segurou o meu maxilar, porém sem tanta força — eu sei que você quer!

— Não sei do que você está falando...

— Estou falando disso...

   Megan me beijou, envolvida por um impulso, sendo um beijo lento, mas logo ela se afastou e se levantou.

— Desculpe, eu... é... — procurava um ponto no quarto sem saber o que fazer.

— Desculpa? — a segurei pela mão. Não a reconheci. Megan Armstrong não pediria desculpas por ter roubado um beijo.

— É, me desculpa, mas saiba que eu desejava sentir os seus lábios mais uma vez, quero dizer... uma última vez.

   O que?

— Você me desejar nunca foi um segredo, mas eu não entendi...

— Mesmo assim — me interrompeu — eu devo parar de implorar por algo que venha de você. Se eu continuar assim, eu vou acabar enlouquecendo... eu nunca deveria ter te aceitado como pagamento, nem te sequestrado, eu deveria ter feito o seu pai pagar de outro jeito.

   Me levantei...

— Nada disso! — exclamei e bati no seu ombro.

— Se eu tivesse pensado melhor... você ainda estaria vivendo a sua vida, sendo enganada pela sua tia e pelo seu pai, mas mesmo assim, você continuaria feliz.

— Onde você quer chegar com isso, Megan?

— Vou te devolver para a sua vida... você só tem 18 anos, tem que aproveitar a sua juventude e num futuro encontrar alguém que ame e seja feliz em outro casamento.

— E o que você vai fazer com o meu pai?

— Deixarei ele nas mãos de Mercier.

   Mercier?

— E o que o Mercier fará com o meu pai? — me desesperei.

— O que ele sempre faz.

— Não oculte, Megan... não deixe ele fazer nada com o meu pai.

— O que acontecer com ele não será mais responsabilidade minha e sim do próprio D'Angelo — disse ela e se soltou de mim, então foi para porta.

   A segui e saí atrás dela, ignorando os seus comandos de eu permanecer no quarto. Não havia seguranças no corredor escuro e segui, tentando parar ela, mas era inútil tudo o que eu fazia.

— Para Megan! Vamos conversar sobre este assunto?!

— É madrugada... vou tentar dormir agora e você deve voltar para o quarto, daqui dois dias, o jatinho estará pronto para te devolver para a sua vida inútil.

   Corri e a parei antes que ela virasse o corredor.

— A minha vida não é inútil.

— Foda-se! — me empurrou e seguiu.

   A segui e de repente chegamos na cozinha, onde ela ligou as luzes e foi até a geladeira para pegar algo.

   Parei na frente da geladeira, abrindo os braços na tentativa de cobrir toda, mesmo aquilo sendo impossível.

— Você é irritante! — disse ela e me puxou, mas eu continuei ali como uma rocha.

— Vamos conversar e resolver o assunto do meu pai e só assim, você pode me mandar de volta para a minha vida.

— Não há necessidade de termos essa conversa. Já decidi que você vai embora e é isso que vai acontecer.

— Não antes de você me prometer que não vai deixar o Mercier fazer nada contra o meu pai.

— Eu não vou prometer nada... ele sofrerá a consequência dos atos e das próprias escolhas!

— Você se aproveitou do meu pai, foi isso...

— Um... eu?

— É, você!

— Stella... olha pra mim.

— Estou olhando.

— Eu não me aproveito de ninguém... eu simplesmente não deixo a oportunidade passar, e você não deveria deixar a sua passar.

— Não.

— Se disser não mais uma vez... você continuará aqui nessa mansão, mas ao invés de ser a minha esposa, você será somente uma empregadinha de merda!

— Empregadinha de merda? Como a Lola?

Megan ficou furiosa e demonstrou tamanha fúria com a sua mão apertando o meu pescoço.

— Respeite ela! — gritou comigo.

— Certamente respeitarei... só se ela fizer o que eu pedi.

   Megan me soltou e respirou fundo, parecia estar controlando a sua fúria.

— Você gosta da Lola? — perguntei assim que consegui o fôlego de volta.

   E ela meneou a cabeça negativamente.

— E por que a defende assim?

— Porque ela se fez presente em momentos em que eu precisei.

— Sei... aqueles em que ela te consolou — falei com raiva já imaginando tudo o que poderia ter acontecido entre elas. — ou aqueles em que você fez o que quis com ela?!

— Exatamente.

— Então... ela nunca mais fará isso por você!

— Até parece... você não teve coragem.

— Sim... eu tive. Eu exigi que ela parasse de ceder a você.

   Megan me segurou fortemente pelos antebraços e me tirou da frente da geladeira.

— Ai, sua filha da...

— Se ofender a minha mãe... eu arranco a sua língua.

— Você é uma cretina!

   Megan esqueceu da geladeira, me segurou e me empurrou contra o balcão. Sua boca se afundou na minha e ela começou a me beijar de um jeito necessitado.

   Acabei retribuindo o beijo, depois de muito resistir.

   Ela estava descontando toda a raiva que eu provoquei nos meus lábios, coitado dos meus lábios, eles mereciam mais carinho, mas não, ela não pararia, ela continuaria ali me forçando a retribuir da maneira que a agradava.

   Ela soltou os meus antebraços e suas mãos levantaram a minha blusa, subindo e tocando o meu seio, apertou e me excitou. Sua boca insana continuava na minha.

   Resisti ao seu novo aperto e a empurrei.

— Já chega!

— Já chega não! — ela gritou de raiva, me segurou e voltou a me beijar como louca.

   Resisti novamente e Megan agarrou os meus cachos com agressividade.

— Agora você vai ser minha de qualquer jeito... não suporto mais ser rejeitada por você. Vou te foder, você querendo ou não.

   Sua mão desceu, dando beliscões na minha barriga e logo se infiltrou no meio das minhas pernas.

— Não faz isso, Megan?!

— Farei e depois farei quantas vezes eu quiser... você me pertence!

   E ela me tocou profundamente...

   Me assustei e abri os olhos, já me deparando com a luz do sol entrando pela janela do quarto.

   Me toquei e vi que eu estava transpirando e com o corpo completamente molhado. Minha respiração estava desregulada, eu tremia, minha cabeça estava rodando.

...

   Me levantei um momento depois, já calma e olhei para a cama. Megan estava lá, dormindo como da primeira vez que a vi.

   Olhei para a minha mão e o anel, aquele belíssimo anel, havia desaparecido.

   Um sonho... aquilo foi apenas um sonho?

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Comments

Clesiane Paulino

Clesiane Paulino

vc tem que se decidir Stella 😢

2024-03-24

2

Adriana Gomes

Adriana Gomes

Stella já está tão envolvida com tudo
que até já sonha com o futuro que a aguarda

2023-08-31

3

Adriana Gomes

Adriana Gomes

misericórdia!
que sonho insano foi esse?
essas 2 são tão intensas que até dormindo as coisas não são diferentes

2023-08-31

3

Ver todos

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