— Este notebook agora é seu.
Megan me entregou o notebook e sorriu mostrando os dentes e aquele sorriso eu correspondi, desviando o olhar do banco da frente, o assento em que James estava sentado. Mercier estava manobrando próximo de um galpão de transporte, o qual Megan se referiu anteriormente como hangar.
Haviam homens de preto e alguns rostos familiares aguardando a nossa chegada ali.
— É somente meu, certo? — perguntei vendo ela tirar o cinto de segurança dela e o meu em seguida, onde aproveitou que os nossos lábios estavam próximos e me roubou um selinho rápido, seguido de um sorriso travesso. Já era óbvio que Armstrong não perdia tempo.
— Somente seu… como eu — sussurrou, mas percebi que pelo limpar de garganta de Mercier, que os dois guarda costas tinham ouvido.
— Irei usá-lo para o que eu desejar. — falei olhando nos seus olhos.
— Um rum… contanto que não assista porno. — brincou e sorriu maliciosamente.
— Não seja escrota!
Mercier limpou a garganta de novo e ambas olhamos para ele.
— James… Abra a porta para a minha esposa e faça a sua guarda. — Megan ordenou com o seu olhar perverso sobre mim e tentei não me hipnotizar.
— Sim, Armstrong.
Escutei o barulho da porta da frente abrindo e se fechando e me ajeitei para sair, no entanto, Megan me segurou e vimos Mercier saindo, onde acabou nos deixando a sós.
Megan tocou os meus cachos, desceu a mão para as minhas coxas e repousou a mesma onde o meu vestido preto não cobria.
Nossos olhos se encontraram e ela foi aproximando o rosto do meu, já umedecendo os lábios para poder me beijar e eu acabei fazendo o mesmo. Sua boca se juntou a minha lentamente e eu mordi ela envolvida por um impulso sacana e ela sorriu contra a minha boca perversamente. E em um beijo que se tornou intenso e único, perdemos minutos ali naquele carro com ela me provando do jeito que ela gostava, com ferocidade e desejo.
Quando ela matou a sua vontade, uma vontade que também se tornou minha, ela falou…
— Stella.
— Diga, Megan?
— Sei que não a avisei antes, mas… — e apertou a minha coxa — viajaremos para a Espanha agora mesmo.
Fiquei atônita. Espanha?
— Mas antes vou te dar uma coisa muito valiosa.
— É… — palavras não saiam…
— Agora você já pode sair. Não se preocupe, James te protegerá.
Assenti, tentando assimilar o que ela disse a pouco. Eu não estava preparada para viajar para a Espanha.
Sai do carro e James me protegeu, me guiando para o hangar, que logo vi que era um lugar de excelente iluminação. Ali dentro daquele estacionamento de aeronaves, eu vi um jatinho e um helicóptero, como também alguns carros menores. Haviam homens trabalhando e pareciam estar fazendo a manutenção do helicóptero.
James e eu paramos e ele ficou atrás de mim, como um soldado preparado e vigilante, olhando para todos os lugares e cantos em que a sua visão podia alcançar. Se ele estivesse com algum revólver, o mesmo estaria bem escondido por baixo daquela vestimenta preta.
Olhei para o jatinho, aquele deveria ser o que pertencia a Megan, um de seus bens mais valiosos. Olhei para o helicóptero e a possibilidade daquela belezura também pertencer a ela era gigantesca. Megan tinha uma cara de que não compartilhava espaços com ninguém.
Me virei para perguntar sobre o lugar para James, mas Megan logo se aproximou, juntamente com um homem de cabelos loiros vestido de terno e usando um quepe na cabeça, além do mesmo possuir quatro listras no ombro.
Aquele homem trazia consigo um papel amarronzado nas mãos e também uma caneta, o que acabou me deixando em alerta e pensativa. Me lembrei brevemente do documento de punições que assinei na noite anterior.
Megan me faria assinar aquele outro papel?
Não deu tempo de perguntar o que eu iria perguntar a James porque Megan foi mais rápida e já chegou pegando a minha mão e me aproximando do seu corpo, o que acabou me fazendo desequilibrar, mas me manter firme segundos depois.
— Comandante Brown… — Megan disse formalmente e repousou um olhar terno sobre mim — esta é Stella D'Angelo… Armstrong, a minha esposa.
Stella D'Angelo Armstrong… Tais sobrenomes saíram com tanto sentimento de sua boca que fez eu me orgulhar internamente.
— É um prazer conhecê-la, senhora Armstrong — disse o comandante com um sorriso sem mostrar os dentes e eu retribui.
Aquele homem distinto parecia ser um santo, comparado a Mercier ou aos outros que trabalhavam para Megan.
— É um prazer também. — disse simplesmente e ergui a mão para ele, na intenção de cumprimentá-lo, mas o mesmo acabou me entregando o papel.
— Vejo que tem pressa para fazê-lo ser seu…
— O que? — não entendi. Ele? Ele quem?
Megan me puxou para perto do jatinho, a aeronave que se mostrava ser maior a cada passo que eu dava.
O que Megan estava tramando?
Paramos bem perto e a porta do jatinho desceu, tornando-se uma escada de beleza agradável e de degraus beges.
Fiquei encantada, Megan obviamente ia me fazer entrar para irmos a Espanha, mas esperei que alguém descesse por aquela escada.
Enquanto esperava, vi a aproximação de James, que agora trazia em uma das mãos, a mesma caneta que o comandante estava segurando.
Vejo que tem pressa para fazê-lo ser seu… o que seria meu?
James entregou a caneta para Megan e após uma longa troca de olhares entre nós duas, ela me entregou a caneta.
Sim, ela me faria assinar mais um papel, mas eu esperava que não fosse mais uma crueldade.
— Stella?
— Sim? — lhe entreguei um olhar confuso e ela sorriu de canto.
— Assim que assinar este documento… — olhou para o jatinho e voltou a olhar para mim — este jatinho será seu.
— O que? — perguntei assustada e a caneta e o papel tremeram nas minhas mãos.
Meu? Não! Aquilo era apenas uma pegadinha da parte dela. Porém, me recordei das palavras do comandante e agora fazia sentido.
— Isso. Assine este documento e o jatinho será seu.
— Não, Megan… não, não! — Neguei com todas as minhas forças, devolvi o documento e a caneta para ela, me afastei e me sentei nos degraus da escada.
Eu não assinaria aquilo nunca. Eu não merecia ser dona de algo tão valioso a não ser por meu próprio esforço e dedicação.
Megan veio até mim, assim que deu o documento e a caneta para James e se ajoelhou na minha frente, repousando suas mãos abertas nos meus joelhos.
Nos olhamos…
— Stella, assine por favor?! — pediu e eu desviei o olhar para observar o jatinho — por favor, mi cielo… o considere como o seu presente de aniversário… aquele que você não pode ter.
Voltei a olhar para ela e a mesma encarou as mãos de unhas curtas, sem nenhum esmalte. Fez aquilo para esconder o seu rosto triste.
Ambas lembramos do que aconteceu no dia e na noite do meu aniversário e trazer aquilo à tona ou a nossa conversa, estragaria o pouco de sentimento que estava surgindo entre nós.
— Megan? — a chamei, erguendo o seu queixo e tive os seus azuis escuros em mim e atentos — eu preciso de tempo, não vou assinar, mas prometo que vou pensar no assunto.
— Sim, Stella e eu acredito em você… não vou obriga-la a fazê-lo.
— Obrigada, Megan. — agradeci, fazendo um carinho em sua bochecha.
Nos olhamos por mais um momento e quando ela se ergueu para me beijar, o comandante a paralisou com sua voz, e seguido daquilo, ela sorriu contra a minha boca.
— Em 5 minutos o jatinho irá decolar, Armstrong.
Megan se ergueu finalmente e eu me apoiei na escada para me levantar.
— Em menos de 3 horas, chegaremos — o comandante ressaltou — à vontade, Armstrong e D'Angelo.
Megan assentiu, segurou as minhas mãos pela segunda vez e subimos a escada, ela indo na frente e eu atrás. Meu coração apertou quando eu me deparei com poltronas de couro bege e luxuosas. O jatinho era de uma cor amadeirada por dentro e um tanto espaçoso. Parei para ver a beleza e riqueza espalhada por aquele espaço e Megan me puxou para me sentar ao lado dela, em poltronas lá no fim e de costas para a porta do jatinho. A poltrona era macia, confortável e espaçosa, espaço esse que Megan ocupou quando curvou e se apoiou com as mãos abertas de cada lado.
Seu rosto ficou próximo ao meu. Eu não iria perguntar o óbvio, já que Megan era a todo o momento intensa e cheia de desejo.
— Stella… você deve experimentar transar na poltrona de um jatinho. — disse ela e suas mãos correram para a minha cintura, onde o meu corpo foi puxado para a ponta da poltrona e as minhas pernas afastadas. Aquilo que ela fez mexeu com o meu ventre e eu me excitei.
— Não podemos fazer isso aqui, Megan… em cinco minutos…
— Em dois na realidade. — disse e arrumou sua postura, assim virei a cabeça e ambas vimos o comandante entrando, seguido por Mercier, James e mais dois homens.
Apressei para fechar as pernas e Megan se sentou ao meu lado, onde desviou os olhares dos homens de nós duas. Mercier e James se sentaram e os outros homens também.
Eu respirei fundo para me acalmar porque em segundos o jatinho iria decolar. Aquela seria a segunda viagem normal que eu iria fazer, tomando a imensidão dos céus e seria a primeira para a Espanha. Espanha, o país em que o meu pai nasceu. Em algumas horas eu estaria naquele país, onde a lembrança do meu pai iria ser constante.
— Por que está tão quieta, mi cielo? — perguntou e colocou o cinto de segurança em mim.
— É que…
— Tem medo de voar? — e colocou o cinto nela.
— Não é isso… é que, eu estava pensando no documento.
— Ah… — ela sorriu e acariciou a minha coxa — não se sinta pressionada em pensar sobre isso. Você tem todo o tempo do mundo.
— Obrigada por entender, Megan.
— Não me agradeça. Eu sei que esse assunto deve ser muito bem pensado.
Assenti e encostei a cabeça no ombro dela, que certamente não se importou.
O jatinho começou a se movimentar e eu vi através das pequenas janelas em formato oval, o mesmo saindo do hangar. Um momento depois, o jatinho tomou a extensão da pista de voo e decolagem.
Fechei os olhos e suspirei…
— Foi nesse terraço que eu vi você pela primeira vez, Stella… nas fotos que o seu pai me deu.
Megan me levou para aquele terraço em um prédio, o qual eu poderia considerar um arranha céu. Depois que o jatinho pousou no aeroporto, um carro nos levou e agora estávamos naquele terraço, sozinhas, porque ela não permitiu que nenhum de seus seguranças nos acompanhassem. Ela queria estar a sós comigo. Tudo aconteceu tão rápido que pareceu não ser real. Seria real?
— Por que está me dizendo isso? — me virei para encará-la.
Megan estava encostada na parede próxima da porta de acesso por onde saímos, com suas mãos nos bolsos do seu terno. Ela me encarou de volta e continuou calada.
O pôr do sol estava findando e a noite na Espanha estava começando…
— Por que estamos aqui, Megan?
— Para te dizer e confessar que foi aqui que comecei a desejar você, mas também para você saber que é aqui neste prédio que eu mantenho o cassino.
— Não precisava me trazer aqui. Já basta do que aconteceu com o meu pai. Quero ir embora já!
De repente fiquei inexplicavelmente explosiva.
— Vamos embora somente depois que eu fechar um negócio muito importante.
— Por acaso seria um que envolve outra garota de 18 anos pela qual você deseja ter como uma segunda esposa ou melhor… amante?! — aquelas palavras saíram tão ligeiramente e quando vi, eu já tinha magoado e entristecido Megan, que abaixou a cabeça.
Me aproximei e a toquei nos ombros.
— Perdón? Perdón?
— No tengo porqué perdónate.
— Entoces… mírame.
Megan me olhou e se afastou. A segui e abracei ela por trás. Eu senti que a magoei com o meu rancor.
— O James te levará de volta para Londres e nos encontraremos lá. — disse e tirou os meus braços dela, mas a segurei e de costas ela continuou.
— Eu voltarei somente com você!
— Não! — murmurou e tirou as minhas mãos dela novamente — você acabou de me mostrar que não sou uma boa companhia para você!
— Megan? — a chamei uma última vez e ela se foi por aquela porta, de onde James saiu um momento depois.
Não entendi o que ele estava fazendo ali e como tinha chegado tão rápido, era tudo muito confuso.
O encarei, dizendo…
— Não me toque… só vou embora se Megan for comigo.
— Mas, senhora…
— E ponto final!
— Senhora, é melhor irmos antes que você se arrependa — James me segurou, via-se preocupação nos seus olhos, uma preocupação que eu não entendi.
— Me solta! Eu já disse que só vou embora com Megan… não deixarei a minha esposa para trás. — disse e me soltei da mão forte dele e nisso, escutei uma voz familiar se aproximando.
Me virei para a porta de acesso e de lá vi o meu pai sair algemado sendo trazido por Megan, que também trazia um revólver em uma das mãos. O meu pai era moreno de cabelos cacheados e devido ao seu jeito presente, se encontrava todo maltratado e bagunçado. Seu olhar se ergueu até mim e logo em seguida, Megan o empurrou e ele caiu ajoelhado.
Quando tentei me aproximar, totalmente assustada e com o coração a mil, além de estar confuso, Megan engatilhou o revólver, apontou para a cabeça do meu pai e sem remorso algum, atirou.
Ela tirou a vida do meu pai e eu não pude permanecer de pé, e logo caí aos prantos…
…
— Mi cielo? Stella? Stella?...
— Não, não, não… — senti que eu estava murmurando e sendo sacudida.
Minhas pálpebras se abriram e eu encontrei o rosto de Megan, totalmente preocupado olhando para mim. Com um impulso me afastei e acabei caindo aos pés de Mercier.
Caída, eu olhei para os lados e percebi que estava no jatinho rodeada pelas poltronas.
— Bem vinda a Espanha! — Mercier desejou e me levantou com delicadeza, enquanto eu tentava entender o que tinha acabado de acontecer.
Eu tinha visto Megan matando o meu pai e no minuto seguinte, eu simplesmente apareci no jatinho. Seria aquilo uma premonição ou visão do futuro que veio a mim através de um pesadelo?
— Stella? — Megan falou pegando as minhas mãos e acariciando.
— Eu é…
— Ainda bem que acordou… você parecia estar tendo um pesadelo. — explicou e me abraçou, e eu a agarrei fortemente. Tudo foi apenas um pesadelo, um pesadelo, Stella!
A mulher que estava em seus braços jamais seria capaz de fazer mal ao seu pai. Esqueça isso. Viva no presente.
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Clesiane Paulino
Será que foi só um pesadelo mesmo 🥺🥺🥺
2024-03-24
3
Mzyy
pesadelo sei, aham aham me passou mt confiança kkkkkkkk
2023-09-06
4
Cleidiane Oliveira de Freitas
Quero mais
2023-09-05
1