CAPÍTULO 14

Horas mais tarde…

— Por que, Megan? Por que você foi tão cruel?

O silêncio me amedrontou assim que me calei.

Megan não respondeu. Ela estava sentada na poltrona lavando as mãos numa bacia de água prateada que estava na mesinha de centro. Se lavava do sangue do homem do charuto, o senhor que ela teve o prazer de bater e surrar até sujar as suas mãos.

Aquela maldade estava girando na minha cabeça a cada piscar de olhos.

Ela me fez assistir do começo ao fim, como ela era capaz de torturar um semelhante sem sentir nenhum remorso.

Megan bufou e secou as mãos no tecido caríssimo de seu terno. O terno foi retirado e jogado no encosto da poltrona e agora via-se uma mulher vestida numa blusa lisa com tons de sangue espalhados. Sangue, somente sangue.

Megan se virou para mim e eu olhei para as minhas mãos ainda trêmulas, evitando o seu rosto sem expressão. Ela estava fria, distinta, medonha.

Ela limpou a garganta e eu continuei cabisbaixa…

— Stella? — Me chamou — Stella, Stella…

Sua voz me encheu de medo e eu me encolhi no meu corpo.

— Peço que me perdoe.. — e bufou novamente — você não devia ter visto tanta maldade da minha parte… não devia ter visto como eu sou de verdade.

Perdoar?

Continuei apenas ouvindo, reprimida nas minhas lembranças. Nem mesmo o tal de Bryan escapou da crueldade dela, porque ela o pôs de cabeça para baixo e o acertou no estômago várias vezes com seus punhos malignos. Mas pelo menos, ela perdoou a dívida de três dos homens que estavam no terraço.

Me arrependi de tentar dar uma chance para nós duas. Eu jamais iria amar uma criatura que representava na terra apenas um abismo profundo de maldade.

Houve um silêncio amedrontador e quando percebi, Megan já estava ajoelhada na minha frente, beijando os meus joelhos e umedecendo-os.

Fechei os olhos com a sensação dos seus toques e fiquei ainda mais reprimida.

— Quiero su perdón, mi cielo.

“ Quero o seu perdão, meu céu. ”

Não falei nada…

— Sé que no soy la persona perfecta, que soy mala.

“ Sei que não sou a pessoa perfeita, que eu sou mal. ”

Muito mal.

— Pero todo lo qué hizo fue por una razón.

“ Mas tudo o que fiz foi por uma razão. ”

Razões, com certeza. Desculpas aos montes surgiam para aliviar um pouco de sua culpa. Todas as pessoas más têm razões ou motivos para serem cruéis.

— Eu gosto de causar dor nas pessoas.

— E eu odeio esse seu distúrbio! — gritei, já cansada de suas palavras — você é doente, Megan!

— Eu não sou doente… Eu apenas sinto prazer na forma como resolvo os meus negócios. Aqueles senhores tiveram muito menos do que mereciam e do que estava pronto para eles. Dei uma chance para aqueles imbecis por consideração a você.

— Consideração? — a interroguei e a empurrei, e então ela caiu sentada. Me levantei e me afastei até o canto mais distante do quarto — se você tivesse alguma consideração por mim… nunca teria me levado para tal jantar e muito menos ter feito eu assinar um documento. Você me comprometeu por inteira. Você me obrigou a ver o quanto mal você é…

— Stella. — disse e se levantou, já tirando a blusa lisa, enquanto me olhava, porém com tristeza no olhar.

Não era hora para demonstrar sentimentos, ela não.

Ela jogou a blusa longe e veio se aproximando. Aquele caminhar amedrontador me fez estremecer. Eu estava sozinha com uma assassina.

— Veja essa cicatriz, Stella… — disse apontando para a cicatriz acima do seu seio esquerdo. Eu olhei e me preparei para consumir a história que certamente sairia de sua boca — tentaram me matar quando eu tinha 22 anos — parou a uns centímetros na minha frente e respirou para continuar a sua confissão — está cicatriz é a prova de que inimigos meus tentaram contra a minha vida.

— E onde isso aconteceu? — perguntei e encarei os seus azuis tristes.

— Não importa… — odiei a sua resposta — a seguir disso, tentaram me matar novamente, mas acabaram matando homens leais a mim, realmente muito leais.

Duas vezes. — pensei…

— O que mais eu poderia fazer? Como eu deveria me comportar, sabendo que 24 horas por dia alguém está armando contra mim?

Continuei encarando ela, porém nenhuma resposta eu tinha, não era capaz de argumentar.

— Eu não era assim, mas os acontecimentos da vida me fizeram ser quem eu sou hoje. Desde o meu nascimento dentro de uma família perseguida, vivia todo o tempo imaginando o possível rosto daquele que iria me matar ou me arrancar da minha família. Sou milionária, no entanto, não sou totalmente feliz. Reconheço novamente que sou uma pessoa ruim, reconheço que talvez jamais vou mudar, mas reconheço também que posso lutar para mudar… lutar contra isso que cada dia suja e corrompe mais a minha alma. — ela desabafou, se aproximou acabando com o espaço vago que nos separava e pegou as minhas mãos — quero tentar mudar por você Stella porque sinto que o desejo dentro de mim que há muito tempo sinto por você, começou a se transformar em… em paixão…

Paixão?

Megan acabou de declarar que estava apaixonada por mim? Não… Ela era muito fria para confessar tal.

Me soltei de suas mãos e as mesmas foram parar no meu maxilar. Seu corpo me guiou até que me encostou delicadamente na parede. Seus olhos agora demonstravam desejo, um desejo envolvido por paixão.

— Eu estou apaixonada por você, Stella! — confessou contra a minha boca e eu suspirei.

Não! Eu não sabia no que acreditar ou em quem confiar, se nas palavras quentes de Armstrong ou na voz racional da minha cabeça.

— Stella… eu estou completamente apaixonada por você. Estoy muy enamorada de ti.

— Você menti! — consegui falar, porém com uma certa dificuldade.

— Não…. eu estou me declarando para você, Stella… Você não está vendo o tamanho do muro que eu acabei de derrubar?... Nunca na minha vida eu fiz isso… nunca me apaixonei por alguém.

Sorri de sua mentira e ela contraiu o maxilar.

Ela dizia tais palavras como se nunca tivesse se envolvido com outras mulheres ou se apaixonado.

— Eu não acredito em você!

— Você precisa acreditar em mim… faço qualquer coisa para que você acredite em mim, só não me peça o impossível.

— E o que seria o impossível para você?

— Muitas coisas.

— Do tipo… Você me deixar livre?

— Isso! Isto eu jamais farei porque sei que algum dia você sentirá por mim, o mesmo que eu sinto por você.

— Paixão, Megan?

— Paixão, Stella.

— Eu não quero apenas me apaixonar, Megan… eu quero amar e ser amada… Eu tenho direito a isso!

— Sim, eu sei e estou disposta a te amar do jeito que você merece.

— Megan, você não ama ninguém!

Megan abaixou a cabeça, mas fez um carinho na minha bochecha, onde senti uma terna sensação.

— Me ensine a amar então. — pediu ela, erguendo os olhos para me olhar profundamente e eu me surpreendi com o seu pedido.

Me ensine a amar.

— Me ensine a te amar, Stella… eu sei que paixão é diferente de amor, duas fases diferentes por onde cada um de nós passamos… quero que me ajude a concluir essas duas fases porque eu…

— Por que você o que? — perguntei quando as suas palavras falharam. Via-se um sentimento profundo transbordando através dos seus pedidos, um sentimento bom, no entanto desesperado.

— Porque… — encostou a sua testa na minha e respirou fundo — porque eu confio em você pra isso.

Eu confio em você.

Não podia ficar mais surpresa do que eu já estava, então, o meu corpo reagiu soltando uma emoção repentina através de umas lágrimas que escorreram no meu rosto.

Megan as viu e as limpou delicadamente, analisando cada ponto do meu rosto. Com o movimento dos seus olhos, eu pude ver e sentir que tudo o que ela disse, era verdade. Eu estaria errada se desprezasse aquilo, tudo o que ela conseguiu colocar pra fora envolvida por um sentimento chamado paixão, uma paixão que começou a sentir por mim.

Me afastei um pouco para pensar e ela hesitou em me deixar ir, mas agora, permanecia ali naquele canto, somente me olhando.

Pensei muito, organizei as razões na minha cabeça e me recordei de tudo o que aconteceu entre nós. Eu deveria dar uma chance para ela mudar ou desprezá-la mais ainda e fazê-la continuar em sua vida suja, repleta de maldades e crueldades?

O que eu deveria fazer? Como aceitar o seu pedido?

Caminhei para a janela e empurrei a cortina para ver a movimentação dos seguranças lá fora, mas usei aquilo para pensar mais um pouco.

E então Stella, qual a sua decisão? Essa pergunta se fez presente como se um conselheiro imaginário estivesse ali ao meu lado me interrogando, no propósito de saber qual seria a minha resposta.

Envolvida por meus pensamentos, senti mãos quentes tocando os meus antebraços como se estivesse fazendo um movimento para me esquentar e eu suspirei. Megan estava perto, tão apaixonada, tão sedenta e eu teria apenas o dever de dar-lhe uma resposta.

Senti seus lábios no meu ombro e arfei, sei que Megan sorriu, mesmo estando naquele momento tenso, onde pedidos e quereres estavam em jogo.

— Você deseja mesmo me amar? — perguntei num sussurro.

— Sim, Stella… desejo tudo que venha de você — respondeu com um sussurro excitante e suas mãos desceram para a minha cintura com apertos.

— E está disposta a esperar o tempo que for?

— É… sim… estou — hesitou, mas conseguiu afirmar.

— Até mesmo um ano?

Houve um silêncio…

— 365 dias não são páreo para Megan Armstrong — houve humor na sua voz.

— E se for 2 anos?

— 730 dias… muito menos.

— Três?

— Escute, Stella — esbravejou e me girou ligeiramente, me agarrando pela cintura como em um passe de balé — 1095 dias não serão capazes de acabar com esse desejo que sinto por você!

— Megan… — falei, tentando ao máximo afastar a tesão que ela me fez sentir quando me girou.

— Podem se passar 10.000 dias, mas eu vou continuar te desejando… você é totalmente perfeita, és rica em beleza… é o que eu preciso para completar o espaço vazio do meu coração!

Quando ela se calou, totalmente envolvida por um impulso e pela tesão, eu caí em sua boca, a beijando loucamente.

Não era mais Stella D' Angelo ali presente, me arriscaria a dizer que era ninguém menos que Stella Armstrong.

Megan correspondeu ao beijo totalmente possuída pelo seu desejo e eu não pude mais resistir aos seus lábios. Megan continuava com o seu beijo feroz.

Suas mãos nervosas me ergueram nos seus braços e eu abracei a sua cintura, sem perder o toque sincronizado de sua boca e daquela língua que invadiu eróticamente a minha boca.

De olhos fechados e com nossos lábios ocupados, senti a dureza da janela contra as minhas costas e gemi com o atrito.

Megan parou e eu pude respirar, porém sedenta para continuar sentindo a maciez de seus lábios.

O que eu não esperava era tais palavras…

— Stella… como você geme gostoso. — parafraseou e abocanhou a minha boca.

Megan movimentou o quadril entre as minhas pernas, sem perder o equilíbrio, usando toda a sua força para me segurar e eu senti o roçar delicioso na minha boceta.

Meu ventre começou a dar sinais enquanto eu arfava contra a boca insaciável que me beijava com ganância.

Megan parou novamente e me olhou profundamente, com as suas pupilas envolvidas pelo desejo. Eu sabia o que ela queria, mas, e se eu me arrependesse depois? Se ela simplesmente me desprezasse depois de conseguir o que queria, como forma de vingança?

Megan voltou a me beijar e eu cedi, aproveitando cada pedacinho daquele momento. A insanidade me invadiu e a razão disse adeus. O meu corpo reagia positivamente a todos os toques envolventes dela, a tudo o que ela fazia.

Senti a falta da dureza da janela e logo me vi sentada sobre o colo de Megan, que havia se sentado na poltrona. Ela estava ofegante, mas não largava da minha boca, respirava e voltava a me beijar, e comigo não foi diferente, eu estava entregue a aquele momento quente, até que…

Megan apertou os meus antebraços e num suspiro, pediu…

— Faça amor comigo?

— Megan, eu…

— Só esta noite. Me deixe desfrutar do seu amor, me deixe tocar você… eu farei o que você desejar. Me dê essa oportunidade, Stella. Veja como eu estou… estou fervendo, preciso te sentir.

Suas palavras me convenceram e sim, eu faria amor com ela.

— Está disposta a fazer o que eu desejar? — Soprei as palavras na sua boca e ela insanamente as recebeu.

— Sim… contanto que mate esse meu desejo.

— Está bem. — falei e a beijei, já sentindo uma de suas mãos percorrendo o interior das minhas coxas.

Aquela sensação era incrível, mas…

— Pare, Megan! — Mandei e segurei a sua mão. Ela trincou o maxilar e aguardou ansiosa por mim.

E nos olhamos profundamente, e sim, estávamos com desejo uma pela outra. Aquele desejo que por muitas vezes reprimi.

— Antes de começarmos… quero que aceite uma coisa.

— Sim, sim… eu aceito qualquer coisa.

— Perfeito, então… antes de me tocar — acariciei os seus lábios e ela os umedeceu em seguida, desejosa e fervendo — antes quero que você seja minha!

Megan fechou os olhos, sentindo a sensação que as minhas palavras causaram nela e sim, Megan simplesmente assentiu, me entregando um sorriso perverso e absurdamente excitante.

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Comments

A.G

A.G

Eita lelê kkkk que loucura senhor

2024-04-09

3

Clesiane Paulino

Clesiane Paulino

Stella dá uma chance a Megan 🥺

2024-03-24

1

Di Santos

Di Santos

Agora foi que deu.
kkkkkkk
Eitaaaaaa

2023-11-09

3

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