CAPÍTULO 20

Despertei procurando aquela que dormi abraçada a noite inteira, mas do lado dela da cama havia apenas uma bandeja de café da manhã. Aquele café da manhã estava atrativo, no entanto, eu gostaria de ver Megan primeiro antes de fazer outra coisa.

Me levantei e acabei encontrando as roupas dela, que usou na noite passada no piso negro. Se ela estava ali naquele ambiente, estava em silêncio.

Pelas roupas ali, eu decidi ir ao banheiro e quando cheguei no mesmo, me deparei com Megan dentro da banheira bebendo de um copo com uísque já pela metade. Encostei na porta para observá-la e ela me olhou por alguns segundos…

O uísque logo acabou e o copo foi deixado no chão ao lado da banheira. Com o indicador e o médio, ela me chamou e eu fui até ela.

Megan estava belíssima e completamente nua. Eu gostei de vê-la daquele jeito, eu senti uma energia tomando o meu corpo por inteiro. Aquilo foi causado pela lembrança inesquecível de suas palavras na noite anterior, quando ela confessou que me amava. Eu sabia que ela estava totalmente embriagada pelo sono quando disse, mas mesmo assim, eu o valorizei. Agora restava saber se ela ainda se lembrava do que falou.

— Você gostou do café da manhã? — ela perguntou quando parei e me ajoelhei ao lado da banheira, ficando com o rosto bem próximo do dela.

— Eu ainda não comi.

— E por que não? — sua mão tocou o meu queixo e eu recebi uma carícia terna.

— Porque primeiro eu precisava ver você.

Ela semicerrou os olhos e eu sorri de sua feição desconfiada…

— Sério?

— Sim.

— Já que me viu… você já pode voltar para o seu café da manhã.

— Eu não quero voltar.

— E por que não? Por acaso eu sou melhor que ovos mexidos, morangos, biscoitos e doce?

— Me arrisco a dizer que você seja melhor até que o vinho mais caro do mundo. — Soprei aquelas palavras em sua boca e ela segurou o meu maxilar, me prendendo ali.

— O que pretende, Stella?

— Talvez… me enfiar nessa banheira junto com você.

— E por que quer fazer isso? — ela estava interessada e com o seu polegar acariciando o meu maxilar.

— Preciso de motivos para tomar um banho com a minha esposa?

— Umm… — e seus olhos piscavam lentamente, parecia estar pensando…

— Um, dois, três, quatro, cinco…

— Pare de contar, Stella! — ordenou meio aborrecida e a sua mão saiu do meu maxilar — se quer banhar comigo… tire as suas roupas e se sente no meu colo.

— Está bem… esposa.

Megan revirou os olhos e eu fiz como ela falou, me despi, acompanhando a todo instante o seu olhar vidrado em mim. Ela não piscou, não respirou, aguardou…

Me sentei no colo dela, sentindo as suas coxas nuas e a água envolvendo metade do meu corpo e apoiei os meus braços em seus ombros.

Megan me olhou com desejo e eu senti uma viciante massagem em minhas coxas. Suas mãos massageavam aquele local e de lá não saíram.

— Megan?

— Sim, mi cielo?

— Quantos dias ficaremos na Espanha?

— Dois mais… ainda preciso resolver alguns assuntos do cassino.

— Quais tipos de assunto?

— Assuntos que envolvem dinheiro. — E quais assuntos de Megan que não envolviam dinheiro?

— Então é uma negociação?!

— Exatamente. Nesta negociação trataremos da compra de um outro cassino.

— Você comprará outro cassino?

— Talvez… ainda não decidi, primeiro devo saber da procedência.

— Algo pode dar errado? — perguntei e massageei a nuca dela lentamente, onde ela fechou os olhos e suspirou, mas me deu dois apertos em minhas coxas e eu me excitei.

— Tudo pode dar errado nesses tipos de negociações, Stella. São muitas probabilidades, muitos conceitos… da dor de cabeça às vezes.

— Então se esse negócio te dá tanta dor de cabeça… venda.

— Hahaha… — ela sorriu — não é assim tão fácil. O cassino está de pé desde antes do meu nascimento.

— 30, 40 anos? — falei pensativa.

— 35 anos de existência.

— Incrível, porém… intrigante.

— Por que intrigante?

— Bom… um cassino ilegal não deveria sobreviver por tanto tempo.

— Quem te disse isso? — perguntou, mas escondeu o seu rosto, parecendo envergonhada.

— Ninguém me disse, mas pelo jeito que você é e como resolve os seus negócios… eu jamais pensaria que o seu cassino seria legal diante das autoridades. — e ergui o seu queixo para ela olhar para mim.

Vi uma tristeza no seu olhar. Eu não queria deixá-la triste e muito menos pensativa. O cassino ser ilegal parecia pertencer a um grande segredo, um segredo que descobri sem querer.

— Megan…

— Tenho vergonha disso, Stella… vergonha de saber que o grande patrimônio que tenho hoje foi acumulado através de anos com esse maldito cassino, mas também por saber que muitos apostadores apostavam o que tinham e acabavam perdendo tudo.

— Não sinta vergonha, Megan… não se culpe, você também é uma vítima nessa história. Agora você tem a chance de mudar isso.

— Mas eu não posso vendê-lo, o mesmo pertence à família Armstrong há muito tempo, sinto que eu estaria me desfazendo de algo que também pertenceu a minha mãe.

Pensei…

— Mas… eu também posso me desfazer desse cassino maldito, mamãe irá me aplaudir de onde esteja. — falou de rompante, como se tivesse mudado de personalidade em segundos.

— Então… se não vendê-lo, ponha um fim nisso.

— Stella, isso não se faz em um único dia.

— Então vamos esperar.

— E fechamos o cassino assim sem mais nem menos?

— Fecharemos? — Fiquei confusa de repente.

— Umm… como a minha esposa, você pode tomar decisões comigo.

Comecei a me sentir importante inexplicavelmente.

— Se posso tomar decisões, Megan… eu gostaria de…

— Me beijar? — me interrompeu e a sua tristeza evaporou.

— Bem… — pensei — na verdade, eu iria…

— Me beijar?

— Não, Megan… para! — rimos juntas e quando a nossa animação foi tomada por uma nuvem estranhamente romântica, eu beijei a boca dela.

Ela não foi feroz desta vez nos meus lábios, Megan me fez parar quando segurou o meu maxilar suavemente e profundamente me olhou. Meus olhos se deleitaram na beleza do seu rosto a centímetros e seguido de um sorriso reconfortante, ela deu início a um beijo lento, provando de toda a extensão da minha boca. Nossas línguas tomaram em sincronia um mover tímido e aquilo foi maravilhoso.

Nem parecia ser Stella D'Angelo ali, aquela garota de 18 anos que desde que conheceu a verdadeira Megan Armstrong a odiou. Não parecia. Não me arrependo de ter resistido e também não me arrependo de ter cedido mais uma vez. Megan Armstrong fez um sentimento encantador surgir em mim, um sentimento por ela.

Sua boca suspirou contra a minha e se separou.

Nos olhamos intensamente e os olhos dela estavam baixos de desejo. Pude ver a paixão transbordando de seus olhos, aquela paixão que ela confessou ter por mim. E naquele momento, desejei sentir o mesmo que ela, mas eu ainda não sentia.

— Stella… — sua voz foi fraca e eu apenas assenti, envolvida por uma vontade insana de voltar a beijar ela — vamos com calma ou você quer…

— Quero. — respondi, sem nem mesmo saber o que ela iria falar, eu só queria e ponto final.

— Você realmente me deseja?

— Sim.

— Certo, então… me abrace muito… agora eu só preciso sentir o seu abraço.

A abracei fortemente, deixando o meu corpo cair sobre o dela e sentir-me sendo envolvida em um abraço. Megan me surpreendeu com o seu pedido encantador.

Somente com aquele toque, era capaz de confortá-la, mas também, capaz de me fazer sentir ainda mais amada. Eu tinha certeza de que ela me amava.

••• ••• •••

O carro parou num lugar reservado do estacionamento em um prédio gigantesco, eu soube de tal porque não consegui fechar os olhos para as belas luzes da cidade. Megan ao meu lado no banco de trás, assistindo o correr rápido das rodas dos outros carros que nos ultrapassavam e eu sentindo a sua mão fixada na minha em um aperto de mão que durou o percurso inteiro.

Depois daquele momento maravilhoso na banheira, Megan me pegou em quase todas as paredes do quarto com fome do meu beijo. Ela não insinuou em nenhum momento que queria passar para a parte boa e eu iria respeitar o seu tempo, como ela quase hesitou aceitar o meu. Eu comecei a gostar de beijar ela, não por ela ser uma profissional de carteirinha, mas porque ela fazia com tanta intensidade, insana e romântica, contendo em quase todas as vezes, a sua ferocidade e o seu manejar erótico.

Pude entender o porquê da loucura da mulher que a perfurou com o canivete. Megan era um universo único de desejo e paixão e ser desprezada por ela com certeza seria o fim do mundo. O seu jeito cruel era o que a deixava mais sensual e quando ela o misturava com o seu outro jeito romântico perverso, ela tornava-se um abismo de insanidade e desejo extremo.

Eu, Megan, Mercier e James entramos no elevador, onde um homem de pequena estatura estava manejando e ele apertou um botão escondido por detrás de um número nulo. Senti o elevador indo para baixo, bem para baixo e Megan agarrou a minha cintura, me deixando segura em seus braços, mas antes ela colocou uma máscara preta no meu rosto, onde apenas os meus lábios e a ponta do meu nariz e os meus olhos verdes ficaram visíveis. Eu não entendi o porquê daquilo, no entanto gostei, porque a máscara preta combinava com o vestido também preto e com o salto que eu estava usando, um estilo extravagante e colado ao meu corpo, que Megan fez questão de escolher, enquanto que a vestimenta dela era quase sempre a mesma. Um estilo de terno negro e uma blusa social vermelha vinho, ela ficava irresistível e se alguém dissesse o contrário, estaria de mal comigo.

Antes de irmos para aquele prédio, Megan pela primeira vez, me contou para onde iríamos. O cassino, aquele cassino ilegal que algum dia ela conseguiria fechar.

— Não tenha medo, querida… a máscara é para a sua proteção. Eu não quero que nenhum infame saiba como é o seu rosto.

Acabei entendendo o porquê da máscara…

— Confesso que agora, me sinto um pouco…

— Não sinta-se desprotegida… eu estarei aqui para você. — sussurrou e o elevador parou.

Descemos muito, enquanto íamos na direção do “ Abismo ”.

— Abismo é um nome muito amedrontador. — disse e Megan ofereceu o braço, enquanto saímos do elevador.

Havia mesas de jogos, slot machines, roleta, poker e mais alguns divertimentos voltados para apostas, mas também tinha o lugar para os clientes usarem e abusarem do álcool. Todos ali no ambiente iluminado com luzes vermelhas, brancas e azuis num jogo de luzes sem o freio, me olharam. Passamos por todos, escoltados por James e Mercier e eu não consegui manter a minha cabeça erguida, eu me senti como um alvo em movimento prestes a ser bombardeado. Eu tinha a noção de que eu seria protegida se algo acontecesse, no entanto, o medo de algo realmente acontecer era maior.

Quando a porta se fechou atrás de mim, uma porta de madeira negra com seguranças armados, eu pude erguer a cabeça e respirar. Mas quando olhei para tudo ao meu redor, eu me deparei com um homem amarrado numa cadeira e com a cabeça baixa parecendo desacordado, mas diferente do outro em que vi na mansão, aquele dali estava bem, sem nenhum ferimento ou sangue. Os cabelos do homem eram totalmente grisalhos e a sua pele era bronzeada. Como estava de cabeça baixa, eu não pude ver o seu rosto e muito menos os seus traços.

— Ele está bem, mi cielo. — Megan disse e me levou para sentar num sofá de couro vermelho que possuía apenas dois lugares espaçosos e uma mesinha de centro com bebidas alcoólicas estava próxima.

Aliviei a minha tensão por saber que aquele homem, que obviamente devia ou trapaceou com Megan, estava bem.

Megan me deixou no sofá, tirou a máscara de mim e foi se sentar em uma cadeira espaçosa e giratória, e colocou as pernas na mesa de vidro, talvez para descansar as pernas.

Desviei o olhar dela por um momento e observei James tomar o posto de guarda ao lado da porta, enquanto que Mercier apenas me olhava. Seu olhar era intrigante e duvidoso, e eu decidi me manter em alerta.

— Dopou ele a quanto tempo? — Megan perguntou e começou a me encarar, enquanto estralava os dedos e fazia a cadeira se mover com o impulso de suas pernas. Aquela pergunta foi direcionada a Mercier, que um tanto apressado, deixou de me olhar e respondeu.

— A mais de uma hora… em alguns minutos ele acordará.

— Espero que sim… — Megan disse e me olhou de um jeito desafiador — porque eu não desejo deixar a minha esposa esperando.

O que? Quando eu entrei nessa história toda? Pelo que percebi, eu não tinha nada a haver com aquele homem na cadeira.

— Por que isso me envolve, Megan?

Megan continuou me olhando e houve um silêncio, no entanto, ela deu um menear de cabeça para Mercier, que agiu assim que entendeu, aquilo que eu não pude entender.

Mercier foi até o homem na cadeira, agarrou violentamente os cabelos do homem e ergueu.

Eu me assustei em meio a uma surpresa e aquilo foi causado por eu ter me deparado com o rosto desacordado do meu pai. Pedro D'Angelo estava ali tão perto.

Quis me levantar, mas o olhar de julgamento de Megan foi capaz de me prender naquele sofá. Eu não pude. Acabei me lembrando do pesadelo em que Megan matava sem remorso algum o meu pai. O meu desespero começou a me invadir gradativamente, o meu coração apertou e eu senti minhas mãos tremerem.

Tomei coragem e perguntei, assim que Mercier deixou a cabeça do meu pai solta e caída…

— O que você fará com ele, Megan?

— Você decidirá… meu amor.

— Eu?

Mais populares

Comments

Clesiane Paulino

Clesiane Paulino

prq Megan insiste em levar Stella a um mundo que ela não quer🥺🥺🥺🥺

2024-03-24

2

Diva

Diva

Autora, você me faz entender o sentido da montanha russa...

2023-11-09

2

Adriana Gomes

Adriana Gomes

Stella dando as ideias a Megan,
Será que a toda poderosa um dia
seria capaz de deixar tudo isso de lado?...

2023-09-08

1

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!