CAPÍTULO 11

Me lembrei daquele sonho durante todas as horas de dois longos dias.

Depois daquela madrugada e daquele sonho que para mim foi mais que real, pude ver o deitar e o levantar de Megan na cama. Trocamos olhares pela manhã, pela tarde e pela noite, mas nenhuma palavra foi dita.

Tomei o café da manhã na companhia do meu guarda costas, aquele que ficava atrás de mim de pé e de prontidão com a mão sempre próxima do revólver na cintura.

Exagerado. Aquela mansão, pelo que pude ver todos aqueles dias, era vigiada 24 horas por dia.

Tédio acumulando, depressão a ponto de me atingir, ninguém da minha idade para conversar comigo ou trocarmos uma ideia. Só tinha uma biblioteca gigantesca, aquela que eu achei belíssima quando vi pela primeira vez. Acabei me lembrando da biblioteca que pertencia a um filme de desenho, tal filme que assisti quando ainda era criança. Sempre gostei de livros, era um passatempo agradável. Se eu continuasse ali por mais um ano, ou pelo resto da minha vida, os livros teriam de ser substituídos.

— Senhorita?

Encarei James por cima do ombro. Ele estava com uma face dura, sem expressão. Ele parecia ser uma pessoa amargurada, mas não, James não era.

Eu me levantei, tirando as pernas da piscina. Estive sentada ali na borda da piscina sentindo a água calma desde que terminei o lanche da tarde.

— O que, James?

— Armstrong espera por você no escritório.

Ela enfim se lembrou da hóspede que mantinha presa ali.

— Estou com sono, James — falei e caminhei com as pernas molhadas escorrendo pingos por onde eu pisava. Resolvi puxar a calça moletom até os joelhos para não molhar aquela preciosidade linda que eu estava usando.

— Em cinco minutos ela mesma virá buscá-la, se a senhorita não comparecer no escritório.

James disse e eu continuei caminhando, porém dei a volta na piscina e segui para o escritório da “ chefe ”. Iria acabar logo com aquilo porque se eu não fosse, ele iria atrás de mim e acabaríamos discutindo ou brigando, como sempre aconteceu desde que eu a conheci.

James me seguiu a uma certa distância depois de não entender qual foi a da minha onda na borda da piscina.

— Você sabe o porquê que ela me quer naquele escritório?

— Não.

— Como que não sabe?

— Não sei, senhorita. O que acontece no escritório, fica no escritório.

— Ah é? Por acaso nenhum de vocês nunca ficou escutando atrás da porta?

— Não!... Em toda a mansão ha câmeras de segurança, tais que são monitoradas por Armstrong no escritório.

— Câmeras é? — sem dúvidas.

— Sim.

— E somente ela monitora?

— Sim.

— Mercier não cuida disse por ela... ele não é o guarda costas fiel?!

— Não, senhorita. Mercier cuida de outras coisas.

Outras coisas? Sequestrar, matar e surrar os inimigos dela, como também aqueles que devem até a alma pra ela?

— Não tenho a permissão para lhe responder tal pergunta.

— Por favor, James... faz esse favorzinho — pedi fazendo o sinal do amém e paramos.

— Desculpe, senhorita. Agora deixo-lhe até segunda ordem.

— Se você é o meu guarda costas... você tem que me seguir para onde eu for — afirmei apontando para a porta do escritório, que estava a centímetros de nós — você vai entrar comigo!

— Não, não. — disse e me deixou ali sozinha.

Por que Megan Armstrong me chamou ali?

Bati na porta com o nó dos dedos e a mesma se abriu no mesmo instante, já me mostrando uma Armstrong explosiva.

Megan me puxou para dentro do escritório, empurrou os dois lados da porta ligeiramente e me guiou rapidamente para trás, até me sentar sobre a mesa e por cima de muitas cédulas, ali tinha muita dinheiro.

Com seu desejo explosivo mostrando totalmente os seus azuis escuros e profundos, ela abocanhou meus lábios e começou a me beijar, segurou os meus punhos atrás das minhas costas fortemente e se enfiou no meio das minhas pernas.

Eu não pude fazer nada, eu estava presa e sendo beijada e consumida por lábios furiosos. Uma língua exploradora que invadiu a minha boca e que fez contato com a minha, um beijo erótico, totalmente insano.

Megan parou e ofegou contra a minha boca, mas me beijou novamente sem me dar a chance de tomar o fôlego que eu necessitava.

Megan com seus lábios indianos, foi me deixando dominada, com um sentimento estranho de entrega, um sentimento quente.

Por fim, respirei profundamente ainda sentindo aquele toque insano e Megan foi soltando lentamente os meus punhos. Senti uma dor nos ombros e logo estava livre.

Megan pegou as minhas mãos e as colocou na mesa, onde fez eu me apoiar e segurar. Suas mãos subiram juntas para o meu maxilar e o segurou firme.

Vi seus olhos transbordando de desejo e seus lábios sendo mordidos. Não sei se foi por impulso, mas acabei me mordendo também.

Megan sorriu maliciosamente e me beijou pela terceira vez, porém com mais leveza, mais carinho e para aquele beijo, eu não pude dizer não. Eu me entreguei completamente a ela.

Abri os olhos e...

E...

— Eu quero sentir você, Stella... — suas palavras tocaram os meus lábios e eu senti um pulsar no meu ventre — quero tocar você por dentro, sentir o seu calor e saber como são os seus gemidos.

— Megan... não, não...

— Diga Megan sim, por favor, Stella... só uma vez. Diga sim só uma vez?!

— Não, não posso. — disse e tentei descer daquela mesa, no entanto, ela repousou a mão na mesa bem no meio das minhas coxas e se eu me mexesse só por mais um centímetro, eu sentiria ela.

Nos olhamos e ela continuou ali com a sua mão parada e com os seus olhos vidrados nos meus.

— Posso te fazer uma pergunta, Stella? — suas palavras saíram, envolvidas por sua respiração quente e eu fechei os olhos, saboreando a sensação daquele calor.

— S-sim... — consegui responder.

As sensações no meu corpo eram muitas naquele momento.

— Mas esta pergunta você deve responder com sinceridade! — disse com ar sério.

— Ok. — aceitei engolindo em seco.

— Você... você gostou do meu beijo?

— É...

— Quero dizer... do nosso beijo?

Não podia mentir... Eu deveria omitir?

— Responda, Stella! Esse silêncio está me matando. — disse ela, com vontade de me beijar de novo. Seus olhos revezavam entre os meus e a minha boca.

— Eu, eu... eu não sei. — sim eu sabia, eu tinha gostado e gostado muito.

— Você sabe sim! Você sentiu o mesmo que eu. Não minta!

— Não estou mentindo, eu só... só...

— Eu sei que sim, Stella. Você também retribuiu o beijo e essa sua boca é tão irresistível — disse com desejo, segurou a minha nuca e me puxou para um outro beijo, o qual eu simplesmente caí. Não tive forças para usar, para parar aquela tentação no meio das minhas pernas.

Em meio a aquele beijo, eu senti sua mão tocando a minha coxa dando apertos e sendo massageada. Senti o meu interior pulsar e um choque repentino percorrer o meu corpo por completo.

Ela não podia seguir em frente com aquilo, não podia, mas ela seguiu. Ela me tocou por cima da minha calcinha com o polegar e fez uma pressão logo depois de enfiar a mão no moletom. Aquele toque me fez morder seu lábio e ela gemeu.

Megan parou e passou a língua no lábio inferior, encarando os meus.

— Essa mordida era tudo o que eu precisava para saber que sim... você gostou do nosso beijo.

— Não!

— É feio mentir! — parafraseou e tirou a mão, e também usou o mesmo polegar para tocar os cantos da boca, parecia estar limpando a saliva que foi criada por causa do nossos beijos.

Ela estava convencida, seu olhar malicioso se fez presente e um sorriso perverso surgiu.

— Posso ir agora? — perguntei e tentei descer da mesa, mas ela espalmou a mão no meio da minha barriga e me pressionou para ficar ali.

— Você não precisa pedir, esposa!

Revirei os olhos e ela sorriu.

— Posso continuar te chamando de esposa, esposa?

— Não é necessário... eu não pretendo ser a sua esposa.

— Um, um, um... deixarei você ir, mas antes, quero te dizer o porquê você está aqui.

— Achei que esse momento nunca chegaria. — ironizei e ela sorriu com malícia.

Megan me deixou descer e já com os pés firmes no piso, eu vi ela se abaixando na minha frente, descendo e tocando dese a minha cintura até as minhas panturrilhas.

Acabei imaginando o que talvez ela iria fazer e tentei me afastar, no entanto, ela segurou as minhas pernas em um abraço e eu acabei sorrindo com o meu desequilíbrio. Ali naquela posição, ela parecia uma criança chorona implorando por um doce ou atenção. Ela sorriu de baixo quando ouviu a minha gargalhada.

Pela primeira vez, o nosso sorriso foi verdadeiro, foi simples, foi tocante e aquilo, eu jamais iria esquecer.

Decidi acabar com aquele mistério e ainda sorrindo, perguntei...

— O que pretende com isso, Megan?

— Só te entregar algo.

— Me entregar algo?

— Sim... achou que eu iria fazer o que? — perguntou, contendo uma inocência tremenda em sua voz e eu sorri dela, que deixou as minhas pernas livres.

— Então... me entregue.

— Ok.

Fiquei ali de pé e ela ajoelhada, então ela tirou uma caixinha preta do bolso de sua jeans e abriu, já me mostrando um raro e belíssimo anel. Era um anel diferente de todos os que eu já tinha visto. Tinha a letra “ M ” estampada no meio da superfície quadrada do anel.

O sonho do anel no meu anelar pairou na minha mente e eu senti uma palpitação. O meu coração, como também os meus sentidos se confundiram. Ela estava ali ajoelhada, erguendo aquele anel da forma mais romântica que existe. Megan Armstrong me surpreendeu, sua prepotência, sua brutalidade e a sua dominância não estavam ali, somente ela comigo.

— É... — tentei falar algo.

— Quero que as coisas entre nós dêem certo — ela disse e se levantou, tirando o anel da caixinha e deixando a mesma na mesa — por isso que devo fazer isso do jeito certo.

— Megan...

— Eu peço perdão por tudo o que te fiz passar, peço também somente uma oportunidade. Eu posso fazer você esquecer o passado que fez você estar aqui agora. Eu só te peço uma chance, eu mudo o que sou por você... se você aprender a me amar.

Paralisei...

— Eu não sei o que dizer... eu...

— Só diga sim ou concorde com a cabeça... eu entenderei como um sim.

Pensei e ela ficou ali na minha frente, parecia ansiosa por minha resposta, encarava o anel com a letra do seu nome e respirava pesadamente.

Será que eu deveria aceitar dar uma chance à ela, esquecer do que me levou até ali, esquecer que fui comprada, que fui sequestrada e que um documento me prendeu a ela até o fim dos meus dias?

Megan parecia arrependida. Sua respiração mostrava a sua ansiedade, suas atitudes a entregavam muito. Agora ela estava ali disposta a recomeçar algo que nunca teve um começo.

— Qual é a sua resposta, Stella? — perguntou em um tom baixo e pegou a minha mão esquerda delicadamente.

O seu toque delicado fez o meu coração se aquecer e enviar a resposta que Megan tanto desejava diretamente para a minha mente.

— Responda, por favor?!

— Eu aceito, Megan.

Seus olhos tomaram emoção e um sorriso sincero se fez presente.

— Mesmo? Você aceita mesmo? — perguntou animada com e agora com surpresa nos olhos. Seus azuis eram tão lindos.

— Aceito.

— E...

— Mas antes... — a interrompi e ela se atentou em mim — quero esclarecer algumas coisas.

— Ok. Tudo o que disser ou quiser de mim... eu farei.

Acabei duvidando que aquela ali era Megan. Talvez uma irmã gêmea ou um robô? Pensar naquela possibilidade era tão intrigante.

— Quero que você mande a Lola embora ou a coloque para trabalhar em outro lugar, mas que não seja perto de você. Não quero ela perto de você. Não quero que mantenha contato com ela.

— Está bem. — aceitou olhando profundamente em meus olhos — Mercier cuidará disso.

— Ótimo e mais uma coisa... — ela assentiu — quero um notebook e quero poder conversar com alguém que eu conheço... eu não suporto mais, eu preciso conversar com alguém que não seja um segurança ou que usa um revólver até quando se deita para dormir.

— Você terá isso, mas não poderá contar nada do que aconteceu.

— Estou ciente disso.

— E ainda deseja mais alguma coisa? — perguntou, tocando o meu queixo, já se aproximando para me beijar.

— Sim... — a impedi, tocando no meio do seu abdômen por cima de sua blusa e o seu maxilar se pôs um tanto rígido — vamos com calma.

— Sim... vamos com calma. Tudo no seu tempo.

Sorrimos uma para a outra em sinal de concordância e então, ela colocou o anel no meu anelar. Olhamos para aquele anel, que agora representava algo a mais entre nós e assim nos olhamos.

Megan sorriu e eu retribui e então, ela beijou a minha mão, já subindo com beijinhos carinhosos pelo meu braço, ombro e logo encontrou a minha bochecha.

Deixei ela me dar um único beijo e assim ela me deixou sair. Antes de fechar a porta completamente, ela assentiu com um sorriso e eu fiz o mesmo em retribuição. Então eu fechei a porta e segui o meu caminho.

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Comments

Clesiane Paulino

Clesiane Paulino

até que enfim um entendimento entre as duas 😮‍💨

2024-03-24

1

Rosimary Da silva

Rosimary Da silva

Até que fim, começaram a se entender

2023-10-14

4

Joiceane Silva

Joiceane Silva

gostei da Megan agora que ela entendeu que começou errado com a Stella .

2023-09-15

1

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